Youssef aciona STF contra Moro por manipulação de provas na Lava Jato 

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Investigadores usaram grampo ilegal para pressionar o doleiro a fechar um acordo de delação; Moro arquivou apuração do caso

O doleiro Alberto Youssef foi peça-chave no esquema de corrupção – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A peça-chave para o desenrolar de toda a Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef, protocolou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que pede a abertura de uma investigação contra o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por suposta manipulação de provas e atuação irregular no âmbito da extinta força-tarefa.

Youssef alega que Moro agiu para blindar das autoridades e da sua própria defesa a descoberta de um grampo ilegal, instalado por agentes da própria Polícia Federal (PF), na cela do doleiro, quando foi preso em 2014. 

Ao grampeá-lo para obter informações do doleiro, por meio ilícito, os investigadores teriam conseguido pressioná-lo a fechar o acordo de colaboração premiada. O caso foi denunciado há 9 anos por Youssef. Mas a PF negou a ação ao alegar que a escuta estava desativada.

A ação no STF, colocada em sigilo pelo ministro Dias Toffoli, junta uma série de depoimentos, investigações internas da PF e despachos do próprio Moro que corroboram com as suspeitas levantadas pelo doleiro, que obteve os áudios grampeados ilegalmente em maio deste ano.

Em junho, o médico veterinário Ailton Silva, que também estava preso na carceragem da PF em Curitiba, em 2014, relatou à reportagem do GGN a intimidação que sofreu da corporação após testemunhar o caso. Silva foi quem teria alertado o doleiro que viu um policial fazendo a instalação da escuta ambiental na cela. 

A partir disso, o médico veterinário foi chamado, mais de uma vez, para relatar o caso. Na primeira vez, relatou o que viu. Contudo, durante sua última oitiva sobre o episódio, ele afirmou que foi coagido por um delegado para mudar sua versão sobre os fatos.

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Influência de Moro

Ainda em 2014, o caso veio a público e foi aberta uma sindicância na superintendência da PF para apurar o grampo ilegal.

Em agosto de 2014, o delegado federal Maurício Moscardi Filho afirmou, por meio de um relatório, que era “evidente” que Silva “ludibriou para beneficiar Youssef” e garantiu que “o aparelho de interceptação ambiental encontrado no forro da cela cinco da custódia da Polícia Federal no Estado do Paraná estava inoperante e teria sido colocado naquele local, em outro momento investigativo e com autorização judicial”.

Dois dias depois, em 21 de agosto, a delegada federal Rosicleya Baron de Albuquerque Barradas, encaminhou ao então juiz Sergio Moro, o relatório da sindicância com uma proposta de arquivamento assinada pelo delegado federal Hugo Corrêa Martins.

Em 12 de setembro, Barradas enviou para Moro o arquivamento da sindicância. Já em julho de 2017, um inquérito sobre o grampo ilegal de Youssef também foi arquivado e sob influência de Moro.

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