Pedro Passos ou a decadência dos industrialistas

Ao longo do século 20, o Brasil teve grandes industrialistas, empresários com visão nacional capaz de influenciar políticas públicas, desde os históricos Roberto Simonsen e Jorge Street até os recentes Cláudio Bardella, Paulo Cunha, Jorge Gerdau.

Aparentemente, este ciclo acabou.

Os presidentes da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo) e FIRJAN (do Rio de Janeiro) sequer são industriais. E o respeitado IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) é uma sombra de um passado glorioso, sob a batuta dos últimos grandes industrialistas.

O artigo de hoje na Folha de Pedro Passos, sócio da Natura (https://goo.gl/UVKloQ) é a pá de cal em uma era. Não pelo artigo em si – um amontoado de argumentos primários – mas pelo histórico de Passos que, em tempos recentes, presidiu o IEDI.

Passos critica a política de conteúdo local do pré-sal. Diz que “tais manifestações despertam de sua hibernação sempre que interesses cristalizados são questionados”. Os interesses que hibernavam eram os da indústria nacional, diz o ex-presidente do IEDI, a respeito de um setor que ele próprio representava.

De fato, são políticas tão anacrônicas que, para participar de uma licitação nos Estados Unidos, a Embraer precisou montar uma empresa norte-americana; e, para vender para a China, instalar uma empresa por lá. Mas deixa para lá, que não é a principal impropriedade cometida por Passos.

Diz o nosso ex-industrialista:

“Políticas de proteção podem ser praticadas para setores novos, para dar tempo a que as empresas se tornem competitivas enquanto amortizam seus investimentos. A distorção é quando se perpetuam, desobrigando-as de aprimorar continuamente o que produzem para serem competitivas”.

Está se falando de um setor  que está na primeira infância, que nasce com o pré-sal, de uma política implasntada há pouco mais de oito anos. Há todo um levantamento do histórico de aprendizado dos novos setores, das experiências de desenvolvimento conjunto de tecnologia com a Petrobras, da estratégia para incorporar tecnologia estrangeira. O ex-presidente do IEDI, no entanto, invoca um argumento genérico, padrão comentaristas da CBN, para iludir ouvintes não especializados.

As inúmeras discussões sobre prós e contras das políticas de conteúdo nacional, são reduzidas a isto, pelo nosso notável pensador:

“É bastante duvidoso o benefício econômico e social de tais incentivos, apesar do apoio de economistas e de setores industriais, que se articulam para preservar esses interesses regressivos. Ao defender o indefensável, essa vanguarda do atraso parece ignorar que as benesses concedidas para alguns setores acarretam elevado custo para a sociedade sem deixar claro os frutos que proporcionam”.

Passos sempre foi um cultivador de modismos midiáticos. Mas, deste vez, superou-se. As centenas de milhares de empregos gerados não foram frutos claros da política. Do que, então?

Há estudos do Banco Mundial sobre o tema, uma montanha de estudos técnicos gerados no âmbito do Prominp. Mas nada disso interessa. Interessam apenas chavões de uso geral porque, aparentemente, pensar dói.

“É só observar o que ocorreu com a microeletrônica, a informática e o setor automotivo. A pretexto de apoiar a pesquisa local e criar empregos, as políticas de conteúdo local provocaram graves distorções que permanecem até hoje nesses mercados”, diz nosso notável pensador..

Ou seja, ele vai lá atrás, buscar um desastre dos tempos do regime militar, para atacar uma política contemporânea. A política de conteúdo local do pré-sal estuda tipos de equipamento que podem ser produzidos no país, define as condições de competitividade, a curva de aprendizado, vale-se do poder de compra da Petrobras para induzir fornecedores externos a transferir tecnologia. Tudo isto é deixado de lado para que Passos possa recorrer a argumentos completamente descontextualizados, típicos de um economista de segunda classe do mercado

O fato de sua principal atividade, hoje em dia, ser o mercado financeiro não lhe confere o direito de se igualar a qualquer estagiário de departamento econômico de corretoras.

Quanto ao setor automotivo, o projeto de conteúdo local atraiu as maiores montadoras do globo para cá, modificando totalmente o perfil do setor. Um tema que comporta uma análise complexa de custo-benefício é reduzido por Passos a uma linha: “é só observar o que ocorreu com o setor automotivo”. Observar o quê, cara pálida?

Termina taxativo:

“Somos favoráveis aos instrumentos de indução à fabricação local e ao desenvolvimento tecnológico desde que não se tornem no meio empresarial muletas para a acomodação danosa à competitividade, à inovação e ao emprego”.

Nós, quem? A Natura é um belíssimo exemplo de empresa vitoriosa, mas em um mercado de baixo perfil tecnológico. Hoje em dia, Passos é um investidor bem sucedido, um dos bilionários do país. Apenas isso.

Recomendo a Passos a leitura da Carta IEDI, de 11 de novembro de 2016:

“A Carta IEDI de hoje faz uma síntese da visão da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) sobre o papel da indústria no desenvolvimento econômico, persente no capítulo 3 (O desafio do catch-up: industrialização e mudança estrutural) do seu recém-publicado relatório Trade and Development de 2016. 

Nesse estudo, a Unctad reafirma a importância crucial da industrialização na promoção do desenvolvimento e do crescimento econômico sustentado e ressalta que “nenhum país tem sido capaz de alcançar a transformação estrutural bem sucedida sem a sinalização e o empurrão visionários de políticas governamentais específicas e seletivas”. 

No mundo atual de economia globalizada, a indústria de transformação mantém, de acordo com a Unctad, imenso apelo em razão do seu potencial para gerar crescimento da renda e da produtividade, os quais se espalham por toda a economia através das conexões de produção, de investimento, de conhecimento tecnológico, da geração de renda e do ciclo virtuoso do consumo. O avanço sustentável do catch-up industrial e a aceleração da transformação estrutural requerem elevada taxa de investimento em capacidade produtiva e em capacidades tecnológicas, que dão origem a ganhos de produtividade”.

Passos é a comprovação de que a mediocrização da vida pública no país não poupou nenhum setor.

Luis Nassif

57 Comentários

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  1. Mais um carcamano egoísta

    Mais um carcamano egoísta …

    Já foi dito por alguém algo similar a isto:

    “É impossível fazer uma pessoa entender uma coisa, quando o não entender tal coisa lhe traz benefícios”.

