O esquema da Transpetro com 18 políticos, e PMDB é o maior beneficiário

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Na delação, Machado relembra repasses de mais de R$ 100 milhões ao PMDB, R$ 800 mil ao PT, R$ 550 mil ao DEM, R$ 250 mil ao PP e R$ 100 mil ao PCdoB
 
Jornal GGN – Com a retirada do sigilo da delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, novas denúncias e personagens das investigações vieram à luz. Nos depoimentos, Machado fez questão de não apenas arrolar o grupo do PMDB e de seu padrinho político, Renan Calheiros (AL), como também nomes da direita, centro até a esquerda: DEM, PSDB, PSB, PP, PT e PCdoB.
 
Ainda sem investigações sobre até que ponto os depoimentos de Sérgio Machado trazem provas materiais, o ex-presidente da Transpetro relatou um cenário na política brasileira quase que intrínseco às eleições: contou que o sistema de nomeação de apadrinhados em estatais com o objetivo de arrecadar propinas de grandes contratos e empreiteiras em forma de doações existe desde a Quarta República brasileira, durante o governo militar de Eurico Gaspar Dutra, em 1946.
 
Machado explicou que o sistema funcionava em três frentes:
 
 
Sergio Machado explicou que o esquema de propina nas empresas estatais funcionava, sobretudo, por meio dos aditivos: eles eram “a maior fonte de desvios de recursos públicos”, disse. Afirmou que como presidente da Transpetro, desde julho de 2003 até novembro de 2014, arrecadou os recursos ilícitos, “mas nunca envolveu outros dirigentes da estatal, negociando diretamente com as empresas que venciam as licitações”.
 
Também explicou o jogo de coerção usado, dentro das estatais, com as empreiteiras. Apesar de fazerem parte do esquema, por meio do pagamento de propina, em forma de doações, aos políticos, se as empresas não aderissem ou parassem de pagar a propina combinada, “não sofriam represálias durante a vigência do contrato, mas depois não conseguiam novos contratos”.
 
Ainda que sem provas materiais, os principais políticos que recebiam propina de empresas ligadas à Transpetro eram a cúpula do PMDB: Renan Calheiros (AL), Jader Barbalho, Romero Jucá, José Sarney e Edison Lobão. 
 
Mas, “além destes políticos, o depoente [afirmou que] também repassou propina, via doação oficial, para os seguintes”: Cândido Vaccarezza (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luis Sérgio (PT-RJ), Edson Santos (PT-RJ), Francisco Dornelles (PP-RJ), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Ideli Salvatti (PT-SC); Jorge Bittar (PT-RJ), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Valter Alves (PMDB-RN), Valdir Raupp (PMDB-RO), José Agripino Maia (DEM-RN), Felipe Maia (DEM-RN), Sergio Guerra (PSDB-PE), Heráclito Fortes (PSB-PI).
 
Vaccarezza teria solicitado apoio para a eleição de 2010 e teria recebido R$ 500 mil por meio de doação oficial ao diretório do PT em São Pailo. A quantia seria oriunda de vantagens ilícitas da Camargo Corrêa com a Transpetro. 
 
Sobre a deputada Jandira Feghali (PCdoB) e o deputado Luis Sérgio (PT), Machado afirma que ambos eram defensores da indústria naval e que ambos o procuraram, o ex-presidente da Transpetro comunicava “de onde viria essa doação” cuja origem “eram vantagens indevidas”.
 
No caso de Jandira, a deputada teria recebido a propina por meio de doação oficial da Queiroz Galvão, em 2010, no valor de R$ 100 mil. E Luiz Sergio, também da mesma empreiteira, teria recebido R$ 200 mil em 2010 e mais R$ 200 mil em 2014. Edson Santos, do PT, teria recebido R$ 142 mil da Queiroz Galvão, para a campanha a deputado federal em 2014. 
 
Como presidente do PP, Francisco Dorneles também teria solicitado o “apoio” para a eleição de 2010, recebendo R$ 250 mil da Queiroz Galvão, enviado para a direação estadual do PP no Rio de Janeiro.
 
Henrique Alves (PMDB) chegou a levar algumas empresas de tecnologia e serviços para a Transpetro firmar contratos, mas não obteve avanços, contou Machado. Mas que “o depoente sempre ajudava em época de campanha quando ele ligava pedindo um encontro”. 
 
