Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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Indecisos cordões darão lugar aos blocos de luta de classes, por Francisco Celso Calmon

Desde a prisão de Lula que o eixo jurídico assumiu a principalidade e ficou secundarizado o eixo da luta de classes, seja no campo institucional, seja no campo social.

Indecisos cordões darão lugar aos blocos de luta de classes

por Francisco Celso Calmon

Não haverá narrativa capaz de impedir o avanço do bolsonarismo como golpe continuado.

Não é na refrega de narrativas que reside o ponto fraco das forças democráticas. Nesse terreno temos nos saído bem, com mais competência e inteligência. Mas este é um item na comunicação, que não é de massas, mas para a elite política.

Na comunicação de massas estamos pior do que no período da ditadura militar, guardada as devidas diferenças e proporções.

Desde a prisão de Lula que o eixo jurídico assumiu a principalidade e ficou secundarizado o eixo da luta de classes, seja no campo institucional, seja no campo social.

A militância de esquerda passou a acompanhar os passos e procedimentos do processo legal, virando quase uma novela e algumas vezes até um flaxflu nos embates entre ministros dos tribunais. Ficava nos sofás da vida, na expectativa e na torcida das decisões judiciais, imobilizada, anestesiada, impotente, e com o passar dos tempos foi ficando enferrujada no exercício da militância. Por osmose captou sobre lawfare, guerra híbrida, e desaprendeu sobre luta de classes, de como se opera e do principal instrumento para conquistar empoderamento e ir alterando a correlação de forças, ou seja; da agitação e propaganda para formar, organizar e agir.

Os juristas ampliaram as análises para além do domínio jurídico e adentraram para a esfera política, com análises de conjuntura e previsões de cenários futuros, mais como fruto de conhecimento teórico e bem menos por experiência política. Alguns ocuparam espaços, em decorrência da maestria nas cátedras, como intelectuais orgânicos sem serem e passaram a consultores, levando à política o viés do direito, como instância através da qual a realidade será alterada e a democracia será reconquistada.

Ocorre que, como sabemos, o direito é produto da política, assim como a política é produto da correlação de forças.

Algumas lideranças políticas afastadas pelo mensalão e pelo lavajatismo estão retornando à arena e com conteúdo renovado. Apreenderam ou reaprenderam que dentro do capitalismo não há alternativa de vida digna para o povo e que o socialismo é o caminho a percorrer; sentiram na pele que a democracia institucional é limitada pelo poder das classes dominantes e que a construção de uma democracia sustentável é a que nasce de baixo para cima, é a democracia de raiz.

Desfizeram de suas ilusões quanto as Forças Armadas, da Justiça (Judiciário e MP), e do perigo permanente das instituições armadas (PM, PC, PF). E reaprenderam que só o povo organizado e consciente conseguirá a sua própria emancipação. Portanto, as lideranças são guias e não salvadoras.

No tempo certo o PT, com orientação do Lula, tirou como resolução colocar o bloco da luta de classes nas ruas. O Haddad evoluído, como qualificou Lula para si e para ele, vão marchar pelos chãos de nossa pátria e fomentar que os corsos e indecisos cordões de militantes e segmentos sociais de base rompam com a inercia e letargia e construam um imenso mutirão para derrotar o bolsonarismo antes que torne o Brasil uma terra arrasada por permanentes tragédias.

A luta tem que sair do papel, ultrapassar a narrativa, e criar formas que leve o povo a emparedar o projeto totalitário que o presidente-miliciano acalenta para o país.

Pregar o socialismo como contraponto ao capitalismo de desastre, marca do bolsonarismo, responsável pela tragédia econômica, social e parcialmente pelo drama sanitário.

Pregar a democracia popular como antítese à democracia institucional, controlada pelo poder dominante.

O povo tem que se indignar com a realidade e compreender que a saída está na construção do socialismo democrático, via revolução social.

Francisco Celso Calmon, ex-coordenador da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça e membro da coordenação do canal Pororoca.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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