Lindbergh Faria acusa governo de mentir sobre PEC 241

Em dez anos Receita Corrente Líquida na saúde passará de 15% para 11%
 
 
Jornal GGN – O Senador Lindbergh Faria (PT/RJ) divulgou uma nota acusando o governo de não esclarecer o verdadeiro impacto da PEC 241 sobre os gastos com a Saúde pública. O parlamentar destaca que, atualmente, o Estado investe apenas 15% da Receita Corrente Líquida (RCL) na saúde. Com a proposta da equipe Temer em dez anos o Brasil vai investir 11% da RCL no setor. 
 
“Essa queda se dará porque a despesa, ao longo dos próximos anos, será reajustada somente pelo IPCA do ano anterior, enquanto a Receita Corrente Líquida cresce tanto pela inflação quanto pelo crescimento real do PIB. Portanto, mesmo que haja um crescimento do PIB e das receitas, a ampliação de gastos no setor estará represada pelo limite constitucional que pretendem impor”. Acompanhe a nota na íntegra:
 
A “concessão” do relator para gastos com Saúde é uma falácia. As despesas com o setor já são de 15% da Receita Corrente Líquida 
 
A PEC 241, que cria um teto para os gastos do governo pelos próximos 20 anos, desmonta o Estado de Bem-Estar Social. Vai além de uma reforma fiscal ao impor uma queda dos gastos/investimentos federais em termos do PIB e em termos per capita. 
 
O esforço retórico do governo de que não haverá cortes de gastos em saúde é mentiroso. Até porque, eles já deixaram clara sua intenção na exposição de motivos que acompanhou a PEC. Nela, o governo afirma ser essencial alterar a regra de fixação do gasto mínimo em algumas áreas, em especial saúde e educação, pois esse tipo de vinculação é um problema fiscal. 
 
Agora, tentam convencer de que protegem a área vendendo a ideia de uma suposta concessão. O relator da PEC na Câmara alardeia de que estaria antecipando de 2020 para 2017 a regra prevista na emenda constitucional 86, que garante ao setor a aplicação de no mínimo 15% da Receita Corrente Líquida (RCL). 
 
Mas a pretensa esperteza não constitui qualquer ganho para a Saúde. Isso porque, a aplicação prevista no Orçamento da União para 2016 já corresponde a 15% da RCL. Na audiência da Comissão Mista do Orçamento, o próprio ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que os gastos para o atendimento do mínimo para a Saúde serão de R$ 102,8 bilhões, e nas informações complementares do orçamento, o governo apresentou as estimativas de RCL para 2016, de R$ 684,3 bilhões. Ou seja, a previsão de gastos do governo para esse ano é de 15% da RCL. (slide 18 da apresentação http://www.planejamento.gov.br/apresentacoes/2016/apresentacao-ploa-2017_cmo_v-12set2016-tardej2-1.pdf)
 
Além disso, é importante ressaltar que a suposta “concessão” do governo só vale para 2017. A partir da vigência da PEC, esse percentual cairá a cada ano e em 10 anos será, numa hipótese conservadora, 11% da RCL.
 
Essa queda se dará porque a despesa, ao longo dos próximos anos, será reajustada somente pelo IPCA do ano anterior, enquanto a Receita Corrente Líquida cresce tanto pela inflação quanto pelo crescimento real do PIB. Portanto, mesmo que haja um crescimento do PIB e das receitas, a ampliação de gastos no setor estará represada pelo limite constitucional que pretendem impor. 
 
O governo também tem dito que o fato de a PEC ter mudado apenas o piso e não o teto para a Saúde permitiria uma aplicação acima do “piso”. A verdade é que, com a queda do teto geral de gastos, não haverá espaço para ampliação dos gastos com saúde acima do “piso”, mesmo com corte em outras áreas, que terão de ser feitas para garantir o cumprimento das regras de limite de gastos. 
 
Além da queda em relação à receita corrente líquida, é sabido que a situação mais grave virá com a redução dos gastos reais com saúde por cidadão. A previsão é de que essa queda seja de quase 6% ao ano. Isso porque a inflação do setor tem sido em torno de 5 pontos porcentuais acima do IPCA e o crescimento populacional está em torno de 1% ao ano. Isso tudo em uma conjuntura onde se reconhece que ainda é preciso ampliar os investimentos na saúde pública para melhoria da qualidade do atendimento.  
 
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Líder da Oposição no Senado
Redação

4 Comentários

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  1. PEC deveria é limitar a 20% do orçamento o serviço da divida…

    Ou menos! Aí sim seria algo de interesse público e não da privada…

    Falei e disse! (o óbvio).

    O problema é q não tem macho pra fazer.

    Só putinha de banco.

  2. Juca: + que mil palavras

    Mais que 1000 palavras

    Juca Kfouri – UOL

    Observe bem a foto abaixo, na recepção do Palácio da Alvorada, para o jantar que a presidência da República oferece aos parlamentares com a intenção de convencê-los a assinar a PEC que limita o gasto federal e que a Procuradoria Geral da República considera inconstitucional.

    Certo cidadão, de terno e gravata, conversa com outro, sem gravata e de celular na mão, enquanto um mais jovem, de tênis, jeans e camisa polo aguarda sua vez, com uma mulher às costas.

    Também o cidadão de terno e gravata tem uma mulher, ligeiramente mais alta que ele, às costas, assim como se fosse um enfeite.

    Uma terceira mulher, aparentemente desolada, contempla a cena.

     

     

    http://blogdojuca.uol.com.br/2016/10/mais-que-1000-palavras/

  3. Mais um ineditismo

    Mais um ineditismo brasileiro, um parlamentar se apresenta para jantar com o Presidente de seu Pais de calça jeans, tenis e camiseta, como se estivesse em um bar de rua tomando cerveja.  O “dess code”” intuitivo, que qualquer pessoa minimamente educada usaria é o blazer com camisa social, não precisa gravata, mas paletó é necessario para jantar

    oficial mesmo que fosse com o Prefeito de Xororó na Serra. O mau gosto brasileiro para se vestir só tem um concorrente no planeta, o americano de classe media baixa, os americanos finos são elegantissimos, breguice não tem cura conhecida.

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