Eva Cassidy

Enviado por joao

Uma grande cantora, música é arte da sensibilidade. Este disco no final é o meu preferido. Desta Eva que amamos antes de morrer e depois ficamos assim. Mas tudo começou na quinta com uma referência que Brown me mandou, não escutava Eva há mais de um ano este tributo também colocado no final. (Ave Maria- Imagine)

  

Do blog Lente do Zé

Eva Cassidy

Estou aqui ouvindo uma cantora americana simplesmente espetacular que, infelizmente, já se foi.

Eva Cassidy morreu aos 33 anos, em 1996, vítima de um câncer devastador. Gravou poucos discos e, curiosamente, foram álbuns lançados após sua morte que venderam muito, batendo a marca de 4 mihões de cópias.

Sem saber que eram dela, ouço algumas das suas músicas há pelo menos dois anos, com certa regularidade, fascinado pelo timbre cristalino, interpretação perfeita, extensão vocal impressionante e emoção a cada frase.

Pois é. Conheço sua voz tão bem e – até esta semana – nunca tinha ouvido falar dela. Dá pra entender?

A explicação é tão absurda que até relutei em relatá-la aqui, já que se trata do maior “mico” que paguei em todos esses anos como produtor musical – e do qual só tive ciência agora. Algo que nunca imaginei fosse possível acontecer num meio onde todo mundo, cedo ou tarde, acaba se conhecendo.

Vamos à outra ponta da história.

Em meados de 2005, quando ainda era diretor artístico da gravadora Lua Music (link aqui ao lado) e recebia dezenas de trabalhos de interessados em gravar ou lançar seus discos com a gente, chegou em minhas mãos um CD “demo” de uma cantora paulistana iniciante, com várias canções que ela havia gravado para divulgar seu trabalho.

Quando ouvi a primeira faixa, Autumn Leaves, levei um susto. Na seqüência, a coisa só ia melhorando. Time After Time, Imagine, Brigde Over Troubled Water (que depois ela me disse ter sido gravada ao vivo no Bourbon Street…), canções folk, blues.

Tudo em inglês, reparem bem.

Fiquei impressionadíssimo, maluco mesmo. Não havia dúvidas, estava diante da maior revelação vocal surgida nos últimos anos; um tesouro escondido que – sorte das sortes – caía de presente nas minhas mãos.

Comecei a mostrar pra pessoas próximas, amigos, produtores e cantoras, buscando outras opiniões que confirmassem a minha. Batata: todos ficavam encantados.

Imediatamente chamei-a pruma reunião e pedi que trouxesse material em português. No dia marcado, uma ruiva alta surgiu diante de mim, com uma timidez um tanto exagerada pra quem soltava o vozeirão daquele jeito. Conversa vai, conversa vem, tentando descobrir sua origem e influências, soube que era de uma família de músicos relativamente grande e conhecida aqui em SP, professora de canto, etc. e tal. Estava, é claro, super  disposta a gravar; agradeceu os elogios e entregou o material de música brasileira, que ali mesmo comecei a ouvir.

Para minha decepção, no entanto, a versão nacional era muito aquém da estrangeira. O timbre, ainda que parecido, não batia exatamente, e ali não tinha absolutamente nada que se igualasse às interpretações em inglês.

Confuso e constrangido, agradeci e pedi que ela aguardasse, que mais tarde entraria em contato.

Mostrei o segundo material pras mesmas pessoas, que compartilharam da minha frustração. Generosos, ainda que o estranhamento nos incomodasse, no afã de encontrar uma resposta satisfatória e cuidadosos para não questioná-la e magoá-la, optamos pelo veredito de que sua vocação, seu grande talento, talvez fosse mesmo para cantar apenas música americana – e ponto final.

Típica conclusão que não satisfaz, mas conforta. Afinal, a gente que é do meio sabe: fitas demo, via de regra, são gravadas em condições não-ideais, geralmente em estúdios e dias diferentes, ou mesmo ao vivo, em shows de bares – não sendo, por isso, totalmente confiáveis.

Dei o desconto, mas – inconscientemente, vejam só – coloquei minhas barbas de molho. E, atolado em outros trabalhos, tentando driblar a crise do mercado fonográfico que já se acirrava, por força das circunstâncias (leia-se falta de grana) fui obrigado a deixar a intenção e o projeto meio de stand by, até que, com minha saída de Lua, um ano depois, a coisa morreu de vez.

