Mr. Catra e Dragon Ball viram tema de TCC em universidades públicas brasileiras

Há, ainda, quem desenvolveu dissertação de mestrado em cima da discussão de gênero e sexualidade do BBB 10

Temas de doutorado e mestrado de universidades públicas

Jornal GGN – No artigo a seguir, da Gazeta do Povo, são apresentados os temas de dez dissertações de mestrado e teses de doutorados produzidas por estudantes das universidades públicas brasileiras colocando em dúvida a validade de financiar todo o tipo de produção de conhecimento. Há quem se debruçou em análises sobre o mangá “Dragon Ball”, o discurso do sertanejo universitário “Agora eu fiquei doce” e, ainda, na discussão de gênero e sexualidade no Big Brother Brasil 10.

Gazeta do Povo
 
Dez monografias incomuns bancadas com dinheiro público
 
Dissertações de mestrado e teses de doutorado de universidades públicas incluem estudos sobre funkeiro Mr. Catra e vlogueiro Felipe Neto 
O ambiente universitário, por definição, deve ser um espaço aberto à criatividade e à inovação. Toda forma de conhecimento é válida. Por outro lado, algumas teses desenvolvidas por alunos de mestrado e doutorado em universidades públicas brasileiras são difíceis de explicar ao contribuinte, que arca com todas as despesas. A opção por temas pouco ortodoxos, especialmente nos cursos de ciências humanas e sociais, talvez ajude a explicar por que o Brasil nunca recebeu um prêmio Nobel – ao contrário de Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela, México, Costa Rica, Peru e Guatemala. 

Veja uma lista de dez dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre temas pouco usuais, todas apresentadas em universidades públicas.

1) Fazer banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas na Estação da Lapa e adjacências.

Curso: Mestrado em Antropologia na Universidade Federal da Bahia. 

Trecho: “Percebo que, para além de um simples terminal com um sanitário, a Estação da Lapa é ressignificada como espaço de práticas sexuais de desejos dissidentes, na direção de interesses tão diversificados quantos são os sujeitos que interagem na cena e que só são reunidos aqui pelo traço em comum dos desejos, diversificadamente, homo-orientados”.

Autor: Tedson da Silva Souza.

 

 2) A estética Funk Carioca: criação e conectividade em Mr. Catra.

Curso: Doutorado em Sociologia e Antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Trecho: “Mr. Catra é um feixe de relações, que catalisa caminhos e dá acesso a um mundo que mistura funk, favela, elite, poder oficial e crime”.

Autora:  Mylene Mizrahi.

 

3) Mulheres perigosas: uma análise da categoria piriguete.

Curso: Mestrado em Sociologia e Antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Trecho: “A piriguete representa, primeiramente, uma mulher que não se adéqua às normas de conduta feminina – ela expressa sua sexualidade e seu desejo, sua liberdade e seu poder”.

Autora: Larissa Quillinan Machado Larangeira.

 

4) A Zuadinha é tá, tá, tá, tá: representação sobre a sexualidade e o corpo feminino negro.

Curso: Mestrado em Ciências Sociais na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 

Trecho: “Embora aproxime-se do pagofunk, tanto pelas letras sexualizadas como pelas coreografias, o pagode de elite, ainda que apresente letras menos sexualizadas, tem um estilo mais voltado para a suingueira – que o aproxima do pagodão”.

Autor: Wellington Pereira Santos.

 

5) Erótica dos signos nos aplicativos de pegação: processos multissemióticos em performances íntimo-espetaculares de si.

Curso: Mestrado em Linguística Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Trecho: “Erótica dos signos denota a emergência de romper a divisão cartesiana entre mente e corpo e considerar o componente erótico na pesquisa para fazer ciência com corpo e alma. Também alude à sensualidade típica dos apps de pegação e evidencia o cuidado com a imagem de si, a pornificação de si como arena de embate político, a necessidade de uma metodologia que considere o corpo do pesquisador na pesquisa”.

Autor: Gleiton Matheus Bonfante.

 

6) Personagens emolduradas: os discursos de gênero e sexualidade no Big Brother Brasil 10.

Curso: Mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal de Goiás.

Trecho: “Ao aproximar meu estudo com os de Fischer (2001) concordo que os meios de comunicação, no caso aqui analisados o programa de televisão e sítios de notícias do BBB, mostram-se como lócus privilegiado de informação, de ‘educação’ das pessoas, ao que a autora chamou de dispositivo pedagógico da mídia, pois, por meio das diversas estratégias de linguagem as mídias fazem a mediação da produção e da circulação de uma série de ‘verdades’ e, no caso do interesse desta pesquisa, ’verdades’ sobre homens, mulheres e gays”. 

Autora: Katianne de Souza Almeida.

 

7) “Agora eu fiquei doce”: o discurso da autoestima no sertanejo universitário 

Curso: Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa na Universidade Estadual Paulista (Unesp) 

Trecho: “A canção Camaro Amarelo é um enunciado no qual estão presentes valores relacionados à ideologia capitalista do consumismo, tais como os valores das marcas famosas de produtos, da ascenção social e do amor por interesse”.

Autor: Schneider Pereira Caixeta.

 

 

8) O herói na forma e no conteúdo: análise textual do mangá “Dragon Ball” e “Dragon Ball Z”‘ 

Curso: Mestrado em Comunicação e Cultura Contemporânea, Universidade Federal da Bahia. 

Trecho: “Dessa maneira, notamos que essas passagens narrativas, em que um personagem faz referência ao outro no que diz respeito à morfologia, têm a função de criar uma situação de humorística maior do que necessariamente um espanto no sentido de uma impossibilidade de mundo em que eles habitam. Afinal, nesse mundo, encontramos tartarugas e porquinhos falantes, assim como sereias convivendo com personagens com a morfologia parecida com a nossa”.

Autor: André Luiz Souza da Silva.

 

9) Experimenta-te a ti mesmo: Felipe Neto em performance no YouTube

Curso: Mestrado em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais

Trecho: “Para fins desta dissertação, entendemos que as audiências dos dois canais de Felipe Neto no YouTube se referem a grupos de falantes que se vinculam temporariamente em uma situação específica de enunciação e circunscrita à ambiência midiática operada pelo site”.

Autor: Tiago Barcelos Pereira Salgado.