    Este “glorioso” industrial não vai querer “entender” nunca a política de contéudo local, uma vez que ele não produz coisa alguma, e muito pelo contrário, é um especulador do mercado financeiro. Ou seja ele ganha dinheiro não produzindo nada, não gerando empregos, não desenvolvendo nada.

    Para todo comprador de ações da petrobras, por exemplo, a única coisa que importa é maximizar o lucro da empresa para colherem dividendos e especular com o valor da ação. Nada mais.

    Empregos? Que droga é isto? Eu não preciso … eu sou especulador.

    Trabalhador? Mas além de trabalhar e comer e beber mal eles querem comprar casa, carro, manar os filhos para universidade,  se divertir? Não isto não é para trabalhador. 

    Trabalhador é apenas carvão para ser desgastado na produção. Quando não servir mais, é melhor que morra para não dar gastos ao governo, via saúde pública e aposentadoria.

    Passos que você passe rapidamente para o lado de lá e vá contar dinheiro no inferno.

  2. Roberto Simonsen

    Nassif e amigos:

    É vendo artigos como estes citados pelo Nassif, os “patos” da FIESP e outras barbaridades que fica claro para todos nós a falta que fazem líderes capazes de formular visões sobre o país e seus destinos. Meu trabalho de doutorado foi sobre a obra e o pensamento de Roberto Simonsen, a maior liderança intelectual e política dos industrialistas brasileiros da primeira metade do século XX, fundador da CIESP, da CNI, do SESI, da Escola Livre de Sociologia e Política e de tantos outros empreeendimentos voltados para formulação e prática de ideias sobre como o Brasil deveria modernizar sua economia, ingressando no capitalismo industrial e se libertando da política de importação/exportação. Em muito por seu trabalho, tais ideias tornaram-se a força hegemônica na sociedade brasileira daqueles tempos.

    Simonsen antecipou conceitos que a CEPAL desenvolveria a partir de seu Manifesto em 1949, especialmente os de subdesenvolvimento, substituição das importações e os efeitos nefastos da então divisão internacional do trabalho que relegava ao Brasil (e à América Latina) o papel de exportadores de matérias-prima, entre outros. Ainda, Simonsen tinha a percepção de que as condições de vida dos trabalhores impediam o desenvolvimento brasileiro, na medida em que a remuneração pelo trabalho era tão baixa que não conseguia fazer girar a roda da economia de mercado. Discordava dos que afirmavam que o Brasil era um país “rico” argumentando que países ricos produzem sua própria riqueza, coisa que não fazíamos. 

    Esta, inclusive, é a meu ver, sua prinicipal contribuição: a de perceper que a pobreza, que o baixo padrão de vida dos trabalhadores brasileiros, especialmente se comparados aos padrões dos trabalhadores de outros paises, era, além de um impedimento à expansão do capitalismo, uma fonte constante de contradições sociais que impedia o desenvolvimento econômico. Não por acaso, sob sua coordenação a ELSP realizou duas pesquisas sobre o padrão de vida dos trabalhadores de São Paulo nos anos 1930; ainda, foi Simonsen quem, como Deputado Constituinte em 1937 e Senador em 1944, fez constar na Constituição o salário mínimo como um direito dos trabalhadores. 

    Como se vê, a queda de qualidade é brutal: não só parte importante dos economistas não conseguem formular análises que não seja a repetição das políticas neoliberais como também uma parcela dos empresários nacionais – não todos! – não é mais capaz de ter ideias sobre o Brasil, nem mesmo quando são as vítimas da política econômica que defendem cegamente. 

     

    MOACIR DE FREITAS JR – Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia

     

    1. Moacir,
      Seu comentário foi

      Moacir,

      Seu comentário foi muito bome produtivo. É ótimo poder enriquecer minha leitura do artigo do Nassif com os comentários dos demais leitores.

  3. Não há

    que esperar muito de um sujeito que fez furtuna praticando a biopirataria. Mais um típico cú-sujo que faz de tudo para ser bem recebido nos salões da Metrópole.

  4. Menino mimado….

    Desonestidade intelectual a todo vapor……interessante como os empressarios brasileiros estão sempre reclamando de excesso de impostos e da falta de “liberalismo” da parte do estado e sempre estão direta ou indiretamente “mamando” no estado……este mesmo senhor, quando criou a natura, os produtos cosméticos, perfumaria e higiene pessoal importados tinham taxas de imposição e margens de lucro da parte dos comerciantes, estratosfericas, neste momento a “preferencia nacional” de forma indireta ajudava muito a empresa do senhor natura…….. os produtos dos gigantes franceses, americanos, ingleses e japoneses custando 10 vezes mais caro que nos eua, europa ou japão,em termos de concorrencia no mercado nacional, foi uma “mão na roda” consideravel, eu imagino….ja que essa estoria de conteudo nacional parece que é papo de comunista defazado e antiguinho, eu proponho ao senhor natura que milite pela “liberalização” da entrada dos produtos concorrentes no mercado brasileiro sem empecilhos.Perfumes e produtos de beleza franceses vendido no Brasil a preçinho de “la fora”(vamos ter muita madame feliz da vida….)vamos ver quanto tempo dura a natura…..ou em quanto tempo é comprada….

  5. Boa, caro anfitrião Nassif. E

    Boa, caro anfitrião Nassif. E fico pensando…

    Será impressão minha? Ou será que há efetivamente pelo menos duas regras sem exceção que são:

    1 – Sempre que um industrial se volta para lucro no mercado financeiro torna-se obrigatoriamente medíocre

    2 – Tudo o que gira em torno do Golpe do Corruptos é inexoravelmente medíocre

    Será que absolutamente tudo o que se baseia em poder econômico, pode até significar mais dinheiro mas acaba sempre significando pobreza e mediocridade na atividade originalmente chamada de atividade fim? Será que, afinal de contas, dinheiro e poder econômico, para que se saia da pobreza, não pode nunca ser considerado senão como parte da atividade meio? Será que afinal dinheiro não é bom nem ruim, é apenas viabilizador de coisas boas ou ruins? Estaremos dando valor ao que intrínseca, “natural” e fundamentalmente não tem?

    ***

    Quanto ao tosco empresário, perfumaria não é questão de soberania, independência e prosperidade nacionais. Petróleo é. Bem… isso se em vez de investidor financeiro o cara ainda fosse perfumista, né?

