Jean Wyllys: a desonestidade intelectual sobre o movimento gay

Do O Globo

Desonestidade intelectual
 
O movimento gay não é de esquerda nem de direita, nem os direitos humanos, nem os homossexuais. Há gays e lésbicas (e heterossexuais) de todas as ideologias, religiões, cores
 
Jean Wyllys

Em espaço no GLOBO, um colunista que diz que o caviar é de esquerda afirmou que o movimento gay não fala da lei homofóbica de Uganda. Lembremos: ela impõe pena de prisão perpétua para quem “introduzir o pênis no ânus ou na boca de outra pessoa do mesmo sexo” e também condena os heterossexuais que tiverem um conhecido gay e não o denunciarem. Segundo ele, isso ocorre porque o movimento gay é de esquerda e a esquerda não critica os africanos (?!).

O bizarro raciocínio é que “condenar os africanos pela homofobia não ajuda na narrativa de minorias vítimas do ‘imperialista’ branco do Ocidente”, já que a homofobia seria um traço cultural desses povos (?!); e criticá-la iria contra o multiculturalismo, que ele associa à esquerda e opõe ao liberalismo e, portanto, aos gays.

O colunista diz ainda que não me pronunciei sobre a lei de Uganda e acrescenta que as feministas não denunciam a opressão contra as mulheres nos países islâmicos, já que os multiculturalistas “defendem atrocidades em culturas diferentes para negar a superioridade ocidental”, e que, para nós (gays, multiculturalistas, esquerdistas, tudo junto e misturado), toda narrativa deve servir para “pintar o homem branco judeu ou cristão como o maior vilão”.

São tantos equívocos juntos que dá preguiça responder, mas vamos lá:

1 – O movimento gay não é de esquerda nem de direita, nem os direitos humanos, nem os homossexuais. Há gays e lésbicas (e heterossexuais) de todas as ideologias, religiões, cores e preferências musicais; e existem, no mundo inteiro, movimentos LGBT com as mais diversas identidades políticas;

2 – Desde que o projeto de lei do deputado ugandense David Bahati começou a ser tramitado, em 2009, organizações LGBT do mundo inteiro vêm realizando uma campanha internacional para denunciá-lo, e, desde que a lei foi promulgada pelo presidente Museveni, essa campanha se intensificou. Por exemplo, a organização All Out já recolheu mais de 300 mil assinaturas contra a lei;

3 – Claro que já me pronunciei sobre o assunto! Como me pronunciei também no caso da lei homofóbica russa, aliás;

4 – A lei de Uganda, como outras dos 38 países da África que criminalizam a homossexualidade, não provém de nenhum traço cultural africano, mas da herança colonial (a primeira norma antigay de Uganda copiava o artigo 377 do Código Penal da Índia, introduzido pelo Império Britânico: foram os britânicos que levaram as leis “antissodomia” às colônias) e, mais recentemente, da ação das igrejas evangélicas fundamentalistas dos EUA, que investem milhões de dólares para espalhar a homofobia na África e financiar as campanhas dos políticos homofóbicos (assistam ao documentário “God loves Uganda!”). E até onde sabemos, o império britânico e as igrejas evangélicas americanas fazem parte do Ocidente.

5 – Claro que muitos ativistas gays e feministas, eu inclusive, denunciamos a opressão contra mulheres e homossexuais nos regimes islâmicos! Isso não tem nada a ver com esquerda e direita! Será que o colunista pensa que a ditadura iraniana é socialista?;

6 – Já que o colunista diz que nós (gays, multiculturalistas e esquerdistas) somos contra o “homem branco judeu” (?!), recomendo-lhe ler minha última coluna na revista “Carta Capital”, onde falo do antissemitismo e da homofobia do chavismo — porque o preconceito também não é de esquerda nem de direita.

Mas a desonestidade intelectual virou tática desse colunista.

 

Redação

43 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. E o PSOL ? é o quê ?

       Eu achei que o assunto era a desonestidade inteletual do deputado, antes de falar nisso ele deveria pedir desculpas à Dilma e o PT por culpálos pela morte do rapaz que se matou em SP, se o movimento LGBT “não tem dono” homofobia tem, é a direita, só pra ele saber.

  2. O colunista em questão é o

    O colunista em questão é o  economista reaça Rodrigo Constantino, um dos discípulos do Olavo de Carvalho.