 

10) A pedofilia e suas narrativas: uma genealogia do processo de criminalização da pedofilia no Brasil

Curso: Doutorado em Sociologia na Universidade de São Paulo 

Trecho: “Por tudo que foi visto nesta tese, não é possível afirmar que a pedofilia seja, em sua totalidade, sinônimo de violência sexual contra a criança, embora os termos sejam usados de modo indiscriminado e intercambiável em quase todos os domínios do saber. Os diversos textos apresentados aqui demonstram que muito pedófilos nunca violentaram sexualmente uma criança; e que muitos agressores sexuais infantis não podem ser considerados pedófilos, por não se enquadrarem na definição psiquiátrica da categoria”.

Autor: Herbert Rodrigues.

 

Redação

72 Comentários

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  1. Esse é o pais do futuro do pretérito

    Li o post e depois fui me aprofundar no site da Gazeta do Povo. Inacreditável! Como Renato Duque eu perguntaria “que país é este?”. Seria o caso de pegar a tese mais esdrúxula (dificil né?) e ir atras dos orientadores, banca julgadora, etc. Só pra escrachá-los aqui no blog. Caraca, tem hora que fico envergonhado deste meu BRASIL VARONIL e me bate uma vontade louca de pedir cidadania ao PARAGUAY GUARANIL.

      1. Esclarecendo seu espanto

        Percebo que não é antenado. Sim…..Renato Duque….da Petrobrás. No dia em que foi preso ficou furioso com o pessoal da PF e disse……..” preso?…..isso não tem cabimento…..que pais é este?…………Satisfeito? Passe bem.

        1. Não é questão de antenas

          A questão é:

          A matéria em discussão é sobre teses acadêmicas.

          Ai vc saca um Renato Duque , pô cara , não dá.

          Por acaso Renato Duque é pró reitor de graduação ou de pós graduação?

          Repito a pergunta com trocadilho:

          Duque C tá falando ?

  2. EXISTE PAGODE, PAGODINHO, E

    EXISTE PAGODE, PAGODINHO, E PAGODAO?????????  PUTA QUE PARIU!!!!!!!!

    No mais…

    “Os diversos textos apresentados aqui demonstram que muito pedófilos nunca violentaram sexualmente uma criança”:

    Alguem precisa de dar uma olhada nas leis…

    Nao nas leis do Brasil, ja nao contam ja que ate juiz brasileiro -especialmente se for do Amazonas- perdoa pedofilo e acusa a crianca:

    AS LEIS MUNDIAIS, JUMENTO:  FUDER CRIANCA EH CRIME DE ESTUPRO, PONTO FINAL.

  3. Gazeta do Povo não é algo

    Gazeta do Povo não é algo assim, etéreo, tem proprietários. Quem são os proprietários, como vivem, tem alguém alcoólatra na família? Sempre, sempre e sempre a favor de Arena, PSDB e quetais. Quando os meganhas arrebentaram os professore, na TV, no jornal e na rádio eles justificavam informando que houve ‘confronto’. Garganta, bandeira e lágrima são objetos de confronto com cassetetes, bombas, cães? Ora, vão para o inferno.

  4. Lá vem essa bobeira de novo. Gente q nao entende nada palpitando

    Esses temas sao perfeitamente válidos dentro das disciplinas citadas. Nao dá para avaliar sem nenhum conhecimento específico, só na base dos preconceitos dos comentaristas.

    1. Mude o nick

      Sua observação condiz com o prenome do nick. De lucidez, nada. Confesse: saboreou uma feijoada, exagerou na caiprinha e não está sóbria. Mude para Anarquista Modernosa Liberal.

        1. Tapa sem beijos

          Serei mais elegante. mesmo inconformado com a sua falta de educação. Qdo repliquei seu comentário fiz uma ironia e uma brincadeira. Não pensei que fosse assim tão mal humorada.A foto me enganou; parece serena, mas deve ser antiga ou nem é sua. Não consigo entender seu apoio à cultura inútil e descartável feita por mestrandos e doutorandos que usam e abusam de um academicismo ridículo;  gente que não domina a propria lingua. Vejo seus comentários e percebo que se coloca numa posição superior distribuindo acidez e tpm. Vc é lamentavelmente uma metida que se acha. Vá te catar

          1. Cultura inútil, é? Mais um que nao se enxerga

            Vc é especialista de alguma dessas áreas? Mas acha que seu superior palpitômetro vale mais que a formaçao acadêmica? Ora, ora…

          2. Vou te responder mas poderia ser a qualquer outro

            Tenho por hábito ler N+1 blogs e assemelhados, aqui a discussão é ótima, aprende-se nos comentários. Em outros blogs -vou me dispensar de citá-los- os comentaristas ficam se agredindo mutuamente e absolutamente nada acrescentam ou questionam. 

            Pelamordedeus. Vamos manter o blog com este diferencial.

    2. Nao, todos tem erros

      Nao, todos tem erros horrendos de “computacao”, eu salvaria somente o terceiro, que nao li e sei que x autor ou autora tem talento aproveitavel.

      Ja fiz um primeiro comentario a respeito de alguem que nao sabe nem leis mundiais, esse eh so outro erro escabroso:  o da musica sertaneja.  A “letra” minimalista esta aqui:

      https://play.google.com/music/preview/Tgmp3kvob2xs7l2st7xwqnpc5a?lyrics=1&utm_source=google&utm_medium=search&utm_campaign=lyrics&pcampaignid=kp-lyrics

      A “musica” eh a respeito de complexo de inferioridade!  Os “simbolos capitalistas e consumistas” ou o que eh seja que o autor pensa que ta falando servem -na “musica” -que eu nao conhecia e que tolerei por menos de 1 minuto- pra ele esbanjar “superioridade” sem sequer merecimento(!) pois foi heranca do “velho”.  Assim eh facil, voce se “apodera” de um simbolo alheio (tipo “turbante em branca” e clama direitos sobre ele.  So que eu nem sabia o que eh um “Camaro” e pensei que tava soletrado errado e ele tava falando de um “camarao amarelo” -hepatite?

    3. O item 7 mencionado na

      O item 7 mencionado na matéria, sobre o sertanejo universitário, inclusive demonstra um tom bastante crítico a ele. Toma-o como ponto de partida para criticar consumismo e capitalismo. Talvez os jornalistas que fizeram a máteria (e os que divulgaram) achem que as ciências sociais devem estudar não a realidade, mas sim algo imaginado e de prestígio social. Deveria o mestrando ter feito a sua tese sobre Beethoven, mesmo que ele não seja um fenômeno social da realidade brasileira. Achei a matéria bastante infeliz e covarde, joga o assunto por cima sem entrar no mérido das especificidades de cada área do conhecimento, do tipo de pesquisa e dos temas abordados. 

