Nixon, o último presidente imperial

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por André Araújo

Richard Nixon foi o último presidente dos EUA a operar em escala global com pleno exercício do poder imperial americano em relações internacionais. Apenas dois eventos seriam suficientes para consagrar sua biografia: os acordos de Paris, de 27 de Janeiro de 1973, que significaram para os EUA o fim da guerra do Vietnam, e o célebre encontro com Mao Tse Tung, que significou a abertura da China para o mundo capitalista.

Nixon foi também a primeira vítima de forças novas que passaram em escala ascendente a dominar a política no mundo, desintegrando a centralização de poder que até então regia os grandes Países. As forças que defenestraram Nixon são as mesmas que hoje emparedam os governos e levam o mundo a um longo período de estagnação e mediocridade. A imprensa, os movimentos sociais, as corporações de mocinhos, moralistas e justiceiros que hoje, em todo o mundo, põe a cabeça para fora para desintegrar torres de poder central que criaram os anos de ouro do pós-guerra.

Com a renuncia de Nixon, começa a Era da Mediocridade na política externa americana, chegando ao seu apogeu ao pacifista Obama que foge com o diabo da cruz de problemas no exterior, representando ele mesmo um mundo que jamais teve acesso à Presidência dos EUA. Obama era de profissão assistente social, visitava pobres em Chicago, em nome do serviço de assistência social do Estado. Obama tem também uma característica que todos meus amigos republicanos enfatizam: do dia em que nasceu até hoje, sempre viveu com dinheiro do Estado, nunca trabalhou um dia em um negocio privado. A mãe dependia de bolsa família, ele sempre estudou com bolsas, depois foi ser funcionário publico, nunca ganhou um dólar da economia de mercado.

Alguns comentaristas ontem disseram que os EUA vão intervir na Venezuela como fizeram no Chile. Sem chance. Na queda de Allende, havia Nixon na Presidência, Obama não intervem nem nos bairros pobres de Washington, não tem capital político, interesse, vontade. Está sendo empurrado pelos aliados da NATO para tentar combater o Estado Islâmico, mas como sempre o fará em escala insuficiente, timidamente e com vergonha.

O fim da Era Nixon dá inicio à lenta decadência do poder imperial americano no mundo, nenhum dos Presidentes sucessores tinha a malicia política, a flexibilidade mental e a malandragem de Nixon. Considerado corrupto por alguns, Nixon não era nada santo em nenhum aspecto.

A intelectualidade esquerdizante americana tinha dele verdadeiro horror, mas ele sabia fazer as coisas. Quando De Gaulle ameaçou resgatar o ouro que lastreava o dólar, Nixon por decreto desligou o dólar do padrão ouro, dando uma rasteira em De Gaulle.

O fato de um político de extrema direita como ele, que foi assessor jurídico da Comissão Mc Carthy , ir até Pequim para fechar um acordo com um comunista à esquerda de Stalin, como Mao, mostra o oportunismo e a operação de Realpolitik em que Nixon era mestre..

Ao liquida-lo por causa de uma besteira sem maior importância, o caso Watergate, os “bons mocinhos” liquidaram também o poder imperial americano, que daí para frente entrou na Era de Mediocridade, simbolizada pelo sucessor de Nixon, Gerald Ford. De lá para cá, vem a lenta caminhada descendente dos EUA no mundo.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

48 Comentários

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  1. Discordo

     Após as catastrofes de G. Ford e J. Carter , Ronald Reagan foi tambem um “imperial”, de formato diferente de R.M.Nixon, pois era outra realidade de mundo, e RR durante seus dois mandatos, resgatou boa parte do protagonismo americano em politica externa agressiva, que havia sido perdida por Ford, tanto no Sudeste asiático, como nos Acordos de Helsinque de 1975, evento considerado por muitos do DofState, como o “ponto mais baixo” da politica externa americana no século XX..

    1. Vc está certo mas a obra de

      Vc está certo mas a obra de Nixon abrindo a China foi maior, muito maior e mudou ageopolitica mundial com reflexos fundamentais hoje. Está certo que Nixon tinha Kissinger mas sempre o risco politico foi dele. E Nixon era pessoalmente atuante e protagonista, Regan era mediocre como politico MAS tinha consciencia disso, sabia seus limites, o que é uma grande qualidade, então nomeava gente capacitada e dava apoio.

      1. Tem razão sobre a viagem à

        Tem razão sobre a viagem à China. A ideia foi de Kissinger, mas quem deu a cara à tapa, quem teve a audácia, quem teve a coragem política de arriscar tudo foi Nixon, afinal o presidente era ele.