  3. Willys não é lider, e “celebridade”

    Jean Willys mostra que é realmente despreparado para ser deputado e principalmente defensor do movimento gay, o que ele sabe fazer e ser uma “celebridade”

    culpar o colonialismo pela lei homofobica em Uganda e ofender a inteligencia de qualquer um, pois o pais se tornou independente da inglaterra em 62, ou seja 52 anos atras, tempo mais que suficiente para que o pais possa decidir seus passos, usar como desculpa que a lei e uma copia de uma lei do seculo 19 imposta na India pelos ingleses, também mostra fraqueza de argumentos, pois era uma epoca diferente da atual, tanto que essa lei, também existia na Inglaterra e foi cancelada, o que teria impedido outros paises independente de faze-lo, a obvia homofobia das suas sociedades, por isso o silencio para com os paises africanos mostra sim que o movimento gay tem como alvo os paises do ocidente, jamais os paises africanos, e principalmente os paises islamicos!

    PS.: os ingleses também proibiram por meio de leis, que as esposas do indianos fossem cremadas quando seus maridos faleciam!  essa lei também e mais um ranço colonialista!

    1. Não é assim.

      A polêmica do momento é o ‘pinkwashing’, a prática de a direita política (mais ela que a esquerda) usar direitos LGBTs como cartão de visitas de modernidade e criticar países antagônicos a EUA, Israel e Reino Unido ou mesmo usar como plataforma racista e xenofóbica.

      Movimentos LGBT em alguns países, Alemanha principalmente, estão mostrando que mais essa manipulação existe.

    2. Não é o colonialismo

      Não é o colonialismo propriamente dito,  Callegari, mas a influência de grupos cristãos fundamentlistas norte-amiericanos que foram a Uganda para fazer pregação religiosa agressiva, com violenta condenação a homossexualidade. Conseguiram manipular grande parte da população e   influenciar os governantes. Isso está bem descrito no documentário “God loves Uganda” (infelizmente o documentário integral foi retirado do Youtube).

       

      https://www.youtube.com/watch?v=m3_hKv4pEM4

      1. esse seu comentario reforça

        esse seu comentario reforça apenas o que o comentarista disse, o alvo e o ocidente judeu/cristão!

        se essa lei tivesse sido baixada quando da independencia eu quase poderia seguir esse seu pensamento, mas o que e obvio, que a homofobia nos paises africanos e muito mais selvagem que no ocidente, e isso e pouco comentado, pois no Sudão islamico as leis homofobicas sao ainda mais severas, e não há influencia dos “cristãos ocidentais”!

         

         

        1. Não confunda alhos com bugalhos

          Mas a homofobia no Sudão é decorrente do fato de se tratar de uma sociedade de cultura islâmica, onde a repressão aos homossexuais é uma constante, em diversos paises. Não tem a ver com o que aconteceu em Uganda, onde os muçulmanos são uma minoria. Lá a maioria é cristã e a ação da direita religiosa norte-americana, através de seus missionários, foi determinante.

  4. Essa lei de Uganda é de uma

    Essa lei de Uganda é de uma bizarrice extrema.

    O colunista que ele cita é péssimo realmente. Mas o ponto 4 por exemplo, não tem muita lógica não. Nâo adianta culpar a Inglaterra por esta lei. A lei é de Uganda e é óbvio que reflete a cultura do país Uganda e não de Inglaterra ou India.

    1. pecar pelo exagero!

      exatamente!  o que temos visto no movimento gay e o distanciamento da verdade em muitos de seus pronunciamentos, não perceberam que o medo dos reacionarios em questionar suas afirmações acabou, e continuam inventando factoides facilmente desmentidos por qualquer um com um que não seja um simpatizante fanatico!

      os lideres do movimento perderam muito na tragedia do menino que se suicidou em São Paulo, e esse caso representou um enorme retrocesso em sua luta para conseguir crebilidade!

       

    2. Daniel, ele citou a

      Daniel, ele citou a Inglaterra apenas para fazer uma contextualização histórica, pois a primeira lei homfóbica da África foi copiada de uma britânica. Ou seja, leis homofóbicas não tem origem em nenhum “traço cultural africano”, como insinua o tal Constantino.

      Creio que a informação mais relevante é sobre a penetração das igrejas fundamentalistas americanas no continente. Talvez a perseguição ao homossexualismo por partes dessas igrejas se utilize da tragédia da Aids na África, sabendo que o mito do “cancer gay” ainda é presente em ambientes atrasados. Uma das explicações para sucesso desse discurso pode estar aí

      1. ah!  não fala isso!  não nos

        ah!  não fala isso!  não nos ofenda com esse comentario que a lei não tem nada com os africanos,  isso e de uma mediocridade absurda, essa lei foi adotada por um pais soberano e não por um pais sob ocupação, se essa lei não tem nada com a cultura africana, porque foi adotada então?