  6. Fecho de outo.

    No final do texto o Nassif mata a pau:

    “Passos é a comprovação de que a mediocrização da vida pública no país não poupou nenhum setor.”

    Não haveria Passos e patos e panelas e skafs se houvesse empresários sérios e capazes no Brasil. E imaginar que é para essa corja que o liberalismo orienta, e é seguido, na orientação de entregar à iniciativa privada desse jaez a responsabilidade  sobre a realização de serviços públicos? Palavra aberta para o debate sobre estatização de serviços, de volta ao povo o que é do povo.

     

     

  7. O fato concreto é que o

    O fato concreto é que o Brasil está à venda. Conversando com um amigo francês sobre a Grécia ele afirmou que não se formou lá uma elite burguesa com interesses nacionais devido as constantes colonizações de Turcos, Ingleses, etc. Por isso, tamanha era a desorganização Grega. No Brasil não é diferente, salvo algumas almas inteligentes não tivemos nunca uma elite preocupada com os Interesses Nacionais. É o mesmo problema da classe média quando olha um pedinte, um aluno de escola pública, um favelado. Não há nenhum sentimento ou desejo de inclusão, pelo contrário.

    Os industriais nossos são anões no cenário mundial, apáticos e parasitas que nem os ilustres portugueses que aqui resolveram se assentar.

  8. Prezado Nassif
    Vc e outros

    Prezado Nassif

    Vc e outros grandes comentaristas do blog já cantaram a bola, e não adianta ficar repetindo: o artigo é raso porque houve as mídias sociais enterraram a análise crítica – parece que hoje ninguém mais têm paciência (ou pior, inteligência) para ler algo mais do que 10 linhas

    E li (aqui mesmo no blog) que mais de 50% dos resultados das empresas vêm do mercado financeiro. Porque o cara vai ralar para ter um retorno de 10% a.a. se ele ficar com a bunda na cadeira há aplicações com retorno muito maior.

    A crítica é a perda de visão de Estado, de ausência de futuro – e sempre que leio seus xadrezes apavorantes, me lembro o que aconteceu com a Rússia apos queda do muro, lembram? Tornou-se presidente Boris Yeltsin, que quase destruiu o Estado Russo (hou ve até decréscimo populacional) ao aplicar um neoliberalismo na veia (privatizou tudo, se desse, até o Volga o sacana tinha vendido). E nosso Boris Yeltsin é essa figura lamentável e desprezível que usurpou a presidência. Será que para sairmos da crise atual, não tenhamos que passar por uma situação similar à russa?

    A perda de visão de um projeto nacional (que existia na implementação de políticas de conteúdo local da Petrobrás, revisadas por outra figura lamentável, o entreguista parente) parece parte de projeto ideológico da escória que tomou as instituições de Estado, e vou ficando preocupado; porque o país está desmanchando (logo vão voltar os separatismos de SP e do Sul) sem propor nada em troca.

    E os empresários que vc citou, além de homens de Estado, eram patriotas e nacionalistas. Dou risada quando dizem que Jorge Paulo Lehmann (destruidor de marcas, enterrou a Antárctica, Skol, Brahma; e agora vai destruir a Heinz. Escória da espécie humana) é “brasileiro”. Sem dúvida, quando sai da Suiça (onde  mora e gasta a grana que ganha aqui) vem passar férias no Brasil, aí usa o passaporte, já que nasceu aqui

    1. passos

      Sem Industriais ,não ha indústria e não havera desenvolvimento.

      A indústria ja representou 30% do nosso PIB ,hoje é 10¨%.

      Passos pelo visto hoje é mais um investidor financeiro que um industrial; Usa frases prontas para justificar suas opções.

       Nassif caiu matando.

      Gostei do artigo!

       

  9. O maiores praticantes de

    O maiores praticantes de PROTECIONISMO INDUSTRIAL no planeta  são a China , a India, o Japão e a Coreia do Sul. Vá alguem vender lá algum produto industrial produzido fora.

    . Agora um novo Pais está entrando para o clube do PROTECIONISMO INDUSTRIAL, os Estados Unidos.

    Enquanto isso um certo Pais chamado Brasil prega o fim da industria local e a PREFERENCIA PELA IMPORTAÇÃO.

    O Brasil é realmente um Pais unico no planeta.

    1. André, você leu o artigo do

      André, você leu o artigo do Mathias de Alencastro na Folha de hoje? Sobre a queda do Serra? 

      Merece uma leitura atenta. 

      O Nassif poderia comenta-lo aqui também. 

       

  10. A mediocridade é previsível

    O mais incrível é que esse tipo de raciocínio “libelóide” está muito na moda entre os ricos do Brasil, pois estes “enricam” hoje com base só em transações financeiras, mexendo o dinheiro de um lado para o outro, sem produzir nada.

    Acontece que estes senhores parecem não perceber que estão criando as condições objetivas para revoltas sociais de magnitude (penso eu) incontrolável. Ou seja, a longo prazo advogam contra seus próprios interesses, pela cegueira curto-prazista típica dos operadores financeiros.

    Para quem acha que os brasileiros são “passivos”, uma espécie de “gado”, recomendo que voltem às páginas da história, principalmente o período colonial e Império (pois parece que os caras-pálidas que dizem essas coisas acham que o Brasil começou com Getúlio Vargas). Revolta sobre revolta sobre revolta. Grandes crises políticas. União popular para expulsar invasores estrangeiros. Autoridades acossadas pelo clamor de justiça social. Não, nossa história não é tão “bovina” assim como às vezes se pensa.

    1. O regime militar foi o maior

      O regime militar foi o maior responsável por essa mudança de atitude do brasileiro o responsável pelo “bovinamento”, acredito que o periodo atual seja o inicio de um bovinamento final onde o brasileiro aceitará qualquer coisa aprovada pela elite

       

    2. O regime militar foi o maior

      O regime militar foi o maior responsável por essa mudança de atitude do brasileiro o responsável pelo “bovinamento”, acredito que o periodo atual seja o inicio de um bovinamento final onde o brasileiro aceitará qualquer coisa aprovada pela elite

       

  11. Bastaria a ele ler um livro,

    “The Entrepreneurial State, Debunking Public vs. Private Sector Myths”, Mariana Mazzucato (Anthem Press, 2013).

    Pelo nível do seu artigo, continuaria sem entender.

