Ion de Andrade
Médico epidemiologista e professor universitário
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Pequena análise otimista dos últimos números do Ibope

A última rodada das pesquisas do Ibope parece sinalizar alguns elementos que obrigarão a candidatura Campos a posição de enfrentamento ostensivo da candidatura Aécio, ou desaparecerá.

As razões são as seguintes:

1) A intensidade da artilharia contra Dilma nos últimos meses foi de tal magnitude que os 40% de eleitores fieis que tem parecem ser um piso inabalável.

2) Os votos em branco e nulos somam ainda cerca de 24% ao todo, quando tem tendido a aviznhar-se de 10% , cinco em cada categoria, nas proximidades das eleições. Este contingente, de 14% do eleitorado não comprometido,(24%-10%) é, de fato, o último espaço de disputa possível no contexto atual para todos os candidatos.

3) O eleitor que ainda não se decidiu, pode não distribuir o seu voto na mesma proporção que os que já se decidiram, de forma que a maioria que Aécio desfrutou nesta primeira rodada de definições e que o fez migrar de 14 para 20% das preferências pode não se repetir. Numa eleição polarizada, e já amplamente deflagrada, Aécio pode também já ter chegado ao seu eleitorado potencial. A luta pelo voto dos que ainda não decidiram será possivelmente muito difícil, pois ninguém sabe a razão porque não se decidiram num contexto de campanha aberta e intensa.

4) Eduardo Campos, contrariamente ao que poderíamos presumir no início da campanha, não ocupou a segunda posição à frente de Aécio Neves. Esta situação o obrigará a buscar o eleitor indeciso com um discurso anti-Aécio, ou desaparecerá do cenário de possibilidades e o seu eleitor será dragado pela polarização que está posta. A possibilidade para Campos de trazer eleitores de Dilma é naturalmente muito menor, pois a presidenta já consolidou um dos dois polos na disputa e não é com ela que ele disputa a condição de candidato viável, é com Aécio. Além disto, estando o eleitorado mineiro certamente menos susceptível de migrar da candidatura Aécio para a candidatura Campos, o colégio eleitoral de São Paulo assume condição de arena estratégica para o PSB contra o PSDB, pois não há outro reduto tão volumoso de tucanos disponível no Brasil…

5) A inevitabilidade do conflito pelo segundo lugar obrigará Aécio, (e Alckmin) a posicionar-se contra Campos a bem de manter os seus eleitores e de não perder indecisos, fato incontornável que é muito bem vindo para a candidatura Dilma que deverá explorar a condição de terceiro estável, fiável e seguro. Em suma, a luta dos dois pode produzir perda de eleitores para a candidatura Dilma.

6) Se nesta última rodada os indecisos se repartirem em 33% para cada candidato as chances de segundo turno serão de 50%. Se Dilma receber percentual maior do que 33% as chances de segundo turno diminuem progressivamente.

7) O início do horário eleitoral, que diminuirá a assimetria favorável ao PSDB na mídia, o aprofundamento da crise hídrica em São Paulo, (que antevejo como prato principal da disputa do PSB/ecologistas contra o PSDB), e a militância capilarizada da presidenta, tendem a dar volume a sua campanha ampliando a sua parte na repartição dos indecisos.

8) Em síntese o PSB vai ter que partir apra o ataque em São Paulo e vai ter, se quiser sobreviver, que tentar tirar alguma coisa em Minas.

9) Como as fragilidades do PSDB em São Paulo são de antureza a antever algum sucesso a esta empreitada do PSB/ecologistas, o crescimento de Aécio será efetivamente limitado, ainda que Campos possa não ultrapassá-lo.

Ion de Andrade

Médico epidemiologista e professor universitário

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