Usinas com esmagadoras ampliam receita

Prover as usinas de biodiesel de infraestrutura para esmagamento dos grãos de soja pode significar receita maior para as empresas e mais confiabilidade no abastecimento dos grãos.  Embora o investimento em plantas mais preparadas seja maior, pesquisa sobre o tema, realizada pela USP, aponta que é benéfico à indústria de biodiesel, mas é preciso continuar a busca por oleaginosas mais produtivas.

As usinas de biodiesel, mais modernas, instaladas nos últimos cinco anos, não contemplam unidade de esmagamento de grãos de soja, principal matéria prima para o produto.  A maioria delas compra o óleo.

Ao início do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel houve uma adaptação nas plantas que esmagavam o grão da soja, com uma planta anexa que passou a receber o óleo e transformar em biodiesel, mas essas são apenas 20% das indústrias e biodiesel, explica o pesquisador da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) USP, Pedro Sarmento.

De acordo com o pesquisador, para as esmagadoras, o biodiesel foi muito bom, porque elas produziam o farelo e o óleo, vendiam no mercado interno ou exportação. Com o biodiesel ela passou a ter três produtos para venda: óleo, farelo e biodiesel. Mas, para a indústria do biodiesel é muito perigoso, porque o preço do óleo é muito volátil. Tem momentos em que as indústrias podem perder muito dinheiro. É arriscado o negócio para quem compra só o óleo.

A junção das etapas que envolvem a produção do biodiesel seja cara, mas o custo pode ser amortizado com a ampliação de produtos. Como o óleo é resíduo do processo de esmagamento, ganhos adicionais vêm da comercialização do farelo, além do próprio biodiesel.

Ele complementa que as usinas mais novas estão percebendo a importância do esmagamento. Mas isso ainda pode ser problemático por conta do alto custo que envolve a implantação de toda infraestrutura necessária para dominar todo o processo.  

Embora a instalação de esmagadora na usina de biodiesel possa resultar em um maior faturamento, o mais viável seria culturas mais produtivas em termos de óleo, já que ao contrário do etanol o biodiesel ainda não tem uma matéria prima ideal, e é alicerçado na soja por conta da extensa produção do grão no país.  Novas oleaginosas com melhor produtividade e preços mais acessíveis reduziriam a dependência do óleo de soja das esmagadoras, resultando em um processo mais barato.

Pesquisa

Para a coleta dos dados foram visitadas duas unidades de produção de biodiesel no Mato Grosso, uma com estrutura para armazenamento, esmagamento dos grãos e transterificação. A outra unidade conta apenas com a infraestrutura para a produção de biodiesel.

De acordo com o pesquisador, a avaliação foi feita partindo de princípios econômicos e sociais. “Sob a ótica do setor privado examinamos a rentabilidade do projeto sob as condições econômicas e financeiras em vigor, incluindo possíveis subsídios creditícios e fiscais”, conta Sarmento.  “Do ponto de vista social, observamos o preço dos insumos e produtos vinculados ao preço de mercado internacional”, explica.

Por fatores econômicos o maior investimento em uma planta com todos os ciclos do grão também geraria outros produtos, ampliando a receita e reduzindo os riscos com a compra do óleo de soja.

De 2005 pra cá, as indústrias que começam a surgir contam apenas com o processo de transterificação, não há esmagamento. Elas compram óleo de outras fontes para complementar o mix do biodiesel, atendendo critérios da ANP.  “Aquelas usinas que compram o óleo de soja para produzir o biodiesel estão sujeitas a um risco elevado de preço deste produto e necessitam de matérias primas alternativas como o óleo de algodão e a gordura animal para que suas margens se tornem positivas”, aponta o engenheiro agrônomo.

A planta sem esmagamento não apresentou viabilidade econômica, especialmente por conta do alto preço da soja na região. Do ponto de vista privado, o atual nível de subsídio fornecido pelo governo federal somente garante a viabilidade da primeira usina, com esmagamento.

A segunda, sem esmagamento, necessitaria de outras matérias primas ou de maiores somas para se viabilizar. Do ponto de vista social, utilizando o custo de oportunidade dos produtos, nenhuma das usinas traz benefícios para a sociedade, os dois projetos são inviáveis. Apesar disso, a segunda usina é mais interessante socialmente quando comparada a primeira, além do subsídio necessário para viabilizá-la ser bem menor.

Redação

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