    1. As conclusões do livro são

      As conclusões do livro são até certo ponto óbvias para quem observa imparcialmente. Programas espaciais (incluindo os sistemas de navegação globais), a Internet e a própria computação são exemplos de tecnologias de ruptura financiadas pelo Estado. Claro que o objetivo maior é sempre militar, mas sem o estado não há inovação. O que seria dos EUA sem DoD? Só os tolos caem nessa de Estado mínimo. Nos países ricos o Estado é máximo.

  12. Quais empresas diretamente

    Quais empresas diretamente ligadas ao golpe, aceitariam as teses deste “empresário(?)”…

    A rede globo?

    o itaú?

    Estes ai esconjuram as palavras “livre mercado” nas áreas em que atuam…

  13. A falácia da contraposição do capitalismo rentista ao capitalism

    A falácia da contraposição do capitalismo rentista ao capitalismo produtor!

    Há pessoas que custam a entender o básico, principalmente pessoas ligadas a esquerda reformista e mesmo direitistas mais ligados a produção, capitalismo é a maximização dos lucros fazendo os outros produzirem pelos proprietários do capital e com isto retirar a famosa e já há muito tempo conhecida mais valia.

    Porém nos dias atuais descobriu um novo demônio, O Capitalista Rentista! Este tal de capitalismo que é rentista está virando o grande novo conceito que setores ligados a algumas empresas e a pequena burguesia brasileira estão demonizando como o produtor e a verdadeira perversão do velho capitalismo do passado. Está se endeusando a falsa imagem de um capitalismo virtuoso que nunca existiu.

    Porém se analisarmos com cuidado os fatos do passado, principalmente no nosso país veremos com clareza que não existem os famigerados e perversos capitalistas, como também nunca existiram ou ideólogos e virtuosos capitalistas produtivos do passado, que passavam a vida a criar empregos para movimentar as massas de trabalhadores e remunerá-las de forma conveniente. O que existiu no passado e agora migram para uma nova geração de capitalistas aqueles que após imensa acumulação da riqueza, que muitas vezes obtidas de forma misteriosa, passam agora a se interessar no presente simplesmente por procurar o lucro onde ele está, simplesmente porque esta é a base do sistema.

    Se algo é investido diretamente na produção ou simplesmente em letras e títulos que produzem rendimentos isto é uma mera questão de detalhe para quem faz o investimento, pois o lucro final que é o objetivo. Pode-se inclusive dizer que um bom capitalista (não um capitalista bom) é aquele que se prepara para o pior, e se ele tiver que vender sua indústria ou comércio para com isto se preservar de uma crise qualquer colocando o seu dinheiro em outro local em que o mesmo estará seguro, ele o fará.

    Faz-se uma enorme confusão dos capitalistas do passado no Brasil que de acordo com o nosso imaginário possuíam imensas fábricas ou grandes comércios com os dos presentes que colocam seu dinheiro em locais seguros e rentáveis que não envolvem nenhuma atividade material.

    Da onde vem esta confusão? Isto é importante destacar. No passado se tinha um mercado que restringia as importações, com o protecionismo se produziu porcarias com altos custos que davam imensos lucros a quem os produziam. Logo o certo e o coerente dentro da ideologia capitalista, garantido por lucros crescentes, o importante era produzir.

    Como capitalismo não rima com sonhos e fantasias à medida que o mercado se abriu devido a imposições não só do mercado globalizado, mas também pela dificuldade das grandes estruturas capitalistas nacionais continuarem competitivas com as do exterior, simplesmente as indústrias e os comércios foram vendidos para quem às quisessem comprar.

    Vejo que alguns fascinados pelas grandes fortunas pátrias do passado ficam atônitos pelo desaparecimento destas, substituídas pelas empresas internacionais ou pela importação ou pelos diabólicos capitalistas rentistas do presente.

    Ao mesmo tempo em que há esta fascinação sobre esta visão fantasiosa do passado, ela é análoga a uma visão que uma pequena criança tinha e que nos dias atuais se depara com o o mesmo que ela enxergava no passado. Para entender melhor a analogia, imaginem uma criança com menos de sete anos de idade que visitou uma casa ou de um local qualquer, neste momento tudo parece grande, todas as peças eram imensas, porém ao retornar no mesmo local já na idade adulta verifica-se que o tamanho das grandes peça eram normais ou até pequenas e que a ilusão que se tinha era devido ao tamanho a visão de uma criança de sete anos.

    As “imensas fortunas” brasileiras, as grandes fábricas os portentosos comércios nacionais se comparados com uma escala de um país que multiplicou por mais de uma dezena o porte da sua economia na realidade eram quase indústrias de garagem e as fortunas eram de milhões e não de bilhões. Nunca nenhuma de nossas indústrias e comércios teve algum porte que se comparasse as suas congêneres das nações desenvolvidas, sempre foram fabriquinhas e comercinhos que eram arremedos de exemplo do grande capital internacional, mas como ninguém, ou poucos, viram o porte destas grandes multinacionais, como se diz, em terra de cego quem tem um olho é rei.

    Não existe como nunca existiu, o capitalismo rentista diabólico e o capitalismo produto da grande capacidade de iniciativa dos industriais e comerciantes do passado. No passado existiram capitalistas que para uma visão de mundo pequeno eram grandes, e por isto conseguiam se lançar na produção. Hoje não há espaço para isto e sonhar em recompor o que nunca existiu é lançar o país numa nova ilusão que simplesmente levará a mais acumulação à custa do Estado formando novas fortunas que nunca reverterão para quem vai pagá-las, o povo brasileiro.

    Agora porque é importante se escrever sobre isto, pois países que eram nada num passado recente, como a Coréia e outros, conseguiram construir os seus grandes conglomerados, porém se analisarmos a gênesis destes conglomerados veremos que estes foram construídos a partir de dois pontos, uma intervenção estatal que pode ser até meramente por protecionismo ou pelo uso da miséria de seu povo que foram explorados enquanto as grandes estruturas cresciam.

    Esta divisão em capitalismo “rentista” e o capitalismo de produção, serve simplesmente para dar uma direção ideológica a todos, de direita a esquerda pequeno burguesa, que devemos fazer esforços nacionais para a construção do nosso capitalismo de produção, algo que foi tentado pelos governos Lula e Dilma e terminaram em fracasso simplesmente porque a reação do nossos capitalistas é de mesmo sendo subsidiados pelo Estado, vão reverter ao “rentismo” simplesmente por preguiça.

