Vale a pena desconectar e experimentar

Há um tempo, adolescentes que éramos, esperávamos ansiosos o fim de semana para, turma reunida, confraternizar nos bancos das praças. Uns anos depois, as moças com blusas e batons emprestados umas das outras, os moços de cabelos brilhantes, encontrávamo-nos nas festas e nas boates. Nesse tempo, ser popular era fazer parte de determinado grupo no colégio, sair com pessoas legais, ser cumprimentado aonde quer que se fosse.


Hoje não é diferente: as jovens ainda trocam suas roupas, os rapazes ainda usam a cabeleira emplastrada de gel. Mas popularidade também é medida pelo número de amigos no Facebook, pela quantidade de comentários e curtidas nos links ou fotos que postamos, dos vários seguidores no Twitter e no blog… e por aí vai. É o chamado capital social, tão valorizado, tanto em perfisde anônimos – não tão anônimos assim,os 15 minutos de fama de Andy Warhol tornaram-se eternos na rede – e tão imprescindível em sites de empresas e profissionais que, se antes integravam as Páginas Amarelas, atualmente povoam o mundo virtual.


Diferente, talvez, sejaver alguém enfeitar-se para, em lugar de abrir a porta, ligar a webcam. E permanecer trancado no quarto durante todo o happy hour. Alguns pais zelosos, acompanhantes desta coluna, podem ler estas linhas e dizer, só para si: “Isso até que é bom, assim meus filhos estarão seguros em casa.” Compreensível. Todavia, e sem levar em conta os perigos que residem nas teias da própria Internet, sobre os quais já discorremos, questionamos: e o relacionamento interpessoal, tão importante à nossa convivência?


Não há nada de errado em querer se destacar na web. Pelo contrário, é justo e necessário. Pelo bem dos negócios, e até mesmo da vida privada, que eventualmente merece um upgrade. O problema está em aparecer apenas no ambiente online. Representar papéis e estilos de vida fictícios pode ser inocente e divertido, porémrestringir-seao espaço de um apartamento, tendo por companheira uma máquina fria e despersonalizada, por interessante que seja, obviamente não é saudável.


A qualquer dia, qualquer hora, são diversosos colegas– os que conhecemos realmente – nas mídias sociais. Então, porque não aproveitar e exercitar o contato off-line (ao vivo), utilizando as ferramentas do ciberespaço? Por que, em vez de descer sempre a barra de rolagem, de conversar em 140 caracteres, não valer-se da tecnologia para equilibrar um pouco as coisas e convidar,incitar a estar face a face com gente agradável, dar um beijo, um abraço caloroso, bater um papo olhando nos olhos? Bacana? Deu vontade? O velho método jamais será retrógrado, portanto, vale a pena desconectar e experimentar… 



Por Daniele Barizon 
            Publicado no Entre-Rios Jornal em 18 de maio de 2013
(Edição impressa em 18 de maio de 2013)
Redação

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