Um coletivo virtual, por Jean Pierre Chauvin

Em Cornélio Procópio (PR) formou-se um coletivo antifascista para resistir ao obscurantismo

Imagem: Anselmo Pessoa

do A Terra É Redonda

Um coletivo virtual

por Jean Pierre Chauvin

Um espectro ronda Cornélio Procópio.

Localizada ao norte do Paraná, a cidade tem 48 mil habitantes e, pelo visto, tanto abriga defensores do atual desgoverno (que persistem em vendar os olhos), quanto opositores ao estado de improviso, desrazão, negacionismo, preconceito e violência, que contaminou o país.

Em agosto de 2020, foi criada a Comunidade AFCP – Antifascismo Cornélio Procópio, no Facebook. Na descrição sobre o coletivo, consta a informação de que se trata de um “Grupo apartidário de apoio à democracia de Cornélio Procópio”. A importância não é pouca. Além de compartilhar notícias que deveriam ser de interesse geral, alertam para questões que tocam diretamente os munícipes, para além da miniatura do Cristo Redentor – um dos points de aglomeração na cidade. Um exemplo disso reside na controversa, mas possível, indicação de um vereador à presidência da Câmara Municipal (a que alude o cartaz reproduzido ao final desta matéria).

O coletivo AFCP se organiza para avivar corações e mentes porventura adormecidos. Uma de suas façanhas tem sido divulgar anúncios em outdoors com vistas a despertar a consciência (ou a omissão colaborativa?) de ilustres concidadãos – diariamente desinformados pela maior parte dos meios de comunicação, aparentemente favoráveis à atual (con)gestão política.  A iniciativa do coletivo é corajosa e estimulante. Atitudes como essa sugerem que a resistência ao antiprojeto em curso no país (que contaminou os supostos homens e mulheres “de bem”) precisa ser exposto e denunciado.

Salvo engano, em C.P. – a exemplo do que sucede em certas capitais desta neocolônia estadunidense – as consciências são seletivas e o discurso anticorrupção só perde para as falácias do “patriotismo” entreguista, da “modernização” passadista e da “democracia” tirânica, levada adiante por figuras públicas que, embora custem bilhões aos cofres, regozijam-se em detonar as instituições em lugar de protegê-las.

Da Cinemateca ao SUS, ninguém está a salvo. Resta saber até quando a balela do “empreendedorismo” sem freguesia; do “livre” mercado, em meio à ausência de liberdade civil; da “anticorrupção” miliciana, ruralista e teocrática; da “livre” iniciativa, em meio aos miseráveis que só aumentam etc., continuará a manter adeptos do suposto anticomunismo.

*Jean Pierre Chauvin é professor na Escola de Comunicações e Artes da USP.

Redação

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