         

        essa lei não existe mais na Inglaterra, e para finalizar, o texto pode ser o mesmo, pois não há outra forma de escrever uma lei, mas dizer que ela foi copiada pela sua essencia e tolice, e como dizer que assassinato e crime foi uma lei sob influencia de outro pais!

         

      2. Tem tudo isso e…

        …as manipulações de praxe.

        Até não muito tempo atrás a maior parte da África estava sob ditaduras ou em guerras civis.

        A estabilização econômica recente (vendas para a China, petróleo, venda de terras, controle de inflação) permitiu muitas democracias, só que ainda frágeis.

        E não raro surgem líderes populistas ‘à la Bolsonaro’ capazes de falar asneiras tremendas sem ficarem vermelhos só pra manter a manipulação do medo homofóbico (aquela coisa toda de fim de família, o ocidente vai nos dominar e tal.)

        Como Obama (e Democratas e parte da sociedade americana, não os EUA como um todo) ficou do lado LGBT, não é raro vermos uma barafunda: tem esquerda anti-americana defendendo países homofóbicos da África e Oriente Médio, às vezes até usando o discurso do relativismo cultural.

        E nisso ficam dando corda pra pior direita norte-americana.

        Que, fechando o círculo, apoia incondicionalmente Israel (super gay-friendly) contra os mesmos países do Oriente Médio… (Democratas também apoiam Israel, mas não são homofóbicos internamente nem contraditórios em nenhuma das duas questões, LGBT e Palestina.)

        Um concerto de doidos.

        Vamos acabar de vez com essa discussão?

        Que não se tente fazer estereotipações esquerda/direita ou exercícios de inimigo de meu inimigo é meu amigo que é grande o risco de alguém apoiar seu inimigo.

        Recapitulando: é contra Obama > pró países homofóbicos anti-EUA > pró extrema-direita americana > pró política externa dos EUA!

        Tem versão pro Brasil também (que já discutimos várias vezes):

        PT comete erros com LGBTs > Globo apoia LGBTs > discurso anti-Globo vai pro espaço e o PT passa por reaça e Alckmin por progressista…

        Assim, é super fácil sair de situações contraditórias, anotem:

        HOMOFOBIA É SEMPRE O LADO ERRADO (e sempre pega mal)

        RESPEITO A LGBTS É SEMPRE O LADO CERTO (e acaba favorecendo politicamente um discurso.)

        Só a partir disso é que se pode voltar a discutir ideologia e quetais.

    3. As atuais legislações

      As atuais legislações anti-LGBT de países africanos foram instigadas e promovidas por grupos cristãos americanos de direita. Isso é conhecido há mais de uma década e é sim combatido e denunciado por blogs LGBT americanos e ingleses. Leio sobre isso desde pelo menos 2003.

      Este artigo recente de um jornal sul-africano discute essa questão:

      “(…)  In order to understand the anti-gay and anti-feminist legislation that is developing across the continent (Burundi, Cameroon, Tanzania are on the paths taken by Uganda and Nigeria), we must also understand the ways in which the American Christian Right, and its neo-liberal supporters, are shaping and nurturing the anti-gay laws that countries like Uganda and Nigeria are making. American evangelist Scott Lively (Author of The Pink Swastika: Homosexuality in the Nazi Party, which blames the holocaust on gays) has been sued by Sexual Minorities Uganda for crimes against humanity for his influential involvement in the “kill the gays” bill.

      Scott Lively is not the only one – there are many well-resourced US based organisations that are building inroads into African sexual politics. Rev. Kapya Kaoma’s Colonizing African Values: How the U.S. CR is Transforming Sexual Politics in Africa is a useful introduction to how the US Christian Right is working successfully to drive the homophobic and anti-feminist “Family Values” agenda in Africa. For those who are unfamiliar with the Christian Right – this is an American movement of conservative Christians who promote Christian worldviews in politics, and the belief in the superiority of the nuclear family as the fundamental unit of society. This means that for the Christian Right, any sex that occurs outside the institution of heterosexual marriage is considered dangerous for children, families, economies, and nations. For the Christian Right, morality begins, rather than ends, with imposing one’s values and views upon others, and with great consequence. (…)”

      (http://www.dailymaverick.co.za/article/2014-01-20-the-bigger-picture-understanding-anti-gay-laws-in-africa)

      Ou este: http://bigstory.ap.org/article/us-religious-right-presses-anti-gay-laws-africa

      e este dos Camarões, escrito pela Al Jazeera: http://cameroonwebnews.com/2012/07/30/religion/are-us-evangelicals-exporting-anti-gay-views/

      Há muita informação sobre essa questão. Qualquer busca simples na internet irá mostrar o fato.

