Wladimir Costa, o algoz de Cunha, é um de nós, por Lúcio Flávio Pinto

Jornal GGN – O jornalista Lúcio Flávio Pinto traça um perfil de Wladimir Costa, deputado federal do Pará pelo Solidariedade em seu quarto mandato e que mudou de posição e passou “de fervoroso adepto” de Eduardo Cunha para seu algoz na Comissão de ética.

Para o jornalista, Wlad consegue atenção graças à cobertura intensa da crise política, que dá destaque para figuras que “seriam anônimas por qualquer critério que não fosse o da casualidade”. Wlad também é classificado como bizarro, mal educado, incivilizado, “pobre no vocabulário e indigente nas ideias, quando as tem”. 

Lúcio Flávio conclui que Wladimir é o “retrato fiel de um Pará que não nos representa, mas é o Pará que se forjou com a nossa leniência, omissão, adesão e cumplicidade”. Leia mais abaixo:

Enviado por Wagner F.S.

Comentário ao post “Xadrez de um interino com a marca da suspeita

Nassif, o texto baixo é do brilhante jornalista Lúcio Flávio Pinto e desnuda o antes obscuro Dep. Wlad Costa. Mas eu diria que Wlad não é apenas o Pará, é o Brasil. O texto abaixo é o fiel retrato da era que vivemos:

Do blog de Lúcio Flávio Pinto

Wlad é o Pará

Wladimir Costa cumpre seu quarto mandato como representante do povo paraense na Câmara Federal, onde tem assento há 12 anos. Foi reeleito, em 2014, pelo segundo partido a que se filiou, o Solidariedade (antes foi do PMDB), como um dos mais votados, com 141 mil votos.

Obscuro, improdutivo e inconstante, o deputado finalmente está conseguindo seus dias de glória, graças à maciça cobertura da crise política pela imprensa nacional, que distribui como maná os 15 minutos de fama a pessoas que seriam anônimas por qualquer critério que não fosse o da casualidade. Não é por inteligência, argúcia, conhecimento ou serenidade que o parlamentar está se tornando famoso.

É por ser bizarro, mal educado, incivilizado, pobre no vocabulário e indigente nas ideias, quando as tem. Num parlamento que tudo aceita, ele se destaca por ser um dos piores dentre os piores.

O cidadão paraense tem vergonha desse exemplar de primarismo e truculência carnavalesca na Câmara Federal? Como, então, lhe confere o título de campeão de votos há quatro eleições? Ele é uma versão piorada de quem o elege? Talvez não.

Wladimir Costa é inteligente e esperto. Mas fala sobre o que desconhece, se inspira no mais suspeito senso comum. Não tem princípios e age como torcedor fanático em campo de futebol (com radinho de pilha no ouvido). Por ser radialista e dono de aparelhagem, ele é o Wlad simpático, gente boa (certamente com seu cartão Yamada), generoso, caridoso, sempre à disposição dos que dele precisam.

Faz muito barulho porque se criou e vive no barulho. É pouco provável que exista capital no mundo mais barulhenta do que Belém do Pará, cevada na cacofonia mental e nos decibéis como argumento. As leis proíbem os abusos. Pois lei não é potoca no Grão Pará?

É isso para Wlad, seus eleitores e alguns milhares de paraenses, mais iguais do que a maioria, isolados no seu egocentrismo, num individualismo selvagem, regidos por uma única lei: a do mais forte. E pelo predomínio do mais oportunista e audacioso – e também inescrupuloso.

Assim, o que interessa é aproveitar as ondas favoráveis e embarcar nela, indiferente à trajetória de vida, à opinião da véspera, à posição de antes. Foi o que fez o deputado Wlad, mudando subitamente de fervoroso adepto do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, para seu algoz na comissão de ética. Contribuiu – tão positivamente quanto de forma inescrupuloso, como os ratos em navio que vai ao fundo – para fazer avançar o processo de cassação do mais mafioso dos integrantes do parlamento brasileiro. E o mais cínico, por isso vitorioso?

Esse tipo de personagem não só se “dá bem”: é consagrado, vira exemplo, se torna herói, como alguns dos que, a soldo (nada de espírito olímpico), pago pelo erário, carregaram ontem a tocha olímpica por Belém. Representantes da educação, da cultura, do saber, da ciência, da competência intelectual no Pará? Este é um Estado de vazios, terra nula?

São escolhidos os membros de máfias e igrejinhas, os que recebem favores e devolvem favores, os participantes fieis da pantomima. Como as que o deputado Wlad agora repete na Câmara, a anterior no afastamento da presidente Dilma Rousseff, ao aparecer para votar enrolado na bandeira do Pará.