    A conclusão que se chega é que. Vale a pena o povo brasileiro insistir no modelo de acumulação capitalista para gerarmos grandes empresas que serão orgulho de todos os brasileiros, mas lucro de poucos? Ou fazendo a pergunta de outra forma. Há outra forma de acumularmos a riqueza para que no futuro ela seja o orgulho de todos os brasileiros e lucro de todos?

    1. Não é verdade e não é a mesma

      Não é verdade e não é a mesma coisa.

      É muito mais díficil investir em produção do que simplesmente comprar títulos do tesouro ou investir em ações da bolsa.

      E é claro que um País – qualquer que seja – deve priorizar os primeiros em detrimentos dos segundos.

      Isso tudo não exclui o estudo de “outras alternativas sociais e economicas’ como parace ser o que voce propoe.

      No entanto, temos também que trabalhar com a realidade atual.

       

      1. Um bom operador ganha
        Um bom operador ganha dinheiro não apenas na alta, mas também na baixa da bolsa.
        É possível ganhar dinheiro nas duas direções, de dentro de um escritório.
        Produzir, sem dúvida, é mais trabalhoso.

    2. Discordo

      Rdmaestri, acho que o foco que você coloca na sua análise contém equívocos, porque a questão não é louvar os capitalistas do passado, que segundo o seu foco seriam afinal proprietários de empresas capitalistas, e portanto reprováveis. A questão, muito mais importante, é o conteúdo teleológico do pensamento, ou seja, a questão da finalidade das ideias.

      Uma breve introdução do argumento: Desde Augusto Comte, a noção de progresso ocupa papel central na narrativa moderna do mundo. Ao progresso Comtiano, somou-se a abordagem epigenética de Spencer, aprofundada por Charles Darwin. Sobre essas bases, formou-se a mentalidade dos pensadores hegemônicos do século XIX, que acreditavam que o “progresso social” seria um processo à semelhança do processo de seleção natural. Com isso, o trabalho de sociólogos, filósofos, economistas, psicólogos, etc., do período consistiu na busca de uma espécie de “História Natural” da sociedade, com a aceitação da premissa de que os processos sociais são análogos aos naturais. É nesse contexto que se estabelece um mercado mundial de traços imperialistas (não mais mercantilista), sobre as bases do liberalismo econômico (tributário do naturalismo), o famoso “lasseiz faire”.

      Ainda no século XIX, Karl Marx ataca essa noção de progresso, denunciando como ideológicas as formulações dos economistas liberais do século XVIII e XIX, e chamando atenção para o fato de que a História essencialmente não é natural, mas social. Assim, nega o progressismo naturalista, que pressupunha uma atitude fatalista ante os processos sócio-econômicos, que por serem naturais não seriam passíveis de finalidade, excluindo toda e qualquer possibilidade de fatores como a vontade construtiva determinarem a história. Além disso, estabelece uma nova perspectiva para a idéia de progresso: o “progresso social”.

      O “lasseiz faire”, ou liberalismo econômico 1.0, encontrou seu fim em 1929, ao que se seguiu uma enorme crise sócio-econômica e a grande carnificina da 2ª Guerra Mundial. No pós-guerra, em contraposição ao mercado sem finalidade dos liberais (um verdadeiro autômato estúpido, que só favorecia posições dominantes), ganhou força a ideia de DESENVOLVIMENTO. É aqui que está toda a questão. A ideia de desenvolvimento comporta em si a necessidade de finalidade para o processo de evolução econômica e social, ou seja, o conceito tem um conteúdo teleológico. Por isso, os capitalistas brasileiros das décadas de 50, 60 e 70 estavam inseridos em um ambiente em que o desenvolvimento era a ordem do dia, sem importar que o modo de produção fosse capitalista. O importante é que o processo econômico era entendido como um processo também social, que deveria ter finalidades construtivas para o conjunto da sociedade.

      Após o fim do socialismo real, começa a ser implantada no mundo a agenda do liberalismo 2.0 (neoliberalismo), que retira a ideia de finalidade do debate econômico e monta novamente o “autômato estúpido”. Só que dessa vez, o autômato hegemônico assenta suas bases no mercado das finanças, e não na produção de bens. Por isso, a diferença fundamental entre os capitalistas “das antigas” e os atuais é que, antigamente, os empresários agiam dentro do entendimento da época, de que deveria haver desenvolvimento econômico e social, e hoje os empresários também agem dentro do entendimento da época, só que esse entendimento é que o processo econômico não tem finalidades sociais, mas apenas individuais.

      1. André, não estou fazendo aqui sociologia nem política, estou….

        André, não estou fazendo aqui sociologia nem política, estou simplesmente relatando o que aconteceu. Não adianta teorizar em cima do que não existe. Digo simplesmente que nunca existiram no nosso país estes capitalistas que desenvolveram algo para se tornar sustentáveis.

        Eu já estou de saco cheio de ouvir explicações sociológicas e políticas sobre o desenvolvimento capitalista do Brasil, estou me fritando para isto.

        Nunca houve no país um grupo de capitalistas que quiseram, desejaram ou mesmo não tiveram as condições para desenvolver um capitalismo autóctone, e talvez isto que tu não tenhas entendido. Produziam porque era a forma de ganhar dinheiro, quando abriram o mercado foram todos pegos com as calças nas mãos. Estou nem aí sobre a existência ou não do capitalismo, pois na realidade o que houve no Brasil foi um “bando de capitalistas macacos” que copiaram coisas atrasadas do passado e quando viram que não podiam fazer mais isto, seimplesmente venderam as sua fabriquinhas e colocaram o rico do seu dinheirinho no “rentismo pecaminoso”.

        O que havia nos anos 50 a 70 não “era um ambiente em que o desenvolvimento era a ordem do dia” o que havia nestes anos é que qualquer porcaria que era produzida no país se tornava de consumo obrigatório para todos, mesmo se fossem produtos desatualizados, mal construídos e outras mazelas. Ou seja, os ex-escravocratas paulistas transferiram seu dinheiro ganho no café para produzirem porcarias, com um pequeno agravante, maniveram a ideologia do seu passado.

        Tínhamos que andar em automóveis que já haviam sido retirados de linha nos países desenvolvidos ou pior ainda, como o famoso Aero Willians que simplesmente não foi produzido nos USA por acharem que era muito ruim e a fábrica (a sucata de fábrica) foi transferida inteira no nosso país.