      As leis contra a homossexualidade nas colônias britânicas têm origem na antiga legislação da Inglaterra. Foram banidas nesta, mas continuaram válidas nas colonias, ainda que não aplicadas. Foi a intensa evangelização desses países movida pelos grupos cristãos americanos que nos últimos 10-15 anos levou ao recrudescimento da legislação e perseguição a LGBT.

      1. Há várias formas em que o colonialismo cultural se manifesta

        Uganda é um país soberano mas….

        Em 2012 ou 2013     assisti a um documentário no Festival do Rio chamado “Deus ama Uganda” (God Loves Uganda), que mostra tudo o que aconteceu desde a gênese: a ação de missionários evangélicos fundamentalistas americanos que desembarcaram nos países africanos com dinheiro, fazendo uma pregação religiosa agressiva, com isso fazendo uma verdadeira “lavagem cerebral” em grande parte da população. A partir daí começou a perseguição a homossexuais em Uganda, culminando com  nessas leis retrógradas e absurdas. O filme mostra casos de militantes que foram linchados pela população.

         

        https://www.youtube.com/watch?v=m3_hKv4pEM4

         

         

        http://startwatching.us/streamnow/play.php?movie=1874513

         

         

      2. Sim, é isso.

        Mas o caminho é também uma recuperação da herança britânica. Poucos países de língua francesa estão fazendo esse retrocesso. Camarões é um deles.

        Isso pode ser tanto pelo instrumento penal (para ser copiado/ampliado agora por missionários) já estar disponível nós códigos herdados do colonialismo como pela França não ter legislação anti-LGBT desde o século XIX (ou antes da partilha da África)

        E o Reino Unido pouco se esforça em usar sua influência contra essas paranoias todas…

        x-x-x-x-x-x

        Eu já não sei que apelido dar pra essa esquerda fantasiosa que se instalou em muitos lugares, mas existe quem diga que países ocidentais não devem pressionar países africanos.

        Essa esquerda fantasiosa não faz isso nem por multiculturalismo, mas para ser antiamericana mesmo.

        E não enxerga que só está apoiando a extrema-direita norte-americana.

         

        1. Eu já não sei que apelido dar

          Eu já não sei que apelido dar pra essa esquerda fantasiosa que se instalou em muitos lugares, mas existe quem diga que países ocidentais não devem pressionar países africanos.

          Se um país deve pressionar ou não outro, admito que não tenho opinião formada sobre o tema.

          Pois onde fica o limite entre a pressão “legítima” e “invasão”, seja ela militar ou cultural?

          Ou autodeterminação dos povos já é coisa de um passado reacionário, e o futuro deve ser de um governo global e sem fronteiras?

          Se devemos “enquadrar” africanos, determinando como devem interagir entre si, porque devemos ter reservas indígenas então?

          Porque uns precisam aderir aos “valores ocidentais modernos” e outros não, ou o “pecado” do Irã não tem o mesmo peso dos “pecados” da Arábia Saúdita e vice-versa (ou seja, não é só a esquerda que tem fantasias)?

          O que determina se uma cultura ou hábito deve ser preservado?

          Mas acredito que tais dilemas não devem servir de obstáculo para opinar sobre essa e outras questões. Sem deixando de observar que muitas dessas questões “globais” acabam sendo tratadas como um “assunto de todos”, até pelo nível de inteconexão e agilidade de comunicação que temos hoje em dia. Ninguém estaria discutindo Ucrânia ou Uganda 50 anos atrás da forma como é possível hoje. Fica a impressão, que ao mesmo tempo que não resolvemos os nossos próprios tormentos locais, tentamos, talvez inutilmente, abraçar o mundo inteiro.

          Vi que alguns países estão cortando ajuda financeira para Uganda. Não acho que simplesmente cortar tal auxílio seja a melhor saída para lidar com o problema, pois na prática, vão punir inocentes. O ideal seria tentar direcionar para iniciativas positivas (transparentes e auditáveis), relacionadas ou não com a situação atual, evitando o “cheque em branco” para governos, no geral, nada democráticos.