    4. Gazeta do Povo!

      Essa baboseira saiu da Gazeta do Povo, ao que parece. Duro é ver o Blog do Nassif, dar espaço pra essa bobagem, que alias se repete. 

      De uma outra vez, acompanhei o debate e vi tua argumentação sólida contra um maioria de palpiteiros pseudo-entendidos.

      Por indiscrição de uma leitora, faz tempo, sei quem você é, ou pelo menos sei de sua atividade profissional e formação acadêmica, e creio, estive em um dos Saraus do Nassif no Rio contigo.

      A crítica raza se deve ao fato de hoje em dia todo mundo se achar no direito de dar pitaco, não só nas coisas do cotidiano, mas em trabalhos acadêmicos.

      Todo mundo entende de tudo. E se sente superior a Foucault, “esse lixo”…rs

      E por isso chega a ser engraçado alguns novatos aqui te criticando sem saber do seu “saber específico”.

      Um abraço!

      1. Pois é. O senso comum de cada um passando por conhecimento

        E o Blog tá Flórida. O Nassif deve estar muito ocupado, e tem saído cada bobeira. Sobretudo títulos espúrios, que traem o conteúdo das matérias.

  5. Bobagem é o que a Gazeta do

    Bobagem é o que a Gazeta do Povo fez. Não há problemas com as teses, EXCETO SE não forem feitas com os métodos adequados. Mr. Catra é um tema de estudo como qualquer outro. 

     

  6. A matéria da Gazeta do Povo é preconceituosa.

    A matéria da Gazeta do Povo é preconceituosa.  

    Fazer apenas um levantamento de temas e reduzir um trabalho acadêmico de 2 ou 4 anos em apenas uma frase é mais um sintoma do jornalismo tacanho nacional.

    O que fica evidente é a hierarquização de objetos de estudo.  Mr. Catra e o vlogueiro Felipe Neto, entre outros temas relacionados na matéria, hoje, são tão importantes quanto objetos de análise tradicionais.

    Nada sobre o rigor epistêmico do pesquisar ou sobre metodologia utilizada?

    Claro que não. Seria pedir demais para o autor da barbeiragem.

     

     

    A matéria da Gazeta do Povo é patética. 

    Fazer um levantamento de temas e reduzir um trabalho acadêmico de 2 ou 4 anos em apenas uma frase é mais um sintoma do jornalismo tacanho nacional. O que fica evidente, em um primeiro olhar, é a hieraquização de objetos de estudo.  Mr. Catra e o vlogueiro Felipe Neto, entre outros temas relacionados na matéria,  

  7. Lixo pós-moderno!

    Todos esses trabalhos são consequência do domínio das ideias pós-modernas, de autores como – Levi-Strauss, Bordieu, Foucault, Chartier -, ou seja, de um monte de categorias arbritárias e alienadas como – representação, formações discursivas, poder simbólico, poder sem ser poder -, correponde ainda a subjtivação quase absoluta dos autores, supressão da objetivade do mundo, desejo fenomenológico husserliano de redução do mundo externo ao mundo interno, de coisas tranformadas em noema. 

    Em síntese: é complexo de avestruz ou de negação do príncipio de realidade!

    1. Como Queria Demonstrar

      Bourdieu, Foucault, etc sao lixo. Grande intelectual é o Ronaldo Ferreira Vaz. Tem gente que nao se enxerga mesmo…

        1. Comento nos blogs do Nassif desde 2008

          Todos os antigos aqui sabem bem quem sou, nao na vida off-line, que nao interessa, mas que posiçoes tomo, etc. O que faz alguém nao ser anônimo na web é uma história e um perfil, nao o fato de usar um prenome com sobrenomes que ninguém sabe se sao verdadeiros ou nao, e mesmo sendo nao dizem nada. Agora, nesses comentários vc realmente mostrou quem é. Alguém que nao se enxerga, e acha que tem cabedal para julgar intelectuais do porte de Bourdieu e Foucault.

          1. Lucidez analítica!

            Cara Lúcida, sugiro que você aprimore sua capacidade cognitiva analítica. Senão vejamos:

            1°) O título do meu comentário original – “Lixo pós-moderno” -, é referente aos 10 trabalhos expostos pela reportagem, pois são “Todos esses trabalhos”.

            2°) Precisei as categorias que influenciam aqueles trabalhos – “representações, formações discursivas, poder simbólico” -, delas afirmei que são – “arbritárias e alienadas” -, apenas isso, nada mais. Acrescento, porém, o sujeito foucaltiano fragmentado de “A Arqueologia do Saber”.

            3°)  Se queres, podemos travar um debate acerca da insufiência e equivocos delas, estou a disposição.

            4°) Sugiro, se me permite, que leia a tríade de pensadores – Aristóteles, Kant, Hegel -, a partir dos quais se formou o materialismo dialético, inclusive Bakunin. 

             

  8. Quer dizer que a academia nao

    Quer dizer que a academia nao pode estudar expressoes culturais populares como Funk, Youtube, sexualidade contemporanea?

     

  9. Todos esses movimentos

    Todos esses movimentos populares, youtube, funk, BBB, etc tem a sua relevancia e influencia a populacao. Portanto o seu estudo é justificavel. 

    O que nao é justificavel é alguem criticar o trabalho de outro apenas referenciando o titulo e trechos de um trabalho.

  10. Achei que a matéria parte de

    Achei que a matéria parte de preconceitos e não aprofunda adequadamente o assunto. Vamos pegar o caso do Felipe Neto, por exemplo. Se você é um estudante de comunicação, estudá-lo como um fenômeno é algo perfeitamente válido, pois trata-se de um dos mais populares comunicadores de um novo meio de comunicação. Isso não é emitir um juízo de valor sobre o comunicador em si. O mesmo vale para muitos outros casos citados. O problema, e nisso faço coro com a Anarquista Lúcida, é que todo mundo acha que é especialista nos assuntos abordados, o que não é o caso. Isso sem falar na grande dose de preconceito social, pois são temas que partem de uma vivência popular, não elitizada. “Pegação”, por exemplo, só é um problema como tema por conta da falta de prestígio social da palavra (e nisso o linguista Marcos Bagno poderia ajudar bastante para esclarecer), de resto a mim me parece um tema importante para certas ciências sociais, pois expressam um modo diferente e especial de relação afetiva que pode merecer uma atenção dos pesquisadores de diversas áreas (psicologia, pedagogia e muitas outras). 