Qual a justificativa do seu voto pelo impeachment: homenagem à sua “mãezinha”. Declaração seguida por um brado barulhento (“quem vota sim põe a mão pra cima!”) e arrematada pelo estouro de um lança-confete no plenário.

Circo? Não, realidade. Praticando esse espetáculo circense lesivo nos seus programas de rádio e televisão, Wlad provocou pelo menos quatro ações por crimes contra a honra,injuriando, difamando e caluniando. Ah, mas ele é ficha limpa: não foi condenado em nenhuma das ações, que ainda tramitam pela justiça.

Falha do judiciário local? Wlad também é réu em uma ação que tramita com a mesma lassidão no Supremo Tribunal Federal. O relator, Edson Fachin, julga a participação do deputado em um suposto esquema de desvio de recursos públicos entre 2003 e 2005, em Belém.

Este é o Pará bárbaro, selvagem, violento, incivilizado, estúpido e cruel em que nos transformaram os ocupantes da terra, seus colonizadores e donos, e ao qual nos afeiçoamos, nos alienando do nosso patrimônio e da nossa história.

Que venham novos Wlad. Eles são o retrato fiel de um Pará que não nos representa, mas é o Pará que se forjou com a nossa leniência, omissão, adesão e cumplicidade – e também com a nossa covardia. Um Pará que perdeu o domínio da sua história, incapaz de juntar o “antes” ao “agora”, com um projeto de “depois”. Um Pará desnaturado, que pega as migalhas do banquete como os canoeiros da beirada do rio na passagem dos navios pelos estreitos de Breves

Wlad é um de nós.

Redação

12 Comentários

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  1. O pior dessa história é

    O pior dessa história é alguém deve ‘quilate’ ter 141 000 votos no Pará [ o que equivaleria a um deputado no Estado de São Paulo ter quase um milhão de votos ] . O correto seria não ter um voto na próxima eleição, mas infelizmente há chance de ele ser eleito de novo. É uma tragédia

  2. Pois o jornalista saiba que

    Pois o jornalista saiba que Pará é retrato do Brasil. São Paulo em nada difere do Pará . O estado onde eu moro distingue-se apenas na arrogância e preconceito: a maioria das pessoas são tão bárbaras e ignorantes quanto os paraenses mas … se julgam a elite do Brasil. 

  3. Dá ou desce

    A mudança do voto do deputado talvez tenha se dado por falta de algum “incentivo”.

    Alguém prometeu “energizar” os ânibos de Wlad e não cumpriu com a promessa.

    Wlad, então, deu o troco. Assim, em cima da bucha. Um 180° “educativo”.

    Da próxima nequinho já fica sabendo como é o jogo. Em nome da “minha maezinha”, porque ninguém é de ferro.

  4. Tragédias midiáticas!…

    Wlad é um genoíno produto da Mídia que imbeciliza enormes parcelas manipuláveis do povo brasileiro!…

  5. Wlad pode ser todos esses que

    Wlad pode ser todos esses que mineiros escolheram nas eleições: Newton cardoso filho, aécio neves, zezé perrela, Misael varela, welinton prado, marcus pestana, anastáCIA, leonardo quintão, saraiva felipe.

     

  6. Procure saber

    Procure saber quais são os políticos mais votados em cada uma das capitais brasileiras “selvagens” ou não.

    Quer uma palhinha?

    Rio de Janeiro; outrora capital da Colonia do Império e da República. Segunda maior metrópole do Brasil, sexta maior da América Latina. Salvo engano,  é a quarta em urbanização e um dos principais centros culturais e financeiros do país

    Deputados mais votados:

    1º  Jair Bolsonaro

    2º Filha do Garotinho

    3ª Eduardo Cunha.

    Pesquise. Vai gostar de saber que o Pará não está sozinho nesta mazela.

    1. Aqui no DF, só tristeza também!

      O deputado mais votado em 2014 foi o Alberto Fraga, com 155 mil votos. Legítimo representante da bancada da bala, condenado por porte ilegal de arma e respondendo por cobrança de propina no STF.

