Nova Economia: “a Economia do Intangível”

A economia moderna tem passado por uma grande transição: da economia do
tangível, do acúmulo, para a economia do intangível, da circulação e da
atenção (do agora). Por séculos a riqueza e o poder eram medidos de
forma tangível (palpável), sendo representados pela posse de uma
determinada reserva de valor. Grandes Imperadores eram donos de
castelos, jóias, exércitos. Esta forma de riqueza e poder tem ficado
obsoleta, por ser incapaz de lidar com a velocidade dos processos no
mundo moderno, como pode facilmente observado comparando-se uma GM a uma
Google.
Dentro desta dinâmica, em 1971, o dólar perdeu o lastro ouro. Aquela
reserva de valor palpável e limitada (ouro) deu lugar para uma reserva
também palpável (dólar), mas que pode ser mais facilmente adaptada às
necessidades de liquidez do mercado.

EUA – Um país sonhando, constrói realidades

Durante décadas milhões de imigrantes chegaram aos EUA em busca do Sonho
Americano, de “fazer a América”. Ter seu carro, sua casa e estabilidade
para cuidar de sua família era a materialização desse Sonho. No País
das “oportunidades” muitos imigrantes ilegais (mão de obra com algumas
das características chinesas – baixos salários e quase sem direitos)
trabalham em busca do progresso, mas poucos realmente chegam lá. Mas
numa economia movida pela expectativa do futuro promissor, participar do
sonho pode ser quase tão bom quanto realiza-lo. Por isso, muitos
americanos durante anos tiveram o usufruto dos seus principais bens, não
sendo os verdadeiros donos deles. Através de uma relação, muitas vezes,
perene com o sistema financeiro, eles fizerem o leasing para o “seus”
carros, financiaram a hipoteca de “suas” casas e pagaram suas despesas
nos cartões de crédito, sem quitá-los no final do mês. A década de 90
serviu como um modelo acelerado deste sistema: O elevado crescimento
americano, sustentado em grande parte pela valorização expressiva dos
mercados acionário e imobiliário, não chegou aos americanos através de
melhores salários. Estas valorizações, inicialmente sustentadas por
resultados reais advindos dos novos processos de informatização,
comunicação e automação, deram inicio a uma década de prosperidade que
incentivou empresas e famílias a aumentarem seus gastos. Incentivados
por este moto contínuo de crescimento, muitos passaram a participar da
especulação imobiliária e acionária como uma fonte de extra de renda. Na
Economia movida pelos sonhos, a fé no futuro fazia parte do jogo.

A Crise

A bolha da internet estourou, a bolha imobiliária, idem. O 11 de
setembro trouxe para a atmosfera americana o Medo. É muito difícil
acreditar no futuro, se você tem Medo. Novas guerras e uma baixa
expressiva na taxa de juros geraram um novo ciclo de endividamento, com
novo aumento dos imóveis. Novos fatos foram se sucedendo até que com a
perda de garantias de papeis do setor imobiliário, ajudada pela
inadimplência, fez o castelo de cartas ruir.

Economia da Abundância ( Chris Anderson, editor-chefe da
revista Wired)

“Graças ao milagre da abundância, a economia digital virou a economia
tradicional de cabeça para baixo. Quem procurar nos livros encontrará a
definição de economia como “ciência social que consiste em fazer
escolhas em um ambiente de escassez”. O próprio Milton Friedman nos
lembrou várias vezes de que “não existe refeição grátis””.
“Mas o estudioso estava errado sob dois aspectos. Em primeiro lugar,
“refeição grátis” não significa necessariamente que a comida está sendo
distribuída ou que será paga em outro momento – pode significar apenas
que outra pessoa está bancando a conta. Em segundo lugar, no universo
digital, como já pudemos ver, as principais bases da economia da
informação caem de preço a cada dia. Duas das principais funções da
escassez das economias tradicionais (custos marginais da produção e
distribuição) também começam a despencar. É como se um restaurante de
repente não tivesse de pagar pelos ingredientes e pelos custos de
mão-de-obra necessários para preparar os pratos.”

Mas será que é possível lidar com a “Nova Economia” sem Crises?

No ótimo artigo de Alain Herscovici sobre “Economia do conhecimento,
trabalho ‘imaterial’ e capital intangível”, Alain assume: “A “Nova
Economia” é, por natureza, uma economia especulativa”, e chega a
compará-la, por sua intangibilidade, com a indústria de produtos
culturais Num ambiente de constantes mudanças e muitas incertezas, de
alta e rápida obsolescência, com fontes intangíveis de receitas e com
preços de commodities ditados pelo próprio mercado é muito difícil
prever os resultados que um negócio pode gerar. A análise das bolhas
financeiras racionais mostra que elas aparecem nestes mercados, onde o
valor fundamental dos ativos é dificilmente determinável.
Certamente o mercado hoje é caracterizado por um clima de mudanças
constantes, o que além de gerar medo e a instabilidade é fonte
inesgotável de crises, como também de grandes oportunidades.

Redação

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