  11. Assuntos não academicos

    A mim parece que o autor do post não gosta de temas populares, deve se ligar penas no mundo acadêmico. Segundo a wikipédia, uma Universidade é uma instituição de ensino superior pluridisciplinar e de formação de quadros profissionais de nível superior, de investigação, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano. Os acadêmicos são os que mais barram o conhecimento humano, as teses de Eistein e Darwin já foram todas contestadas pelo academismo de suas épocas. Quem sabe o nosso primeiro Nobel será de um destes autores?

  12. ignorância é preconceito
    e vice versa.

    meu deus!
    por que isso está aqui?!!
    que se pensa defender?
    a cultura burguesa?
    proust e seus devaneios aristocráticos
    é que são dignos de dinheiro público brasileiro, não é?
    quem quer causar vergonha nos outros
    não pode se olhar no espelho!

  13. É….

    Conhecimento só é válido se ganhar rótulo. E estudo social só vale pra analisar brancos de olhos azuis, e o que for diferente disso deve ser tratado como coisa inferior. Que textinho mais elitista…. Pior é ver um bando de leigos fazendo críticas sem jamais ter lido e/ou entendido os assuntos estudados. Depois não entendem como um Bolsonaro tem os votos que possui….

  14. Nem Oscar.

    Nunca recebemos um prêmio Nobel, nem um Oscar.

    Ô imprensa sem parâmetro…

    Quantas teses são defendidas por dia no Brasil?

    Achar coisas sui-generis será sempre fácil num universo tão grande…

    Ainda que tenha muito babaca na universidade, isso não podemos negar!

    Mas decerto que na mídia elitista que temos a porcentagem não é menor.

  15. A  mais ridícula a do

    A  mais ridícula a do doutorado em Catra:

    “Mr. Catra é um feixe de relações, que catalisa caminhos e dá acesso a um mundo que mistura funk, favela, elite, poder oficial e crime”.

    Sinceramente esse trecho parece uma justificativa de trabalho de nona série.

    Bem, para o país das maravilhas médio-classistas de Dilma, parece que está de bom tamanho. 

    E los hermanos aqui do lado com três Nobels em Medicina e Química além de dois Da Paz.

    E ainda tem brasileiro que vai pra Buenos Aires estudar medicina e desiste por ser muito ”puxado”. Taí a resposta.

     

  16. Matéria inconsequente,

    Matéria inconsequente, superficial… Lamento que seja replicada aqui… Os trabalhos podem ser bons, ruins, a linha teórica pode ser questionada, mas não dessa maneira irresponsável. Sem mais…

  17. Discordo!

    Discordo completamente da maneira como o texto critica esses trabalhos.

    E digo mais. Com certeza, muitos trabalhos bons foram injustiçados e descontextualizados por três ou quatro linhas de texto que só servem para isso mesmo: descontextualizar. Do contrário, teremos que ficar com superficialidade idiota de uma RACHEL SHEHERAZADE ou qualquer ou meme de facebook desses que têm por aí

    https://www.youtube.com/watch?v=QuKuI2edI8c

     

    É o que penso.

  18. Palermas

    São os Senhores Professores Doutores que incentivam essas bobagens.

    Por outro lado, “reservam” para eles o monopíloo dos “grandes temas”. Inventam verdadeiras “barreiras à entrada” enquanto ficam fazendo “revisões literárias” e dormindo, sem sequer enxergarem um golpe sendo urdido debaixo dos narizes de quase todos eles, com raríssimas exceções.

    1. Lucinei, nao cai nessa

      Esses temas de cultura de massas sao melhores para a percepçao de valores da sociedade atual do que um estudo “nobre” sobre Shakeaspeare, por ex. Nao dá para criticar práticas acadêmicas na base do palpite…

      1. Desculpe, Analu, mas noto

        Desculpe, Analu, mas noto isso desde a década de 90. Já vi dissertações sobre astrologia e ligue já, Zeca Pagodinho e outras que não me lembro agora; além de programas interdisciplinares na área de Sociologia aprovando trabalhos e pessoas por fora da literatura mais básica. Tudo porque serviam como uma espécie de “estagiarios” dos Senhores Doutores.

        1. Continua no preconceito…

          Temas de dissertaçoes nao precisam ser “nobres”, precisam responder a uma questao pertinente para a disciplina. Por ex., para citar algo dentro da lista que motivou o tópico, analisar questoes de gênero no BBB é importantíssimo, algo visto por milhoes de brasileiros e que influencia a cabeça deles.

          Agora, quanto ao grau de liberdade de orientandos, depende muito das instituiçoes e dos orientadores. Francamente nao acredito na imposiçao de temas, mas já há uma imposiçao inerente, nao evitável, ligada aos orientadores que estao disponíveis, e que só podem orientar sobre temas ligados às suas competências específicas, ou ao menos perto delas.

  19. Só no Brasil e só em Humanas & Sociais?

    Reportagem ótima para alimentar aquela galera que adora bradar “só no Brasil!” no Facebook – local, aliás, onde pululam piadinhas idiotas contra o pessoal de Humanas & Sociais. Mas quem já se divertiu com as edições do Ig Nobel sabe muito bem como no exterior (nos ditos “países desenvolvidos”, colonizados adoram falar isso…) e nas áreas de Exatas e Biológicas existem trabalhos que envergonham até frades de pedra de tão estúpidos que são.

    No Ig Nobel de fisiologia do ano passado, por exemplo, um dos vencedores foi um trabalho sobre o porquê das libélulas serem mais atraídas pelas lápides escuras nos cemitérios, ao invés das lápides claras…

  20. Escolástica medíocre vazia de conteúdo

    Ter um título hoje em dia, no Brasil, não quer dizer nada. O que é importante é a qualidade da obra de quem produz. Entretanto, no Brasil da república dos bachareis, como diria Sérgio Buarque de Holanda, o diploma pendurado na parede parecer valer muita coisa e ter conseguido um título de doutor ou mestre só engana ainda os incautos. Já faz anos que me desencantei com isto e não dou a mínima importância a estes títulos, só se vier acompanhado da qualidade da obra que dá lastro ao título. O título só, é papel e carimbo, como qualquer outro papel. Não quer dizer muito não (ainda mais agora que o nosso país está se inflacionando de títulos; segundo fontes, mais de 30.000 mestres por ano e mais de 11.000 doutores por ano; com a meta estabelecida de se alcançar 50.000 mestres por ano e 20.000 doutores por ano, segundo o PNE).

