Santa Bárbara, o guerrilheiro de Feira de Santana

Do blog do Horácio Amorim

Santa Bárbara: o aniversário de um Guerrilheiro

Com uma destacada atuação no movimento estudantil de Feira de Santana, Luiz Antonio Santa Bárbara, foi um dos principais nomes da resistência ao regime militar no Brasil, se vivo estivesse completaria hoje (08/12/2010) 64 anos de idade. Por ironia do destino 64 também foi o ano que mudou para sempre a sua vida e a de muitos os brasileiros, na madrugada de 31 de Março para 1º de Abril daquele ano, foi deflagado o golpe de estado que destituiu as instituições democraticas do poder e estabeleceu um regime totalitário. Feira de Santana foi uma das cidades mais atingidas pela nova ordem, de acordo com a resolução nº 55/A64 da Câmara Municipal, datada de 08 de Maio de 1964, o Sr. Francisco Pinto foi impedido de exercer o mandato de prefeito, mesmo tendo sido eleito democraticamente; alguns estudantes tiveram suas vidas vasculhadas e muitos foram presos, encontra-se no Jornal Folha do Norte nº 3132, de 26 de Abril de 1969, uma publicação na qual, foi dado conhecimento sobre a instauração de inquerito policial para apurar ações subversivas no meio estudantil feirense, entre os suspeitos encontrava-se o nome de Santa Bárbara, que ao final dos anos 60 era um dos principais integrante do Movimento Republicano 8 de Outubro (MR-8) e um dos revolucionários mais procurados pelo Regime.

Em todo o mundo, os anos de 1960 foram marcados pela rebeldia da juventude, alem das manifestações estudantís, os movimentos culturais foram marcantes: movimentos hippie, as manifestações de cinema, teatro e os festivais de músicas, um tempo em que os jovens de todo mundo curtiam os Beatles, Rolling Stones e Bob Dylan. E no Brasil, a repressão tentava deter uma produção cultural recheada de criticas: “Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré; Apesar de você, de Chico Boarque; Alegria, alegria e Tropicália com Caetano Veloso; Domingo no parque, de Gilberto Gil; a peça Roda Viva do próprio Chico Buarque; no cinema girava Terra en Transe de Glauber Rocha e “Manhã Cinzenta” de Olney São Paulo era censurada pelo regime, assim como, tantas outras obras e vozes foram silenciadas.

Segundo Gramsci (1995), Possibilidades quer dizer caminhos que o homem pode ou não seguir: sendo possível reagir ou aceitar. Luiz Antonio não aceitou viver em uma sociedade marcada pela imposição, optou por reagir. No início dos anos de 1970 encontrava-se no município de Brotas de Macaúbas, na companhia do ex-capitão, Carlos Lamarca, que havia desertado do exército em São Paulo e feito adesão ao movimento revolucionário, passando a integrar a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), mas, naquele momento havia se deslocado para a Bahia, através do MR-8, movimento do qual Luiz Antonio tambem fazia Parte, juntos tinham a missão de organizar a resistência para combater o regime, todavia, no dia 28 de Agosto de 1971, ocorreu uma grande operação militar na Fazenda Buriti Cristalino e Luiz Antonio Santa Bárbara é Morto, de acordo com o Jornal Tribuna da Bahia (nº 577), datado de 18 de Setembro de 1971.

Luiz Antonio Santa Bárbara, embora tenha nascido em Inhambupe, teve grande parte da sua vida em Feira de Santana, onde estudou e fez militância estudantil nos Colégios Municipal Joselito Amorim e no Estadual. Sua data natalícia deve ser lembrada pela contribuição que prestou à história recente do município e principalmente pela forma como defendeu os seus ideais de democracia e liberdade.

Luis Nassif

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