Ao PMDB, relatou Sérgio Machado, a Transpetro repassou mais de R$ 100 milhões. Desse total, R$ 1,55 milhão foi direcionado a Henrique Alves pela Queiroz Galvão, nos anos de 2008, 2012 e 2014, e pela Galvão Engenharia, em 2010.
 
Como líder do governo e candidata a governadora de Santa Catarina, Ideli Salvati (PT) teria recebido R$ 500 mil pela Camargo Correa, em 2010. Jorge Bittar, também do PT, também teria conseguido uma quantia em forma de doação oficial de R$ 200 mil, pela Queiroz Galvão, repassado ao diretório estadual do Rio de Janeiro.
 
Então presidente do PMDB, Valdir Raupp teria recebido R$ 500 mil, pela empresa Lumina Resíduos Industriais, do grupo Odebrecht, em 2012, no diretório nacional do partido. 
 
O senador Garibaldi Alves (PMDB), também teria recebido R$ 200 mil da construtora Queiroz Galvão, em 2010, e R$ 250 da Camargo Correa, em 2012. Em 2014, enquanto Ministro da Previdência, também teria se encontrado com Machado para pedir a “doação”.
 
Um desses pedidos foi para a candidatura de seu filho, Valter Alves, a deputado federal (PMDB), conseguindo R$ 250 mil da Queiroz Galvão.
 
Ao citar os encontros com os peemedebistas, Sérgio Machado mencionou, mais de uma vez, que foi repassado ao PMDB mais de R$ 100 milhões em sua gestão na Transpetro. Desse total, R$ 700 mil foram para Garibaldi Alves. 
 
O ex-executivo contou que, durante o período eleitoral, José Agripino Maia (DEM) também pediu doações da Queiroz Galvão, uma em 2010, para o senador José Agripino, de R$ 300 mil, e outra em 2014, para o filho do senador, o deputado Felipe Maia (DEM), no valor de R$ 250 mil.
 
Pedido de Temer: R$ 1,5 milhão
 
Sérgio Machado não poupou o presidente interino Michel Temer. O nome do peemedebista é citado 22 vezes na delação premiada. 
 
Em dos momentos, Machado afirma o apoio de Michel Temer ao candidato a prefeito de São Paulo, Gabriel Chalita, em 2012. Que como “não estava bem na campanha”, Temer foi chamado por Valdir Raupp, para solicitar “propina na forma de doação oficial para Gabriel Chalita”.
 
O ex-presidente da Transpetro detalhou uma conversa que teve com Temer, na Base Aérea de Brasília, em setembro de 2012, sobre os recursos para o candidato a prefeito de São Paulo. Detalhou episódios do encontro, em que acertaram R$ 1,5 milhão de doação, pela Queiroz Galvão, a Chalita, a pedido de Michel Temer.
 
Esse valor integrava a cota do PMDB nas propinas articuladas pela Transpetro. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

22 Comentários

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  1. Não nos deixemos ser
    Não nos deixemos ser manipulados,cadê as provas?
    A mídia e o Judiciário golpista quer passar a imagem de isentos
    e apartidários ao mundo e aos brasileiros,não caiam nessa!
    O QUE DE EFETIVO ACONTECEU AO AÉCIO,O MAIS CITADO
    NA LAVAJATO? Falar até papagaio fala!!

      1. sem entrar no mérito de se as

        sem entrar no mérito de se as acusações são verdadeiras ou não, acho que voce deveria ter lido a matéria. Há deputados do PT e a deputa Jandira Feghali do PC do B na denuncia.Então voce não precisa de provas para acreditar nessas denuncias? Só a Dilma e o Lula se salvam e o resto dos companheiros que se danem junto com os ex-companheiros agora golpistas do PMDB? A capacidade de pensar anda baixa na politca hoje em dia…

      2. Se mostrassem provas contra
        Se mostrassem provas contra Dilma,acreditaria sim,e não
        esse diz que me disse, não vou na onda da mídia,votei na
        Dilma no segundo turno e sou contra o golpe,nada contra ela!

  2. Esse era o jeito antigo de

    Esse era o jeito antigo de fazer política, de TODOS os políticos fazerem política. Tomara que o fim do financiamento de campanha por empresas junto com a lei que criminaliza corruptor e a que criminaliza caixa dois (falta aprovar) ajude a consertar isso… Mas o que vai consertar de vez é o passar do tempo, a morte dos velhos políticos e a insistência dos progressistas nessas pautas até lá.

