Raul Castro completa 4 anos no poder

Raúl Castro completa quatro anos no poder dedicados às reformas em Cuba

France Presse

Publicação: 24/02/2012 13:43 Atualização:

 (Ismael Francisco )  

Havana – Raúl Castro completa nesta sexta-feira (24/2) quatro anos como presidente de Cuba entre pressões de simpatizantes que pedem mais velocidade em suas reformas e críticas da oposição e de Washington, que consideram estas mudanças “lentas” e “cosméticas”. O general-presidente de 80 anos consumiu 40% de seu tempo na presidência, já que, após substituir interinamente seu irmão doente Fidel em 2006, e ser eleito presidente pelo Parlamento em 2008, limitou os cargos em Cuba a dois mandatos de cinco anos, período no qual terá que implantar seu projeto de mudanças.

Raúl permanece firme em sua estratégia “passo a passo” nas mudanças, “sem pressa, mas sem pausa”, o que faz o acadêmico cubano-americano Arturo López Levy, de Denver, Colorado, pensar que “não parece consciente dos custos de um excessivo gradualismo”.  “A lentidão na aplicação das aberturas, incluindo a reforma migratória e a ausência de uma política que incentive os investimentos de cubanos do exterior, está tornando mais difícil e doloroso o ajuste econômico”, disse López Levy à AFP.

Em quatro anos, Raúl ajustou a equipe e a estrutura de Governo, abrindo o poder aos militares, trocou meia centena de dirigentes da época de Fidel, e impôs a racionalidade econômica sobre os critérios políticos. Ainda assim é necessária “a atualização do modelo político”, disse o acadêmico cubano Julio César Guanche em um recente artigo, pedindo “a democratização das práticas partidárias e estatais, a urgência de mecanismos de governo mais eficazes, responsáveis e transparentes, a necessidade de regularizar a proteção de direitos cidadãos”.

Raúl também deu aos cubanos a possibilidade de se hospedar em hotéis e comprar computadores e eletrodomésticos, assim como eliminou outras “proibições excessivas”. Sua maior atividade se concentrou na economia: convocou um Congresso do Partido Comunista que aprovou mais de 300 mudanças para “atualizar” o esgotado modelo econômico de cunho soviético para torná-lo mais rentável. A prioridade é aumentar a produção de alimentos, e para isso repartiu parcelas em usufruto, melhorou os preços aos produtores, liberou a venda de implementos agrícolas e ofereceu créditos. Mas os avanços ainda são lentos.

Também ampliou o trabalho privado, prepara as bases legais de pequenas e médias empresas estatais e cooperativas urbanas de produção e serviços e começou um processo de autonomia das indústrias estatais. O centro de suas reformas – disse Raúl – é conservar o socialismo, razão pela qual manteve a propriedade estatal de terras, propriedades, subsolo, indústrias ou outro elemento negociado com o capital estrangeiro ou com trabalhadores privados.

Luis Nassif

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