    O problema não está nos números, bem vindos, mas nos métodos de recrutamento de apadrinhados para as pós graduações, em todas as universidades. Não há exceções. Isto quer dizer que as universidades públicas brasileiras nunca foram atingidas pela Revolução de 1930 porque ainda se vive no universo dos apadrinhamentos, clientelismos e cartas de recomendação (mesmo aquelas que tanto falam em ideologia de mérito, mas que muito pouco a praticam, porque se tornaram meras reservas de mercado para apadrinhados). Os métodos de recrutamento dos mestrados e doutorados não tem nada que ver com mérito intelectual, mas com afinidades de interesses e com apadrinhamento puro e simples.

    Quer dizer que se temos uma casta de medíocres acadêmicos que pensam que podem impressionar as irmãs mais novas da velhinha de Taubaté (porque a própria velhinha já morreu faz tempo), encastelados em postos dentro das máquinas de produção de currículos medíocres em série, o que teremos será a reprodução do mesmo padrão dos mestres e doutores (porque a seleção dos projetos de mestrados e doutorados se dá como um pente fino em que se excluem os dissabores que possam, porventura, criar questionamentos aos orientadores que, no fundo, só querem alimentar seus próprios currículos Lattes com o número de orientados o que, em tese, significaria a importância acadêmica de tal ou qual acadêmico).

    Além disso, é importante perceber que o Brasil já não é o mesmo país dos anos 1970, ou dos anos anteriores, em que uma defesa de tese, como a de Florestan Fernandes era um acontecimento histórico. É só comprar e ler as teses que se tornaram clássicos da literatura brasileira para comparar com o que se produz, em série, hoje. O nível de densidade e de profundidade das teses de mestrado deste período de 1950 e 1960 estão bem acima do nível de doutorados defendidos hoje. Algumas dissertações de mestrado, para mim, mais parecem trabalhos bimestrais de graduação.

    O que há de positivo, segundo penso, é que o país tem um amplo leque de instituições, muito além das universidades públicas e particulares, que produzem pesquisa e conhecimento que possa ser igualado às teses de que falo, nos anos 1950. Por exemplo, os próprios partidos políticos, este veículo aqui, do jornalista Nassif, museus diversos, instituições de ensino básico (como a rede pública municipal de Campinas, onde trabalho como educador de história) etc. Pesquisa e produção de conhecimentos, felizmente, não são mais monopólio de universidades ou instituições acadêmicas. Hoje, com a difusão da internet, é possível produzir pesquisa e reflexão téorica de qualidade dentro de casa (claro, que, guardadas as devidas proporções, mais em umas áreas do que em outras).

    Por isto, o mais importante não é saber a quantidade de doutores ou mestres que um país forma anualmente (bem vinda a quantidade, desde que repensada e que democratizada de forma mais abrangente e menos clientelista, com critérios mais objetivos que vão muito além das preferências pessoais deste ou daquele orientador que usam as universidades públicas, especialmente, como aparelhamento de suas carreiras irrelevantes; porque, seguramente, uma geração depois, ninguém mais se lembrará dos nomes deles, porque não deixaram obras relevantes e de qualdiade). O mais importante é conferir a qualidade de suas produções nos campos artítisticos, científicos diversos, jornalísticos, institucionais etc. O critério de avaliação aqui não é o quantitativo, mas o qualitativo. Como avaliar a obra e a importância de um Van Gogh, que nem teve oportunidade de cursar algum curso superior em sua época? Como avaliar a qualidade e importância da cinematografia de um Glauber Rocha, que não terminou sequer seu curso de direito na Universidade da Bahia? Caetano Veloso e Chico Buarque de Holanda não terminaram seus cursos, de filosofia, o primeiro, e de arquitetura, o segundo. Entretanto, a qualidade da obra destes artistas não se compara a muitos destes pós doutores que estão na Unicamp e USP (é até covardia compará-los).

    A sociedade civil brasileira do século XXI já não se contenta mais com a simples aparência e com a hostentação pavoneante de títulos de doutorado. O que se quer é uma produção de qualidade, relevante para o avanço do conhecimento não só de nosso país, mas do mundo; com título ou sem título, pouco importa.

     

  21. O problema não é o tema

    O problema não é o tema abordado, mas a qualidade da análise. E ela reflete, com uma ou outra exceção, a baixa qualidade do sistema educacional brasileiro – do básico ao superior. 

    Aqui o critério foram os títulos exóticos. Mas há muitas dissertações e teses que, digamos, abordam temas mais ortodoxos, mas o autor usa uma linguagem indecifrável, com períodos mais longos do que o do Proust, mas sem o talento deste (rs).  

     

  22. Reportagem irresponsável e

    Reportagem irresponsável e falsa. ESpecialmente o trecho “A opção por temas pouco ortodoxos, especialmente nos cursos de ciências humanas e sociais, talvez ajude a explicar por que o Brasil nunca recebeu um prêmio Nobel” – NÃO EXISTE NOBEL EM HUMANAS!!!!!

     

    Não há temas “ortodoxos” – o que interessa é a qualidade do estudo, sua coerência interna como produto acadêmico e suas possibilidades de impacto na sociedade mais ampla (há longo, médio ou curto prazo).

     

    Lamentável!

  23. Eu não me preocuparia

    Eu não me preocuparia necessariamente com as temáticas apresentadas. De fato, a cultura de massas merece ser profundamente analisada sob diversos aspectos, não só o da sexualidade, diga-se (só tão pensando naquilo atualmente???). Acredito que o choque de quem lê a matéria se resuma apenas a heterodoxia da mesmas.

    O problema é que, muitas vezes, a originalidade não passa de sofisticação na arte de “brincar com bolhinhas de sabão”. A pressuposta ausência de referências sobre o objeto de pesqia pode tornar o autor autorreferente, o que facilita as coisas e muito quando o intuito é “causar”, autopromover-se, cair de cabeça em frases de efeito, discursos vazios e aprofundamento de orelha de livros (acho que resumi toda a cartilha do intelectual padão Dallagnol). Enfim, pra quem quer ser descolado e “descolar” uma pós, é o caminho mais fácil.

