O que esperar do setor agroindustrial, por Pedro Estevão Bastos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O que esperar do setor agroindustrial, por Pedro Estevão Bastos

Em 2015, as estimativas de vendas de máquinas agrícolas das empresas associadas da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ devem cair em torno de 30% em relação a 2014.  É uma queda significativa para o setor e reflete os problemas vividos na economia e na política nacional. Ao longo do ano, houve muitas modificações e interrupções nas condições de financiamento de máquinas agrícolas. Em março, os juros do programa Moderfrota aumentaram de 4,5% para 7,5% ao ano e tivemos interrupções nos financiamento em março, junho, setembro e, finalmente, em outubro.

O cenário econômico e financeiro do agricultor de forma geral foi razoável em 2015 e, olhando somente esta variável, as vendas de máquinas não deveriam ter um desempenho tão ruim. Porém, a falta de confiança que se instalou no país contaminou o agronegócio. Assim como em outros setores da economia, houve suspensão de parte dos investimentos à espera de uma melhor avaliação do cenário futuro da política e da economia.

Para 2016, as rentabilidades projetadas para o agronegócio, apesar de serem menores que em 2015, ainda são remuneradoras e, neste aspecto, a agricultura deverá ter uma colheita de verão financeiramente ajustada. A baixa dos preços internacionais da soja e do milho acendeu uma luz amarela para o campo, porém, em contrapartida, a desvalorização do real, que aumenta o custo de alguns insumos importados, também elevou o preço dos produtos em reais. O fator câmbio se tornou uma variável chave para 2016 e, se mantido por volta de R$ 3,80, teremos boa remuneração para as lavouras com preços cotados em bolsas internacionais.

Quanto ao setor de máquinas agrícolas, o cenário é bem mais nebuloso. Como vivemos tempos de ajuste fiscal, os recursos para investimentos poderão ser bem mais escassos e caros em 2016. O plano de safra contempla apenas um ano, de julho a junho do próximo ano. O setor de máquinas fica sem visibilidade do que ocorrerá a partir de julho de 2016, quando um novo plano safra será anunciado.

Apesar desses problemas, as linhas de financiamentos de máquinas para pequenos e médios agricultores estão abertas e funcionando, como o programa Mais Alimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário e os programas Pronamp e ABC do Ministério da Agricultura.

O programa Modefrota, que é mais direcionado para grandes e médios agricultores, está operando normalmente em janeiro/2016, porém com recursos insuficientes para o período de janeiro a junho de 2016, quando termina o plano safra 2015/16.

A manutenção de programas de modernização da frota de máquinas faz parte do esforço de incorporarmos novas tecnologias no campo que trazem maior produtividade, mais precisão, menos poluição, mais conforto aos operadores, economia de insumos e combustível, determinando maior competitividade ao agronegócio brasileiro.

Isso posto, entendemos que o cenário para a indústria de máquinas agrícolas não é muito favorável para 2016, porém confiamos no bom senso do Governo Federal que tem mostrado sensibilidade com o setor de máquinas agrícolas e, principalmente, com o agronegócio, que sustenta a balança comercial do país e deverá ser um dos únicos setores que terão crescimento do PIB em 2016.

* Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ). É diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Jacto. 

 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. cada setor reclama como

    cada setor reclama como pode…

    mas gostei do artigo porque, ao analisar o todo, transmite

    confiança de que o setor do agronegocio pode não sofrer tanto com a tal da crise…

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