Falência do bilionária irlandês é metáfora do país

Por Paulo F., de Lisboa

Do Diário de Notícias de Lisboa

Falência de magnata irlandês é metáfora do país

por LusaHoje

A recente falência daquele que foi considerado um dos homens mais ricos da Irlanda é uma metáfora do destino do país que segunda-feira completa um ano desde que anunciou a necessidade de ajuda externa.

Sean Quinn, de 64 anos, acumulou uma fortuna de cerca de 4,7 mil milhões de euros, parte da qual no setor do imobiliário.

Mas no dia 11 de novembro apresentou um pedido de insolvência devido às dívidas de quase três mil milhões de libras ao Anglo Irish Bank, um dos bancos que foi nacionalizado em 2009.

Segundo as notícias, o antigo magnata controlava um império de propriedades que se estendia à Rússia, Estados Unidos da América e Médio Oriente.

O caso ilustra as razões que fizeram o país anteriormente conhecido por “tigre celta” cair de joelhos e a pedir assistência financeira à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional.

 

Foi precisamente a bolha imobiliária, e os consecutivos prejuízos, que mais contribuíram para a descapitalização da banca irlandesa.

 

A 21 de novembro de 2010, o então primeiro-ministro, Brian Cowen, confirmou que o governo iria pedir ajuda, cujo pacote de 85 mil milhões de euros foi concluído uma semana mais tarde.

 

Destes, quase metade, cerca de 35 mil milhões de euros seriam destinados a recapitalizar os bancos que, no total, terão já recebido cerca de 70 mil milhões de euros.

 

Passado um ano, as perspetivas dos irlandeses não são melhores do que há um ano atrás.

 

Depois de prever cortes de seis mil milhões de euros na despesa pública e dois mil milhões de aumentos de impostos no orçamento do ano passado, o governo mantém uma política de austeridade.

 

Recentemente anunciou para 2012 um ajustamento no valor de 3,8 mil milhões de euros, dos quais quase dois terços (2,2 mil milhões de euros) serão em cortes na despesa e o restante (1,6 mil milhões de euros) em aumento de impostos.

 

Um esforço que, segundo as previsões do governo levarão a que o défice orçamental para este ano se fique pelos 10,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), um valor abaixo do inicialmente esperado. Para 2012 e até 2015, o objetivo mantém-se e as metas já estão definidas, reduzir o défice para 8,6 por cento, 7,5 por cento, cinco por cento e 2,9 por cento até 2015.

 

Mas a fatura da austeridade não impede que a Irlanda registe já crescimento económico, ainda que tímido.

 

As mais recentes previsões da Comissão Europeia apontam para um crescimento do PIB em 2011 de 1,1 por cento. Valor que se deverá repetir no próximo ano e acelerar para 2,3 por cento em 2013. Ainda assim, o desemprego manter-se-á elevado e não cairá abaixo dos 13,6 por cento em 2013 contra uma previsão de 14,4 por cento este ano.

Luis Nassif

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