  2. O General De Gaulle morreu em

    O General De Gaulle morreu em novembro de 1970 e já tinha deixado a presidência da França em abril de 1969.

    Nixon desligou o dólar do ouro por causa dos custos insuportáveis da Guerra do Vietnan, que geraram inflação nos Estados Unidos. E fez isso em agosto de 19171.

    Pesquise um pouco antes de escrever asneiras.

    1. http://thewealthwatchman.com/

      http://thewealthwatchman.com/what-is-supreme-excellence-pt-3/

      A politica de resgatar ouro em troca de dolares adotada pela França foi determinada pelo Gneral Charles De Gaulle, que

      apelou aos cidadoas franceses para que trocassem seus dolares por ouro porque a moeda americana era inustentavel.

      O falo dele ter morrido antes do decreto de desligamento do padrão ouro pelo dolar NÃO MUDA a origem da grande corrida contra o dolar incentivada por De Gaulle, o fato é EXAUSTIVAMENTE DOCUMENTADO na historia economica.

      Quanto à inflação causada pela Guerra do Vietnam, jamais seria combatida pelo abandono do padrão ouro pelo dolar

      pois o PADRÃO OURO  É ANTI INFLACIONARIO e seu abandono é PRO-INFLACIONARIO, quem quer combater a inflação procura dar lastro à moeda, isso sabe um calouro de economia.

      1. Deixei de ser calouro de

        Deixei de ser calouro de economia muitos anos atrás, por isso sei que as características do padrão ouro são muito mais complexas do que os clichês econômicos oriundos desses panfletos de economia fast-food que o senhor utiliza em seus comentários.

        O dólar foi o meio de transmissão de sua inflação interna para o restante dos países que tinham suas moedas, dado os acordos de Bretton Woods I, atreladas ao dólar. 

        Nixon desvalorizou o dólar para corrigir os saldos na balança comercial americana, apenas no mundo maravilhoso da economia fast-food é possível que uma economia incorra em déficit comercial ad eternum.

        Sugiro ao senhor a leitura de qualquer livro de introdução à economia, para se familiarizar com os conceitos mais básicos. Isso permitirá ao senhor ler livros e artigos de economia de verdade, e não essa versão fast-food disseminada por fanfarrões panfleteiros.

          1. História econômica, o que

            História econômica, o que exige o conhecimento da teoria para sua correta interpretação.

            Quando o senhor diz que o padrão ouro acaba com a inflação(???), isso é um exemplo da aplicação da teoria(digamos que seja)econômica a fatos históricos.

            Os austríacos, com sua pseudo-teoria, costumam apresentar o padrão ouro como panacéia, deve ser essa sua fonte.

    2. É impressionante como certos

      É impressionante como certos tipo SE ACHAM donos da verdade absoluta, UMA SÓ VERDADE, A VERDADE DELES.

      Nunca tem duvidas, sempre sabem mais que os outros ou então só contaram para ele.

      Eu quando escrevo posso errar, posso ter um ponto de vista particular, nunca me considero dono da verda unica, outros podem ter angulos de visão diferenre e isso torna rico o debare aqui, evidentemente desde que a divergencia seja tratada de forma educada, elegante e cavalheresca.

      Tenho aqui comentaristas que respeito e que divergem muitas vezes do que escrevo, como o Daniel Quireza, J.B.Costa,

      Clever Mendes de Oliveira, Leonel Ripaud, Zé Guimarães,  Juliano Santos, todos educados e elegantes nas objeções.

       

      http://www.larouchepub.com/eiw/public/1979/eirv06n28-19790717/eirv06n28-19790717_017-de_gaulles_fight_against_paper_g.pdf

       

      Matéria em jornal da época sobre a luta do General De Gaulle contra o dollar, fato que o senhor nega.

      1. Autocrítica?
        Gafieira,

        Autocrítica?

        Gafieira, farofeiro, esquerdopata são alguns exemplos de adjetivos sem qualquer conteúdo que o senhor usa para insultar quem não concorda com sua visão superficial, derivada de pouco estudo, de temas como política internacional e economia. O senhor é tão sem noção que usava esses termos para desqualificar ideias até de pensadores renomados, como o prof. Moniz Bandeira.

        Matéria de jornal como fonte?

        Nenhum economista atribui o fim do sistema Bretton Woods I pela Doutrina Nixon(esses são os termos utilizados na literatura sobre o período)à “ameaça” de De Gaulle, mas à reestruturação do sistema financeiro internacional decorrnete da recuperação econômica de Europa e Japão, e da grande emissão de dólares por parte dos EUA para financiar suas atividades externas e internas, o que tornou o padrão ouro-dólar de BW I insustentável.