    Eu estudei História e este tipo de tese era definido pelo jargão “História da perfumaria” por professores críticos. Um tipo de leitura de cabeceira, aparentemente – e só aparentemente – descomprometda e pouco contributiva (acreditem, pra muitos o livre pensar pressupõe “ser livre de ideologia” até mesmo em humanas). A sociedade não entende e tem toda razão. Triste ver reduzido o pensar – sobretudo na área de humanas – ao marketing pessoal e, muitas vezes, ao puramente lúdico. O autor do post tem razão em questionar. O argumento em defesa do departamento de História, quando questionada a funcionalidade do mesmo e a qualidade da formação oferecida era puramente qualitativo. Bradavam os professores que a História era a disciplina que mais produzia teses em toda a USP. O paradoxo era justamnte os 90 por cento de evasão. Teses no padrão acima são, com toda certeza, maioria. Não fosse, provavelmente não receberiam tanto financiamento. E, por que se consegue financiamento público par teses deste tipo? Eis a questão.

  24. Eu escolho o que é relevante?

     

    O mais surpeendente disso tudo é ver uma “reportagem” estúpida dessas do jornal Gazeta do Povo, na linha “fechem as universidades públicas”, reproduzida aqui no GGN. Está faltando assunto? O tucanato de São Paulo assumiu a redação?

    Será que os pesquisadores tem que trabalhar apenas temas que são de aplicação imediata ou os que hoje são “grandes clássicos”, muitos dos quais foram  considerados lixo na sua época?

     

  25. A alguns anos o prof.

    A alguns anos o prof. Cerqueira Leite publicou um artigo providencial sobre a quantidade de ‘lixo acadêmico” produzido no Brasil, mostrando que nestas plagas se consome muitos recursos públicos para produzir literalmente “bosta”.

    Fui testemunha ocular de quanta porcaria é produzida nas “universidades” brasileiras. Toneladas de trabalhos e artigos inúteis. Pior ainda. A CAPES adotou como política a valorização da produção “científica” o que transformou os professores em desesperados produtores de “artigos científicos”. Ou seja, quantidade em lugar a qualidade e pertinência. Qualidade? Quem disse que importa? O negócio é orientar o máximo de monografias, dissertações e teses e escrever ao máximo para obter alguns pontinhos a mais junto a CAPES…  Resultado? Lixo acadêmico…. E nem poderia ser diferente…

    Assim fica a pergunta que poucos gostam de encarar de frente: para que servem realmente nossas universidades públicas? Sua necessidade é indiscutível, mas elas estão desempenhando o papel que se espera delas? 

  26. A alguns anos o prof.

    A alguns anos o prof. Cerqueira Leite publicou um artigo providencial sobre a quantidade de ‘lixo acadêmico” produzido no Brasil, mostrando que nestas plagas se consome muitos recursos públicos para produzir literalmente “bosta”.

    Fui testemunha ocular de quanta porcaria é produzida nas “universidades” brasileiras. Toneladas de trabalhos e artigos inúteis. Pior ainda. A CAPES adotou como política a valorização da produção “científica” o que transformou os professores em desesperados produtores de “artigos científicos”. Ou seja, quantidade em lugar a qualidade e pertinência. Qualidade? Quem disse que importa? O negócio é orientar o máximo de monografias, dissertações e teses e escrever ao máximo para obter alguns pontinhos a mais junto a CAPES…  Resultado? Lixo acadêmico…. E nem poderia ser diferente…

    Assim fica a pergunta que poucos gostam de encarar de frente: para que servem realmente nossas universidades públicas? Sua necessidade é indiscutível, mas elas estão desempenhando o papel que se espera delas? 

    1. A sua colocação mostra

      A sua colocação mostra desconhecimento do que é ciência. Se a humanidade fosse seguir essa ideia meramente utilitarista (“pesquisas úteis”, em vez das “inúteis” que você criticou), ainda estaríamos na idade da pedra. O progresso nasce da curiosidade pura e simples, acumulada ao longo de anos (ou mesmo séculos). A ciência se desenvolve também através de quebras de paradigmas. Se ficar só no “precisamos produzir algo útil”, ficamos no mesmo e não há progresso algum. Essa visão presumidamente utilitarista é, ao contrário, altamente engessada e na verdade bastante inútil e contra-produtiva.

      1. Não vou perder meu tempo em

        Não vou perder meu tempo em escrever teses. As perguntas que devem ser respondidas são bastente simples: conhecimento porque, para que e para quem.

        Será que as universidades, respandando trabalhos cujo impacto social é virtualmente zero, estão cumprindo o seu papel? Como disse, não discuto a importãncia e necessidade das universidades públicas, mas sim sua finalidade, que para mim, é clara: formar mão de obra qualificada capaz de resolver os problemas do país. Repensar o seu papel social, ainda mais num pais tão problemático, é uma necessidade mais do que urgente. Torram montanhas de grana e quantos problemas resolvem? Ou não passam de feudos (como tantos que conheci), onde professores se encastelam para passar a vida em praticando masturbação mental. Esta é dolorosa questão que poucos tem coragem de enfrentar.

        E cansei de posturas como a sua. É de gente que quer deixar tudo como está para ver como é que fica. Não aceita o fato do seu trabalho poder ser contestado. 

        É por isso que as coisas não andam neste país. Cada um defende o seu, por mais indefensável que seu ponto de vista seja. Quando é prensado na parede acha ruim, mas não dá uma resposta convincente.

        1. Acho sua colocação razoável,

          Acho sua colocação razoável, no entanto não creio que analisar a produção acadêmica em termos utilitaristas puros seja a resposta. A função das universidades não é só formar mão de obra, mas também desenvolver a ciência e o conhecimento, e isso é altamente estratégico para o país. Os trabalhos podem ser contestados sim, mas de maneira qualificada e inteligente, não essa critica superficial do tipo “veja, antropólogo pago com dinheiro público estuda a cultura do banheirão”. Essa critica sim é superficial e recheada de diversos preconceitos. Se colocar nos termos que você colocou, só ficaremos produzindo moedor de carne, lançando gente no mercado para simplesmente perpetuar um determinado estado de coisas. Concordo que existem feudos em que pesquisadores irrelevantes ficam encostados, fazendo a sua masturbação mental, mas a forma de os criticar não é essa exposta na matéria. Seria preciso convidar gente que entende do assunto, abrir uma discussão, dar o outro lado, etc, para aí sim termos um cenário que leva à reflexão que você quer. A matéria não fez isso, só apontou dedos, e de maneira bastante preconceituosa e vazia.