        Quero te alertar de uma coisa que talvez ainda não saiba, por mais que o meu conteúdo conteúdo teleológico do meu pensamento esteja defasado, atrasado e outras características de alguém que não sabe a notação moderna de sociologia, AINDA EXISTEM FÁBRICAS EM TODO O MUNDO, E POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, PRODUZINDO!!!

        Não é porque a ênfase do liberalismo esteja na sua versão 25.4 que a indústria brasileira deixou de ser a porcaria que foi que simplesmente devido a incompetência de nossos desenvolvimentistas que não entendiam nada de tecnologia e reescreviam a necessidade do desenvolvimento como teoricamente achavam que devia ser, que ficamos atrasados e cada vez ficaremos ainda mais.

        Acho que um dos motivos de nosso atraso é termos cientistas sociais, políticos e advogados demais e engenheiros de menos. Ou seja, pessoas que não entendem nem como fabricar um prego e ficam postulando sobre desenvolvimento.

  14. Senhores:
    O Brasil inteiro

    Senhores:

    O Brasil inteiro veste terno com gravata, jeans e calça tênis em pleno Verão…

    É de morrer, ou matar, o lixo musical em inglês que ouvimos nos últimos 40 anos.

    E na alimentação?

    Xis queique, xisburguer, xarope de coca e outras MMMMM. 

    Por fim: Ditos letrados, felizes, fazem fotos com patetas, plutos e outros bonecos… 

    Uma elite que odeia o país que os sustenta, fez isso. 

    E o gerúndio tomando conta da língua portuguesa? Rarrarara 

     

    “Chamem o ladrão, chamem o ladrão…”

     

     

     

  15. Como escreveu Bresser Pereira

    Como escreveu Bresser Pereira nos anos 70/80 sobre uma parcela de homens de negócios que emergiam no nosso país:

    —  “… representantes consulares dos interesses estrangeiros …” no Brasil. Quem financiam estes grupos proto-facistas que acampam na frente da FIESP e lá mesmo comem um filet mignon na calada da noite? Onde estavam os donos dos estaleiros e os capitães da indústria de construção pesada da FIRJAN nos protestos contra o desemprego e contra o golpe?

    1. Fica a pergunta: qual a causa

      Fica a pergunta: qual a causa raíz da total imbecilização de nossa elite?

      Ainda custo a aceitar que que capitães da industria nacional, que lucraram muito nos 13 anos de governo PT incentivaram todo o golpe que, a olhos vistos, resultaria em suas ruínas.

      Será que o mero fanatismo e ódio de classe falam muito mais alto que a visão de estratégia de negócios?

  16. Fazer perfume e creme
    Fazer perfume e creme hidratante deve ser mais difícil que fazer uma plataforma de petróleo ou uma locomotiva. Ele parece entender de tudo.

  17. Pronto, diz o chefão do

    Pronto, diz o chefão do mercado ao bando de golpistas: Os investimentos do governo ficam 20 anos paralizados pela PEC 241/55 . 

    Podem comemorar!

    O BC pode baixar os juros da Selic e o crescimento econômico – via impostos da conversão – só pode ir para contrapartida de pagamentos antecipados à banca.

    Vamos acabar com as riquezas que virão, liberando novos empregos, porque não vai sobrar quase nada para sociedade escrava. 

    A imagem pode conter: 3 pessoas, pessoas sentadas e texto

  18. Não faz muito tempo li, não

    Não faz muito tempo li, não lembro onde, que muitos empresários que participam dos círculos como do de Jovens Empresários (JE-RS) e outros são submetidos a um curso intensivo de pensamento neoliberal. Estes, depois de devidamente estupidificados, serão os empresários que herdarão as empresas das famílias, ou assumirão o controle com diretores das FIRJANS, FIESPS e FIERGS da vida.

    Claro que, após serem devidamente apresentados as delícias do mundo neoliberal esses imbecis não tem outras ideias a defender. Resultado: sem saber defendem a destruição da economia que os mantém e com isso arrastam todo o país.

    É inacreditável a quantidade de burrice que sai da boca desses caras. Inacreditável o seu pensamento raso e primário. Inacreditável sua total incapacidade de pensar estratégicamente e a longo prazo.

    É o que digo: no Brasil a burrice adquiriu status de ciência.

  19. O empresário médio brasileiro

    O empresário médio brasileiro é estúpido, desonesto e ganancioso, com algumas poucas exceções. E digo isso com conhecimento de causa por lidar com vários e vários deles. A maioria é incapaz de produzir um produto minimamente aceitável no mercado interno (muito menos no mercado externo) e só continuam no negócio graças à fraudes e negociatas.

  20. O capitalismo brasileiro

    O capitalismo brasileiro nunca deu certo por conta da falta de “inteligência” (cultura técnica e não esterteza)  aos capitalistas. Universidades (e não faculdades) nunca tiveram papel essencial no desenvolvimento industrial. Nas raras e honrosas exceções foi o Estado o indutor de indústrias que avançaram tecnologicamente a partir de parcerias com universidades. Nunca tivemos (ao que eu saiba) um imposto sobre heranças que induzissem os ricos a investir. Demoramos muito a dispor de fontes de energia farta (carvão e petróleo), embora tivéssemos um dos maiores potenciais hidroelétricos do planeta, que só pasou a ser usado, efetivamente, após a criação de escolas de engenharia civil e a decisão desenvolvimentista de recentes governos progressistas. O empresariado local nunca se interessou por construir hidroelétricas para criar mais fábricas produtivas. O governo sempre teve que sair à frente.

    A duras penas os governos militares investiram pesadamente na infraestrutura energética, de transportes e de comunicações. Depostos aqueles, se entra num processo de desconstrução do poder federal e se cria uma fragmentação de poder que levou a esse impasse de governabilidade, onde um Congresso eleito pelo grande capital tutela a Presidência da República. O que parecia dar-se mais poder ao povo brasileiro revelou-se um instrumento de controle de uma minoria sobre o Estado.

    Estamos vivendo a fase da vigarice no varejo que caracterizou os EUA entre os séculos XIX e início do XX. A diferença é que não estamos unidos no afã de construir algo para nossos filhos e netos. Se entregarmos à predação internacional (que NUNCA investirá aqui) o pouco que conseguimos construir só nos restará a amarga escravidão. As criaturas da noite destroem com uma canetada todo o trabalho do povo brasileiro muito rapidamente.

