Tio de Deltan Dallagnol foi acusado de invadir terras ao lado de “Pedro Doido”

Leonar Dallagnol, conhecido como Tenente, é irmão de Agenor, pai do procurador da Lava Jato; Ele é acusado de apropriação e loteamento ilegal de terras e desmatamentos

Jornal GGN – “A corrupção no Brasil é histórica, endêmica, sistemática e se arrasta ao longo das última décadas. Aqui, a punição da corrupção é uma piada de mau gosto”, a frase é do coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol, que poderia ser corrigida em um ponto. A corrupção no Brasil não se arrasta ao longo de décadas, mas sim de gerações e, em muitos casos, perpetuada por grupos familiares.

Em mais um capítulo da série de reportagens “Os Latifúndios dos Dallagnol na Amazônia“, o site De Olho nos Ruralistas apresenta fatos sobre o tio paterno de Deltan, Leonar Dallagnol. Apelidado como Tenente, ele “é a face mais visível da família em Nova Bandeirantes”, cidade do noroeste do Mato Grosso onde a família do procurador se tornou proprietária de grandes extensões de terra, chegando a dominar metade do município nos anos 1970.

Tenente é conhecido como ruralista e responsável por acompanhar de perto a rotina das propriedades rurais da família. Enquanto outro tio do procuardor, Xavier Dallagnol, é o advogado que cuida da parte jurídica das propriedades concentradas, sobretudo, no distrito de Japuranã.

Em junho de 2016, a Câmara Municipal de Nova Bandeirantes concedeu para Tenente o título de cidadão honorário da cidade por sua “bravura” como “ilustre colonizador” e “grande desbravador”. A reportagem aponta que, no documento da homenagem, a versão oficial sobre a história da família é de que os Dallagnol chegaram à região no início dos anos 1980, sendo responsáveis pela abertura de uma estrada para ligar a região central de Nova Bandeirantes ao distrito Japuranã. Mas, como mostrou outra matéria do site, existem indícios de que o clã começou a ocupar terras locais ainda nos anos 1960, regularizadas em 1978.

Tenente não é o primeiro Dallagnol homenageado no município. O primeiro foi Sabino Dallagnol, avô paterno do procurador da Lava Jato com uma rua em seu nome, onde Xavier Dallagnol e a esposa, Maria das Graças Prestes, possuem a Imobiliária Japuranã.

Existe, entretanto, uma face obscura da família Dallagnol que não merece destaque nas homenagens: são as denúncias de apropriação ilegal de territórios e grilagens. Em setembro de 2018, Tenente foi intimado a responder uma ação sobre invasão da Chácara Primavera, em Japuranã. Ele é acusado de cometer o crime ao lado de outros dois homens, Laércio de Tal, vulgo “Pedro Doido” e “Nego Polaco”.

Alguns anos antes, em 2010, Tenente assinou um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Público do Mato Grosso por destruição de área de reserva legal da Fazenda Aruanã, também no distrito de Japuranã.

A reportagem do De Olho nos Ruralistas descobriu ainda que Leonar Dallagnol responde a dois inquéritos por loteamento ilegal de terras no município próximo a Nova Bandeirantes, chamada Nova Monte Verde. Em um deles, o Ministério Pública aponta que Tenente foi responsável pelo loteamento Estrela Dalva.

“De Olho nos Ruralistas confirmou que ele é o único sócio da empresa imobiliária com esse nome [Estrela Dalva], criada em 2016. Ele responde a esse processo com mais oito homens, entre eles o irmão Xavier”, escrevem Leonardo Fuhrmann e Alceu Luís Castilho que assinam a matéria. Outro inquérito que Tenente responde foi aberto em março de 2018, pelo mesmo crime.

Clique aqui para ler a reportagem na íntegra. 

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Redação

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