Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Oferta apertada de etanol e a importação de gasolina

Por Luciano Losekann, do Blog Infopetro

Nos últimos dez anos, a balança comercial brasileira de gasolina sofreu uma inversão (figura 1).  Com a introdução do carro flex e quando os preços do etanol eram competitivos, o país produziu excedentes significativos de gasolina para colocação no mercado internacional até 2009. Em 2007, as exportações líquidas de gasolina alcançaram 3,7 bilhões de litros. Valor que não era observado desde o final da década de 1980, quando os automóveis a etanol eram dominantes no Brasil.

Nos últimos três anos, a situação se transformou radicalmente. O etanol pouco competitivo fez o consumo de gasolina disparar. Em 2011, foram importados 1,9 bilhões de litros de gasolina e, em 2012, as importações líquidas atingiram 2,8 bilhões de litros até o mês de outubro.  Segundo nossas estimativas, 11% da gasolina consumida será importada. O Brasil não importava montantes tão significativos de gasolina desde a década de 1970.

Figura 1 – Exportações Líquidas de Gasolina A – Bilhões de litros (2003-2012)

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* O dado de 2012 corresponde ao acumulado até outubro.

Fonte: ANP

Para entender essa inversão é fundamental analisar a dinâmica recente do mercado de combustíveis automotivos e a competição entre etanol e gasolina. O consumo de combustíveis automotivos no Brasil cresceu de forma continuada na última década a uma taxa média de 6% ao ano (figura 2). Essa trajetória foi determinada em larga medida pelo crescimento explosivo da venda de automóveis, com correspondente crescimento da frota. Os automóveis flexíveis, que representam 90% das vendas totais já correspondem à metade da frota total. Assim, o consumo de combustíveis é atualmente bastante sensível a variações de preço.

As restrições de oferta de etanol desde 2010 implicaram em preços elevados do combustível. Durante esse período, o preço médio do etanol hidratado no Brasil foi superior a 0,7 vezes o preço da gasolina, que é o patamar de competitividade, na maior parte dos meses (figura 3). O consumo de gasolina C cresceu em média 16% ao ano, enquanto que o consumo de etanol hidratado decresceu na mesma taxa.

Figura 2 – Consumo de Gasolina C e Etanol Hidratado (em bilhões de litros equivalentes de gasolina)

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Fonte: ANP

Figura 3 – Preço relativo do etanol hidratado (razão preço etanol/preço gasolina C)

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Fonte: ANP

Nessa postagem, é analisada a necessidade futura de importação de gasolina se a situação de abastecimento de etanol permanece apertada, sendo pouco competitivo em relação à gasolina. Para tanto, foi utilizado o modelo de projeção do consumo de combustíveis desenvolvido pelo GEE e que foi tema de três postagens do blog Infopetro (Automóveis flex fuel: entendendo a escolha de combustívelEstimação da frota brasileira de automóveis flex e a nova dinâmica do consumo de etanol no Brasil a partir de 2003 e Frota brasileira de veículos leves: difusão dos flexíveis e do GNV). Foram consideradas as seguintes hipóteses para o mercado de etanol: (i) os preços relativos observados no ano de 2012 irão se repetir nos próximos cinco anos e (ii) porcentagem de mistura de etanol anidro na gasolina também foi mantida no nível atual (20%). (…) O texto continua no Blog Infopetro.

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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