Lodo de esgoto é eficiente na fertilização de solos

Estima-se que do volume de esgoto que as estações de tratamento recebem diariamente, 1% transforma-se em lodo durante o processo de recuperação da água. Esse resíduo tem alto valor como adubo orgânico, dada sua concentração de nutrientes (nitrogênio e fósforo) e micronutrientes essenciais (zinco, cobre, ferro, manganês, entre outros). O lodo também tem alta capacidade de retenção de água e de recuperação do solo, por sua composição orgânica.

Já existem estudos para aplicação direta em plantações de eucaliptos, para a indústria do papel. Entretanto, o lodo deve ter seu uso evitado em culturas alimentícias, pois também é rico em organismos patogênicos e compostos tóxicos ao organismo humano, como nitratos e metais pesados.

O engenheiro florestal Alexandre de Vicente Ferraz realizou análises do lodo produzido em três estações de tratamento da Região Metropolitana de São Paulo (Barueri, São Miguel e Parque Novo Mundo) e a aplicação desses resíduos como adubo em plantações de eucalipto.

A adubação de culturas com lodo elevou em 65% o volume da madeira em relação à plantação que não recebeu nenhuma aplicação de fertilizantes. A concentração de nutrientes nas folhas dos eucaliptos tratados, aos seis meses de idade, também foi mais elevada em relação à plantação que não recebeu nenhum tipo de tratamento.

O pesquisador destaca que, aos 42 meses, observou-se a tendência geral da redução de concentração de todos os nutrientes nas folhas, independente dos tratamentos, isso é, até mesmo quando houve aplicação de fertilizantes minerais e em relação ao grupo que não recebeu tratamento algum.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) publicou as diretrizes que regulam o tratamento da água e do lodo em 29 de agosto de 2006. Nos últimos anos, a produção de lodo no país tem aumentando significativamente graças à construção de novas estações de tratamento e aumento do número de conexões na rede geral de esgoto.

Ainda assim, o total de esgoto coletado e tratado está longe do ideal. Segundo números levantados pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, todos os dias 5,4 bilhões de litros de esgoto sem tratamento são jogados diretamente na natureza, contaminando solos, rios, praias e mananciais.

A pesquisa foi realizada nas 79 maiores cidades brasileiras, onde vivem um total de 70 milhões de pessoas responsáveis pela produção diária de 8,4 bilhões de litros desses resíduos – apenas 36% do esgoto gerado recebe algum tipo de tratamento, ou seja, próximo de 3,0 bilhões de litros.

Se 1% de cada volume tratado é lodo, todos os dias sobram 3,0 milhões de litros de lodo, resultantes dos 3,0 bilhões de litros de esgoto tratados nas grandes cidades, e que poderiam servir como adubo.

Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.

Redação

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