Coronavírus: governadores divulgam carta em defesa da democracia

Fórum Nacional de Governadores apoia Maia e Alcolumbre após declarações de Jair Bolsonaro; governador do Piauí conclama por união para evitar colapso

Wellington Dias, governador do Piauí. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – O Fórum Nacional de Governadores publicou neste sábado (18/04) uma carta aberta de apoio aos presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), após as declarações do presidente Jair Bolsonaro a respeito da postura de ambos.

“Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros”, diz o texto. “Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo”.

“Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas”, dizem as autoridades em carta pública, ressaltando que a postura de Bolsonaro afronta os princípios democráticos do país.

Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) – um dos governadores que assina a nota pública -, o Brasil precisa da união daqueles que pensam diferente para evitar o colapso dos serviços públicos e do sistema de saúde.

“Basta olhar o que foi o número de casos confirmados com coronavirus em 31 de março último, e comparar com o dia de ontem: saímos de 5.717 confirmações para 38.654 neste domingo, ou sete vezes mais o que foi a demanda por leitos hospitalares. Está no Portal do Ministério da Saúde”, diz o governador piauiense.

“Era uma demanda de 650 vagas e chegou a 15 mil ou 24 vezes mais, e, principalmente, o número de óbitos, saindo de 201 óbitos para 2.462, 12 vezes mais em 18 dias?”, diz Dias. “Quantos caminhões frigoríficos vamos ter que ver acumulando corpos? Quantas retroescavadeiras vamos ter que suportar ver abrindo valas para enterrar nossos entes queridos? Quantos profissionais de saúde se contaminando?”

De acordo com Wellington Dias, caso a escala de casos continue a aumentar, o que vai se configurar no Brasil será um genocídio. “É hora de apurar quem responderá por este genocídio no Brasil”, afirma.

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Redação

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  1. O Golpe de Bolsonaro

    Em plena pandemia, Bolsonaro se dirige ao setor militar de Brasília em meio a uma curriola de fanáticos.
    Clamam pelo fechamento do Congresso e do STF. Exigem fim das medidas de contenção ao vírus e retomada plena das atividades econômicas, “morra quem tenha que morrer”.
    É a fujimorização do Brasil em andamento.
    Não parece haver força capaz de sustentar qualquer movimento para deter esse canalha.
    Então, é cada vez mais provável que ele acabe executando o golpe que almeja – mesmo contando com apoio minoritário entre a população.
    Quem se importa? Sabe-se hoje que João Goulart gozava de altíssima popularidade em 64. Isso não o protegeu contra as forças golpistas. Muito pelo contrário!
    O Exército se prestará ao papel de carrasco da população brasileira, mais uma vez.
    Setores do empresariado estão dispostos a apoiar o golpe, hoje como em 64.
    Querem obrigar os mais pobres a uma escolha simples: morte pela fome ou pelo vírus.
    Sempre se opuseram ao Bolsa Família. Sempre consideraram o aguilhão da fome o melhor estímulo para espertar a “industriosidade” dos escravos contemporâneos.
    Hoje, há um vírus mortal circulando no Brasil.
    Se forem eliminadas as (débeis) medidas de isolamento impostas pelos governadores e prefeitos, milhões de brasileiros morrerão sufocados pela Covid 19 – sobretudo entre os mais pobres.
    Mas, novamente, quem se importa?
    A mortandade de africanos dentro dos navios negreiros era elevadíssima…
    Mas ninguém ligava. O negócio do tráfico era tão lucrativo!…
    Hoje, no Brasil, seria possível sustentar os mais vulneráveis em quarentena – durante meses. Bastaria para isso utilizar as reservas cambiais, taxar os bilionários, taxar os lucros financeiros, cortar benesses de setores privilegiados do funcionalismo.
    Mas é justamente para evitar que isso ocorra que os privilegiados estão cerrando fileiras em torno de Bolsonaro.
    Que morram milhões de “vagabundos” por coronavírus – mais uma vez – quem se importa?
    A História se repete. Como tragédia?
    Como infâmia elevada à enésima potência.
    Jessé de Souza tem razão. O Brasil nunca se livrou verdadeiramente do escravismo.
    Brasileiros pobres e remediados, vossa Senzala está prestes a ser reeditada.
    Intelectuais independentes, artistas, democratas, preparem-se. Vosso pau de arara já está sendo montado.
    E em tempos de fechamento de fronteiras, não há para onde fugir.

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