          Mas de qualquer forma, enquanto o ocidente ficam nesse dilema sobre o que fazer e como fazer em relação aos problemas (a questão LGBT está longe de ser a única ou a mais grave) da África, a China nada de braçada. Provavelmente vão exportar toda produção (e poluição) para lá, em algumas décadas.

          1. Tem convenções da ONU unânimes

            sobre vários temas.

            Mas no campo do sexismo, não. E é por isso que há discussão.

            Por estados o tipo de pressão que mais tem sido usado é condicionamento de ajuda econômica externa.

            Por ongs é petições e divulgação criticando.

            Isso não contraria nenhum princípio de independência. Fica isolado quem quer.

            Veja como o mesmo ocorre em relações sociais. Se alguém quer ser admitido em uma roda de amigos, socializar, precisa fazer concessões. Imagine alguém que não faça nenhuma concessão mas siga estritamente a lei: nunca será preso, talvez nunca seja admoestado, mas pode ficar isolado, passar por rude, eremita, etc.

            Pode parecer mesquinho da parte dos ‘grupos’, mas é assim que funciona.

            Os países ocidentais começaram a pôr direitos LGBT na política interna. Os políticos não podem perder esses votos. Depois que se fez a mudança para a evolução positiva, não dá para recuar. Aí os públicos internos pressionam os governos a não dar ajuda externa.

            Isso não é novidade, já aconteceu no passado com outras coisas, como voto feminino. A Arábia Saudita, por exemplo, não depende de ajuda externa pra nada, é uma ditadura teocrática, pra que fazer um simulacro de voto feminino este ano e ter mandado uma atleta mulher às Olimpíadas de Londres? Para reduzir críticas. O que no caso é meio falsidade social, não? Mas é assim que funciona.

            Nas sociedades ocidentais se desenvolveu muito o conceito de ‘valores difusos’. Há vários usados simultaneamente e no fim se mostram coerentes entre si. Exemplos:

            – Povos Indígenas devem ter direitos incondicionalmente respeitados e não serem forçados a aculturação. É o direito difuso da maioria de viver em uma sociedade não mesquinha e medíocre.

            – Estados (que é muito diferente de ‘povos’) homofóbicos e machistas devem ser criticados e não ajudados (o que é diferente de punidos) Isso atende ao direito difuso da maioria de ter um governo que não seja omisso com causas de direitos humanos fundamentais e universais (ainda que, como exposto no início, o sexismo permanecerá por décadas como ponto de conflito e também propaganda.)

            O que determina se hábitos ou culturas serão preservados é a interrelação entre todas essas coisas e os inconscientes coletivos.

            Para algumas coisas há consenso: tortura e escravidão nunca devem ser usados, julgamentos justos devem sempre estar presentes. Tratamento respeitoso a prisioneiros de guerra, idem.

            Para outras coisas há pensamentos que vão se impondo com o tempo: maus tratos a animais devem ser evitados, opressão de gênero deve ser abandonada.

            Como o Mundo não é mais composto de partículas estanques, partes sempre acabam seguindo outras através de influências. As economias ocidentais prevêm o mesmo direito a ensino entre homens e mulheres (algo que é relativamente recente, em muitos pontos até o início do século XX meninas não iam à escola.) As pessoas em outras sociedades vêem que isso deve ser imitado. E por aí vai.

            Na ausência de prescrisões precisas do que deve prevalecer, podemos apenas especular.

            x-x-x-x-x-x-x-x

            Sobre LGBTs o que eu acho que potências ocidentais devem fazer é estabelecer o quanto antes uma política humanitária de aceitar refugiados por orientação sexual, até que essa onda homofóbica, que é mais política que cultural, caia em descrédito nos próprios países.

            Seria o modo de conseguir excelentes resultados em ‘soft power’. Como a reputação que França e Suécia auferiram nos anos 1960/1970 ao acolher exilados políticos das ditaduras de todas as cores.

            Os LGBT são os ‘comunistas do séc. XXI”, já teve vários artigos sobre isso (a expressão é claro uma analogia ao uso de demonizações para fins políticos.)

             

             

             

             

      3. Ainda sim se o País aceitou a

        Ainda sim se o País aceitou a lei é responsabilidade deles, não adianta tirar o corpo fora e querer culpar outros paises ou pessoas de outros paises.