         

        O gráfico abaixo é bastante ilustrativo.

         

         

  3. Watergate

    Você tem razão quanto ao fato de Nixon ter sido o último presidente de grande força, uma a figura central do poder americano. E tem razão quando diz que todos os seus sucessores foram uma coleção de medíocres.

    E a viagem à China foi um golpe de mestre, mas não foi ideia dele, foi de Kissinger.

    Mas Nixon foi um Canalha com letra maiúscula, um crápula em tempo integral. Sua suprema canalhice foi contra Alger Hiis, na era McCarthy, mas ele tem um catálogo inteiro de mentiras, truques e sujeiras. Aliás, sua primeira eleição pela California, em 1946, se deu em cima de uma campanha de infâmias e mentiras contra seu oponente.

    E “Watergate” foi muito, mas muito mais sério do que um caso armado pelos liberais americanos para derrubá-lo. Foi uma enorme armação de truques para obstruir a justiça – coisa serissima nos Estados Unidos – dinheiro sujo, gravações de conversas com ministros, mentiras, trapaças etc etc.

    Deve ter uns mil livros sobre o assunto.

    1. Muitos dos grandes lideres da

      Muitos dos grandes lideres da historia foram crápulas e canalhas, perto de Stalin e Mao   Nixon é uma freira carmelita,

      mas a analise historica não se faz por pelo que é um personagem e sim pelo seu legado historico.

      Não há personagem mais canlha e de mau carater como o Principe de Talleyrand, que serviu a oito regimes na França,

      nunca foi leal a nenhum deles, era corrupto, viciado (em tudo), safado com mulheres, jogador comupulsivo.

      Mas foi o maior diplomata do Seculo XIX, salvou a França do desatre de Waterloo, a França derrotada virou participe em pé de igualdade no Congresso de Viena e lá foi Talleyrand que organizou o mapa da Europa que durou por um seculo de paz.

      Entre outras realizações Talleyrand criou a Belgica, definiu as fronteiras da Europa pos napoleonica, solucionou conflitos seculares. Mas era um crapula e canalha, mesmo assim foi um grande personagem da Historia.

      A Historia está cheia de lideres bem intencionados que foram desastres historicos, como por exemplo Woodrow Wilson,

      Leon Blum, Manuel Azaña, Washington Luis, João Goular. Churchill tinha péssima reputação pessoal e salvou a Inglaterra

      na Segunda Guerra.

      O papel historico e o carater do personagem são dados distintos e aqui me refiro a Nixon como personagem historico.

       

      1. Bingo

        Seu comentário foi perfeito. Não é porque o sujeito é um canalha que ele não pode ser um grande líder. 

        Aprendi uma coisa um dia desses que achei engraçada. Talleyrand adorava queijo brie, que era a base de seu almoço todos os dias. O queijo Brie – sinceramente, não sei se escrevo o nome desse queijo com B ou b – é conhecido desde sempre como o “Rei dos Queijos”. Os inimigos de Talleyrand diziam que este foi o único rei a quem ele foi leal e fiel de verdade.

        1. Talleyrand é meu personagem

          Talleyrand é meu personagem favorito da historia do Seculo XIX, conheci todas suas residencias inclusive a  de campo, Valençay, que ainda é da familia Talleyrand Perigord, da mais antiga nobreza da França, muito mais que os Bourbon,

          tenho quase todas suas biografias, a melhor é a de Duff Cooper, cuja neta é Artemis Cooper, escritora com que me correspondo, ela também é historiadora e a outra boa é a de Tarlé, hisoriador russo, esta é mais minuciosa.

          1. Muito bom

            Admirável seu esforço e sua dedicação a um assunto particular. Eu não teria energia para tanto.

            Tenho vários heróis históricos.

            Para a França desta época, meu grande herói é o Duque de Orleans, Philippe Égalité, primo do rei Luis XVI, mas assim mesmo votou pela sua execução na Convenção, e nem por isso escapou da guilhotina, um pouco mais tarde.

      2. Coitado do Talleyrand
        A

        Coitado do Talleyrand

        A reintrodução da França no sistema internacional foi obra da Grã-Bretanha, que buscava coibir novos surtos revolucionários naquele país, além manter susa política pendular no continente, dado o poderio russo no período pós-napoleônico.

        Talleyrand teve o mérito de saber explorar esse contexto em benefício de seu país, mas dizer que o que ocorreu foi graças a sua astúcia é demasiadamente forçado. Era parte da política britânica, nada mais.

