Em meio aos cortes de Milei, província argentina emitirá “quase-moeda” própria para pagar servidores públicos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Na rede social X, Milei ironizou a medida do peronista Ricardo Quintela e alertou que, em caso de crise, o governo não irá resgatar as moedas

Foto: Twitter Javier Milei – @JMilei

A província de La Rioja, no noroeste da Argentina, aprovou na última quarta-feira (17) a emissão de uma “quase-moeda” própria, alternativa ao peso, para bancar o salário dos funcionários públicos, após cortes do repasse federal do governo ultraliberal de Javier Milei.

O governador de La Rioja, o peronista Ricardo Quintela, afirmou que a nova moeda se trata de “um título de cancelamento de dívida“, apelidado de  “bocade” e chamado informalmente de “El Chacho”.

Somos obrigados a isso pela velocidade, a brutalidade, a crueldade do ajuste que se precipitou em 20 dias”, declarou Quintela, em referência ao pacote de econômico de Milei, que determinou o corte de recursos federais discricionários (não obrigatórios) às províncias. 

Em La Rioja, 65% do emprego formal pertence ao setor público, segundo os dados oficiais. Quintela chegou a anunciar um plano de reajuste salarial, mas afirmou que não havia recursos para esses pagamentos. Agora, a nova quase-moeda irá quitar 30% dos salários estatais.

O Legislativo provincial autorizou a emissão de 22,5 bilhões de pesos argentinos, cerca de R$ 135,6 milhões de reais no câmbio oficial atual, na quase-moeda, que serão adicionadas à circulação monetária junto com o peso e podem ser utilizadas como meio de pagamento somente em La Rioja. 

O governo provincial justifica ainda a emissão dos bocades com a falta de resposta do governo Milei à reivindicação de uma dívida vinculada a impostos federais de cerca de 9,3 bilhões de pesos (R$ 56 milhões de reais), em disputa entre o Estado e La Rioja na Suprema Corte.

A reação de Milei

Na Argentina, a medida não é uma novidade. Desde 2001, quando eclodiu uma grave crise econômica, há várias quase-moedas provinciais de uso cotidiano.

Na rede social X, Milei ironizou a medida de Quintela e, apesar de não proibir, alertou que – em caso de crise – o governo não irá resgatar as moedas. Isso porque, em 2004, quando estavam muito abaixo de seu valor nominal, as quase-moedas foram totalmente absorvidas pelo Estado nacional.

E pensar que durante a campanha me trataram como um louco por postular um esquema em que havia livre concorrência cambial e agora o estão promovendo. Deem as boas-vindas à competição entre moedas provinciais, que, quero salientar, ao contrário do que aconteceu no passado, não serão de forma alguma resgatadas pelo governo federal”, escreveu Milei, da Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial de Davos.

Ainda, vale ressaltar, que a disseminação de emissão de moedas provinciais pode trazer problemas para o acordo celebrado pela Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que estabeleceu a exigência de eliminação desses instrumentos como condição para o socorro ao país.

Com informações da AFP

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