A lógica das obras da Copa, no especial do Brasilianas.org

A menos de cinco meses da Copa do Mundo de Futebol e com a entrega de apenas 60% das obras de adequação dos 12 estádios que receberão os jogos, o governo enfrenta novas críticas, desta vez relacionadas às obras de infraestrutura de melhora da mobilidade urbana, prometidas nas cidades-sedes.
 
Com a realização do mundial esportivo o governo federal estabeleceu junto com as cidades-sedes investimentos para a revitalização e expansão da malha urbana de transportes públicos e rodovias. Entretanto, segundo a avaliação do técnico de Planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos Neto, parte considerável desses empreendimentos não serão entregues até o mundial. Por outro lado, ele reconheceu que, mesmo com atrasos, os projetos concluídos trarão avanços para o transporte.
 
“Os estádios estarão plenamente prontos para a Copa do Mundo, já as obras de mobilidade urbana estão realmente atrasadas”, observou durante sua participação  na última edição do Brasilianas.org (24/02 – TV Brasil).  Não por outro motivo a presidente Dilma Rousseff sancionou junto à Lei Geral da Copa (7.783/12) a possibilidade da União declarar feriados nacionais nos dias em que houver jogos da Seleção Brasileira durante a Copa, para evitar transtornos de mobilidade nessas datas.
 
O secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes, também convidado para o debate, rebateu às críticas ao governo explicando que as únicas obras necessárias para a Copa do Mundo 2014, são as adequações dos estádios conforme as normas de qualidade exigidas pela Fifa. “Para além dos estádios, o governo fez uma aposta e resolveu aproveitar o evento para antecipar e acelerar investimentos em infraestrutura em inúmeras áreas que não eram essenciais para o evento. Por isso o plano de investimentos na modernização de aeroportos e o plano de investimentos em mobilidade urbana, que não são estritamente necessários para a realização da Copa do Mundo”, justificou. Ou seja, mesmo que alguns deles fiquem prontos após a Copa, não haveria ligação direta entre eles e as exigências para a realização da Copa.
 
Apesar dos atrasos, o arquiteto e urbanista da Associação Nacional de Transportes Públicos, Marcos Bicalho, analisou como positivas as propostas de aproveitar a Copa captando recursos para as áreas de transporte e mobilidade. Para ele, muitos desses investimentos não estariam sendo feitos se não fosse o megaevento.
 
A principal crítica dos especialistas convidados para o debate foi quanto à sustentabilidade econômico-financeira de alguns dos estádios da Copa do Mundo. Campos Neto afirmou que cerca de metade dos estádios deverão se transformar em “elefantes brancos”. Mas suas afirmações basearam-se exclusivamente no que aconteceu na África do Sul.
 
O secretário-executivo do Ministério dos Esportes defendeu os projetos destacando o objetivo multiuso desses equipamentos. Os estudos de viabilidade financeira dos estádios teriam sido feitos levando-se em consideração a proposta de “arenas multiuso”, ou seja, com retornos financeiros não apenas dos futuros jogos de futebol, mas de shows e outras utilizações como centros de convenções além da valorização imobiliária no seu entorno. A maioria dos estádios é privado com fundos de investimento participando e fornecendo garantias ao BNDES, disse ele. No caso de estádios de clubes, como o do Paraná, as garantias foram fornecidas pelo próprio governo.
 
Campos Neto rebateu com o exemplo do estádio Mané Garrincha, de Brasília. “Temos que ver se tudo isso [atividades multiusos] será suficiente para viabilizar, do ponto de vista financeiro, um equipamento com o custo de um bilhão e trezentos milhões de reais e que terá um custo extremamente elevado na sua manutenção”.
 
Especialista questiona viabilidade social de obras no Rio
 
O debate Brasilianas.org contou com o trecho de uma entrevista feita com o pesquisador do Observatório das Metrópoles no Rio de Janeiro Orlando Alves. Segundo ele o projeto de cidade pensado naquela região está sendo imposto sem nenhuma participação popular das famílias que estão sendo diretamente atingidas pelos empreendimentos, reforçando o modelo segregador e elitista das metrópoles brasileiras.
 