      3. Woodrow Wilson “apenas”

        Woodrow Wilson “apenas” traçou as diretrizes da política externa americana que são seguidas até hoje, por Democratas e Republicanos.

        É de doer o cérebro ler bobagens como “Talleyrand criou a Bélgica, Talleyrand definiu as fronteiras da Europa, Talleyrand salvou a França”. Partiu da Grã-Bretanha a iniciativa de reintroduzir a França restaurada no Concerto de Nações, não da vontade pessoal de Talleyrand.

        A Bélgica como unidade política independente surgiria apenas em 1830, 15 anos após o Congresso de Viena, quando, segundo André Araújo, Talleyrand teria “criado” a Bélgica.

        As fronteiras da Europa foram definidas por negociações entre as grandes potências, não da vontad e Talleyrand. O Império Austríaco desejava estados tampões entre seus territórios e a França, daí a formação de unidades políticas autônomas, como o Reino da Holanda(do qual a Bélgica fazia parte), o reino de Piedmont e a Conferação Germânica.

  4. Nixon sorriu hoje

    Chamar o Caso Watergate de “besteira sem maior importância” realmente é de lascar.

    O velho canalha Nixon deve ter dado um sorriso, hoje, lá no buraco do inferno onde está sua alma. Pelo menos neste sábado, você quebrou o tédio em que ele passa seus dias lá, ardendo em fogo eterno 🙂

    E de novo: o tesouro americano não tinha mais como manter a conversibilidade do dólar em ouro, base dos Acordos de Bretton-Woods, de 1944. 

    Nos Estados Unidos, depois de 8 anos de guerra no Sudeste Asiático, se acabo la plata, como dizem nossos vizinhos latino-americanos. Foi só por isso e pela inflação americana, que alcançou inacreditáveis 8% – pelos padrões americanos – em 1968, auge da Guerra do Vietnan.

    De Gaulle não teve nada a ver com isso.

    Aliás, Nixon apenas repetiu o que fez a Inglaterra, em 1931.

     

     

    1. De Gaulle não teve nada a ver

      De Gaulle não teve nada a ver com isso? Mas é PARTE DA HISTORIA SUA CAMPANHA CONTRA O DOLAR, qualquer livro de historia economica da segunda metade do Seculo XX diz isso, os joranis da época falavam sobre essa campanha todo dia.

      Deligar uma moeda de seu lastro AUMENTA A INFLAÇÃO,

      como aumentou a inflação nos EUA, em 1972 foi de 8,8% e em 1973 foi de 12,4%, tornar uma moeda lastreada em ouro em moeda inconversivel só a deprecia mais e não menos, é como tomar purgante para curar diarreia.

      1. A inflação americana auemntou

        A inflação americana auemntou por conta das emissões de dólar durante o governo Johnson, para financiar a guerra no Vietnã, a Corrida Armamentista e seu projeto de Grande Sociedade.

        Seu comentário associando um lastro à inflação não tem qualquer sentido. O dólar foi o mecanismo de transmissão da inflação americana para o resto do mundo devido ao fato de, segundo os termos do acordo Bretton Woods I, essas moedas estarem lastreadas ao dólar.

        A crise do modelo Bretton Woods I em meados da década de 60 deu início a um longo período de inflação global que durou at´o início dos anos 90(e tem gente que acredita que a inflação no Brasil acabou por causa do Fernando Henrique).

  5. Nixon – América do Sul / Kissinger – Brasil

    Famoso o périplo do então VP Nixon na América do Sul em 1958 com o intuito de dar um improvement na relação regional, tendo em tela a insatisfação dos países Sul-Americanos quando ao parco apoio ao desenvolvimento da região, ainda no contexto das demandas compensatórias para o desenvolvimento da região, no pós-II Guerra. No Perú (não esquerdista, diga-se) e na Venezuela (não socialista, diga-se), teve que sair as pressas, face as profundas manifestações contra sua visita na região.  

    http://www.unc.edu/depts/diplomat/item/2012/0712/comm/cox_nixon.html

    O período de relações com o Brasil durante o governo Nixon e a “chancelaria” Kissinger merece grande análise. Prevaleceu o respeito e o pragmatismo (mote da Política Externa Brasileira: “Pragmatismo Responsável e Ecumênico”) à posição do Brasil e a de que o Kissinger tinha sim um genuíno e não retórico interesse pelo Brasil e até mesmo incitara-o sim por a ter uma posição mais assertiva nas relações regionais e internacionais As fluidez e a altivez com que o chanceler Azeredo da Silveira tratou sua interlocução com Kissinger é muito bem referendado pelo livro do Spektor (“Kissinger e o Brasil”). 

