Com discurso social, Patrus vira desafeto de produtores rurais de São Paulo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Produtores rurais do interior de São Paulo não esconderam a indigestão com o discurso de posse do ministro Patrus Ananias (PT) que, ao assumir o Ministério do Desenvolvimento Agrário, na semana passada, falou em “função social da propriedade” e numa ampla discussão sobre reforma agrária com participação de conselhos, movimentos socias e outras instituições.

Em nome dos produtores rurais, o presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran), Marco Antonio Viol, classificou a fala de Ananias como “terrorista” e disse que a instituição não pensará duas vezes em recorrer à Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP), à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) e ao ministério de Kátia Abreu (PMDB).

“O sentimento generalizado dos produtores rurais é de insegurança, afinal de contas há direitos adquiridos que podem simplesmente desconsiderados, em prejuízo de quem trabalha há décadas produzindo alimentos e divisas para o país”, afirmou Antonio Viol, segundo informe publicado no site da Siran.

“Em um momento de incerteza em relação à economia, em que o produtor rural precisa do mínimo de tranquilidade para trabalhar, produzir, criar e proporcionar bem estar a sua família e desenvolvimento ao seu país, tudo o que não precisamos é de ‘terrorismo’, como o do novo ministro”, completou.

Patrus Ananias foi de encontro ao discurso da nova ministra da Agricultura, que sustentou que no Brasil não existe “latifúndios” e que a reforma agrária deve ser feita de maneira pontual, sem ignorar direitos adquiridos. Ele falou que “o direito de propriedade não pode ser em nosso tempo um direito inquestionável, que prevalece sobre todos os demais direitos e sobre o próprio direito de realização das possibilidades nacionais”.

Para o Sindicato, Kátia foi mais “sensata”. “A intenção do ministro Ananias simplesmente ignora a história, as conquistas e as contribuições dos produtores rurais”, afirmou Viol, que ainda questiona outros conceitos utilizados pelo ministro, como direitos sociais e interesse público. “Por acaso, os direitos do produtor rural também não são sociais?”, indagou.

O dirigente também criticou a ideia de Patrus de dar espaço a “conselhos populares, conferências regionais, movimentos sociais, associações e representantes religiosos” nas discussões do Ministério. “Observa-se aí, segundo os diretores (do Siren), o desprezo pela opinião e pela defesa do produtor rural e suas entidades representativas”, escreveram.

O Siran está sediado em Araçatuba. Na região residem figuras ligadas à UDR (União Democrática Ruralista), entidade que tem pressionado no Congresso Nacional o engavetamento de projetos em defesa da reforma agrária.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

17 Comentários

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  1. Ananias está trazendo

    Ananias está trazendo intranquilidade para o único setor competitivo internacionalmente do país. É ou não é um trapalhão ideológico? Já merece ser demitido…

    1. Ideólogica é a posição dos

      Ideólogica é a posição dos outros, a sua não né?

      Já está muito manjado atribuir ideologia a quem defende os interesses dos trabalhadores e vociferar a sua como se fosse a verdade divina desprovida de intenções.

      1. Que trabalhadores? Tirar

        Que trabalhadores? Tirar sobrevivencia da terra exige um esforço extraordinario, não basta ter a terra, a realidade é completamente diferente, candidatos a invadir terra são urbanos sem nenhuma experiencia de agricultura, embusca de

        um “belisco”, uma “tungada” que possam trocar ou vender, ninguem está a fim de trabalhar muito, querem alguma vantagem, só se invade fazenda bem arrumada, com boa sede, de preferencia com piscina e churrasqueira, o

        que se gastou com essa ideia de 1961 até hoje esá em torno de R$600 bilhões (soma dos orçamentos do INCRA e do MDA, sem juros ou correção) para nada na economia. Terra dada de graça , como qualquer coisa de graça, não

        é um ativo respeitado, os grosso das pequenas propriedades produtivas do Estado de São Paulo foi comprada e paga com sacrificios por pobres, não tem sentido tirar terra de quem pagou por ela para dar de graça para quem nada fez para te-la.

