10 mentiras que o agronegócio conta sobre o Paraquate

A pior praga realmente é a desinformação

da Página do MST

10 mentiras que o agronegócio conta sobre o Paraquate

Diante da decisão da Anvisa de manter banimento do ingrediente ativo Paraquate no Brasil para o dia 22 de setembro, o agronegócio seguiu fortalecendo seu lobby pelo veneno na mesa e na vida do brasileiro, usando o recurso das redes sociais e da internet para espalhar fakenews sobre o tema.

Um vídeo feito pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) diz explicar os principais efeitos da suspensão do uso do Paraquat, relacionando os impactos da decisão ao valor dos alimentos em nosso país, a desinformação é colocada como o pior veneno.

Em meio a tantos enfrentamentos e perdas no contexto sanitário, ambiental, social, econômico e político, a desinformação é o que podemos chamar de praga. É criminosa a distorção da informação para propagandear agrotóxicos. Isso está previsto em lei, no DECRETO No 2.018, DE 1º DE OUTUBRO DE 1996.

Elencamos abaixo 10 mentiras que o agronegócio conta sobre o Paraquat:

1. Encarecimento de até 3 vezes o preço da cesta básica.

Sim, o arroz e feijão podem ficar mais caros, mas não por causa do banimento do Paraquat no Brasil, e sim das etapas anteriores, inclusive antes da pandemia, onde a quantidade dos chamados estoques de passagem vem diminuindo nos últimos anos, proveniente da política reducionista de Estado. Mas é evidente que é um conjunto de fatores que determina essa alta de preços. Importante ressaltar aqui que enquanto setores do Brasil fazem lobby para manter o uso do Paraquat, mais de 50 países já proibiram seu uso em todo o mundo. E mesmo sendo produzido em alguns países da União Europeia e na China, ele não é utilizado lá e sim nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e aqui em nosso país.

2. Líder de produção de alimentos.

Na verdade não estão falando do alimento da população brasileira, mas sim da produção de grãos que são exportados para alimentar bois e porcos em outros países. Hoje, 70% do que comemos com apenas 25% do orçamento destinado à agricultura no Brasil é produzido pela agricultura familiar e camponesa e não pelo agronegócio. Logo, o uso do Paraquat não está ligado à produção de comida e sim de commodities, onde nem o povo brasileiro e nem o ecossistema se beneficiam.

3. Usam como ilustração alimentos para os quais o Paraquat não tem autorização de uso como a Cenoura, alface, beterraba, tomate, batata, repolho, couve, alho, melancia.

Estão assumindo e induzindo o uso não autorizado? Na monografia, só tem autorização para: algodão, arroz, banana, batata, café, cana-de-açúcar, citros, feijão, maçã, milho, soja e trigo.

4. Redução de R$ 27 bilhões no valor bruto da produção (VBP).

De onde vem esse cálculo? Gostam do argumento econômico, mas o que não dizem é quem vai pagar a conta de quem adoece e morre por conta do Paraquat e outros agrotóxicos? A Anvisa proibiu o Paraquat por conta de 2 efeitos: a) mutagênese (mutação no material genético) para o qual não existe dose segura, pois pequenas quantidades já são capazes de atingir o material genético que fica dentro do núcleo da célula. As células danificadas podem se transformar em células cancerígenas ou, se forem atingidas células sexuais/reprodutivas masculinas ou femininas o embrião-feto-bebe desenvolver problemas. Logo, uma das fases que faz o efeito é totalmente fora de propósito e não condiz com esse efeito; b) parkinsonismo – são efeitos irreversíveis, a pessoa se expõe e o efeito aparece tempos depois.

5. Desemprego de milhões de trabalhadores.

Já temos atualmente no Brasil um contingente de 13,7 milhões de pessoas desempregadas em nosso país e não é o agronegócio quem está promovendo empregos para elas. Aliás, segundo o IBGE, o mercado de trabalho informal é o que mais cresce em nosso país, ou seja, aqueles que trabalham no setor privado sem carteira e sem CNPJ e por conta própria. A crise sanitária e o desmonte do Estado tem relação direta com estes impactos.

6. Aumento de R$ 407 milhões nos custos da produção agrícola.

Não há como triplicar o custo de produção da soja deixando de usar um veneno. A soja orgânica é opção que não usa veneno nenhum e não tem diferença tão relevante no custo de produção, em relação à soja com veneno.

7. Como costumam dizer, a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.

Estão assumindo que o Paraquat é remédio? Pesquisas comprovam que uma pequena dose de Paraquate pode levar à morte e não há antídoto para esse veneno!

8. O produtor ficará no prejuízo caso a proibição não seja revista.

Se desde 2017 a Anvisa definiu o banimento do Paraquat para 2020, porque continuaram comprando o produto? Investiram em pesquisa proibida por violar normas éticas, fizeram intenso lobby na Anvisa mas não conseguiram provar que o Paraquat não causa os males, o que centenas de estudos ao redor do mundo já comprovaram.

9. O clima tropical brasileiro exige a utilização deste produto para o plantio direto.

Porém, a proibição não é por tolice, é pela comprovação de danos à saúde. A Anvisa examinou o maior número de documentos atualizados e de problemas relacionados ao Paraquat. O produto teve sua proibição anunciada no Brasil há 3 anos, e de lá até hoje os volumes de importação só aumentaram. Foram feitos estoques de lixo tóxico proibido aqui e em outros locais. O vídeo estimula o uso destes estoques e o descumprimento da lei.

10. A pior praga realmente é a desinformação.

Talvez esta seja a única afirmação verdadeira para a FPA, pois é exatamente isso que ela promoveu: a desinformação. E quem atesta a validade das informações? Você como cidadão já parou para se questionar sobre algumas coisas quando tem em mãos este tipo de vídeo, como por exemplo: Quem fez esta propaganda? Quem é o responsável pelas induções ao uso de veneno proibido no Brasil? Quem financiou o vídeo da Frente Parlamentar da Agropecuária ? Foi recurso público? Se foi algum ente privado porque ele não aparece? Para não ser representado? O que está em jogo é a saúde da população!

E aí, você quer pagar essa conta?

*Editado por Fernanda Alcântara

Redação

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