     

     

    1. O Brasil perdeu o bonde da

      O Brasil perdeu o bonde da geopolitica mundial nessa época. Foi convidado para entrar no Clube da Primeira Classe e preferiu ficar na Terceira Classe desde então. Quem gosta de gafieira não vai gostar de tomar chá no Harrod´s.

  6. Dizer o que pensa

    E não fique melindrado porque chamei de “asneira” o que você escreveu. Meu padrão de debate é americano. Trabalho com americanos há mais de 30 anos; aprendi com eles a dizer o que penso.

    Dê o troco, chame também de asneira ou idiotice alguma estupidez ou burrice que eu venha a escrever.

    Esse negócio de “Vossa Excelência” é medieval; deixe isso lá para Brasília.

    Asneira é asneira. Ponto.

    Acerto é acerto. Ponto

  7. Dólar = Ouro

    Não entendo muito disso, e tenho pouca paciência com Economia.

    Mas lembrei que li uma vez, em algum lugar, que o Ministro da Economia da República Federal Alemã, na época, Karl Schiller, deu um murro na mesa, quando foi informado por um acessor de que Nixon tinha acabado com a conversão automática entre dólar e ouro.

    Então, o assunto deve ter sido bem sério.

  8. Boa especulação. Nunca havia

    Boa especulação. Nunca havia enxergado Nixon sob este prisma. 

    Talvez a proximidade de Kennedy ofusque um pouco a história de Nixon, acrescentando o protagonismo do brilhante Henry Kissinger.

    Mas a grande questão: se a abertura da China não tivesse acontecido com a participação americana, a URSS teria durado alguns anos mais ou a China teria perdido 20 anos?

  9. “Nixon foi também a primeira

    “Nixon foi também a primeira vítima de forças novas que passaram em escala ascendente a dominar a política no mundo, desintegrando a centralização de poder que até então regia os grandes Países. As forças que defenestraram Nixon são as mesmas que hoje emparedam os governos e levam o mundo a um longo período de estagnação e mediocridade. A imprensa, os movimentos sociais, as corporações de mocinhos, moralistas e justiceiros que hoje, em todo o mundo, põe a cabeça para fora para desintegrar torres de poder central que criaram os anos de ouro do pós-guerra.”

    Todos os grupos citados podem até ter sido inocentes úteis, mas não foram eles que derrubaram Nixon, basta ver o que sucedeu a sua queda, no governo Ford, que tentou, sem sucesso, reativar a presença americana no Vietnã, tendo como assessores figuras como Dick Cheney e Donald Rumsfeld.

    Esse gruo retomaria as rédeas do governo e da política externa americana no governo Reagan.

    1. Quando Ford assumiu os EUA já

      Quando Ford assumiu os EUA já tinham assinado, em 27 de janeiro de 1973, os Acordos de Paris pelos quais os EUA deram por encerrada sua presença no Vietnam.

      1. Ok, então, em 1975, o

        Ok, então, em 1975, o presidente Ford não requisitou 1 bilhão de dólares para auxílio militar ao Vietnã(e o Congresso negou), também não alegou que os vietnameses do norte estariam violando os acordos de Paris(justificativa para reinicar as hostilidades).

        A foto abaixo, Ford com seu chief of staff e deputy chief of staff, é bastante ilustrativa de quem estava aconselhando o presidente.

         

         

        Rumsfeld, presidente Ford e Dick Cheney.

  10. 50 anos de atraso
    Com a

    50 anos de atraso

    Com a renuncia de Nixon, começa a Era da Mediocridade na política externa americana, chegando ao seu apogeu ao pacifista Obama que foge com o diabo da cruz de problemas no exterior, representando ele mesmo um mundo que jamais teve acesso à Presidência dos EUA. Obama era de profissão assistente social, visitava pobres em Chicago, em nome do serviço de assistência social do Estado. Obama tem também uma característica que todos meus amigos republicanos enfatizam: do dia em que nasceu até hoje, sempre viveu com dinheiro do Estado, nunca trabalhou um dia em um negocio privado. A mãe dependia de bolsa família, ele sempre estudou com bolsas, depois foi ser funcionário publico, nunca ganhou um dólar da economia de mercado.

    O comentário acima mostra que Araújo ainda não entendeu o que Nixon(e, principalmente, Kissinger)já tinham entendido na década de 60, e que Obama entende muito bem nos dias de hoje.