      O 2° colocado foi o Rogério Rosso, que presidiu o processo do impeachment na Câmara dos Deputados. Autor do projeto da “cristofobia”, Rosso foi governador-tampão do DF por menos de 8 meses, e ficou conhecido não por suas obras ou por uma boa gestão da máquina pública, mas sim quando a esposa dele impediu uma ação da Agefis, a agência de fiscalização do DF:

      http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/07/primeira-dama-do-df-impede-fiscais-de-derrubarem-muro-em-area-irregular.html

  7. Grande Lúcio Flávio Pinto!

    Esse cara é um dos mais argutos e precisos observadores do Pará. Um dos melhores jornalistas do Brasil. Foi um leão ao investigar o Projeto Jari e expor as relações obscuras entre o governo e a multinacional. Também sustentou uma luta desigual e sem tréguas aos donos do poder no Pará, os Maiorana, proprietários da maior rede de comunicação do estado e amicíssimos do grupo do PSDB que mantém o poder político no Pará há 20 anos.

    Se tivéssemos um, apenas um Lúcio Flávio Pinto em cada jornalão do Brasil, este país seria diferente.

  8. Cínicos vendem até a mãe

     

    “Quero que a oposição se exploda bicho! meu compromisso é com a nação brasileira e o povo do Rio em especial” disse Romário

    Romário autorizou Magno Malta revelar seu voto a favor do impeachment, após negociar uma diretoria de Furnas.

    Sob forte pressão de aliados, o presidente interino Michel Temer anunciou a suspensão de nomeações políticas em estatais; na semana passada, o senador Romário (PSB-RJ) reivindicou à Secretaria de Governo uma diretoria de Furnas; o ex-jogador retirou-se da comissão do impeachment, reuniu-se com Dilma Rousseff e divulgou que não havia definido voto.
    Pressionado pelo avanço da Lava Jato contra o PMDB e sob forte pressão de aliados, o presidente interino Michel Temer anunciou a suspensão de nomeações políticas em estatais.
    Na semana passada, o senador Romário (PSB-RJ) reivindicou à Secretaria de Governo uma diretoria de Furnas, segundo reportagem de Valor. O ex-jogador retirou-se da comissão do impeachment, reuniu-se com Dilma Rousseff e divulgou que não havia definido voto.
    A cúpula do PMDB de Minas Gerais também pressiona para indicar o novo presidente da Vale, no lugar de Murilo Ferreira

    http://www.radioconexaobrasil.com/site/2016/06/13/interesse-proprio-romario-negocia-com-temer-diretoria-de-furnas-e-dispara-contra-oposicao-veja/* * *

    BRASÍLIA — Durante os debates na comissão do impeachment nesta quinta-feira, o senador Magno Malta (PR-ES) aproveitou para “anunciar” o voto do colega Romário (PSB-RJ) sobre o impeachment. Malta disse que teve uma conversa com Romário na quarta e lhe perguntou se desistiria de apoiar o impeachment. Disse ter ouvido do ex-jogador da seleção que nunca faria um “gol contra”. Malta diz que o colega o autorizou a anunciar o voto favorável ao impeachment.

    — Ontem eu visitei o camisa 11 da seleção, aquele que fez mil gols, o Romário. Eu falei: “Mil gols, vim visitá-lo aqui porque está nas redes sociais que você vai votar contra o impeachment”. Ele falou: “Tu já viu eu fazer gol contra?” Eu falei: “Não”. “Tu já viu Romário voltar atrás no que fala?” Não, porque Romário é língua ferina mesmo. Todo mundo sabe disso. Eu falei: “Mas, Mil Gols, está nas redes sociais! Autorize-me”. “Está autorizado. Diga ao povo que meu voto é pelo impeachment — disse Malta.

    O GLOBO entrou em contato com a assessoria de Romário e ainda não obteve resposta se o senador confirma o voto favorável. Até então, o senador, que votou pela admissibilidade, não revelou como votaria na fase final.

    Em 31 de maio, .

    — Meu voto final estará amparado em questões técnicas e no que for melhor para o país — disse na ocasião.

    No dia seguinte, . Em texto publicado em sua página no Facebook, o senador criticou os “primeiros dias do governo interino” e afirmou que seu voto no final do processo contra Dilma levará em conta “o conjunto da obra”.

    https://www.portaldoholanda.com.br/brasil/romario-vai-votar-favor-do-impeachment-diz-magno-malta

  9. Existe uma versão de que o

    Existe uma versão de que o voto de Wladimir Costa na comissão de ética foi combinado com Cunha.

    O objetivo era evitar o voto de minerva do presidente da comissão, José Carlos Araújo, desafeto de Cunha.

    Cunha e Wladimir não queriam dar palanque para Araújo. Depois que Tia Eron votou pela cassação, o resultado contra Cunha já estava definido. Com o voto favorável de Wladimir, Araújo não desempatou a votação. Sequer votou. Poderia ser um voto decisivo, com grande repercussão na mídia. Cunha e Wladimir não permitiram.

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