Presidencialismo de coalizão, até quando?

A Presidenta fez um movimento ousado na troca das lideranças do Governo no Legislativo. Foi o suficiente para que os conservadores, em sua natural ânsia de conservar, lançassem uma série de vaticínios tenebrosos. Seus seguidores, guias de uma fidelidade canina, também foram atrás. Até Collor foi lembrado. 

O presidencialismo de coalizão é um imperativo? É exatamente isso que está sendo posto à prova neste momento. Será que não temos maturidade mínima para, através de nossas instituições, levarmos até o fim um governo que possua personalidade própria? Entendo que já está na hora da democracia brasileira dar um passo adiante. 

O presidencialismo de coalizão conduz o poder público a trabalhar mal. É um modelo esgotado. Será preciso abandoná-lo, preservando a governabilidade. Os projetos resultantes das negociações políticas, traçados com base no toma-lá-dá-cá, costumam ser monstrengos que não atendem qualquer direção ou princípio coerente. Um exemplo, entre tantos, é o Código Florestal. Sabemos quem é o fraco, sabemos quem é o forte, a ideia é impedir que o forte esmague o fraco. Da coalizão, no entanto, sai um monstrengo.

Vamos arriscar. Este é o momento para embicarmos na direção de um novo caminho, pois a pauta política graúda que seria negociada a médio prazo já foi negociada. Não é o caso de prescindir do Legislativo, mas de, digamos assim, subir o nível. O Congresso deve cumprir o seu papel e adaptar-se a novas formas de atuação política, menos fisiológicas, mais focadas na gestão pública. Nosso desenvolvimento econômico precisa se refletir na concomitante melhora das instituições. Outros países já o fizeram, ou pelo menos conseguiram elevar um pouco a qualidade de suas instituições e da governabilidade. Dilma nos faz sinais auspiciosos. Vamos apoiar, embicar para um novo caminho. Abordagem lenta, mas firme. Na minha opinião, o risco é baixo, as chances de avanço são boas. Além do mais, se não o fizermos, como saber se dará certo?

Redação

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