Kleber de Almeida e Celso Pinto, dois grandes jornalistas

Celso foi dos grandes feitos jornalísticos do período, ao lado da revista Época - lançada pelo grande e esquecido José Roberto Nasser. Já Kleber de Almeida era da cozinha do Jornal da Tarde, era o editor incumbido do fechamento da Economia, em um dos períodos mais brilhantes do jornal.

Em um mesmo dia, o jornalismo perde dois grandes, Kleber de Almeida e Celso Pinto.

Celso era mais conhecido. Foi dos grandes jornalistas econômicos do nosso tempo. Tinha um texto sóbrio e um profundo conhecimento da leitura dos indicadores econômicos.

Tivemos alguns embates, quando escrevia na Folha, sobre o impacto do IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira), que deveria ser destinado à saúde. Vindo do jornalismo financeiro, Celso defendia as posições dos economistas ortodoxos, mas não como um repetidor de ecos do mercado – como grande parte da cobertura, aliás. Era formador de opinião, na melhor acepção do termo, um polemista racional e sólido.

Seu maior feito foi a montagem do jornal Valor Econômico, na época uma sociedade entre a Folha e o Globo. A primeira preocupação foi, justamente, a construção de um banco de dados de séries econômicas.

Foi dos grandes feitos jornalísticos do período, ao lado da revista Época – lançada pelo grande e esquecido José Roberto Nasser.

Já Kleber de Almeida era da cozinha do Jornal da Tarde, era o editor incumbido do fechamento da Economia, em um dos períodos mais brilhantes do jornal. Tinha uma característica típica da escola JT: pouco entendia de economia. Entendia, sim, de leitores e do modo de edição do JT.

Na época eu era pauteiro e chefe de reportagem da Economia, e a convivência com Kleber foi essencial para o jornalismo de serviços que lançamos, no qual o público a ser atingido não era o de economistas, empresários, mercado e homens de governo, mas o leitor comum, classe média, e seus problemas com tarifas públicas, condomínios, financiamentos habitacionais.

Cada dia que saía do jornal, com os repórteres trazendo as pautas combinadas, dormia tranquilo na certeza de que o material receberia o melhor tratamento editorial. Aliás, mesmo em coletivas, a única edição que se rivalizava com a do JT era a do Jornal do Brasil, na época o melhor jornal brasileiro.

Kleber era uma personalidade fascinante, o ranheta mais doce da imprensa.  Grande conhecedor da política mineira, nos entretinhaa e informava sobre a arte da política.

 

Luis Nassif

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