Partidos políticos, comunicação e poder, por Maria Inês Nassif

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Carta Maior

Maria Inês Nassif: ‘Nenhum partido resistiu ao golpe’
 
Analisando a atuação dos partidos golpistas, em especial o PMDB, Maria Inês recuperou o contexto de formação desses partidos durante a redemocratização
 
 
Por Tatiana Carlotti
 

Na última segunda-feira, 13 de março, a jornalista Maria Inês Nassif participou das Jornadas de 2017 da Carta Maior, abordando o tema “Partidos políticos, comunicação e poder”. Na pauta, a diluição do poder institucional da política nacional e a avalição de que “nenhum partido político resistiu ao golpe”.
 
Analisando a atuação dos partidos golpistas, em especial o PMDB, Maria Inês recuperou o contexto de formação desses partidos durante a redemocratização no Brasil. Outro ponto salientado durante a palestra foi a interferência do poder Judiciário na vida partidária e eleitoral.

 
Referência do jornalismo brasileiro, Maria Inês também trouxe uma sugestão de pauta: investigar o caixa do PMDB que permitiu o golpe, a partir da análise das matérias aprovadas pela Câmara dos Deputados e dos setores e interesses contemplados, durante os meses que antecederam o golpe, quando Eduardo Cunha presidiu a Casa legislativa.
 
Heranças 

Maria Inês iniciou sua palestra trazendo o contexto histórico de constituição dos partidos políticos no Brasil, com o fim do bipartidarismo, em 1979. Responsável, na época, pela cobertura jornalística do Congresso Nacional, ela avalia que “o PT foi o único partido novo, de fato” que surgiu durante a redemocratização.
 
Ela contou que o PTB havia se reorganizado “de forma muito precária em torno de [Leonel] Brizola” e que os demais partidos “acabaram reorganizando as oligarquias que, no quadro antigo, transitavam entre o PSD e a UDN”. 
 
Naquele período, destacou, “o grande projeto do término da transição democrática” coube a Tancredo Neves. Assumindo o papel de articulador da direita, ele negociava com o poder militar e se apresentava como “força política avalista de uma redemocratização conservadora” e de uma “transição lenta”. 
 
Estrategicamente, apontou Maria Inês, ele havia fundado do Partido Popular (PP), composto por políticos moderados do PMDB e por antigos oligarcas abrigados na Arena”. O objetivo? “Tornar o PP tão importante para a redemocratização e, sobretudo, para os militares que a apoiavam, quanto o PDS (legenda sucessora da Arena)”. Segundo a jornalista, “a habilidade política dele de negociar nos bastidores e transitar pelo poder era fantástica”.
 
Apesar disso, o PP sofreu um revés quando da aprovação da Lei de Vinculação de Votos, promovendo o retorno da legenda ao PMDB. A partir desse momento, avaliou, “o PMDB foi completamente contaminado pelas oligarquias que estiveram presentes na Arena. Oligarquias que ocupavam as sublegendas da Arena, quando ela existia no Nordeste e no Norte”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. À propósito. 
    No netfix está

    À propósito. 

    No netfix está passando um excelente filme mexicano (2014) – comédia-drama-político – onde é estampada a força de uma rede de TV: um governador estremamente corrupto é atacado pela Rede de TV; assim, o governador compra o apoio da Rede de TV que manipula e constoi fatos e notícias – pós-verdades – favoráveis ao governador…. A se ver:

    The Perfect Dictatorship

    (LA DICTURA PERFECTA)

    1. Eu também gostaria de ler o

      Eu também gostaria de ler o texto sobre as trapaças das oligarquias no Brasil. Conhecendo melhor  a história poderiamos pelo menos começar a tentar corrigir os crimes ocorridos no passado, e que não param de querer se repetir.

      herança maldita de tancredo: o golpista pmdb pós ditadura e aécio das neves.

  2. Aos Que Têm Ouvidos

    “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” — Mateus 13:9

     

    Nassfi: êta mulher de pelo nas ventas. Tivesse eu uma irmã, queria que fosse assim. Ouvi dizer que foi verdadeiro papo-cabeça. Pena não pude comparecer, apesar do convite.

    Veja se você abre um espaço maior para ela no seu blog. São lições assim que nós do povão precisamos, para e quando limparmos o joio do trigo. Que nos ensine o passado, para melhor direcionarmos o futuro. Pois nessa política imunda, manipulada pela grande mídia e acoitada pelos poderosos do Judiciário e condizida por um Congresse formado pela maioria de ladrões, a visão desse dia-a-dia fica embassado.

    Ah! E diga pra ela que quando der outras aulas magnas que anuncie com mais antecedência para que consigamos autorização do patrão para comparecer, sem que nossa ausência comprometa o lucro dele.

    Se tiver em vídeo, libera o endereço!

    Fui…

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