Como funciona o app de rastreamento que a China usa contra COVID-19

Aplicativo informa se a pessoa esteve em local por onde passou um caso suspeito ou confirmado de COVID-19 e faz recomendações

Jornal GGN – Incrivelmente detalhista e invasivo. Foi assim que a equipe de jornalismo da CNN descreveu o aplicativo que o governo chinês usa para rastrear a população que transita em espaços com público durante a pandemia de coronavírus.

O correspondente da CNN David Culver explicou que ele precisou se inscrever para participar do programa de monitoramento depois de ter feito uma viagem de metrô pela capital do País.

Em função disso, ele agora dispõe de um aplicativo personalizado em seu celular, que é usado pelas autoridades para armazenar os dados pessoais do jornalista, incluindo os registros de quando sua temperatura corporal foi aferida e os locais que ele frequenta, como restaurantes, hotéis, shoppings centers.

“Eu acho que não percebi isso naquela hora, mas foi com isso que concordei junto com várias outras pessoas que saíram do trem”, disse.

Pelos relatos, quando um passageiro sai do trem, ele deve entrar em uma fila, aferir a temperatura, mostrar documento de identidade ou passaporte, informar o número de celular, assinar um termo junto ao governo e, a partir daí, será monitorado pelo aplicativo, explicou.

Então, quando uma pessoa entra em um espaço como um hotel, a temperatura é aferida novamente, as mãos são higienizadas e os funcionários pedem para ver o aplicativo no celular. Fazem uma verificação em tempo real dos dados e liberam a entrada.

Mas como as autoridades chinesas sabem, pelo aplicativo, se a pessoa está ou não infectada com coronavírus? A resposta é: não sabem. O objetivo do programa é outro.

O jornalista conta que apesar de ter passado por Wuhan, o epicentro da pandemia, ele não fez nenhum teste para COVID-19 quando aderiu ao programa de rastreamento. Por precaução, ele fez auto-quarentena depois de deixar o distrito por 14 dias, e não demonstrou nenhum sintoma.

O que o aplicativo faz, no caso, é determinar quando a pessoa esteve em um local por onde passou um caso confirmado ou suspeito de coronavírus. Neste caso, o aplicativo emite sinais de alerta para o celular. Dependendo da distância ou nível de interação que a pessoa teve com o espaço supostamente contaminado, o aplicativo faz recomendações, que podem incluir o comparecimento para testagem e uma nova quarentena por precaução.

O aplicativo é uma das medidas adotadas pelo governo chinês nesta fase em que se tenta retomar as atividades cotidianas depois de semanas de lockdown.

Na visão do jornalista da CNN, o aplicativo é invasivo e não seria visto em nenhum outro lugar do mundo – ou, pelo menos, não nos EUA – e parece insuficiente para garantir a reabertura.

Ele disse que os anúncios de que as escolas vão voltar a funcionar no próximo mês, por exemplo, são vistos como bastante pessimismo.

Em São Paulo, o governo estadual lançou um programa em parceria com as empresas de telefonia móvel para identificar regiões onde há aglomerações humanas. A ideia é monitorar o índice de isolamento das cidades com mais de 30 mil habitantes, para avaliar se as orientações estão sendo seguidas. O Estado precisa de um índice de 70% de distanciamento social para que a rede de atendimento em saúde que está sendo preparada dê conta do pico da epidemia.

Confira o vídeo aqui da CNN.

Redação

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