    Ora, até a libertação de escravos parecia estranho a quem viveu no tempo em que era legal.

  3. Coitadinhos dos tucanos…

    Não receberam nada!

    Agora contem outra piada. Esta é antiga.

    Parece que o grande irmão quer colocar o Serra no poder de qualquer maneira.

  4. Consultor Jurídico
    “Por
    Consultor Jurídico

    “Por temer que seus familiares fossem envolvidos na operação, tal como aconteceu com os filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com a mulher e a filha do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Sérgio Machado obteve do Ministério Público Federal o compromisso de que o órgão não oferecerá denúncia nem de qualquer forma proporá ação penal contra Daniel Firmeza Machado, Sergio Firmeza Machado e Expedito Machado da Ponte Neto.

    O MPF também se comprometeu a adotar medidas para assegurar a máxima proteção dos nomes, endereços e dados dos filhos do ex-presidente da Transpetro. Além disso, os procuradores garantiram que postularão à Justiça, se necessário, medidas cautelares para resguardar a segurança dos Machado. Entre elas, a inclusão deles no programa federal de proteção a testemunhas previsto na Lei 9.807/1999.
    Machado obteve do MPF o compromisso de que não haverá denúncia contra seus filhos.
    Reprodução
    Obviamente, a proteção não vem de graça. Pelo acordo de delação do pai deles, divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Daniel, Sergio e Expedito concordaram em colaborar com as investigações da “lava jato” a qualquer tempo. Eles ainda passaram a responder solidariamente pela multa de R$ 75 milhões que Sérgio Machado terá que pagar. E os bens dos filhos que constam de suas últimas declarações do Imposto de Renda servirão de garantia à quitação desse valor.”

  5. fica claro que tudo estava

    fica claro que tudo estava sendo armado, os corruptos todos prontos, desde dos tempos de FHC e se esse com os maiores  diplomas do mundo nada fez para acabar com tudo quanto era corrupção, não seria um semi analfa que faria nada que não aprofundar mais ainda toda desgraça

  6. agora dá para entender…

    os contratos que não eram renovados ou continuados na Eletrobras

    assim como também os projetos abandonados de um dia para outro

    estes fdps sempre impediram o Brasil por dinheiro

  7. Escandalo

    Algo pode ser tirado como verdade; a mídia que fazia um escandalo no caso “mensalão” e falava do assunto quase todo dia, hoje deu a notícia sem grande comoção e sem comentários. Assisti o Jornal da Band e o Boechat sempre tão indignado com os políticos, deu a notícia sem mexer um músculo da face.O Jornal da TV Brasil deu mais detalhes sobre o fato.

  8. Essa é boa, misturar doação

    Essa é boa, misturar doação oficial de merreca de 100 mil, 500 mil pra políticos da esquerda e chamar de propina, é muito cara de pau! E chamar de doação 100milhões e depois falar que é propina para partidos da direitona. A ordem é manipular, manipular e manipular…misturar tudo, chacoalhar e tentar confundir as pessoas. Cara de pau esse Moro e esse delator. delação= incriminar o PT, livrar o PSDB, queimar o PMDB pra ganhar pena 0 e ter que devolver uma ninharia aos cofres públicos. Tá mais pra Felação premiada!

     

  9. Com Moro o crime compensa: 11 a 3 !

    Esse cara vai ficar 3 anos “em casa”.

    Vai poder sair para ir ao médico, ao casamento do neto, ao enterro do amigo e onde mais aquela excelência o autorizar. 

    Machado roubou muito dinheiro. Fala-se dos 11 anos na Transpetro. E antes!?

    É como se ele tivesse prestado um grande favor ao Moro.

  10. Loteamento

    Para cada político, para cada partido uma diretoria para “assegurar a governabilidade”: Collor, a BR Distribuidora, PMDB, a Trabspetro, Aécio, Furnas, PT: Abastecimento, Cunha: diretoria internacional. O Brasil precisa urgente de um plebiscito para Cobstituinte e reforma política. Esse sistema político- partidário apodreceu completamente. Se não houver mudança, podemos desistir do Brasil.

  11. Até a Jandira Feghali…

    Estamos vivendo um tempo de catarse politica. So espero que saiamos desse patamar da praxis politica para outro ciclo, com muito mais transparência e progresso real do Brasil. Tudo isso ai esta fedendo muito, tem que morrer e ser enterrado.

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