        2. Obscurantismo

          Ciência não é trabalho intelectual realizado para resolver problemas. Quem “resolve problemas” é a tecnologia. A ciência os formula.

          Ciência nenhuma é subserviente a barnabés ignorantes empoados de tagarelice.

          O único “impacto social” passível de ser cobrado das instituições acadêmicas é o da produção de conhecimento.

          Qualquer outra demanda ideológica que se faça sobre a produção de conhecimento (não importa sob qual justificativa que seja) tem um nome na tradição intelectual do Ocidente: se chama OBSCURANTISMO.

          1. Como eu disse: o que mais vi

            Como eu disse: o que mais vi nesta vida são professores que criam seus próprios feudos dentro das universidades e vivem inventando justificativas para seu trabalho pífio e inútil…  A maior justificativa delas: produzir “conhecimento científico” que ninguém viu e ninguém sabe pra que serve…  Muito menos se vai servir um dia…

            Isso só mostra como as afirmações do prof. Cerqueira Leite são acertadas… E odiadas, porque tocam na ferida. Mas ninguém gosta de ouvir esta verdade, muito menos que lhe joguem na cara… Não é mesmo?

            E não separo ciência da sua aplicação social. Jamais. Separar é uma forma de justificar o palavrório vazio que tanto intoxica nossas universidades. Reafirmo: praticar masturbação mental pura… 

            Obscurantismo? Saia da toca, conviva com as pessoas e pergunte como elas enxergam as universidades. Mas cuidado com o choque: verá que pior de tudo é ser autista…

            Reafirmo: sou defensor intransigente das universidades públicas, mas todo ensino neste país deve ser repensado, a começar por elas.

            Mas deixa estar. Os fatos falam por si sós. Vá e brigue com eles….

          2. Caro Senhor K.

            No dia em que a ciência se submeter à Santa Inquisição do senso comum, pode ter certeza que ela vai virar barata.

            Não confunda rigor epistemológico com chicanas institucionais (os tais “feudos”).

            É a existência do primeiro que acaba desmontando o segundo, e não o oportunismo das patrulhas obscurantistas.

    2. Caro Marcos

      Eu poderia concordar com você (aliás, no geral eu concordo), mas sem explicitar critérios do que seja “lixo acadêmico” fica difícil.

      Em primeiro lugar, esse “lixo” não é definível por temas. Objetos da ciência são apenas isso: pouco importa sua grandeza aparente, mas apenas o fato de eles constituírem fenômenos. Todos os fenômenos são estudáveis.

      A qualidade de uma pesquisa não se define pelo seu objeto, mas pela densidade da sua análise e, portanto, no que ela contribui para o debate de problemas teóricos de maior alcance. Assim, não importam tanto os objetos, mas as conexões.

      Reiterando: A qualidade da produção científica se mede pelos problemas analíticos que ela suscita, e não por abordar esse ou aquele objeto. O objeto é o pretexto empírico. O problema teórico é que é o estratégico.

      Para os cientistas, esses objetos não têm valor por si só. A primeira e mais elementar regra do método sociológico, desde Durkheim é, simplesmente a de que os objetos (ou “fatos sociais”) são COISAS… e assim devem ser tratados.

      O que essa reportagem idiota busca fazer é impor juízo de valor sobre os objetos. Isso é apenas uma mistificação do senso comum, ou melhor, da ignorância tomada como termo de julgamento. Para os cientistas sociais isso é tão idiota quanto dizer que os fônons (objeto de pesquisa do Cerqueira Leite) são desprezíveis porque ninguém sente isso pelo tato.

      É esse tipo de obscurantismo que você defende, Marcos?

      Quanto a boa parte da produção acadêmica brasileira ser lixo, isso não tem muito a ver com esse ou aquele objeto, mas com o fato de, metodologicamente, ela se contentar tão apenas com a reificação dele — ou, como diz a Ludmila logo acima, por eles serem alçados à condição de “fenômenos da maior importância”. É aí que essa produção-lixo acaba vestindo a carapuça desse artigo idiota.

      Uma produção é lixo exatamente quando deixa de ser epistemologicamente rigorosa: quando transforma seus objetos em trofeus (em muitos casos, nas humanidades hoje, como emblemas úteis para uma certa “afirmação identitária”), se esquecendo completamente dos problemas analíticos e teóricos que um objeto deveria suscitar. Trata-se simplesmente de um caso de ciência insuficiente, ideologicamente orientada, de mistificação do objeto.

  27. Nada do que é humano me é estranho

    Não gostaram dos temas de pesquisa? Migrem para as ciências duras.  Acaso os pesquisadores “inventaram” os objetos? Se existem, merecem ser estudados, quaisquer que sejam, ou devemos julgar antes de observar? Essa matéria tem a clara motivação de desqualificar os estudos em Humanidades, pena que o GGN replicou da tal Gazeta sem nenhuma perspectiva crítica, endossando o moralismo do jornal. A propósito, Dragon Ball e Mr. Catra são fenômenos da maior importância no mundo contemporâneo (ou acham que é James Joyce?)

     

  28. Dinheiro Público
    1. Imagino a quantidade de dinheiro que foi gasto nessas universidades.
    2. Imagino que o ensino privado já deve ter teses sobre o “Grande Atrator” e sem nem um cobre do tal dinheiro público.
    3. Imagino que o dinheiro público só não está sendo gasto com eficiência nas universidades FEDERAIS, que, ainda, estão produzindo doutores demais.
    4. Imagino que seja necessário PRIVATIZAR tudo imediatamente.

    PS.: Parabéns, Anarquista Lúcida, pela sua capacidade de conversar com pessoas tão avançadas intelectualmente. Eu tenho de ler as teses delas antes. Não tem problema: eu me viro com o Francês.

    1. Já é critério de privatização!

      A exigência de inúmeros títulos de mestres e doutores já um critério privado, já se privatizou a concepção da produção do conhecimento. 

      É exigência do mercado: produzir grande quantidade de valor de uso sem qualidade, é a lei do valor de uso decrescente – produtivade altíssima – de Meszáros em “Para Além do capital”.