         

    4. Sei não, mas seu comentário aqui para mim pisou na bola

       

      DanielQuireza (sexta-feira, 07/03/2014 às 09:22),

      Se você atentar bem, o item quatro é o único item com informação relevante e consistente no texto do deputado .Jean Wyllys. Vou ser repetitivo, mas nos outros itens tudo que Jean Wyllys faz é relatar que o movimento GLBT não é de direita ou de esquerda, relatar o que o movimento GLBT vem fazendo pelo mundo, inclusive na África e referir-se a República Iraniana como uma ditadura. Com exceção de dizer que a República Iraniana é uma ditadura, não há nenhuma informação nova no texto de Jean Wyllys. E se não fosse o item quatro, o texto dele não valeria um comentário.

      O seu comentário foi um dos primeiros aqui no post “Jean Wyllys: a desonestidade intelectual sobre o movimento gay” de sexta-feira, 07/03/2014 às 08:18, trazendo o artigo de Jean Wyllys no jornal O Globo intitulado “Desonestidade intelectual”.

      Li sem muito entusiasmo o texto de Jean Wyllys e dei uma olhada por cima nos comentários e o seu chamou-me atenção para um item que eu não tinha observado quando li o artigo de Jean Wyllys. Ao reler o item quatro no artigo de Jean Wyllys eu achei que o seu comentário não tinha a menor lógica.

      Só não fiz uma crítica ao seu comentário porque, à procura de um post mais interessante, eu acabei voltando-me para o post “Sonegação chegou a R$ 415 bilhões em 2013” de sexta-feira, 07/03/2014 às 12:11, aqui no blog de Luis Nassif e originado de sugestão de Webster Franklin para o artigo na Carta Maior intitulado “Os sonegadores irão para a Papuda?”. O endereço do post “Sonegação chegou a R$ 415 bilhões em 2013” é:

      https://jornalggn.com.br/noticia/sonegacao-chegou-a-r-415-bilhoes-em-2013

      Um post com os lugares comuns que se lêem e se ouvem normalmente quando se fala sobre o sistema tributário e em especial sobre a evasão fiscal. E não é que lá estava você de modo conciso e preciso rebatendo ou reduzindo à dimensão própria à série de lugares comuns que aparecem todo ano e são repetidos como um mantra como se fossem truísmo inquestionáveis quando se aborda a sonegação entendida esta não no limite do Código Penal, mas como qualquer evasão fiscal não permitida na legislação.

      Foi um salto de qualidade e tanto. E um salto de qualidade que não foi surpresa para mim, principalmente porque você foi um dos poucos e primeiros a observar que o STF estava condenando os réus da corrupção passiva na Ação Penal 470 apenas pelo recebimento de vantagem indevida como funcionários públicos (Antes de você apenas JV, ou Jotavê ou, no nome dele por extenso, João Vergílio Gallerani Cuter, manifestou entendimento semelhante). É bem verdade que você sempre recusou a aceitar que o STF fosse manter o entendimento proferido na Ação Penal 470 a respeito da Ação Penal 470 em outros casos. De todo modo perceber o significado da decisão do STF no julgamento da Ação Penal 470 lá em 2012, quando há tantos sem saber disso hoje, faz de você alguem para quem se deve ter maior atenção.

      Um salto de qualidade que mais se destacou lá no post “Sonegação chegou a R$ 415 bilhões em 2013” pelo fato de você lá ser voz isolada. E um salto de qualidade que me fez voltar a este post “Jean Wyllys: a desonestidade intelectual sobre o movimento gay” para confirmar o que você realmente dissera sobre o artigo de Jean Wyllys.

      Como de praxe seu comentário é conciso, mas traz um mau início, pois chama a lei de bizarrice, o que no sentido mais favorável a você, pode ser entendido como esquisitice, o que não é bem como deve ser qualificada uma lei assim. E mesmo que o item quatro fosse como você afirmou “sem muita lógica”, o que não é o meu entendimento, não está de acordo com o texto de Jean Wyllys dizer que “Não adianta culpar a Inglaterra por esta lei”, pois Jean Wyllys não culpa a Inglaterra pela lei de criminalização da homofobia na Uganda.

      Não preciso me alongar na crítica ao seu comentário. Juliano Santos, em comentário de sexta-feira, 07/03/2014 às 11:11, fez a crítica, ao meu ver correta e suficiente, ao seu comentário e Adma Andrade Viegas rebateu em mais de uma vez outros comentários que foram ainda que de forma mais radical na mesma linha do seu entendimento.

      E por curiosidade e como complementação lembro que o termo bizarrice como você qualificou a lei de Uganda que criminaliza a homossexualidade, em um significado que desabona menos seu comentário, é sinônimo de excentricidade. Excentricidade era e é o termo que se utiliza para se referir às atitudes de Oscar Wilde. Oscar Wilde que eu pensei em tomar como exemplo para explicar que o item quatro do texto de Jean Wyllys apenas queria dizer que não foi em prisões da África que Oscar Wilde foi encarcerado nem ele foi encarcerado por descumprir lei africana.

