José Anibal e o vespeiro do setor elétrico

É interessante essa iniciativa do José Aníbal de colocar a mão na cumbuca e obrigar a AES e a Duke a cumprirem com os compromissos de investimento em São Paulo.

Por trás da leniência do estado existem esquemas pesados de caixinha política.

Nos editais de privatização existia cláusula que obrigava os dois agentes a expandirem em 15% a capacidade instalada até 2007 – portanto em plena vigência do governo Alckmin . Na prática isso significa que ambas seriam – e ainda são – obrigadas a erguer uma usina de aproximadamente 300MW no estado de São Paulo.

As empresas jamais cumpriram tal cláusula e durante todo período do governo Alckmin jamais foram autuadas, cobradas ou pressionadas pela Secretaria de Energia, embora o não cumprimento da obrigação pudessse resultar na própria revogação do próprio contato de concessão.

No apagar das luzes do governo Alckmin, no ultimo dia do mandato de Mauro Arce a Secretaria de Energia chegou a revogar a obrigação , mas tal decisão foi revista por sua sucessora, secretária Dilma Penna. 

Em contrapartida, a Duke Energy financiava programas de educação ambiental em municípios às margens do rio Paranapema, através de uma empresa chamada Walm Ambiental que montava Núcleos de Educação Ambiental (NEAPAS). Era apenas fachada para financiar campanhas de candidatos, já que o compliance da Duke não permitia doação a partidos políticos.

O esquema era operado pelo então diretor da empresa, Delson Amador, anteriormente braço direito de Andrea Matarazzo na CESP. No governo Serra, Delson participou do Rodoanel. Está envolvido na Operação Castelos de Areia.

Espero que a atitude de José Aníbal não seja uma mera freada de arrumação.

Clique aqui para matéria da Época sobre Delson. Ele foi responsável pela fiscalização das obras da Usina Primavera, a quem José Anibal atribui o pesadíssimo endividamento da CESP.

São Paulo vai cobrar investimentos | Valor Online

Energia: Novo secretário exigirá aumento da geração de companhias americanas no Estado

São Paulo vai cobrar investimentos

Josette Goulart | De São Paulo
Ruy Baron/Valor

José Aníbal diz que AES e Duke Energy não fizeram os investimentos que deveriam ter feito. “Mas vão ter que fazer”

Há menos de um mês na função de secretário de energia do Estado de São Paulo, o deputado federal José Aníbal (PSDB), já tem uma agenda bem definida do que pretende fazer à frente da pasta. Além de ter a missão de negociar com o governo federal a prorrogação da concessão da Cesp, o secretário quer estreitar relações com a Petrobras – em função dos investimentos e do gás que virá do pré sal -; exigir que as empresas americanas AES e Duke Energy cumpram seus editais de privatização, ampliando seus parques geradores; e ainda incentivar projetos de energias alternativas, como biomassa e de lixo, já que o potencial hidrelétrico do Estado está esgotado.

Para garantir investimentos em projetos de geração, Aníbal garante que São Paulo tem poder de negociação para incentivar projetos até mesmo com algumas isenções fiscais. O secretário está especialmente sensibilizado com projetos de geração de energia alternativa a partir de lixo. Já existem projetos para a Baixada Santista, mas o preço da energia ainda é um fator impeditivo. “Sabemos que uma primeira medida pode ser isentar esses projetos de ICMS”, diz Anibal. “Já recebemos empresas aqui que mostram projetos que deram certo em Paris, por exemplo, e que já chegam com financiamento.”

A questão de isenções fiscais tende a ser um tema bastante discutido no governo. As empresas AES Tietê e Duke Energy, por exemplo, que precisam investir cerca de R$ 3 bilhões para cumprir o edital de privatização (que obrigava a ampliação em 15% de seus parques de geração, cerca de 700 MW, até 2008), costumam argumentar que precisam de competitividade para vencer os leilões de venda de energia do governo federal e com isso viabilizar o investimento em usinas termelétricas. “O governo do Estado nunca teve posição refratária para sentar e negociar”, diz Anibal. “O fato é que elas não fizeram o investimento que deveriam ter feito e vão ter que fazer.”

O caso da AES e Duke Energy se arrasta há anos. O investimento deveria ter sido feito até o fim de 2008 sob pena de que a própria concessão das usinas fosse retomada. Mas as empresas alegam que, desde a privatização, não tiveram como fazer esse investimento. Primeiro pela falta de gás natural no início da década passada, que inviabilizava as usinas térmicas, e pelo fato de o Estado não ter mais potencial hidrelétrico. Depois pela mudança do modelo do setor elétrico, em 2004. Discutiu-se por um longo período na Aneel se elas poderiam cumprir o edital investindo fora do Estado. A única decisão da agência foi de que como São Paulo promoveu a privatização, ele deveria resolver o assunto.

A realidade sobre o potencial de geração do Estado agora está bem diferente. Além de o governo estimar 5.000 MW para geração de energia a partir da cana de açúcar, também o gás do pré-sal deve incentivar investimentos. A próxima agenda será justamente uma conversa com a Petrobras. “Estamos fazendo uma pauta para discutir com a Petrobras e queremos ter uma relação próxima e de parceria com a empresa”, diz Anibal.

Alguns agentes entendem que não foi aleatória a escolha de Aníbal para o cargo, já que ele foi amigo pessoal da presidente Dilma Rousseff. “Fiz vestibular com ela”, conta ele e chama a presidente de “minha amiga”. O governador Geraldo Alckmin separou a Secretaria de Energia da de Saneamento. “Energia era só um departamento dentro da Secretaria.”

Luis Nassif

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