Velloso diz que sua amizade com Aécio não vai influenciar gestão

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O presidente Michel Temer teria pedido ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Mário Velloso, que ajude “a salvar o Brasil”, assumindo o posto do Ministério da Justiça, no lugar de Alexandre de Moraes.
 
Lembrando que a ajuda ao Brasil viria do amigo da família e do próprio político Aécio Neves (PSDB-MG), há mais de 30 anos. A proximidade de Velloso ao PSDB vai além: advogou para o senador.
 
O ex-ministro do STF tem  apoio total do PSDB, principal partido aliado de Michel Temer, e traz a imagem tão perseguida pelo presidente de “perfil inquestionável”, não podendo dar tantas margens a críticas da opinião pública, relativas por exemplo, a avanços da Operação Lava Jato, sobretudo na atuação junto à Polícia Federal.
 
Isso porque, publicamente, Carlos Velloso é visível “fã” da Operação Lava Jato, anunciando apoios e elogios a toda a imprensa sobre a conduta do juiz da Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. 
 
“O juiz Sérgio Moro tem demonstrado muita independência, tem mostrado que é possível examinar, estudar, processar e decidir, em tempo razoável, aqueles que são levados à barra da Justiça. Então, o comportamento dele é elogiável. Sérgio Moro está prestando um grande serviço à sociedade”, disse em entrevista, em novembro de 2016.
 
A peça seria chave e isonômica não fosse por sua extrema proximidade a Aécio e a cúpula tucana do governo Temer. Apenas ao senador, Velloso o defende em duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), cujo relator é o ministro Gilmar Mendes.
 
Ainda foi o ex-ministro do STF que assinou um parecer em defesa de Aécio sobre o caso do aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, próximo a fazenda da família do tucano e cujo governo de Minas gastou quase R$ 14 milhões na construção do aeródromo. 
 
Se aceitar o posto oferecido por Temer, mas intermediado pelo próprio Aécio (em reunião que o parlamentar tinha com o presidente da República, nesta terça), o ex-ministro promete que sua amizade com o tucano e a família não irá influenciar na gestão.
 
A resposta, de praxe, é porque se aceitar o cargo que foi claramente indicado pelo senador, Velloso será responsável pelo comando da Polícia Federal, que apesar de órgão teoricamente independente, é subordinado ao Ministério da Justiça.
 
Ainda, em sua atuação na advocacia, o ex-ministro do Supremo é apontado por outros advogados como “selecionador”, por dar preferência a pessoas próximas. Além de Aécio, comanda casos como do deputado Afonso Motta (PDT-RS), investigado na Zelotes, e tem seu escritório atuando diretamente em processos de tribunais superiores.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. A questão não é a amizade

    A questão não é a amizade entre o Ministro e o futuro réu na Lava Jato.

    O que é relevante neste caso é a relação profissional entre o Ministro e alguém que deve ser perseguido pelo Estado.

    É óbvio que Velloso usará o cargo para beneficiar seu cliente.

    A advocacia administrativa é crime.

    Quem vai meter o Ministro do usurpador na prisão?

    O MPF-PGR que tem protegido acintosamente o mafioso tucano de Minas Gerais?

     

  2. Velloso desiste do MJ

    17 DE FEVEREIRO DE 2017 ÀS 12:26 // RECEBA O 247 NO TELEGRAM Telegram

     

     

    247 – O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, escolhido por Michel Temer para ocupar o ministério da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes, não irá aceitar o cargo. Ele já teria ligado para Temer e comunicado sua desistência.

    Se virasse ministro, Velloso teria de fechar o escritório de advocacia que tem com o filho, e todos os contratos com diversos clientes – entre eles a Chevron – teriam de ser cancelados.

    A indicação do nome de Velloso foi feita pelo senador Aécio Neves (MG), para quem Velloso trabalha e diz não cobrar honorários, e provocou irritação na bancada do PMDB na Câmara, onde deputados começaram a chamar o tucano de “traidor”. Os dois partidos disputam espaços no governo Temer.

    Agora, Aécio tenta emplacar na vaga o procurador mineiro José Bonifácio Borges de Andrada, que é o número 2 da Procuradoria Geral da República. Andrada está como vice na PGR, onde substituiu Ela Wiecko, também por indicação do presidente do PSDB.

     

  3. Velloso não só amigo, mas

    Velloso não só amigo, mas advogado de Aécio Neves…

    “Tutto in famiglia”. Velloso no Ministéria da Justiça (e ex-STF); Alexandre Moraes no STF; Aécio delatado na lavajato, envolvido e suspeito de inúmeros atos ilícitos; Elke Batista o esquecido rei de “mineradoras” (nióbio, ferro, ouro…) preso para “voluntária” delação premiada… e assim vai…

  4. Que coincidência incrivel !!!!!!!!!

    Materia no Conjur:

    http://www.conjur.com.br/2015-mai-05/stj-julga-pedidos-milionarios-homologacao-decisoes-estrangeiras

    Olha so a coincidência incrivel !!!!!!!!!

    “No STJ, a Chevron é defendida no caso pelo advogado e ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso”.

    PS:Parece que ele recusou o posto segundo o brasil247………o globo diz que “resiste a assumir”…..

  5. Mas não é possível que não

    Mas não é possível que não tenha um jurista que queira vincular-se a esse governo.  Não dá pra descolar um diploma pro Beira-Mar? Deve vender é muito lá no IDP.

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