O questionamento de André Lara Resende: quem vai pagar a conta?

Em artigo, economista diz que é preciso impedir que a economia se desarticule numa crise humanitária sobreposta a uma depressão profunda

O economista André Lara Resende. Foto: Reprodução

Jornal GGN – Até mesmo os defensores do equilíbrio fiscal reconhecem que a crise gerada pelo coronavírus exige um posicionamento diferenciado, que inclui o aumento dos gastos pelo Estado para evitar uma catástrofe humanitária.

Contudo, eles perderam o rumo, como explica o economista André Lara Resende em artigo publicado no jornal Valor Econômico. “Não apenas a agenda do ministro Paulo Guedes, mas também o discurso da esmagadora maioria dos analistas, tinha se transformado em samba de uma nota só: eliminar o déficit”.

Ao contrário do que se viu, nem mesmo a aprovação da reforma da Previdência (apontada pelos defensores como a mãe das reformas “estruturantes”) ajudou na recuperação econômica e na redução do desemprego. Contudo, agora tanto Guedes como seus defensores dizem que a economia estava preparada para decolar quando foi “atingida por um meteoro”.

Diante da necessidade de se fazer repasses rápidos para quem realmente precisa, seja empresas ou pessoas, a prisão conceitual do ministro da Economia e sua equipe se torna um grande obstáculo. “Mal concedem a necessidade imperiosa de expandir a liquidez e de aumentar os gastos, tomados de dissonância cognitiva, entram em pânico. Quem irá pagar essa conta? Por toda parte, em artigos na imprensa, nas videoconferências, a pergunta mais feita no Brasil de hoje é quem irá pagar a conta”.

“Basta impedir que a economia se desarticule numa crise humanitária sobreposta a uma depressão profunda. Basta que, superada a epidemia, o setor privado não tenha se desarticulado e o Estado possa voltar a investir”, diz Resende. “Com um programa de investimentos públicos e privados inteligente, com um Estado eficiente, a favor do cidadão e indutor da produtividade, a economia sairá da crise e a dívida interna perderá importância”.

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Redação

5 Comentários

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  1. Enquanto isso, nada de taxar as grandes fortunas, os dividendos, os grandes salários( o tal de CEO de um banco, e nem precisa ser bancão, recebe cerca de 20 a 30 milhões de reais por ano) É quase certo: quem vai pagar a conta é a população pobre- para variar um pouco!!!!

  2. Vamos ser honestos: quem vai pagar a conta é a classe trabalhadora brasileira, que sempre paga a conta com a perda de seus direitos, de sua renda, com a transferência do dinheiro de seus impostos ao setor privado.

    Nunca vi o Itaú pagar nada.

  3. Vamos ser honestos: quem vai pagar a conta é a classe trabalhadora brasileira, que sempre paga a conta com a perda de seus direitos, de sua renda, com a transferência do dinheiro de seus impostos ao setor privado.

    Nunca vi o Itaú pagar nada.

  4. Análise muito boa, muito informativa e instrutiva, parabenizamos o dr. André Lara.
    Ora, muitos perguntam, porque sendo o Brasil um país rico, não deslanchou depois do golpe de 2016, já que inventaram até, uma ponte para o futuro? Em nossa humilde visão de cidadão Leigo, damos nosso palpite.
    1°, porque não tem um Plano Nacional de Desenvolvimento Integrado para o país, conforme recomenda o Artigo 3° da CF, que todos, membros dos 03 Poderes, imprensa e formadores de opinião, maioria dos cidadãos conscientes, etc, que se acomodam e não cobram o seu efetivo respeito;
    2°, todos conhecem que nada está dando certo na Economia, nas áreas:de Assistência Social, de Educação, de Cultura, de Saúde, de Segurança, de Ciência&Inovação&Tecnologia, na Preservação e Defesa dos Patrimônios Natural e Imaterial, etc.
    Toda iniciativa desenvolvimentista nacional, que me desculpem os economistas neoliberais e seus admiradores, no caso do Brasil e, levando-se em conta que o contexto político e de poder no mundo, após a pandemia, só se viabilizará, amparada num Estado Pleno e forte e, que respeite e pratique os termos dos Artigos 3° e 4° da nossa CF, principalmente.
    Que esse Plano, em seus objetivos gerais, leve em conta em seu prognóstico, pelo meno: a Solução das Carências de Infraestruturas Urbanas e Intermodais, que dificultam a rápida mobilidade das pessoas e o escoamento da produção estratégica do país; a Geração Sustentável do Emprego e Renda para proteção das famílias; a Valorização e Fortalecimento do Mercado Interno do pais; a Valorização do Salário Mínimo Referencial justo ( iniciando com U$ 350, com meta a ser atingida de U$800, no final de 04 anos); o Combate imparcial ao Crime Organizado, à Corrupção, à Sonegação e à Lavagem de Dinheiro; o Combate Efetivo da Desigualdade, da Pobreza, da Fome e da Miséria; etc.
    Por falar em mercado interno forte és aqui, a prova de que, uma nação prá ser forte, não precisa-se, ser expert em economia para entender isso, daí batermos nesse ponto em nossos comentários em matérias afins deste site, confirmada a nossa preocupação, exatamente, pela resposta do governo dos EUA ao Brasil, vejam: https://jornalggn.com.br/economia/brasil-busca-eua-para-comercio-mas-eles-estao-focados-no-mercado-interno/
    Vamos todos, autoridades dos 03 Poderes e das instituições, respeitarmos a CF e o povo, seguirmos e praticarmos cada um, com responsabilidade e imparcialidade, o que a Constituição Federal manda, e então, a partir daí, constataremos se esse país, que é dos brasileiros, se desenvolve ou não.
    As autoridades dos 03 Poderes e os dirigentes das instituições pública, quando infratores da ética, da CF, da lei e da ordem públicas; coniventes com abusos de autoridade, corrupção, sonegação, lavagem de dinheiro e lobismo prejudiciais contra os interesses do povo e do país; omissão no exercício da função pública, etc, devem ser, nos termos da lei específica, responsabilizados e penalizados imparcialmente, com agilidade e rigor, para servir de exemplo para todos os demais cidadãos.
    São essas, as nossas considerações e sugestões como cidadão, amparadas, nos termos do Parágrafo Único do Artigo 1º da Constituição Federal da República Federativa do Brasil.
    Sebastião Farias
    Um brasileiro nordestinamazônida

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