    1. Mariano,
      Seu comentário foi

      Mariano,

      Seu comentário foi muito bom e produtivo. É ótimo poder enriquecer minha leitura do artigo do Nassif com os comentários dos demais leitores.

    2. Capitalismo Brasileiro: A volta de quem não foi!

      O capitalismo brasileiro é uma verdadeira história da volta de quem não foi.

      Trabalhei numa unidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas desde 1974 como estagiário e monitor e posteriormente em 1978 entrei como professor para só sair oficialmente em 2014 através da aposentadoria, ou seja, somando tudo são quase 40 anos de trabalho numa instituição que tinha uma característica extremamente incomum para a época, desde 1953 o IPH começou a sua trajetória prestando serviços de pesquisa a indústria, ou seja, diferentemente que acusam a Universidade de ficar longe dos “setores produtivos” (como a Universidade fosse algo improdutivo?) e se dedicar a teoria (como na Universidade não se devesse teorizar?). Pois bem, o IPH foi fundado com objetivo de prestar serviços ao setor de geração hidrelétrica e posteriormente foi ampliando até o ponto de no fim da minha carreira me dedicava ao setor de petróleo trabalhando não só para Petrobrás mas para as maiores petroleiras do mundo na pesquisa.

      Nestes quase quarenta anos de trabalho, que fui contatado e algumas vezes a Universidade e eu fomos contratados, trabalhei com inúmeros setores “produtivos” em tudo que a água é utilizada, ou seja, em todos os setores. Trabalhei diretamente com a administração pública, com empresas de economia mista, empresas privadas nacionais e internacionais, e devido a esta experiência ampla posso dizer com absoluta certeza “O capitalismo brasileiro poderia ser representado o seu trajeto como o caminho de volta de quem nunca foi!”

      Durante estes quarenta anos a abordagem dos mais diversos setores “produtivos” com a Universidade era simplesmente de esperar que com recursos da União fosse montado algum tipo de instalação, fosse treinada algum tipo de equipe para posteriormente atender as necessidade das empresas privadas, ou seja, o Estado entrava com tudo e a iniciativa privada entrava com a “fome a ser saciada”.

      Poderia dar inúmeros exemplos como do setor de máquinas hidráulicas nos estados do sul do país que tinham uma série de pequenas indústrias, altamente rentáveis durante o período de substituição de importações, que faziam algumas pequenas demandas do tipo, a Universidade montasse um banco de ensaios para estas máquinas, algo que custava acima de 500 mil dólares ou mais, e depois de montado e funcionando este equipamento eles viriam com algumas bombas ou turbinas para testa-las e aprimora-las de acordo com as recomendações dos profissionais do IPH. Muito bem, isto é um bom caminho para o desenvolvimento desta indústria, porém no resto do mundo o que acontece é o que não queriam que aqui acontecesse, que tivessem de tirar alguns recursos de seus orçamentos para pagar pelo menos a operação!

      Como resultado deste pouco caso, uma a uma das indústrias foram fechando por apresentarem produtos obsoletos que eram cópias pioradas de projetos feitos nas décadas de 40 e 50 na Europa que foram trazidos debaixo do braço depois da guerra.

      A ignorância do industrial brasileiro não se restringe ao setor citado, tive outra experiência mais marcante, há uns 30 anos recebi um jovem engenheiro de uma empresa de um setor oligopolizado, que persiste até os dias de hoje assim, que me trouxe um problema a ser resolvido (tudo isto tenho documentação guardada sobre o desenrolar do fato), era uma enorme de uma máquina que havia sido pirateada de uma empresa espanhola e que construíram mais ou menos no sentimento, onde a vazão de água eles nem sabiam quanto por.

      O problema foi resolvido parcialmente devido ao seu ineditismo e ausência completa de qualquer trabalho técnico que mostrasse o seu princípio de funcionamento, porém o interessante não era isto, o mais interessante era o que relatou este jovem engenheiro do setor de pesquisa desta indústria que deveria ter mais ou menos um milhar de técnicos de nível superior. Nesta empresa com um abundante número de técnicos de nível superior voltados a produção o setor de pesquisa era simplesmente um engenheiro sênior, ele que havia sido contratado há poucos meses e alguns estagiários. Devido aquele quadro diminuto que em termos de grandes indústrias, que poderíamos dizer inexistente, perguntei quando já tinha maior relação com o dito engenheiro por que um quadro de pesquisa tão insignificante.

      O mais interessante foi a resposta. Segundo o que lhe contara o engenheiro sênior, que era o único conservado no quadro por algumas décadas, todas as vezes que o produto vendido tinha alguma contração nas vendas, tudo que era montando no setor de pesquisas era desmontado para economizar custos!

      Ou seja, mesmo em setores oligopolizados em que o fluxo de capital era variável mas nunca deixava de existir, a pesquisa era o último setor a receber estímulos e o primeiro a sofrer cortes. Exatamente ao contrário de todas as indústrias no exterior que mesmo antes, durante e depois de crises ou guerras era mantido a qualquer custo.

      Poderia escrever mais algumas páginas sobre os abundantes contatos que tive com indústrias de vários portes e de vários setores e a história seria mais ou menos a mesma só mudando a cidade e a década. Porém a única coisa que tem de comum é o grande desprezo que os industriais do passado (digo dos últimos 50 anos) e do presente tem sobre gastar algum dinheiro numa coisa que se chama P&D (pesquisa e desenvolvimento), acham bem mais simples irem até uma grande empresa do exterior e fazer o que é impossível “comprar tecnologia”.

      Por estas e mais outras que fico indignado quando vejo apologia aos grandes industriais do passado, que simplesmente sobreviveram enquanto havia uma política de substituição de importação e com o dinheiro que ganharam com tudo isto investiram em coisas importantes para suas indústrias como plantações de uvas finas, haras de cavalos, carros importados e extremamente caros no passado, e mais um monte de gastos supérfluos para alimentar os seus egos.

      Logo a indústria brasileira não pode voltar de um lugar que nunca foi.

  21. NASSIF, ELES NÃO LEEM!

    Eles não leram e não leem Nassif! Não consideram relevante a leitura do pensamento clássico sobre economia, Estado ou sociedade! E não estou falando de pensamento marxista, de esquerda, ou coisa parecida. Eles sequer leem pensadores liberais e defensores da economia de mercado.