    A impossibilidade de atuação unilateral dos EUA não deriva de políticos sem o perfil viril tão admirado por alguns. Reagan e Bush Jr tinham esse perfil, e foram exemplos desastrosos para os EUA: Reagan quebrou a economia americana; Bush Jr dispensa comentários. Nixon percebeu o overstretching imperial dos EUA e atuou para mitigar seus efeitos. Em seu comentário, Araújo esqueceu de citar os acordos com a União Soviética para a redução de armamentos.

    A política de Nixon era realista, buscava readequar o papel dos EUA no mundo diante da correlação de forças encontrada no cenário internacional, tanto econômico quanto político, diferindo da concepção meramente ideológica e ilusória delineada nos primeiros anos do pós-guerra(Araújo é um adepto dessa visão de mundo típica dos anos iniciais da Guerra Fria) 

    Alguns comentaristas ontem disseram que os EUA vão intervir na Venezuela como fizeram no Chile. Sem chance. Na queda de Allende, havia Nixon na Presidência, Obama não intervem nem nos bairros pobres de Washington, não tem capital político, interesse, vontade. Está sendo empurrado pelos aliados da NATO para tentar combater o Estado Islâmico, mas como sempre o fará em escala insuficiente, timidamente e com vergonha.

    Os EUA continuam intervindo, tentaram derrubar Chávez na Venezuela, financiam grupos desestbilizadores em todos os cantos do planeta, inclusive no Brasil.  O comentário sobre os EUA serem empurrados por seus aliados da NATO(que representam 20% da capacidade militar do bloco)só pode ser gozação.

  11. Complementando

    Apenas complementando, Nixon ordenou à CIA conspirar contra o governo Allende no Chile. Decretou o fim do serviço militar obrigatório. Seu governo também foi marcado pela chegada do Homem à Lua, em 1969, no coroamento da promessa feita por Kennedy…

    Grande líder, contraditório, encarnava vários valores caros aos americanos do norte, e ao mesmo tempo um crápula que topava qualquer jogada para implementar o que queria ou achava que devia, pois como todo homem que adora o poder, detestava perder…

    Um abraço.

  12. A intelectualidade

    A intelectualidade esquerdizante americana tinha dele verdadeiro horror, mas ele sabia fazer as coisas. Quando De Gaulle ameaçou resgatar o ouro que lastreava o dólar, Nixon por decreto desligou o dólar do padrão ouro, dando uma rasteira em De Gaulle.

    Não houve rasteira alguma, Nixon apenas redimensionou a capacidade econômica dos EUA diante da recuperação da Europa e Japão. De Gaulle era provocador, bem no estilo dos nacionalistas franceses. Sua “ameaça” de lançar no mercado os dólares em depósito no banco central francês era mera provocação. Ele sabia muito bem que os EUA haviam emitido dólares muito além das reservas do Forte Knox, sua “ameaça” era uma crítica aos EUA como Banco Central do Mundo, nos moldes do que pratica hoje(essa sim, de forma ameaçadora)a China com seus acordos de swap e sua atuação no âmbito do Brics.

    Nixon apenas tentou consertar a situação deixando o dólar flutuar, destruindo o sistema de Bretton Woods I, e marcando o longo início do fim dos EUA como emissor exclusivo da moeda internacional.

    Ao liquida-lo por causa de uma besteira sem maior importância, o caso Watergate, os “bons mocinhos” liquidaram também o poder imperial americano, que daí para frente entrou na Era de Mediocridade, simbolizada pelo sucessor de Nixon, Gerald Ford. De lá para cá, vem a lenta caminhada descendente dos EUA no mundo.

    Esse comentário relata exatamente o OPOSTO do que realmente ocorreu. Nixon foi derrubado justamente pelos defensores do Império Americano, os falcões guerreiros frios.

    Após a renúncia, uma das primeiras iniciativas do presidente Ford foi tentar reintroduzir os EUA na Guerra do Vietnã, assessorado por figuras como Dick Cheney e Donald Rumsfeld. OS governos Reagan e Bush Jr são exemplos dessa linha imperial na política externa; Clinton, Obama e, de certa maneira, Bush Sr. adotam linha oposta, semelhante a de Nixon.

    Por fim, importante lembrar que outro presidente americano tentou adotar políticas semelhantes às de Nixon antes dele. O discurso da coexistência pacífica feito por JFK em Harvard é ilustrativo das diretrizes da política externa que seriam praticadas em seu governo, não tivesse sido assassinado por um inacreditável ex-espião da marinha americana, que conseguiu disparar vários tiros de direções diferentes, no presidnete dos EUA.

