Bares culturais de SP pedem ajuda financeira à Prefeitura

Estabelecimentos pedem repasses para arcar com contas fixas durante três meses. Em troca, propõem festivais abertos ao público

Jornal GGN – Representantes de bares culturais de São Paulo redigiram uma carta ao prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), solicitando ajuda financeira em meio à pandemia do coronavírus. Os empresários afirmam na nota que são favoráveis a todas as medidas de mitigação adotadas, porém, com os estabelecimentos fechados, está impraticável arcar com as despesas fixas, incluindo a folha de pagamento dos empregados.

“O contexto impactou diretamente nossa saúde financeira e agravou as dificuldades econômicas de todas as pessoas que compõem nossa frágil cadeia produtiva”, escreveram. “Mais do que nunca necessitamos do apoio e incentivo público para mantermos nossas portas abertas.”

A união de bares propôs ao Paço a destinação de “uma verba emergencial para que possamos arcar com o pagamento das contas fixas de nossos espaços durante 3 (três) meses. São elas: Aluguel, funcionários, água, luz, IPTU, ECAD, internet e gás.”

Em troca, os donos de bares e músicos agregados se comprometem a realizar ações culturais gratuitas ao público quando a sociedade retornar à normalidade.

Leia a carta abaixo.

CARTA ABERTA – UNIÃO DOS BARES CULTURAIS DE SP

Ao Prefeito de São Paulo, Bruno Covas
Ao Secretário Municipal de Cultura, Hugo Possolo
Ao Secretário Municipal de Turismo Miguel Calderaro Giacomini e à SPTuris.

Nós, do coletivo Sambar, vimos através desta formalizar nossa extrema preocupação com o atual cenário em que nossos estabelecimentos se encontram, em meio à pandemia do COVID-19.
Cientes das determinações oficiais promulgadas pelo prefeito Bruno Covas no dia 20/03/2020, em coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes, declarando situação de calamidade pública para a cidade de São Paulo, tornamo-nos impedidos de abrir nossos estabelecimentos para realizarmos nossas atividades normalmente.
Estamos todos de acordo que a pandemia que nos acomete deve ser tratada com a máxima seriedade e que devemos colaborar para com o isolamento da população durante o período de “quarentena”.
No entanto, o contexto impactou diretamente nossa saúde financeira e agravou as dificuldades econômicas de todas as pessoas que compõem nossa frágil cadeia produtiva.
O momento é de angústia e, em muitos casos, desespero. Perguntamo-nos a todo o momento: como esses microempresários conseguirão cumprir com os compromissos de suas agendas financeiras? Como poderão efetuar o pagamento da folha de funcionários? Como quitarão dívidas contraídas com fornecedores que, por sua vez, igualmente dependem do bom desempenho do setor para também sobreviverem? Como poderemos fomentar a cultura de nossa cidade sem capital para empregar os músicos?
Certamente todos vocês estão, como nós, analisando o impacto negativo que ameaça o setor cultural da cidade de São Paulo e o quanto todos perderemos se a maioria das casas com música ao vivo, que assinam essa carta, sucumbirem à crise que se instalou.
Se nenhuma atitude for tomada pelas várias esferas envolvidas, no sentido de cooperação para redução de danos, é certo que centenas de famílias engrossarão o já alarmante coro do desemprego em SP e no Brasil, em geral.
Sabemos que muitos estabelecimentos de caráter cultural, públicos ou do terceiro setor, enfrentam a mesma crise. No entanto, nós, representantes de pequenos estabelecimentos culturais do setor privado, vimo-nos completamente desamparados perante a crise econômica involuntária que contagiou nosso setor.
Sem organismos de proteção à quem recorrer, sem patrocinadores e sem reservas pessoais próprias para aplicarmos em nossos espaços, mais do que nunca necessitamos do apoio e incentivo público para mantermos nossas portas abertas.
Assim, propomos que a PMSP destine uma verba emergencial para que possamos arcar com o pagamento das contas fixas de nossos espaços durante 3 (três) meses. São elas: Aluguel, funcionários, água, luz, IPTU, ECAD, internet e gás.
Em contrapartida, os donos de bares aqui associados e os músicos a eles agregados se comprometem a realizar ações culturais gratuitas ao público, logo que voltarmos à normalidade de nossas atividades, como por exemplo um festival de música brasileira com 3 (três) meses de shows gratuitos em sistema de rodízio semanal, realizado nos bares que foram contemplados pelo aporte público.
Na esperança desse documento encontrá-los bem, nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento e, se necessário, podemos promover uma reunião virtual para explicarmos nossas reivindicações detalhadamente.

Sem mais, solicitamos encarecidamente uma resposta pública ao nosso pedido.
São Paulo, 31 de março de 2020.
Atenciosamente,

Baixo Largo
Bar do Alemão
Bar do Baixo
Bar das Marias Vila Madalena
Boteco A Revolucionaria
Boteco da Dona Tati
Casa Barbosa
Casa Matahari Mariposa
Ó do Borógodó
Pau Brasil
Reserva Pinheiros
Sem Saída Bar e Pimentaria
Tamarineira
Tendinha Pinheiros
Toca da Capivara
Traço de União
Ursal Cultural

Redação

1 Comentário

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  1. Ministério estima que cultura é responsável por 4% do PIB (cerca de 300 bilhões de reais)
    https://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2017-04/ministerio-estima-que-cultura-e-responsavel-por-4-do-pib

    Em gráfico, veja a importância da indústria criativa para o crescimento da economia
    https://g1.globo.com/especial-publicitario/cultura-gera-futuro/noticia/2018/11/08/em-grafico-veja-a-importancia-da-industria-criativa-para-o-crescimento-da-economia.ghtml

    SETOR CULTURAL EMPREGA 5,7% DOS TRABALHADORES BRASILEIROS
    https://biblioo.cartacapital.com.br/setor-cultural-emprega-57-dos-trabalhadores-brasileiros/

    O impacto do coronavírus na cultura. E o papel dos governos
    Prejuízo para indústria com cancelamento de shows e adiamento de estreias de cinema poderá ser milionário. Países anunciam medidas para mitigar efeitos da pandemia no setor
    https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/03/21/O-impacto-do-coronav%C3%ADrus-na-cultura.-E-o-papel-dos-governos

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