“Dos bilhões investidos em mobilidade urbana no polo da segunda maior metrópole brasileira, o Rio de Janeiro, nenhum centavo está sendo investido em sistemas de mobilidade integrados à região metropolitana. Então, a Baixada Fluminense, a área periférica da cidade, o Leste metropolitano, nenhuma dessas regiões recebe qualquer investimento em termos de mobilidade urbana”, disse.
 
O secretário-executivo do Ministério dos Esportes, Luis Fernandes, destacou como absurda a afirmação do especialista citando alguns projetos urbanos de relevância, mas que se concentram na cidade do Rio de Janeiro, deixando de fora os municípios da Baixada Fluminense e do Leste do estado, assim como observou Orlando Alves. As obras são a remodelação da estação Maracanã que irá integrar o terminal a novas linhas de metrô e trem, além das rodovias em construção Transcarioca, Transoeste e Transolímpica. 
 
 
Região metropolitana do Rio de Janeiro com destaque das regiões que não estariam recebendo recursos de mobilidade urbana, segundo Orlando Alves:
 
Cidade do Rio de Janeiro, onde os principais empreendimentos viários da Copa estão concentrados:
 
 
Redação

15 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Tri-bidu!
    Agora, resta

    Tri-bidu!

    Agora, resta apertar aquele pessoal mais do contra e perguntar o quê a urgente necessidade de obras de infraestura na baixada fluminense tem a ver com o custo/beneficio da Copa e as Olimpíadas. O que valeria também, por ex., para a região metropolitana de SP, BH, etc, ou mesmo de Florianópolis, onde como se sabe não vai haver nem copa nemo olimpíadas.

    1. Pensando bem a batalha da

      Pensando bem a batalha da copa tem muitas semelhanças com a guerra midiática que Brizola e Darcy Ribeiro sofreram quando da construcão do Sambódromo.

      PS: é bom avisar a um pessoal aí que quem contruiu o Sambódro mo de São Paulo não foi a Erundina – que aliás, jamais, em tempo algum, pensaria nesse tipo de coisa.  Quem concebeu e construiu foi o Jânio Quadros.

  2.  
    Em tes,.Copa do Mundo,ajuda

     

    Em tes,.Copa do Mundo,ajuda muito pra a divulgar o país e atrair investidores de todos segmentos.

       Desconheço, quem souber aponte, uma Copa tão fora de órbitra como a nossa-  estradas,aeropotos,estádios,aluguéis em ritmo da lua e roubos e arrastões a granel.

             Nem me refiro as manifestações- isso ainda( por incrível que pareça) é  o de ”menos”.

             

                O ninistro dos Esporte sumiu da mídia– ele deveria ter ficado em Cuba naquela viagem que fez com mulher e filho e não pagou nada.

                 A nossa presidente não pode resolver tudo sozonha.Embora ela seja centralista, precisa de ajudantes( ministros) que colaborem.

                  Dos 40 ministros( não são 39) não há UM que traga uma ideia nova, uma solução ou apenas um palpite.Todos querem cargos que não tem a mínima competência pra exercer.

                Sou solidário a presidente.Ela não pode nomear os capacitados.É forçada ,pelas circunstâcias, a nomear mais um incapaz ,só porque terá apoio de algum partido.

               Embora não pareça, Dilma está mudando a política do lá dá e aqui recebe,Pode até ser intencional.Até por ser teimosa.Pouco importa.

                  Sem querer,ou querendo, esse é o caminho pro futuro.

                  Não existe país ”ingovernável” quando cede as chatagens,

                       Nesse sentido,cedendo, nem merece respeito e já está ingovernável.

                           /Fique firme Dilma e terá um voto meu que nunca cogitei.

                                E tenha certeza:

                                    O Brasil está com a sra.

    1. REPETITIO EST MATER STUDIORUM

      Eu voltei, caro amigo Mário. Mas não, como o Roberto Carlos, só para comer carne,  é claro.

      Quero lhe dizer que essa Copa me lembra e muito quando Brizola assumiu o governo do Rio de Janeiro, com milhares de problemas para resolver.