  2. Mundo civilizado

    O novo ministro menciona o princípio da função social da propriedade já constante de nossa constituição desde a década de 1930, contrariando a falácia liberal anterior e , ainda assim, passados 80 anos, em pleno século XXI, depara-se com uma   resistência aos moldes autoritários transatos,  que insiste no famigerado status quo brasilis.

    Eis a nossa democracia! Uma  conciliadora entre contrários do tipo caracu!

  3. Quem é terrorista???

    “Em nome dos produtores rurais, o presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran), Marco Antonio Viol, classificou a fala de Ananias como “terrorista”.” Grande parte do que há de pior na direita brasileira está na UDR, entre os latifundiários e seu profundo egoísmo, ganância e, não nos esqueçamos, sua violência. Patrus é uma das lideranças mais cordatas e pacíficas do PT, e das mais generosas e empenhadas na defesa dos mais pobres e desvalidos. Sua defesa da supostamente tão temida “função social da propriedade” baseia-se na Constituição e na Doutrina Social da Igreja. Pra quem não sabe, Patrus é católico militante.

    1. Patrus Ananias

      Esses ruralistas têm medo do que ? Da Constituição ? Na Carta constitucional está escrito o uso social da terra e também a constituição de Conselhos Populares. Os próprios ruralistas ou produtores agrícolas podem nomear até 25% de membros dos Conselhos. É só se organizar para participar com um quarto da força de um conselho. Os outros 25% pertencem a empregados (na agricultura) eleitos por seus pares e os restantes 50% são eleitos dentre os usuários. Chorem o quanto quiserem. É isso que está na Lei. Não há nada de terrorismo.

       

      1. Essa é a tática mais

        Essa é a tática mais elementar dos proto fascistas: ficar criando fantasmas onde não existem para justificarem todo tipo de barbaridade. Esses setores retrógrados da direita brasileira, infelizmente, vêm enganando até gente bem intencionada. Trabalho, aliás, muito facilitado pelo mutismo do governo. Até uma declaração trivial como essa é bmbardeada massivamente. A tática é imobilizar qualquer movimento; atirar em qualquer coisa que se mexa que pareça, mesmo que remotamente, “de esquerda”.

  4. que dózinha,

    eu ficaria satisfeito se o chorão em causa pelo menos garantir a área de proteção nas propriedades. o que eu duvido muito.

    enfim se chorar não mama.

  5. Reforma Agrária

    Não me causa nenhuma surpresa às declarações da Senhora Kátia Abreu (MAPA/CNA) e do Senhor Marcos Antonio Viol (SIRAN), pois ambos fazem parte de uma classe dominante que a mais de 500 anos vem dominando o Brasil. São eles quem colocou os chicotes nas mãos dos Feitores para chicotear os negros nos pelourinhos, são eles quem colocava os capitães do Mato a caça dos negros que não admitiam ser escravizados, são eles que torturaram e mataram muitos jovens brasileiros que não admitiam um processo de Ditadura no Brasil. Durante o processo de ditadura que, diga-se de passagem, usou um discurso do então Presidente da Republica João Goulart na Cidade do Rio de Janeiro, para imprimir o Golpe Militar, pois o então Presidente Jango (como era chamado popularmente) falou de um plano nacional de Reforma Agrária e usaram esse período de ditadura, para caçar torturar e matar as lideranças das Ligas Camponesas e são estes mesmo senhores e senhoras quem colocou nas mãos dos Policiais e Jagunços as armas que mataram 19 Sem Terra, em Marcha para a capital Paraense, na curva do S na Cidade Eldorado dos Carajás no Pará, sem falar dos Fiscais do Trabalho de Unaí em Minas Gerais.