    Trata-se da mediocridade fartamente instalada! Talvez estejamos vivendo o resultado efetivo do grande déficit, que atinge à grande maioria da população (inclusive os ricos): A escassez da LEITURA. Eles não leem Nassif! Talvez leiam planilhas da BMFBovespa, relatórios de corretoras e instituições financeiras e um ou outro livro de auto-ajuda.

    É desesperador! Não estamos falando de militantes ou políticos (essenciais para a civilização, indiferente das posições ideológicas, ressalte-se). Meu Deus! Onde estão os Delfins, Euvaldo Lodi, Roberto Campos ou Bresser Pereira para gritar nos ouvidos deste pessoal que acumula riquezas, patrimônio, capital e não conseguem ligar mais que dois pontos na complexa teia de perspectivas de sociedade, de nação e povo.

    Não vou falar de pensadores ou economistas marxistas (é uma pena, mas seria demais exigir isso!) Não leram pensadores democráticos e liberais. Não leram David Ricardo, Adam Smith, Keynes, Friedman ou Paul Krugman, nem conhecem o pensamento político liberal de Tocqueville, Weber ou Robert Dahl!

    Acham que o mundo gira somente em torno das “luzes” reluzentes do dinheiro! Não leem, não têm alma!

    1. Ricardo,
      Seu comentário foi

      Ricardo,

      Seu comentário foi muito bom e produtivo. É ótimo poder enriquecer minha leitura do artigo do Nassif com os comentários dos demais leitores.

    2. Exatamente, eles não leem

      Puxa, Ricardo

      Foi exatamente o que pensei. Talvez apenas leiam as legendas de suas fotos

      E, para eles, o mundo gira sim entorno das “luzes”, mas dos refletores e dos flashes por onde passam “vaidades de vaidade”.

      Lamentável!

    3. Seu comentário merece 6

      Seu comentário merece 6 estrelas.

      Não exagero quando dito que este país é formado, em sua vasta maioria, por estúpidos, primatas ignorantes sem cérebro. Muitos empresários são a prova disso. São tão ou mais medíocres do que o pobres, pois estes são e sempre foram, devidamente mantidos em estádo de permanente imbecilidade. Não tiveram oportunidade de cursar bons colégios e faculdades como muitos executivos.

      Acho que a crítica também deve ser feita a muitas faculdades de economia e administração, verdadeiros cânceres pois que ninhos de pensamento neoliberal norte-americano. Alguns professores são de uma desonestidade e burrice pavorosas. Não conhecem história e política, fixando-se exclusivamente em delírantes teorias baseadas na matemática.

      Muitas faculdades de economia e administração não ensinam ciência. Ensinam exoteria.

  22. Autopeças

    A industria automobilistica pode ser mau exemplo mas no seu rastro formou uma invejavel cadeia  de industrias  de autopeças , industrias como a Metal Leve e Cofap , nao deviam nada em qualidade a nenhum concorrete internacional , e  como parte da industria brasileira foi inviabilizada pelo Real e suas politicas derivadas nos anos 90 .

  23. Skaf.. Mas pode me chamar de amarra-cachorro…

    Qualquer pessoa minimamente informada sobre os meandros da CIESP sabe que Skaf é um preposto, um lieutenant de Benjamin Steinbruch. Ambos originários do setor textil – com as famosas polonetas a Familia Steinbruch conseguiu colocar um pé em Volta Redonda – quem dá as cartas lá é o herdeiro do Grupo Vicunha. Sim… que fique claro. Benjamin recebeu de seu pai, Mendel, o real empreendedor da Família, o futuro do Grupo todo equacionado e com o devido funding provisionado. E Skaf é seu operador… Ou seja; nossa indústria virou isso aí que os patos paulistanos sairam às ruas para prestigiar. Uma fábrica de especulação…

  24. Belindia

    “Entre 200 e 2011, a riqueza média por adulto no país triplicou, passando US$ 8 mil para US$ 27,1 mil, mas caiu para US$ 18,06 mil em 2016.

    O Credit Suisse cita ainda que a desigualdade no Brasil é gritante. O relatório destaca que o Brasil tem 245 mil pessoas dentro do 1% mais rico do mundo e 24 milhões de pessoas com renda abaixo de US$ 249 anuais.

     

  25. mais desemprego = mais mão de

    mais desemprego = mais mão de obra disputando empregos = salários mais baixos = mais margem de lucros para as empresas listadas na bolsa = subidas maiores das ações quando economia tiver espasmos = mais lucros pra quem compra essas ações.

     

    Será que ele realmente escreveu isto por ignorância? Ou ele é mais um que escolheu os psicopatas como exemplo de sabedoria?

    1. Há um erro básico em todo este teu comentário.

      Há um erro básico em toda este teu comentário, pois com o atual desenvolvimento tecnológico os oprerários poderão em breve receber como remuneração diária uma banana (aquela de comer) e uma cama para dormir e mesmo assim seu custo será maior do que obtido numa fábrica automatizada.

      Passou a época que salários ínfimos de operários não especializados significam algo no preço do produto, pois as fábricas de hoje em dia são bem limpas e não precisam de ninguém para varrê-las.

  26. Construção.
    Podem falar de Dilma e ela realmente errou muito principalmente no segundo mandato. Agora quando abaixou os juros esses mesmos empresários não a apoiaram. Foi por isso que não deu certo. Se fala muito das escolhas do PT para o STF, não vejo como poderiam acertar o meio jurídico com raras exceções é predominantemente conservador só defendeme os ricos, covardes em sua essência só prendem pobres. Enfim, temos um país a se construir em todas as áreas que se olha só se vê mediocridade.

  27. Assim , é fácil ser rico..

    Que Passos seja “um investidor bem sucedido, um dos bilionários do país” não há o que se discutir. Mas não se deve esquecer que parte considerável dessa fortuna advem da utilização indevida da biodiversidade e da astuciosa forma de comercializar produtos Natura sem abrir uma única loja e de não assinar CTPS de suas vendedoras. Dessa forma “sutil” locupleta-se de valores que pagariam tributos, entre os quais a Contrubuição Previdenciária…Assim é fácil ser rico..

  28. Nassif,esta entrevista é
    Nassif,esta entrevista é reveladora, simplesmente querem continuar a sangrar os cofres públicos com o recebimento de juros pornográficos sem produzir uma agulha,vc foi no ponto chave,esse senhor É UM OPERADOR DO SISTEMA FINANCEIRO e somente quer distorcer fatos e iludir o povo,para continuar a extorquir o tesouro nacional!

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