    Ambos JFK e Nixon possuiam uma visão semelhante das dimensões da atuação dos EUA no mundo, contrária ao papel desenvolvido pelos guerreiros frios ainda na década de 40. E ambos foram prematuramente removidos da Casa Branca.

     

  13. Cuidado com o pulo da Gia!

    Desculpe, André, mas… não. Antes de Nixon e depois dele os EUA têm forçado o estabelecimento de poder sobre outras nações, atraveesado soberanias, corrompido tiranos locais e, corrompendo-os, apoiarem suas ditaduras. Note, porém, que nada disso se dá senão pela quase absoluta infiltração do poder econômico no poder político desse país. Talvez depois de Bush Filho os detentores do poder nos EUA tenham achado melhor que esse país tenha uma cara menos wasp (white anglo-saxon and protestant) . Mas observando-se os movimentos de hoje daquele país em relação aos outros países do mundo,não há dúvida de que isso é apenas marketing, para enganar o vulgo. Quem realmente manda ali são forças absolutamente wasp e tão imperialistas quanto tem sido há mais ou menos 200 anos. O que parece ter mudado é que a beligerância está se movendo um pouco, do campo das armas físicas para o campo da informação. O que talvez seja até mais perigoso…

     

    De qualquer forma, André, como comentei num outro texto seu, o nosso problema não está no que fazem outros países e sim no que fazemos nós com nosso país. Os detentores dos poderes reais no nosso país ainda gostam de que nosso país seja colônia desde que eles próprios não sejam colonos nem imperadores mas sim capatazes. Gostam, enfim, de que o colonialismo se mantenha. E se esse negócio de “economia globalizada” não fosse história para enganar trouxa, porque é que os EUA teriam um prazer quase sexual, orgástico, em afirmar-se como a maior economia do mundo?

  14. Como sempre: texto bom, mas enviesado

    A existência centenária de um esquema bipartidário pendular, entre republicanos e democratas, demonstra, no fundo, que nenhum outro irá chegar e que nenhum deles realmente tem o poder nos EUA, mas que existe uma força superior que consegue manter essa relação fictícia e de suspeita “competitividade” do tipo: boi Garantido contra o Caprichoso, num remedo de democracia que é praticada nos EUA. Nixon foi mais uma marionete do pentágono e do poder econômico global, que tomou determinadas atitudes por causa da guerra fria que na época era vivenciada.  

    Herói de guerra vira artista de Hollywood (do tipo Audie Murphy), artista de Hollywood vira Presidente dos EUA (Ronald Reagan), e por aí vai, numa sequência de enganação política entre arte e realidade. Um sujeito simpático para captar América latina, hoje um “assistente social”, para manter a paz interna e dar uma turbinada nas minorias, e ganhar pontos com a sociedade, que o verdadeiro poder achou interessante para estes tempos (por ser negro), e por aí vai.

    Nenhum desses Presidentes manda nada, nem sabe tanto ou possui tanta competência inata como para governar um mundo completo, na guerra e na paz, nas finanças e na vida cívica e social, nas artes e nas ações sociais, como de fato o fazem.

    A mídia nos EUA possui um campo fértil de norte-americanos ingênuos e comedores de hambúrguer, fazem de lá com facilidade o que em outros lugares é mais difícil. A bolinha de papel seria fácil de engolir por lá. O Aecim já seria presidente e herói, se dependesse do eleitor dos EUA.

    Acho que, em muitos dos artigos históricos do AA, existe um componente de excesso de credibilidade ou ingenuidade deste (ou falta de “desconfiómetro”) ao aceitar em forma muito literal as histórias do passado. Na época existiram também “bolinhas de papel” (do tipo Serra), apenas que estas não ficam na história oficial nem nas versões muito acadêmicas do André.

    Ainda, devo admitir, a pesar de considerar o André (e também o Gunter) como uns dos melhores “pensadores” deste blog, acho sempre no AA um viés pejorativo contra a América Latina, que deixa sempre os seus comentários com aquele cheiro de Baigón, de anti “cucarachos”.

      1. Não é o caso

        Um relato que quer passar como verdade histórica, ao ter viés, fica sendo uma versão deturpada dos fatos. No caso, duas deturpações: a ingenuidade (ao achar que Nixon ou qualquer outro presidente dos EUA seja um super-homem) e o anti América latina das suas opiniões.