      E junto com o incrível e inesquecível Oscar Neimeyr, planejaram e fizeram o sambódromo, que de dia é escola e, no carnaval, é a passarela do Samba ( hoje a Globo fala muito bem dela)

      Mas naquele tempo, meteu o pau. Falou mil bichos. Você se lembra ou não tinha ainda nascido? Até não quis fazer a cobertura do  carnaval. A Manchete salvou Brizola do fiasco. E o povo também, comparecendo.

      Foi um sucesso, copiado pelo Brasil a fora. E agora todos falam bem do sambódromo.

      Mas esquecem o Brizola.

      Essa Copa será  lembrada. Você verá, querido palestrino..

      Ah, o RA é contra.

      Mais “é nois”

      Tudo é Timão é bom.

      1. Isso mesmo, as pessoas que

        Isso mesmo, as pessoas que criticam, e as que defendem, a grande maioria o fazem com base no imediatismo, só que um evento como esse dá frutos no futuro, o país mostrará que além de futebol tem um povo que sabe receber, que não somos apenas miséria, que não somos apenas mulheres bonitas ou carnaval, mas que somos um país que sabe que receber, que tem belas cidades e que acima de tudo é seguro, não é o caos pintado pela mídia interna. Pode ser um divisor de águas. Esperemos

  3. O cenário preocupa

    No mínimo. O ritmo das obras e dos investimentos precisa ser acelerado. A situação de atraso nas obras, tanto nos estádios quanto no aspecto de mobilidade urbana, gera uma certa apreensão, porque isso pode afetar a organização do evento e, o que é pior, gerar um catastrófico aumento do apoio aos protestos contrários à Copa do Mundo, que já gozam de uma considerável adesão da população.

    1. SÃO RAZÕES QUE A PRÓPRIA RAZÃO DESCONHECE

      Sempre que posso gosto de ler seus comentários, pois nunca é a favor do governo. Sempre contra. Assim, passo a conhecer as razões que a própria razão desconhece.

      Ora, essa clima todo, que estão criando contra a Copa do Mundo aqui no Brasil é, infelizmente, é, sem qualquer  dúvida, uma jogada política, máxime da rede Globo de Televisão e associados,  neles incluo os partidos de oposição e aqueles que acreditam em tudo que o PIG e associados, que querem o poder, estão ministrando, no dia-a-dia do noticioso.

      O Brasil, com certeza, irá surpreender o mundo. Acham  ainda, muitos deles, que nosso País é a terra do Carnaval e do futebol, mas já somos uma das maioires economias do mundo. Viu, do Mundo!

      E temos muito que mostrar. Infelizmente, a imprensa brasileira só nos tem exibidio, e para os outros países do mundo também, o lado negativo de todas as coisas, deixando o positivo para trás.

      Conforme dizia Ricupero, ” o que é bom, a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. Só que agé o contrário: o que é ruim a gente mostra, o que é bom, a gente esconde.

      Nunca vi, senhor, qualquer elogio a atitude do governo atual. Nada nadinha de nada. Assim, tal como o Anarquista Sério, vocês tem que fazer um crítica mordaz contra o atual governo, pois não aceitam que a Senzala possa governar este País. Ele pode e já mostrou muito bem que fizemos grandes progressos.

      E tem mais: a Senzala vai continuar a governar.

      1. Meu compromisso é com a minha consciência

        Esse é o meu maior compromisso. Portanto, apoio o governo sempre que considerar que ele está correto. Particularmente no caso da Copa do Mundo, apoio a organização do evento no Brasil. Eu quero ver grandes jogos e que o Brasil seja hexa campeão, jogando em casa. Vai ser uma apoteose brasileira, país que existe há cinco séculos, que não surgiu em 2002 e que detém a mais tradicional e importante escola do futebol mundial. E não, isso, o apreço pelo futebol e o que eu espero que aconteça na Copa do Mundo do Brasil de 2014, não têm absolutamente nada a ver com o que eu eventualmente pense sobre o governo de plantão. Fosse qual fosse o governo, minha torcida seria exatamente a mesma. O Brasil, o futebol brasileiro, é muito maior do que qualquer governo de plantão.