      E ao escrever que Jean Wyllys apenas queria dizer, espero que você tome o apenas, só como uma forma de expressão. A informação mais importante do texto de Jean Wyllys, a meu ver, foi lembrar a relevância das igrejas evangélicas, em especial as de origem americana, na consolidação da legislação geral nos países africanos. Há ainda muita coisa de podre no reino da Dinamarca. Como vez ou outra eu repercuto aqui no blog de Luis Nassif. Em 2009, na campanha para o parlamento europeu, o partido da democracia cristã alemão, que deve ser votado meio a meio por católicos e protestantes, apresentava como bordão para insuflar as massas a frase: “Por Deus, contra a Turquia”. E se não me engano em 2009, a Suíça proibiu a construção de minaretes nas igrejas muçulmanas naquele país.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 07/03/2014

  5. Entendimento de textos…

    “um colunista que diz que o caviar é de esquerda…”

    Por aí se vê a dificuldade que o ativista tem para compreender textos.

  6. Gosto muito das posições de

    Gosto muito das posições de Jean Willis, apesar do PSOL. Precisamos de políticos como ele, preocupados, sinceramente, com outros seres humanos e bem informados para não virarem papaios de pirata como alguns que vejo no PSOL.

  7. “Será que o colunista pensa

    “Será que o colunista pensa que a ditadura iraniana é socialista?”

    O nobre deputado considera o Irã uma ditadura? Ou é uma crítica ao regime dos aiatolás, que também condenam o homossexualismo?

    Acho que o colunista se refere a um Irã socialista por este fazer negócios com Rússia e China, dado o embargo imposto pelos EUA aquele país. Aliás, já passou da hora do pessoal ignorar esse colunista da Veja.

    1. Se não é ditadura é o que se chama

      “Tirania da Maioria”. Muitas democracias jovens não respeitam direitos civis de minorias ancorados nessa teorização, conveniente para políticos, de que a ignorância da maioria manipulada politicamente pode ser chamada de democracia.

      Isso é diferente da maioria dos estamentos jurídicos em países ocidentais.

      Em ‘valores’ o Irã é autoritário. Em economia, o Irã é antagonista aos EUA, o que não automaticamente é tido como socialista, por óbvio, pode ser populismo como a Rússia. O Irã tem uma das melhores distribuições de renda do Oriente Médio, mas, tirando a enorme presença de estatais em setores-chave como bancos, é uma economia de mercado.

      Portanto Wyllys está certo: o Irã é uma ditadura, ainda que travestida que democracia, e não é socialista.

      1. Ditadura são sempre os

        Ditadura são sempre os outros!

        Longe de mim defender a existência de um sistema como iraniano, pois não morro de amores por religiões, mas o Irã está longe de ser uma ditadura. Mesmo a “Assembleia de Peritos”, que tem a atribuição de escolher, remover (sim, ele poderia ser até removido) e fiscalizar o Líder Supremo, é escolhida via votação popular. E hoje em dia até não-clérigos podem fazer parte da mesma, e teoricamente mesmo mulheres poderiam fazer parte, embora até agora nenhuma tenha conseguido.

        É um regime de naturaza teocrática? Sim, mas ainda assim com um sistema (democrático) adaptado para a realidade e cultura local, assim como qualquer outro país “democrático” do mundo. E mesmo sendo teocrático, permite a eleição de membros de minorias religiosas, contrariando a crença ocidental de que lá tem uma ditadura religiosa. Atualmente 14 (3 delas por judeus) das 290 cadeiras do congresso iraniano são ocupadas pelas minorias.

        E curiosamente é normal se ver críticas ao “filtro” do Conselho Guardião no sistema eleitoral iraniano, permitindo o veto de candidatos, mas ainda não vi ninguém questionar que o sistema só permita atualmente candidatos com título de mestrado, revelando também uma natureza tecnocrática.

        Tem muito país europeu considerado “exemplar”, mas que sustenta uma nobreza inútil e anacrônica. E com um sistema parlamentarista, onde o primeiro-ministro, é o líder do governo, mas não foi apontado diretamente pela população para a liderança do país.

        Ou podemos falar do “exportador da liberdade”, o velho tio Sam, onde alguém pode vencer uma eleição tendo menos votos que o adversário, mas mesmo com toda bizarrice, o sistema eleitoral americano, que também limita, na prática, a existência de diversos partidos competitivos é considerado democrático.

