Sistema econômico liberal “não funciona”, afirma Ladislau Dowbor

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Em entrevista exclusiva, professor da PUC-SP aponta problemas do modelo vigente no Ocidente e o efeito em cadeia da menor presença do Estado

Ladislau Dowbor, economista e professor titular de pós-graduação da PUC-SP – Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A diferença de relacionamento entre os grandes grupos econômicos e o Estado acaba se refletindo no desempenho das economias: enquanto economias com foco liberal tem apresentado estagnação, quem tem grande influência do Estado tem melhores resultados.

Em entrevista exclusiva à TV GGN 20 horas desta segunda-feira (18/04), o professor Ladislau Dowbor lembra que esse modelo de redução do Estado teve início nos anos 80, por meio do presidente norte-americano Ronald Reagan e da premiê britânica Margareth Thatcher.

“O Estado é fundamental porque o bem estar das famílias – e a economia se trata disso, se trata de melhorar o bem-estar das famílias”, diz Dowbor, professor titular no departamento de Pós-Graduação da PUC-SP, aos jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler.

Dowbor explica que o bem-estar das famílias depende em 60% de se ter dinheiro no bolso para despesas como compras e aluguel, enquanto os 40% restantes representam o acesso a bens públicos, o chamado “salário indireto”.

“Você precisa de segurança, mas não compra a delegacia. Você não compra hospital, não compra escola, não compra um parque na cidade, não compra um rio limpo”, diz Dowbor.

Agora, quando se perde isso com a redução do papel do Estado, você joga todas essas coisas essenciais para o setor privado, o que gera custos. Então, você fragiliza a situação das famílias”.

O efeito em cadeia da menor presença do Estado

Pode-se dizer que a redução do papel do Estado gera um efeito em cadeia a partir do impacto gerado nas famílias, por conta do aumento do endividamento das famílias – e consequente enriquecimento dos grupos financeiros.

Segundo Dowbor, a demanda das famílias fica comprometida nos dois níveis – “acesso a bens públicos e o acesso a bens essenciais, sua capacidade de compra”.

“Quando você fragiliza as famílias, você fragiliza o principal motor da economia”, afirma Dowbor. “No Brasil, as empresas estão trabalhando a 70%, quando já não fecharam – lembre que o Brasil está se desindustrializando – baixou de 23% para 11% apenas do PIB no Brasil a parte industrial, porque você fragiliza pela demanda”.

E quando as empresas trabalham com 70% de sua capacidade, o desemprego também aumenta, e os números deixam esse impacto claro.

“Nós temos o desemprego na faixa de 15 milhões de pessoas, o desalento na faixa de 6 milhões, e temos 40 milhões de pessoas no setor informal”, diz o professor da PUC-SP. “Se você soma os 40 milhões do setor informal, 15 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados, você tem quase 60 milhões de pessoas subutilizadas no país”, afirma Ladislau Dowbor.

Ou seja: você tem um sistema que travou a situação das famílias, que trava a situação das empresas porque não tem para quem vender, e os juros para as empresas são de nível de agiotagem no Brasil. E você tem o endividamento do Estado, que fragiliza o Estado”.

“Na realidade, você travou os três principais motores da economia, que é o consumo das famílias, a demanda das famílias, a atividade de investimento industrial e a atividade do Estado”, diz Dowbor.  “Como modelo, esse sistema (econômico liberal) não funciona”.

Veja mais a respeito da deterioração do modelo econômico ocidental na entrevista com o professor Ladislau Dowbor, disponível na íntegra do TV GGN 20 horas. Clique abaixo e confira!

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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