Entenda como a coalizão global de educação está lidando com a maior interrupção da aprendizagem da história

Quase 1,6 bilhão de estudantes deixaram as salas de aula em mais de 190 países. Isso representa mais de 90% da população estudantil de todo o mundo.

De acordo com dados da UNESCO, cerca de 24 milhões de estudantes correm o risco de não retornarem à escola. Foto | UNESCO

2020 não é apenas o ano em que o mundo parou diante da pior pandemia em mais de um século. É também o ano em que ocorreu a maior ruptura educacional da história, que obrigou, em seu auge, quase 1,6 bilhão de estudantes a deixarem suas salas de aula em mais de 190 países. Isso representa mais de 90% da população estudantil de todo o mundo.

A interrupção da educação devido à COVID-19 tem exacerbado de maneira dramática as desigualdades de aprendizagem em todo o mundo. É por isso que, em março de 2020, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou a Coalizão Global de Educação, uma parceria multissetorial para atender a urgente necessidade mundial de continuidade da educação em uma escala sem precedentes.

O que é a Coalizão Global de Educação?

A Coalizão Global de Educação é uma plataforma de colaboração e intercâmbio para proteger o direito à educação durante e além desta ruptura sem precedentes. Ela reúne mais de 150 membros da ONU, sociedade civil, universidades e setor privado para garantir que a aprendizagem nunca pare. Os membros da Coalizão se unem em torno de três eixos principais: conectividade, professores e ​gênero.

Como a Coalizão Global de Educação funciona exatamente?

Coalizão Global de Educação se tornou uma plataforma essencial para apoiar os países em suas respostas aos desafios sem precedentes que o setor de educação está enfrentando. As ações da Coalizão são muitas e de naturezas variadas, dependendo dos pedidos feitos pelos países.

A Coalizão é estruturada para trabalhar de uma maneira flexível e ágil, a fim de oferecer respostas para a continuidade e a qualidade da educação. Esse novo modelo de parceria para apoiar as respostas educacionais tem benefícios na forma como suas iniciativas são implementadas na crise atual, porque as intervenções são rápidas, eficientes e capazes de alavancar recursos que normalmente não estão disponíveis para produzir resultados.

Em diferentes países, as contribuições da Coalizão não substituem as respostas nacionais. Pelo contrário, a Coalizão envolve novos atores que normalmente não seriam parceiros óbvios, assim como organizações de tecnologia e mídia, a fim de complementar e apoiar os esforços nacionais para garantir a continuidade da aprendizagem.

Quais são, até o momento, algumas das realizações da Coalizão Global de Educação?

Atualmente, os membros da Coalizão Global de Educação estão empenhados em apoiar mais de 70 países em todo o mundo, a fim de beneficiar, direta e indiretamente, 400 milhões de estudantes e 12,7 milhões de professores. Alguns exemplos de ações alcançadas em países específicos são descritos a seguir:

O Ministério da Educação do Senegal, a UNESCO, a Microsoft e a Huawei uniram forças para apoiar dezenas de milhares de professores e estudantes a continuarem o ensino e a aprendizagem. Os números são estes: 82 mil professores e 500 mil estudantes foram inscritos na Plataforma de Educação a Distância do Ministério e iniciaram o ensino a distância. No futuro, com o apoio da Microsoft, serão adicionados 1,5 milhão de estudantes e docentes. A UNESCO está apoiando a capacitação de 200 professores para serem “instrutores master”. Por fim, a Huawei distribuiu dispositivos para melhorar a conectividade desses 200 instrutores master.

Na República Democrática do Congo (RDC), a organização Education Cannot Wait (ECW) e o programa CapED da UNESCO estão financiando conjuntamente atividades de resposta educacional. Estima-se que a cobertura de internet no país é menor que 20%, e essas intervenções conjuntas têm foco no ensino remoto via rádio, especialmente por meio de rádios comunitárias, com o objetivo de alcançar mais de 4 milhões de estudantes. A UNESCO e a ECW estão adaptando o currículo da educação primária, até o 8º ano, para aulas a serem transmitidas por rádio. O programa também está ajudando a fortalecer as capacidades de 120 estações de rádio comunitária e 240 funcionários dessas rádios para que transmitam essas aulas.

