Pedro Rezende: A democracia tutelada do sistema eleitoral

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Entrevista cedida a Luis Nassif

 

Jornal GGN – Um dos maiores especialistas em urnas eletrônicas, Pedro Rezende concedeu entrevista ao GGN sobre a possibilidade de fraudes nas urnas eletrônicas que foram usadas para a votação das eleições neste domingo (26). “O eleitor foi acostumado com um processo eleitoral em que a participação dele como fiscal é praticamente nula. Isso transforma a democracia que deveria ser participativa numa democracia tutelada. Apenas a votação deveria ser secreta. Todo o restante do processo deveria ser transparente“, disse.

Cursando PHD em Matemática Aplicada e professor do Departamento de Ciência da Computação da UNB, Rezende integra o CMind (Comitê Multidisciplinar Independente), grupo que investiga desde 2009 o voto eletrônico no Brasil. Mas seu envolvimento com o assunto vem de 2002, quando tentou ingressar na equipe que analisaria o código dos programas do sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). “Tive que desistir por discordar da exigência de que antes assinasse um termo de sigilo sobre o que viesse a conhecer do sistema”, contou.
 
Ao GGN, Pedro Rezende explicou como a fraude se dá na codificação, uma maneira antidemocrática porque só é acessível a especialistas em computação. “Quando a gente fala do código germinado nos referimos aos programas da maneira que são escritos pelos programadores. Código é a abreviação de código fonte”, esclarece, afirmando que é uma linguagem própria. “Pela lei 9.504, os direitos do eleitor de acompanhar o voto foram trocados pelo direitos dos partidos e do Ministério Público poderem conhecer e examinar o código fonte, isto é, a matriz do programa de resultados da forma como são produzidos pelos programadores”. 
 

 
Rezende explica que a única forma de fiscalização e prevenção para que se tivesse certeza de que as votações não foram fraudadas seria a auditoria antecipada: “A auditoria preventiva possível seria em um momento anterior à eleição e posterior à preparação das urnas, para averigar se de fato há a possibilidade de se inserir programas com assinatura forjada e se passarem como originais pelo TSE”.
 
Ouça a entrevista completa:
 
 

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. poder

    Existe algum órgão capaz de se contrapor ao poder do TSE?

    Os caras fazem o que querem e ninguém faz nada para conter os caras. 

    Eles são mais reais que o rei.

    Não tem uma maneira de obrigar o TSE a fazer uma urna que possa ser verificada? 

  2. é preciso fazer uma campanha

    é preciso fazer uma campanha para o congresso

    aprovar uma lei que garanta a impressão do voto, o

    que garantiria a recontagem, mesmo demorada, se necessário.

  3. Foi graças ao erro dos

    Foi graças ao erro dos fraudadores de esquecer de combinar o resultado das pesquisas de boca de urna que pudemos visualizar o que talvez seja a eleição mais adulterada da história. Mas não cometerão este erro novamente. Vamos espalhar a ideia de fazer na próxima eleição uma pesquisa de boca de urna nós mesmos, com a ideia de provar a todos o que acontece na caixa preta.

    O eleitor após votar pode declarar o seu voto, de forma sigilosa, anotando sua zona, seção e números dos candidatos e depositando em uma urna convencional. Assina uma declaração que se compromete de ter declarado exatamente o voto que digitou na urna eletrônica, até para evitar que se vote duas vezes.

    Se forem declarados mais votos em uma zona e seção do que a que estiver impresso no BU, fica demostrado a fraude. Se isso ocorrer em dezenas, centenas de urnas, fica insustentável a tese de confiabilidade do TSE.

    Espalhem esta ideia.

     

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