      Parabéns Marcos Mendes, por apoiar tudo que banaliza!

    2. Ineficiência no gasto público: só nas Federais

      Eu quis dizer que o ÚNICO lugar em que o dinheiro público é gasto com INEFICIÊNCIA é nas universidades FEDERAIS. No resto, ele é extremamente bem aplicado. Obviamente porque não foi o psdb que as criou. Pois tucanos dão um show de gestão.

  29. Um pouco da minha área

    Título e tamano de tese podem indicar ou não a qualidade do trabalho. Vamos ter cuidado. E humildade.

    Ao contrário do que se poderia pensar, o doutoramento de Einstein não foi obtido facilmente. Em 1901, um ano depois de se formar em professor de física e matemática para o ensino secundário, ele submeteu uma tese à Universidade de Zurique, mas em 1902, prevendo resistência por parte dos examinadores, voltou atrás e a retirou.

    No início de 1905 voltou a submeter um novo trabalho, que viria a ser conhecido hoje como teoria da relatividade restrita, mas também não foi aceito. Em abril de 1905, Einstein mudou o trabalho e fez nova submissão, dessa feita com uma dedicatória ao seu amigo Marcel Grossman.

    Como a tese totalizava apenas dezessete páginas, o examinador devolveu-a para Einstein, para que a aumentasse. Curiosamente, Einstein acrescentou uma única frase e a devolveu com um bilhete que dizia algo como “aumentei a tese”, e em julho de 1905 sua tese foi finalmente aceita. Numa época em que a existência dos átomos era questionada por eminentes físicos, a tese de Einstein tinha como título “ Sobre uma nova determinação das dimensões moleculares”, e mostrava não só como estimar o tamanho dos átomos e moléculas, mas também como determinar sua quantidade num dado volume. Em agosto de 1905 o agora doutor Einstein, um jovem com apenas 26 anos, submetia o seu terceiro trabalho para publicação – sua tese de doutorado – na revista Anais de Física (Annalen der Physik).

    Sua tese tratava das propriedades volumétricas de partículas em suspensão em um líquido, e encontrou aplicações que certamente nem Einstein poderia imaginar: na ecologia (movimento das partículas de aerossóis nas nuvens) na indústria de construção (determinação do movimento de partículas de areia nas misturas de cimento), e até na indústria leiteira (movimento de agregados moleculares de proteína no leite da vaca).

    A vasta gama de aplicações do resultado de sua tese tornou-a rapidamente um dos trabalho científicos de maior citação até hoje. Para se ter uma ideia, em um levantamento feito entre 1970 e 1974, dentre os artigos mais citados de Einstein, o artigo que deu origem a sua tese de doutorado foi o mais citado de todos, tendo sido quatro vezes mais citado que os seus trabalhos sobre relatividade e oito vezes mais citado que o trabalho sobre o efeito fotoelétrico, que lhe deu o prêmio Nobel. Uma última curiosidade sobre a tese de Einstein: um erro de cálculo – isso mesmo, Einstein também cometia erros de cálculo! – fez Einstein subestimar em cerca de 70 por cento uma grandeza física chamada número de Avogadro, um erro que ele corrigiu depois de seis anos, após ter sido alertado por um físico experimental que vinha tentando medir essa grandeza e desconfiara do valor obtido por Einstein.

  30. Quanto preconceito destilado

    Quanto preconceito destilado especialmente por pessoas que não fazem ideia do que a ciência ou o que é produzir conhecimento científico. 

    Se a definição do que é legítimo como pesquisa científica dependesse da “utilidade” da pesquisa ou, pior ainda, dos gostos individuais de vocês, Einstein teria morrido como empregado de um escritório de patentes porque boa parte da crítica que recebeu era justamente em relação à utilidade da física teórica à época.

    “Mr Catra”, “Sertanejo Universitário” e “relações homoafetivas em banheiros públicos”  não são temas legítimos de estudo apenas sobre os olhos de uma elite mesquinha, autoritária e com complexo de  vira lata.

    Se vamos discutir a utilidade de pesquisa científica então fechem logo as escolas de economias

    A cada dia mais desanimado com o país

     

     

     

    1. Também não é isso não, Altair!

      A pretexto de querer dizer o que é conhecimento científico, você acaba caindo na mistificação do objeto (no “fetiche da mercadoria”).

      O anti-utilitarismo é exatamente aquilo que não tem no objeto o limite para o pensamento. Por isso, ele não pode cair na esparrela de propugnar uma “teoria alternativa do valor” que, no fundo, não é mais que a defesa de uma UTILIDADE alternativa. (Isso AINDA É utilitarismo!)

      Sobre ir mais além da reificação do objeto pela epistemologia científica, dê uma olhada no meu comentário mais abaixo às observações do Marcos K.

  31. Não se tenha dúvida que

    Não se tenha dúvida que existe um monte de bobagem, pura “masturbação sociológica” em teses de mestrado Brasil, a fora, ou mundo afora. Principalmente naqueles que se querem “criativos”, “heterodoxos”, “mudernos”.

    Mas é um preço a se pagar para que no meio de muita coisa que não acrescenta nada, apareça um pensamento que realmente traga algo de novo. Pois pensar fora da caixinha é o que garante o dinamismo do pensamento humano. Dentro e fora da academia. Senão vai ser sempre mais do mesmo

    Me lembrei de Andy Warhol que pintou um “retrato” de uma embalagem de sabão em pó. O que teriam dito muitos dos acadêmicos então? Hoje não se pode enteder arte contemporânea sem a Pop Art.

    Se algo vai ser inovador e potente, ou puro embuste, só o tempo pode dizer. Por isso o dinheiro gasto nesses teses não é desperdício. Em algum momento vai valer a pena, ou não, como o pop artista Caetano, sempre diz

  32. Começo a desconfiar do objetivo de matérias desse tipo

    Começou o trabalho de pichar as universidades públicas e justificar a privatizaçao delas? Pena ver o Blog participando disso. E ver algumas pessoas de esquerda caindo nesse jogo.

  33. O público e a privada

    OK, a discussão sobre o tema foi acalorada. Que tal compararmos essa lista com os temas de 10 TCCs de universidades privadas?

    1. Estrangeiras

      Ou também com temas de trabalhos de universidades estrangeiras. Nos EUA, por exemplo, são comuns trabalhos sobre super-heróis e filmes de Hollywood.

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