Quer dizer, mais ou menos, pois volta-e-meia ouvia novamente aquelas primeiras canções e tinha vontade de tentar levar o material para outras gravadoras, o que acabei não fazendo por diversos motivos.

E assim a história adormeceu, até – como eu disse – esta semana.

Acho que alguns já devem ter matado a charada, mas a grande pergunta é: o que tem a ver essa tal cantora iniciante com Eva Cassidy?…

A resposta é surpreendente, e veio através do meu irmão. Pouco antes do Carnaval, ouvindo uma canção na trilha sonora de um filme na TV, ele a achou muito parecida com “algo” que eu tinha mostrado pra ele em 2005 e que tinha guardado em casa: uma cópia de CD demo.

Intrigado, começou a pesquisar na internet. E achou.

Gente, acreditem: o CD que recebi dois anos e meio antes não continha canções da cantora iniciante e sim da…Eva Cassidy. As gravações – que guardo até hoje – são exatamente as mesmas meu irmão encontrou na internet!!

Pelo que se deduz – e nada indica o contrário – confiante de que ninguém nunca descobriria, a moça utilizou o material da americana morta como se fosse ela ali cantando!!!

Cabe a pergunta: onde ela pretendia chegar? Será que – ingenuamente – achava que, um dia, tal ousadia não seria descoberta?

É triste, muito triste, constatar a que ponto chega alguém que sonha com o sucesso a qualquer custo.

E eu caí como um patinho – reconheço. Mas, quem não cairia?

Nunca mais ouvi falar dela. Seu nome? Prefiro não escrever aqui, nem ser citada merece. Ademais, uma história dessas é melhor que não tenha outros desdobramentos, só vale como experiência.

Quanto à Eva, o lado bom é que, com a descoberta do mano, passei a ter acesso a outras canções dela; e o ruim é saber que o show business perdeu uma grande artista, tão jovem.

Prestando singela homenagem, deixo aqui link de vídeo do You Tube da grande Eva Cassidy, arrasando em “Autumn Leaves”:

 http://www.youtube.com/watch?v=XSXYu-3r1S8, substituir por este aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=zeNxrfMrbI8]

Postado por Zé Luiz Soares http://lentedoze.blogspot.com/2008/02/eva-cassidy.html

Nossa!

Jah passou tanto tempo que Eva se foi. O nosso tempo.

Live at Blues Alley – Album

capa acima :Esta capa já não diz muito!

Track listing

1 “Cheek to Cheek” (Irving Berlin) – 4:03

2 “Stormy Monday” (T-Bone Walker) – 5:49

3 “Bridge Over Troubled Water” (Paul Simon) – 5:33

4 “Fine and Mellow” (Billie Holiday) – 4:03

5 “People Get Ready” (Curtis Mayfield) – 3:36

6 “Blue Skies” (Berlin) – 2:37

7 “Tall Trees in Georgia” (Buffy Sainte-Marie) – 4:05

8 “Fields of Gold” (Sting) – 4:57

9 “Autumn Leaves” (Joseph Kosma, Johnny Mercer, Jacques Prévert) – 4:57

10 “Honeysuckle Rose” (Andy Razaf, Thomas “Fats” Waller) – 3:14

11 “Take Me to the River” (Al Green, Mabon “Teenie” Hodges) – 3:51

12 “What a Wonderful World” (Bob Thiele, David Weiss) – 5:50

13 “Oh, Had I a Golden Thread” (Pete Seeger) – 4:46 [Studio recording

Eva Cassidy – vocals, acoustic guitar, electric guitar

Chris Biondo – bass

Hilton Felton – Hammond organ

Keith Grimes – electric guitar

Raice McLeod – drums

Lenny Williams – piano

Mais sobre este  álbum: http://en.wikipedia.org/wiki/Live_at_Blues_Alley

 

 

 














Redação

1 Comentário

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  1. A versão de Fields of Gold é

    A versão de Fields of Gold é de arrepiar, melhor até do que o original do Sting, foi-se muito cedo assim como o Jim Croce, a Janis, o Raul, Elvis e tantos outros.

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