Jornal GGN – Embora não exista nada de errado em olhar para o lado positivo da pandemia do coronavírus, não é possível saber ao certo o que vai acontecer com a sociedade contemporânea após o controle do surto.
“Minha cautela em ver o copo meio cheio está fundamentada na experiência da geração passada. Infelizmente, essa experiência oferece muitos motivos para ser pessimista sobre a próxima geração”, diz John Harris em sua coluna no site Politico, onde é editor-fundador. “As pessoas acham que a pandemia irá “acabar com a febre” das últimas décadas – que finalmente acabará com a malícia da vida pública, com seu vício em conflitos implacáveis e em teorias da conspiração (…). Gostaria de comprar essa ideia, mas ainda não posso”.
Harris levanta alguns argumentos a respeito: e se, ao invés de abrir uma nova era a respeito da ciência, os próximos anos fossem marcados pela distorção e desonestidade em torno do debate sobre a pandemia? E se, ao invés de abrir uma nova temporada de interesse público, uma economia enfraquecida deixe pouco dinheiro ou vontade para a resolução de problemas como as mudanças climáticas? E se a situação nos tornar ainda mais egoístas?
Na visão do articulista, o imperativo político e moral da próxima geração é a reabilitação do discurso público e da tomada de decisões. “O pessimismo superficial é menos atraente, até mesmo ante o otimismo superficial. Talvez o realismo no salve”. Diante disso, o articulista levanta três itens sobre as quais o resultado desse capítulo da história irá afetar: a confiança na economia, a confiança na democracia liberal e se temos confiança um no outro.
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