Brasil deve investir mais e melhor na saúde, diz diretor da OCDE

Organização que Bolsonaro quer ser parte prevê uma queda de 7,4% no PIB brasileiro e 9,1% se o governo reabrir a economia, com uma segunda onda de Covid-19

Foto: Reprodução

Jornal GGN – O Brasil gasta somente 4% de seus recursos públicos do Produto Interno Bruto (PIB) na saúde. A porcentagem é muito inferior à média dos 37 países-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que atinge 6,6% do PIB, grupo do qual o governo de Jair Bolsonaro quer integrar. Para o diretor-adjunto de saúde da organização, Frederico Guanais, os dados mostram que o país investe pouco e mal em saúde.

Em entrevista à BBC Brasil, Guanais afirmou que a pandemia do novo coronavírus realçou a necessidade de ampliar os investimentos no sistema público de saúde, gastando “melhor os recursos e se assegurar que eles sejam mais bem utilizados”, disse.

O Brasil é o segundo pais com maior número de contagiados pelo coronavírus e um dos que faz menos testes de rastreamento. O especialista mencionou os altos investimentos feitos no Brasil em opções que não são boas, como o alto índice de cesarianas, as prescrições de antibióticos desnecessárias e hospitalizações que poderiam ser evitadas com uma melhor atenção primária.

Durante a crise sanitária, a aquisição de respiradores e equipamentos de saúde novos para o tratamento de pacientes Covid-19 não foi por si só uma preocupação. A manutenção destes equipamentos, mesmo após a pandemia, exige verbas que estados e municípios já anunciam que não possuem.

Para Ganais, a chegada do coronavírus exige que o Brasil repense suas políticas públicas e investimentos em saúde.

Citou como exemplo a importância do sistema de informações integradas do SUS, que pode ser usado em hospitalizações, uso de medicamentos e óbitos, e que auxiliaria a detectar precocemente epidemias, além de rastrear a sua propagação. “Essa é uma agenda importantíssima de política pública de saúde no Brasil”, afirmou.

Outros exemplos foram citados, como a falta de articulação nos hospitais públicos que não possuem atenção primária ou dependem de outro município para a realização de procedimentos, além de o Estado poder utilizar a estrutura de agentes comunitários que detém para cumprir a tarefa de rastreamento de pessoas contagiadas.

Ainda, mesmo sendo uma organização econômica, a OCDE admite os impactos da pandemia e que a reabertura poderá ocasionar uma segunda onda que trará consequências ainda maiores nos PIBs mundiais. Para o caso do brasil, um estudo da Organização estimou a queda de 7,4% do PIB brasileiro neste ano e de 9,1% caso haja uma reabertura da economia e, consequentemente, uma segunda onda de Covid-19.

 

Redação

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