      2. Copa

        Ser uma grande economia do mundo não significa ser uma grande nação do mundo, pois isto implicaria cidadãos vivendo em harmonia. Uma família de 8 pessoas que tenha o mesmo dinheiro que uma de 4 indubitavelmente é mais pobre que esta. Pior ainda se tiver uma casa muito grande para organizar. Logo, essa falácia de que o Brasil está evoluindo pra ser uma grande nação é conversa pra boi dormir. Vejamos a realidade cotidiana e pronto.

    2. Reconheço Alessandre de

      Reconheço Alessandre de Argolo pelos seus comentários elegantes e moderados no Blog do Noblat. Só que lá os comentários críticos mais ácidos, ainda que em tom civilizado, são sistemáticamente censurados. Principalmente quando se trata das postagens das sras. Mary Zaidam e Maria Helena RR Souza.

      Quanto a esta última, alías, gostaria de deixar registrado aqui no Nassif Online, o meu pedido de desculpas, porque até nisso fui censurado. Então fica assim:

      “Senhora MHS, peço as minhas desculpas e ofereço os meus pêsames com relação especificamente a minha crítica a uma recente postagem sua em que citava em tom adequadamente civilizado o imortal personagem da cultura popular brasileira, o Arnesto. Não sabia que ele foi baseado nessa pessoa real que acaba de falecer, e, suponho, fazia parte de suas relações afetivas. Quero deixar registrado que minhas críticas são sempre feitas em tom reativo e proporcional ao teor de seus comentários. Mesmo assim, mantenho sempre o meu tom em nível adequado de civilidade. O que não é aceitável é a censura. Censurar é muito feio, como a sra. muito bem deve saber. Não se atreva!”

  4. SÓ LHE FALTA DIZER QUE O RA TEM RAZÃO

    Mário

    Voltei, não sou assustador, mas só lhe falta dizer que o RA tem razão.

    Aí você empata a partida.

     

     

  5. “A lógica das obras da Copa,

    A lógica das obras da Copa, no especial do Brasilianas.org

    é a lógica do mercado capital! estabelecida nas sagradas confrarias ppp – parcerias político-privadas, no rito do capitalismo primitivo selvagem de odeàbrecht.

    já assistimos esse filme esportivo nas obras hiperfaturadas pra ontem do pan-rio.

    assistimos em tempo real o mesmo rito capitalismo selvagem primitivo pra anteontem nas obras da copa/cozinha/espaço gourmet da  parceria governo-fifa com a mesma antiga confraria obreira esotérica odeàbrecht.

    assistiremos ao mesmo rito da lógica de mercado e velha política capital nas obras olímpicas hiperfaturadas de 2016, com 100% de certeza, nesse particular, do grande legado odeàbrecht deixado abandonado aos povos do brasil.

     

     

  6. Nassif, seria interessante

    Nassif, seria interessante recuperar (e postar) o que foi aqui foi publicado(?) por ocasião da escolha do Brasil para sede desa copa. Será que veríamos mudanças de posicionamento? Me lembro vagamente de comentários e de alguns posts.

  7. Particularmente não vejo

    Particularmente não vejo motivos para esse desespero, o grande problema foi se vender a ideia de que com os investimentos para a copa os problemas de mobilidade seriam resolvidos, o que não é uma verdade. Aqui em Pernambuco mesmo, aproveitou-se para acelerar investimentos que a cidade já pedia há anos, mas que está longe de resolver todos os problemas ou  mesmo diminuir os impactos na copa. 
    Acredito não só que o governo federal, assim como os governos estaduais e municipais aproveitaram o evento como como um acelerador de investimentos necessários, ainda que as obras de mobilidade não fiquem prontas agora, quando ficarem ficarão para quem de fato as irão utilizar, o povo. A mídia e esse pessoal do protesto estão fazendo o que melhor sabem, média, não há investimentos dos governos que ficarão para os turistas, todos ficarão para os brasileiros.

    Muita bobagem.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador