Antes da economia, os problemas maiores são de ordem social e sanitária, comentário de Marco

Portanto não se trata de impacto econômico apenas, trata-se de impacto social gigantesco, enorme caos sanitário, podendo levar o país ao colapso, podendo, aí sim, ter um choque econômico pior do que com as medidas controladas que estão sendo implementadas.

Por Marco
comentário no post Incongruências no Plano Antivírus, por Andre Motta Araujo

Lá vamos nós de novo. É sempre importante sempre repetir as informações dessa pandemia da COVID-19 causado pelo novo coronavírus. Primeiro, explicar que COVID-19 é o nome da doença, o nome do vírus é SARS-COV-19. SARS significa Síndrome Respiratória Aguda Grave. Coronavírus não causa gripe, ela (a gripe) é causado pelo vírus Influenza, então a COVID não é gripe é uma SARS apesar de terem sintomas parecidos.

Pelos dados disponíveis hoje (isso pode alterar durante a pandemia) tem alta taxa de transmissibilidade e uma taxa de mortalidade relativamente baixa. A pessoa infectada transmite o vírus mesmo sem apresentar os sintomas (isso estava em dúvida mas a OMS já declarou como correta essa informação). Das pessoas infectadas 80% não apresentarão sintomas ou terão sintomas leves, 20% necessitarão de auxílio hospitalar e 5% (do total) necessitarão de suporte (UTI). A taxa de mortalidade da doença varia muito por conta da idade e também da qualidade e da disponibilidade do tratamento. Ainda é cedo para termos uma taxa correta, mas a OMS admite uma taxa de mortalidade em torno de 3%.

As medidas de isolamento são realmente necessárias, mesmo que cause um grande impacto econômico porque sem as medidas restritivas os casos aumentarão geometricamente a ponto de em pouco tempo o número de pessoas que necessitarão de auxílio hospitalar ultrapassará a capacidade de atendimento do local. Caso isso aconteça a mortalidade aumentará drasticamente, pois não haverá socorro para todos. Um exemplo bem claro disso está na na Itália que seguiu a linha de não intervenção e acabou virando um caos completo na saúde do país mesmo tendo um excelente sistema, e outro a Coreia do Sul, cujo país tomou atitudes severas bem no início da crise e tem uma baixíssima taxa de mortalidade.

Um estudo datado de 16 de março de 2020, da Imperial College de Londres, estima que sem cuidados o número de infectados nos EUA poderá chegar até 81% da população infectada e a taxa de mortalidade de 1%, assim, morrerão aproximadamente 2,2 milhões de pessoas nesse país. um número que não se pode desprezar. Esse estudo pode servir como base para qualquer país, inclusive o Brasil, mas com o agravante que aqui temos condições sanitárias inferiores podendo essa taxa de transmissão e mortalidade ser bem maior do que nos países desenvolvidos. Esse estudo inclusive fez o presidente dos EUA e o PM do Reino Unido mudarem seus discursos e suas posições a respeito da pandemia. Veja que taxa de mortalidade admitida não é tão alta (1%) mas os números absolutos se tornam assustadores. Imagine isso sendo transposto a nível mundial.

Portanto não se trata de impacto econômico apenas, trata-se de impacto social gigantesco, enorme caos sanitário, podendo levar o país ao colapso, podendo, aí sim, ter um choque econômico pior do que com as medidas controladas que estão sendo implementadas.

Luis Nassif

1 Comentário

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  1. O Estado, principalmente o poder executivo federal, está muito mais preocupado em salvar o mercado do que em salvar a população civil. Todas as medidas tomadas para proteger a sociedade civil não tem como fim ela mesma, mas a bonança para o mercado.
    O povo é só um detalhe.

    Eu estava na estação, listening to Hendrix, hear my train a-coming. When the music was over, (we wanto the world, we want it now), the train arrived. Superlotado. Ali bastava uma pessoa infectada para desencadear a propagação em cadeia.

    Ora, não só a metade da classe trabalhadora devia ficar mas teria que aumentar a frota de transporte coletivo para evitar aquela superlotação, que é estúpida em tempos normais, imagina num surto violento de uma pandemia de um novo virus. Falei com a cobradora, enquanto a pobre não perde, estruturalmente o emprego sobre o risco, disse a ela que ela deveria usar máscara para se proteger e disse a ela que seria interessante aumentar a frota de ônibus. Ela me disse que eles estão é diminuindo a frota nesses dias.

    É o empresariado bovino Bolsonarista.

    A metade dos trabalhadores poderia ficar em casa, sem prejuízo dos seus salários e do abastecimento social, bem como sem prejuízo do bem-estar dos capitalistas. A técnica moderna possibilita isso. Na segunda guerra mundial foi assim. Depois tudo voltou à normalidade opressivo-exploradora dos trabalhadores em proveito do capitalista.

    De acordo com Bertrand Russell:

    “E com a técnica moderna seria possível distribuir o lazer de forma justa, sem prejuízos à
    civilização. A técnica moderna tornou possível diminuir enormemente a quantidade de trabalho
    necessário para assegurar as necessidades vitais para todos. Isto se tornou óbvio durante a Primeira
    Guerra Mundial. Naquele tempo todos os homens nas forças armadas, e todos os homens e mulheres
    envolvidos na produção de munição, e todos os homens e mulheres envolvidos com espionagem,
    propaganda de guerra ou escritórios governamentais relacionados com a guerra foram tirados de
    ocupações produtivas. Apesar disto, o nível geral de bem-estar entre assalariados não-qualificados do
    lado dos aliados era mais alto do que antes ou mesmo depois da Guerra. O significado deste fato era
    escondido pelas finanças: empréstimos fizeram parecer que o futuro estava nutrindo o presente. Mas
    isto, é claro, seria impossível; um homem não pode comer um pão que não existe. A guerra mostrou
    conclusivamente que, através da organização científica da produção, é possível manter as populações
    modernas em razoável conforto com uma pequena parte da capacidade de trabalho do mundo
    moderno. Se, ao final da guerra, a organização científica que foi criada para liberar homens para as
    guerras e produção de munição fosse preservada, e as jornada de trabalho fosse reduzida para quatro
    horas, tudo teria ficado bem. Aos invés disto, o antigo caos foi restaurado, aqueles cujo trabalho era
    necessário voltaram às longas horas de trabalho, e o restante foi deixado à mingua no desemprego. Por
    quê? Porque o trabalho é um dever, e um homem não deveria receber salários proporcionalmente ao
    que produz, mas proporcionalmente à virtude demonstrada em seu esforço”.

    Podemos fazer o mesmo agora. Só que em vez das pessoas desviadas da produção irem fabricar armas e munição para matar gente, elas vão ficar em suas casas, com seus entes queridos, protegendo-se, protegendo os referidos entes queridos e não colocando seus semelhantes em risco de contágio.

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