No Líbano, a UNESCO está apoiando a produção de comunicação e recursos educacionais (folhetos, vídeos e guias) com foco nos professores e nos pais, bem como a capacitação para o ministério nas áreas de TIC e educação, beneficiando 50 coordenadores com essa intervenção. Além disso, estão sendo adquiridas 280 videoaulas da rede Canopé France para a plataforma online do Ministério da Educação, que alcançarão mil escolas e 200 mil estudantes do país.

A Vodafone está mobilizando US$ 7,5 milhões para oferecer acesso gratuito a dados educacionais para 60 mil estudantes e professores de Samoa.

A Orange, por meio de suas subsidiárias, está fornecendo acesso gratuito à internet aos credenciados em plataformas de aprendizagem de Burkina Faso, Guiné, Mali e RDC. Pacotes semelhantes serão lançados em Botsuana, Camarões, Costa do Marfim, Libéria e Madagascar. Essa prática recomendada se estende a outras regiões, como Egito, Jordânia, Marrocos e Tunísia, onde é fornecida conexão gratuita para conteúdos educacionais digitais.

Foi estabelecida uma academia mundial de habilidades, a Global Skills Academy, para fornecer treinamento em habilidades digitais a 1 milhão de jovens e ajudá-los a encontrar emprego durante a recessão que se aproxima. Os parceiros são: Coursera, Dior, Festo, Huawei, IBM, Microsoft, Orange Digital Centers e PIX; além das seguintes organizações: OIT, UIT, OCDE e WorldSkills International. A Academia está operando por meio de um processo de correspondência fornecido pela Rede UNEVOC, a rede global da UNESCO para instituições especializadas em educação e formação técnica e profissional (EFTP).

Mais exemplos de ações nos países serão publicados no relatório de avanços (disponível em breve).

Quais são os principais desafios da educação e quais são os próximos passos para a Coalizão?  

De acordo com dados da UNESCO, cerca de 24 milhões de estudantes correm o risco de não retornarem à escola, ameaçando que ocorra uma perda na aprendizagem que poderá se estender a mais de uma geração de estudantes. Mais de 11 milhões de meninas – da pré-escola à educação terciária – talvez não retornem à escola em 2020. Esse número alarmante não apenas ameaça décadas de progressos realizados para se alcançar a igualdade de gênero, como também coloca as meninas de todo o mundo em situações de risco, como violência, gravidez na adolescência e matrimônio precoce e forçado. Atualmente, a UNESCO e os membros da Coalizão estão promovendo uma campanha sobre educação de meninas, a fim de chamar atenção para essa situação.

Além disso, a crise da COVID-19 ameaça aumentar a lacuna do financiamento anual para a educação nos países mais pobres, para até US$ 200 bilhões por ano.

Muitos países ainda enfrentam desafios significativos quando se trata de reabrir as escolas e garantir a continuidade da aprendizagem, especialmente para os mais marginalizados. A Coalizão continuará suas ações nas principais áreas de prioridade estratégica, para garantir a todos que, durante esta pandemia, a aprendizagem nunca pare.

No dia 25 de setembro, a UNESCO promoveu um evento paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas, intitulado “Education During COVID-19 and Beyond: The Global Education Coalition in Action” (Educação durante a COVID-19 e além: a Coalizão Global de Educação em ação). O objetivo do evento foi compartilhar com os países as medidas e as melhores práticas para responder aos desafios imediatos do fechamento e da reabertura das escolas. No evento, foram apresentados vários exemplos concretos de como os membros da Coalizão estão se engajando para apoiar as necessidades dos países.  Clique aqui para saber mais sobre o evento (em inglês).

Redação

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