        1. Nada a ver. Não sou

          Nada a ver. Não sou historiador academico e nem pretendo ser, tampouco fiz um relato com pretensões à verdade historica, algo que não existe. Existem INTERPRETAÇÕES DA HISTORIA, o mesmo personagem pode ser visto de dez angulos e percepções diferentes, História é a interpretação dos fatos historicos visto por um olhar especifico.

          O que fiz aqui é um artigo critico sobre um personagem da Historia, na minha visão, porisso tem viés.

  15. Astuto esse Andre Araujo

    Pensei que a matéria era sobre o Nixon. Mas na verdade é sobre o Obama. Astuto esse André Araujo.  Mas não convence. 

  16. Prezado
    Longe de mim ter tua formação. Mas achei interessante o comentário que o Obama nunca trabalho trabalhou em negócios privados. Acredito que se olharmos o mundo iremos encontrar uma infinidade de mandatário s que se enquadram. Não precisamos nem sair do país – o que não é grandes coisas.as se me permite uma brincadeira, o Brasil por pouco não inova: eleger um presidente que nunca trabalhou.

  17. Eu não estava conseguindo

    Eu não estava conseguindo compreender o motivo deste post até o parágrafo final, quando se menciona que a imprensa e setores progressistas americanos derrubaram Nixon por causa de “uma besteira” (no caso Watergate). Com algum esforço tortuoso eu concluo que o autor faz um elogio a Richard Mullhouse Nixon para estabelecer uma identidade com o que estariam tentando fazer com a pobre Dilma (imagina, derrubar uma presidente tão maravilhosa por causa das “besteirinhas” da Lava-Jato). E o sofisma se completa: defende-se a esquerda louvando-se a direita. 

    Nixon foi um excelente presidente em política externa, pois acabou com o sorvedouro da Guerra do Vietnam (a guerra mais sem sentido da história dos EUA) e se aproximou da China. Mas o fato é que os EUA estavam simplesmente desesperados com a sua incompetência militar e temiam a União Soviética. Como China e URSS tinham sérias desavenças na época e o “inimigo do meu inimigo é meu amigo” Mao e Nixon selaram o beijo.

    E os EUA até hoje se pelam de medo da Rússia, porque se a Rússia levar uma guerra a sério (o que só acontece mesmo quando ela é atacada/invadida) os EUA não terão qualquer chance. Aqueles brinquedinhos aéreos dos EUA são muitro bons pra bombardear o Iraque, Granada etc. Na hora do “vamos ver” a Rússia (que perdeu quase 30 milhoes de habitantes mas ainda assim venceu os nazistas) vai esmagar os EUA. 

    E o mundo será outro, com outra configuração…

    1. A URSS só conseguiu se

      A URSS só conseguiu se defender da Alemanha porque recebeu dos EUA 16 milhões de toneladas de material bélico

      que incluiam os motores de seus tanques T-34, 100.000 caminhões, shells de artilharia e turretas de tanques.

      A URSS só venceu a Alemanha porque esta foi bombardeada dia e noite, TODOS OS DIAS, de junho de 1940 a abril de 1945, o que destruiu quase 90% da malha ferroviaria alemã e toda sua produção de combustivel.

      A ex-URSS, hoje Russia quando se desintegrou viu seu material belico virar sucata e ser vendido no varejo por soldados e oficiais. Um submarido nuclear afundou no Mar Artico e foi resgatado por navio americanos e britanicos.

      Essa é a potencia que faz os EUA tremer de medo?

      1. O ponto de virada na guerra

        O ponto de virada na guerra que resultaria na vitória soviética teve início com sua vitória na batalha de Stalindrago, entre 1942 e início de 1943. A vitória soviética determinou o rumo da guerra, negando aos nazistas acesso às reservas de petróleo do Cáucaso.

        Os Estados Unidos só entrariam na guerra em junho de 1944, com a invasão da Normandia. Nesse ponto da guerra, a URSS já estava na ofensiva, tanto que foram os soviéticos que tomaram Berlim.

        O T-34 era o melhor e mais desenvolvido tanque de batalha da Segunda Guerra Mundial. Descabido dizer que os EUA o equiparam para os soviéticos quando os americanos não possuiam tanques da mesma qualidade. 

        Só falta Araújo nos dizer que o Sputnik foi lançado com tecnologia e recursos americanos.

         

        1. Passado recente

          Basta analisar o passado recente, o onibus espacial Buran foi ao espaço e pousou sem ninguém dentro, enquanto os EUA detonaram nao um mais DOIS onibus (challenger e columbia). E o caso do navio de guerra americano desligado remotamente no Mar Caspio por um caça sovietico que o sobrevoou.

          O problema da URSS era só falta de dinheiro mesmo…

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