    Como posso esperar destas pessoas qualquer sentimento de respeitos com as classes menos favorecidas do nosso País! Nunca foi e nem nunca será o objetivo dos Trabalhadores Rurais sem Terra, tirar as terras produtivas das mãos de pessoas que trabalham e trabalham de maneira legal, mas é e sempre será o objetivo dos trabalhadores Rurais Sem Terra, fazer cumprir a constituição brasileira onde; “Toda terra que não cumpri sua função social, devem ser direcionada para a Reforma Agrária”. Quero também informar que toda Terra com trabalho análogo ao trabalho escravo, também será destinada a Reforma Agrária.

    Aceitar o discurso da Senhora Kátia Abreu e negar do Ministro Patrus Ananias e ainda ameaçar ir às entidades protecionistas da classe dominante, é a prova que esse povo ainda não compreendeu que a classe trabalhadora não vai ficar mais de joelhos e que iremos continuar lutando pelos nossos diretos e que as leis deste País sejam para todos e não sejam leis que protegem essa classe dominante e oprima a classe trabalhadora.

    Claudemir – FNL Frente Nacional de Luta Campo e Cidade

  6. Mão na enxada Ministro.

           O Ministro poderia levar ao conhecimento dos produtores rurais, o seu saber sobre; produção,custos,escoamento,encargos,juros bancários, e óbviamente a sua atuação pessoal em assuntos agrários, pessoal não teórica. Isso poderia trazer ao campo paz e produtividade. Todos nós óbviamento agradeceríamos de imediato. Chega de teoria,  romantismo e  idolatria.

    1. E os crimes?/

      Acho muito engraçado esses que ficam defendendo milionários que enriquecem com juros subsidiados, roubam terras de indios e posseiros, envenenam a terra e os alimentos. Só eles são os hérois? Só eles tem problemas para ganhar dinheiro? Na verdade são todos grandes bandidos que merecem a cadeia e ignorantes como este tal de Manoel Junior que deve ser um filhinho de papai que herdou terras sem fazer nada defendendo!! tenhoa paciência!!

      O que vai trazer paz e prosperidade para o campo é o fim dos latifúndios e uma profunda reforma agrária o resto é papo furado para defender estes bandidos dos coroneis dos latifundios

  7. “Direitos” adquiridos?

    Não, senhor latifundiário! O direito a propriedade privada é condicionado ao cumprimento de sua função social! E proprietário que não produz, desmata, destrói aqüíferos, polui, não cumpre a sua função social. Deve ter a propriedade encampada pelo Estado na forma da Lei!

    1. Não existe “”propriedade

      Não existe “”propriedade encampada pelo Estado”” no regime capitalista. Existe DESAPROPRIAÇÃO mediante previo pagamento em dinheiro. São Paulo é Estado de pequenas e médias propriedades, não tem latifundio, palavra sem sentido nos dias de hoje, ninguem deixa terra sem produzir porque os impostos são altissimos e a vigilancia é impossivel.

  8. Acho que ainda não se fez

    Acho que ainda não se fez pesquisas sociológicas sobre os médios e grandes produtores rurais. Acho que será uma surpresa, ao descobrir que a origem dos mesmos é no colonato, parcerias, meeiro, ou arrendatários. 

  9. Quem é terrorista?

    Quem é terrorista? Quem fala em função social da propriedade?!

    Ou quem extermina índios, faz grilagem de terra, usa trabalho escravo, envenena a terra e os alimentos com agrotóxicos e ainda financia esse lixo de sertanejo universitário?? Tenha paciência toda vez que estes bandidos do agro negócio (herdeiros do coronéis do latifúndio) vem abrir a boca posando de hérois (dizem que produzem alimentos e divisas para o país, como se o trabalho de todos os outros brasileiros fosse inútil e sem valor) é para esconder a verdade sobre o quanto são todos criminosos , mentirosos e bandidos.

    Reforma agrária sem dó neles Patrus e aproveita pra mandar esta Kátia Bobrreu pros quintos dos infernos!!!

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