        1. por isso que chamei de

          ‘tirania da maioria’, que é mais preciso que ‘democracia’ para o modo ocidental de pensar que prega separação entre religião e estado.

          Até os anos 1970/1980 não havia problema: a maioria das democracias era consolidade desde o fim da 2a. Guerra, as polarizações bem claras, os valores bem definidos.

          Depois houve um monte de países que saíram de ditaduras de fato e de nome (quer de esquerda como de direita), onde ‘pegou bem’ fazer eleições, mas com constituições e maturidades políticas diferentes das que estamos habituados.

          Os nomes na verdade não importam muito, o melhor é a descrição precisa.

           

           

           

  8. Perda de tempo

    Apesar de não comungar, em geral, com as posições do PSOL, partido que muitas vezes pega carona, oportunisticamente, em movimentações da direita política brasileira com a finalidade de combater o PT, considero o deputado Jean Wyllys um político bastante equilibrado e bem preparado. Assim, lamento que o mesmo perca tempo debatendo com um colunista medíocre, que se limita a desfiar argumentos rastaqueras e chavões mofados tomados de empréstimo do integralismo, como “esquerda caviar”.

    Isso confere a um ator menor uma importância que o mesmo não tem!

     

    1. Concordo em algumas coisas

      Wyllys é muito bem preparado. Ao contra de tantos ‘torcedores’ em política ele coloca conceitos com muita propriedade.

      Constantino é um ator menor e sem importância.

      Em geral não se deve perder tempo com isso.

      Mas…

      Às vezes é útil fazer exercícios didáticos, como o de Wyllys e um que proponho agora:

      http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/nem-pra-homofobico-serve

      E não concordo com isso de PSoL ser oportunista. Isso é um hoax disseminado pela internet, o tipo que diz ‘esquerda que a direita gosta’.

      Mas olha que curioso… Faz dois anos que eu pergunto pros colegas apontarem links mostrando essa ‘carona na direita’, apresentando a impropriedade de discursos do PSoL, as votações em que foi ‘direitista’. E o que acontece?

      Não recebo respostas.

      E nunca vi sequer um artigo organizado com essa argumentação. Oras, o PT já fez artigos em sua página até contra Campos. Cadê a argumentação organizada anti-PSoL?

      Ainda vamos fazer um debate com o título:

      “Os colegas petistas provando que o PSoL é oportunista”.

      Veremos o tamanho disso ou se é, como desconfio, apenas mais uma das tantas manipulações em política brasileira.

       

        1. Olha, se for pra ficar no cala consente

          Tem muito mais coisa pra criticar no Brasil.

          Pra efeitos de comunicação com eleitor só vai ser convincente apresentar discursos oficiais e resultados de votações.

          o candidato a prefeito do Guarujá já se desmentiu, e se pegou mal pra alguém foi pra ele.

          Fazer campanhas com hoaxs (como dizer que PSoL é aliado do DEM, etc) não vai dar certo.

          mas, bom, quem quiser que tente, claro.

           

           

  9. Pau no Chico e no Franscisco.

    “1 – O movimento gay não é de esquerda nem de direita, nem os direitos humanos, nem os homossexuais. Há gays e lésbicas (e heterossexuais) de todas as ideologias, religiões, cores e preferências musicais; e existem, no mundo inteiro, movimentos LGBT com as mais diversas identidades políticas”.

    Quem ficou com preguiça em replicar fui eu…

  10. É a realidade, estúpido.

    Bem, antes foi divertido ver os piçolistas se debatendo para que o campo progressista “ajudasse” o deputado-coxinha quando ele foi tragado pela globo no problema do rojão.

    Andou com porcos, comeu farelo. Dane-se.

    Agora é o menino wyllis, tão íntimo dos globetes, ana marias e quetais, subindo nas tamancas para atacar o jornal. 

    Andou com porcos, comeu farelo. Dane-se.

    Não sei, não sei…tem algo errado.

    Acho que a globo e seus comparsas, cada qual a seu jeito, começam a realinhar seus espaços, varrendo coxinhas e LGBT para baixo do tapete, e quem sabe imaginam influenciar o eleitorado em disputa (conservador) em favor do pessoal EDURECINA, que também vai começar a se afastar destes “indesejáveis”.

    É o tal do pragmatismo. Opotencial comercial deste troço deve ter atingido o topo da curva.

    Se for isto, se meu chute estiver certo, vai ser engraçado ver este pessoal com cara de cachorro que caiu da mudança.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador