Os naufrágios do mediterrâneo e o fim do “Efeito Kadhafi”

Moradias sociais promovidas pelo antigo regime em Sabha, Líbia.

Uma das minhas últimas experiências profissionais está relacionada diretamente com a tragédia que matou mais de 300 migrantes no último dia 5 de Outubro nas margens da Ilha de Lampedusa no mar mediterrâneo.

Não, não trabalhei como comandante ou estivador, mergulhador, muito menos me aproveitando de um povo sofrido e carente da África subsaariana intermediando um pedaço do céu no espaço econômico Europeu.  A relação com a tragédia está em um plano de urbanismo feito na cidade Líbia de Sebha, na região do Fezzan em pleno deserto do Sahara, no sul da Líbia, que faz fronteira com países como a Argélia, Niger, Chad e Sudão.

Mas qual a ligação entre um plano de urbanismo e uma tragédia desta proporção? Aparentemente nada, mas depois de ter visitado a cidade algumas vezes e trabalhado com dados populacionais entre outros, a relação aparece mais límpida do que a água onde naufragaram.

Acontece que nesta cidade de pouco mais de 100 000 habitantes, circulavam muitos migrantes africanos, entre eles magrebinos, tchadianos, nigerinos, malianos,… Todos esperando uma oportunidade de embarcar.

Isto foi no ano de 2009, um pouco antes da intervenção com fins humanitários aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Líbia ainda era controlada pela família do Coronel Kadhafi e de seus aliados tribais. Aliança essa que mantinha o país estabilizado entre leste e oeste às custas de muita barbárie e enriquecimento ilícito.

Era também um tempo em que o Coronel tinha se aliado aos grandes dirigentes europeus, que já comemoravam o acesso ao petróleo, mesmo tendo que dividir com Russos e Chineses e pagando royalties fora dos padrões africanos, e aos negócios proporcionados pela riqueza fóssil do país. Em paralelo aos acordos comerciais com a Europa, a Líbia também beneficiou de subvenções para a “filtragem” dos potenciais migrantes africanos para a Europa, nomeadamente da Italia dirigida na época por Berlusconi[i].

É aí que entra o urbanismo.

No períodos em que estávamos elaborando a terceira geração dos planos urbanísticos da cidade de Sebha e das outras principais cidades da região do Fezzan, tivemos uma ideia de como funcionava o mecanismo na realidade.

A fórmula era simples.

Além da manutenção de centros de triagem nos portos do Mediterrâneo e acordos de extradição, o governo líbio mantinha ocupados, praticamente em regime de escravidão, milhares de migrantes que chegavam em solo Líbio pelo sul. Estes migrantes, que tinham seus passaportes retidos, eram postos ao trabalho, em obras de expansão da infraestrutura do regime, além dos esquemas de habitação social.

Estes imigrantes ali ficavam, beneficiando de uma renda maior do que em seus países e esqueciam por algum tempo a migração. Os mais insistentes eram dissuadidos pelas forças de ordem do governo…

Pois parece que agora que o mecanismo desapareceu depois do sucesso dos caças Rafale do presidente Sarkozi – e pelo bem da democracia na região-, o número de migrantes tentando atravessar o mediterrâneo aumentou. Com o aumento da demanda, em economias de mercado, surgem mais empresas oferecendo tickets à preços módicos. A tripulação parece que foi formada alguns dias antes da partida e o barco certamente não comportava o número de passageiros , e talvez nem tinha condições de navegar.

Desde a metade dos anos 1990, mais de 20 000 pessoas morreram no Mediterrâneo tentando migrar para a Europa, 4 000 deles desde 2009[ii]. Mesmo se a tendência de imigração pode diminuir com o desenvolvimento africano, o fim do “efeito Kadhafi” tende a aumentar estes números se as autoridades Européias não encararem de frente o problema. Conhecendo os métodos, em vez de proporcionar mais desenvolvimento às regiões carentes de onde fogem os migrantes, e flexibilizar regras de asilo no EEE, talvez novos acordos com o(s) governos da nova Líbia “democrática” se imponham…


[i] ‘Le Joker Libyen : Le Pacte Entre Berlusconi et Kadhafi Contre Les Migrants (Counterpunch) — James RIDGEWAY’ <http://www.legrandsoir.info/Le-joker-libyen-Le-pacte-entre-Berlusconi-et-Kadhafi-contre-les-migrants-Counterpunch.html> [accessed 13 October 2013].

[ii] MIGREUROP, ‘Lampedusa : l’Europe Assassine’, 2013 <http://www.migreurop.org/article2283.html> [accessed 12 October 2013].

 

Redação

17 Comentários

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  1. Se olharem a foto verão que

    Se olharem a foto verão que as estruturas são muito melhores que os da minha casa minha vida. O padrão de prédios sem pilares, apenas estruturados sobre tijolos me dá medo.

    1. Depende.

      Eu também tinha medo da alvenaria estrutural, mas fui pesquisar para evitar falar bobagem. Se feito de acordo com as normas e técnicas construtivas adequadas, é tão seguro quanto alvenaria convencional. O novo sempre nos assusta. Se for mal feito, pode ter dezenas de colunas, vigas e pilares que não vai resolver, basta ver muitos exemplos mundo afora.

      Abraço! 

    2. Esta coisa de prédio

      Esta coisa de prédio construído diretamente por tijolo, chama-se fundação direta.

      Nos dias de hoje, isto seria impossível, pois os tijolos não aguentam 20 kg de peso em cima dele. O que vocês estão falando são obras antigas, feitas, por tijolinhos, que são muito mais densos, e eram posicionados na horizontal para distribuir o peso, ainda assim, de no máximo dois andares. Ou rocha mesmo, neste caso, comportavam prédios mais altos, mas no máximo, 5 andares.

      Percebam que qualquer muro, mal dimensionado em número de pilares, começa a ficar torto, imagine um prédio.

  2. Alvenaria estrutural ,’e um

    Alvenaria estrutural ,’e um luxo ! Pense no adobe,   corajosa  ousadia  arquitetônica . Edifícios,cúpulas,estruturas complexas,pontilham   do Oriente  `a  ‘Africa .

    Quanto a Kadafi,governou  substituindo um monarca,  suprimindo  o  titulo imperial.Democracia  ‘e incompreensível naquelas paragens.O sistema tribal prevalece mesmo quando  imposta a “democracia”.

    O desmonte  dos regimes históricos  do norte da Africa e do Oriente Médio,tem apenas um proposito, manter a desestabilização e o divisionismo,pois ,ao  contrario do que  apregoam e acreditam  os verdes  nefelibatas,o petróleo ,e’ ,e , será por muito tempo a principal matriz energética.

    1. Boa Snaporaz,
       
      Todo mundo

      Boa Snaporaz,

       

      Todo mundo fala que o Kadaffi era “ditador” e enriqueceu ilicitamente/licitamente, porém “esquecem-se” de dizer que a Líbia era o maior IDH da África, maior que da África do Sul e maior que do Brasil.

      Vejo que nossa “esquerda” não tem norte. Ao invés de condenar o absurdo da intervenção militar imperalista, para nos “sentirmos” bem conosco mesmo, pois, no final, era um suposto ditador sanguinário, porém, construía casas para os imigrantes (em que lugar do mundo os governos se preocupam com imigrantes?, imigrante só é bom para manter a inflação baixa e o custo dos serviços baixos, quando chegam as crises, eles são culpados e passam a ser perseguidos de maneira covarde).

      1. Caro Paulo Henrique,
        Tenho as

        Caro Paulo Henrique,

        Tenho as mesmas reservas quanto às intervenções. Entretanto, temos de considerar que são muito poucos Líbios para muito óleo e assim, mais fácil de se chegar à bons números de IDH.

        As casas que vi sendo construídas eram para Líbios…em geral os imigrantes eram a mão de obra e nem podíamos contá-los na expansão urbana da cidade…

        Cpts,

  3. Alvenaria estrutural

    Prezados 

    A alvenaria estrutural é aplicada sem problemas. Não procede o comentário do Evandro Condé. Eu como arquiteto tenho projetos em que foi utilizada a alvenaria estrutura cerâmica em 11 e 12 pavimentos. Ps médio padrão, fora do MCMV.

    1. alvenaria estrutural

      Mesmo o concreto sendo executado de qualquer jeito nestes lugares (sem respeito do tempo de cura, falta de água,..), ainda é uma solução mais segura do que a alvenaria estrutural, que depende de uma fabricação de qualidade dos materiais e supervisão à altura…

       

  4. Êxodo

    O desequilíbrio econômico mundial continua alimentar, de forma irreversível, os movimentos migratórios que fluem das nações mais pobres para as mais ricas.

    O mesmo fenômeno vai ocorrer na América Latina e o Brasil será o destino de outros povos em busca de melhores condições de vida.

    Não há como reprimir este deslocamento forçado que é causado pela probreza e a fome em países onde a corrupção e a perda das suas riquezas para o exterior nunca permitirão que ocorram mudanças profundas no tecido social.

     

    1. Sem contar os imigrantes

      Sem contar os imigrantes qualificados europeus, já que a austeridade européia está provocando uma diáspora.

      Veremos no Brasil a divisão internacional do trabalho debaixo do nosso nariz:

      Em uma obra de construção civil de uma das nossas capitais, um engenheiro francês e um pedreiro senegalês trabalhando juntos, ambos em situação de fragilidade representando a antiga metrópole e colônia.

      Uma interessante experiência sociológica que colocará a prova os reais avanços do Brasil nos últimos anos.

    2. Espero que a diferença entre

      Espero que a diferença entre o Brasil e outros países é que os imigrantes sejam muito bem vindos e, se quiserem, sejam rapidamente integrados a nossa sociedade, sem menhum tipo de preconceito ou paranóia.

      Seria interessante o Brasil começar a estimular a vinda de imigrantes de algumas regiões do mundo que são mais explorados, como por exemplo, os palestinos. Garantindo a eles, a manutenção de toda a cultura deles aqui e, quando quiserem voltar para a Palestina livre dos nazistas judeus, voltem, caso contrário, se quiserem, fiquem, querendo ou não integrar-se ao nosso estilo de vida.

    3. migração

      Essa era exatamente uma das questões que eu queria levantar implicitamente com o texto. A xenofobia que se desenvolveu na Europa é um pouco responsável pelos acontecimentos.

      Nós aqui teremos que encarar o problema em poucos anos e será importantíssimo visto o fim do nosso bônus demográfico…

      1. O outro lado da moeda

        Imigração para ricos

        EUA Programa Investor Imigrante

        Programa de investidor imigrante EUA

        Com um investimento de 500 mil USD 
        um candidato pode obter um cartão verde
        para a sua família em um atraso de 10 a 14 meses

        O Programa Investor EUA (EB-5 programa) é a maneira mais rápida para indivíduos ricos para obter um Green Card para você, seu cônjuge e filhos dependentes menores de 21 anos.

        O único requisito para este programa é um investimento de USD 500.000,00 em uma empresa elegível que vai criar 10 postos de trabalho.

        Vantagens do U.S. Investor Program

        Não há necessidade de qualquer experiência de gestão de negócios ou.

        Processamento rápido: 10 a 14 meses para obter um Green Card dos EUA para a sua família .

        O investimento é devolvido depois de 5 anos : 50% após 2 anos e meio e 100% após 5 anos.

        O dinheiro do investimento é mantido em uma conta bancária, seguro caução até que o governo aprova o arquivo do candidato.

        Se o candidato for recusado pelo governo , o investimento é devolvido pelo banco de custódia.

        O candidato só precisa provar que ele tem 500.000 USD obtidas legalmente (equivalente a 400.000,00 euros ou 260 milhões de FCFA). Esse dinheiro pode vir de economias pessoais, um empréstimo, uma doação, herança, etc.

        Candidato é elegível para a cidadania americana após 5 anos.

        Possível continuar a realizar negócios em outras partes do mundo, desde que a residência é mantido nos Estados Unidos.
        Você pode consultar o  U.S. government website on EB-5 program

        U.S. Citizenship and Immigration Services

        Investimento

        O objetivo do U.S. Investor Program (EB-5 program)  é estimular a economia dos EUA. Com o investimento, você vai se tornar um parceiro limitado em um negócio nos Estados Unidos. Não há necessidade de participar activamente na gestão do negócio. O investimento deve criar ou preservar pelo menos 10 postos de trabalho em tempo integral dentro de 2 anos. É possível ter de volta 50% do seu investimento após um período de 2 anos e meio. O restante do investimento (50%) só pode ser retirado depois de mais 2 anos e meio. Você terá recuperado todo o seu investimento após um período de 5 anos.

        Seu investimento será colocado em empresas que têm ativos tangíveis como hotéis, comunidades de aposentadoria, centros de convenções, hospitais e cassinos. Desta forma, você não precisa se preocupar com o seu investimento.

        Por favor, consulte a lista de Projetos de Investimento
        para ver todos os projetos atuais e os últimos 
        projetos que temos realizado para os nossos clientes

        Quem Somos

        O escritório Michel Beaubien & Associates é dirigido pelo Sr. Michel Beaubien. Desde 1990, a nossa empresa processou com sucesso os arquivos de mais de 5.000 famílias, que agora têm estatuto de residente no Canadá ou nos Estados Unidos. Você pode ler mais sobre a nossa empresa.

        Imigrar au Canada   Michel Beaubien

        Nossa empresa oferece um serviço completo e personalizado, que gerenciar todo o processo de imigração para os nossos clientes : a construção do arquivo de imigração, lidando com as autoridades governamentais, para descobrir o melhor investimento para os nossos clientes e a entrega do Green Card .Nós processamos os arquivos para o programa Investidores dos EUA em colaboração com o nosso associado, que é um advogado americano com base na área de Washington DC.

        Contate-nos

        Se você está interessado no U.S. Investor Program você pode contatar o Sr. Michel Beaubien, preenchendo o formulário abaixo. Nós entraremos em contato com você dentro de um prazo de 2 dias úteis .

        http://www.michelbeaubien.com/en/about_us/our_company.php

        CONTATO EUA

        Nome; Endereço de email; Número de telefone  (Incluir o código do país e o código regional); Sexo; Mensagem; Outras informações:

        ENVIAR

        http://www.michelbeaubien.com/en/us_immigration/us_immigrant_investor.php?gad=gc51g01&gclid=CO_D05SvoboCFcGd4AodujwAHw

        (Tradução da página pelo Google)

  5. Colonialismo de volta.

     Que Kadhafi e seu regime foram ditatoriais, até certo ponto criminosos coletivamente e individualmente ( vistos exclusivamente sob a ótica ocidental), é uma verdade, mas nada muito diferente de outros paises da mesma região, ou as ” ocidentalizadas ” monarquias absolutas do Golfo Pérsico ( Arabia saudita, Emirados, Omã etc..).

     Kadhafi, durante seu tempo, criou uma identidade libia, transformou a ferro,fogo,tortura – até genocidios (pequenos), um amalgama de agrupamentos tribais, em um País, ele próprio evoluiu politicamente, de inimigo jurado das potencias ocidentais, para um “amigo” importante financeiramente ( Sarkozy e Berlusca que confirmem ).

      Teve uma visão politica, após os anos 90, de exercer no contexto africano, uma liderança positiva – o que para os que conhecem a região, sendo ele um arabe, é algo extremamente dificil – com dinheiro ( fundos a perder de vista destinados ao desenvolvimento de paises da africa subsaariana), ele estava conseguindo se estabeler como um lider ativo – DETALHE: após sua morte e queda de sua ditadura, estes fundos sumiram, desapareceram em bancos franceses, ingleses e italianos.

       A Libia é dividida territorialmente, em tres macro-regiões, as quais comportam estruturas tribais semelhantes, duas mais “ricas”, que majoritariamente são arabes e muçulmanas sunitas: as litoraneas Tripolitania e Cirenaica, e a “pobre” negra, tribalmente misturada com seus vizinhos de outros paises limitrofes, muçulmanos diferentes dos sunitas ( sufistas com algumas crenças animistas associadas – comum na Africa Subsaariana), que é a região descrita pelo articulista: Fezzan – alvo primordial do desenvolvimento libio, na era Kadhafi, no que foi muito apoiado pelos europeus, Fezzan e região, seriam, uma “barreira” anti-imigração.

        Com a intervenção européia (franco – italiana), apoiada pelos americanos, aliás uma ação ainda hj. muito mal explicada, o destino libio foi traçado, para retornar a época do colonialismo, dividir para governar: Tripolitania e Cirenaica controladas por empresas européias/americanas, do negócio petrolifero e de navegação, e que Fezzan e seus pobres negros, voltem a ser um “nada” no meio do Saara.

         Não estou defendendo M. Kadhafi, sua familia ou seu regime – familia socialmente muito simpatica, filha e filhos – mas negar a importancia dele, ou apenas avalia-lo por seus “crimes”, é ser um idiota sem compreensão dos processos históricos e politicos da região, assim como o clã Assad (Siria), ou Nasser – Sadat (Egito), até mesmo o assassino genocida Sadam Hussein (Iraque), pois todos foram parte de um momento muito importante, o do nacionalismo arabe e a resistência ao poder das grandes potencias, no jogo do ultimo lustro do século XX.

        O ocidental procura problemas, as vezes falta visão, parecem adolescentes, derrubaram Kadhafy, e agora não possuem um interlocutor com poder efetivo, politico +financeiro + militar, na região subsaariana: Niger, Mali, Nigéria, Costa do Marfim etc.., mataram seu possivel “sócio” preferencial – quem ganhou, ou ganhará? Podemos inferir que a Al Qaeda do Mahgreb, e caminhando a passos largos na região, a China.

         P.S.: Chineses são asiáticos, apesar de se dizerem comunistas, ainda e sempre raciocinam como Confucio ou por variaveis do comportamento budista: olham para o futuro, não são imediatistas; ou como um militar chinês disse: ” O que são 50 anos para nossa civilização esperar, levamos 5.000 anos para chegar onde estamos hj. (2009)”

  6. Por quê então os rebeldes que

    Por quê então os rebeldes que tomaram o poder realizaram massacres contra imigrantes africanos considerados fiéis a Kadhafi?

    O regime Líbio proporcionava boas condições (salários, moradia, emprego), com isso os africanos não eram estimulados a imigrar…

    Agora a Itália vive uma grave crise humanitária, que não existiria sem o bombardeio colonialista que o país patrocinou.

    1. boas condições, mas…

      Os imigrantes recebiam alguma coisa e certamente mais do que ganhariam nos seus países de origem (um outro comentarista falou da questão da renda, que realmente era maior do que nos países vizinhos), mas muita vezes não tinham outra alternativa, pois muitas vezes os passaportes eram retidos com a polícia. Eu mesmo, enquanto estava em missão ficava sem passaporte até o dia de voltar…

      Outra questão importante é que não contabilizávamos os imigrantes nos planos de desenvolvimento da cidade. Eram fantasmas urbanos, mesmo representando facilmente uns 20% da população…

      Assim, as moradias populares eram para Líbios. Entretanto, naquela região é um assinto difícil de resolver já que os povos do deserto não se consideram líbios, nigerinos, algerianos…

       

       

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