Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
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Ação irresponsável evidencia isolamento de Guaidó, por Gilberto Maringoni

Não se sabe quem compõe o Estado maior da oposição venezuelana, ou se o jovem deputado age por impulsos próprios. O certo é que pela segunda vez mostra não ter a menor percepção do que significa correlação de forças

Foto O Globo

Ação irresponsável evidencia isolamento de Guaidó

por Gilberto Maringoni

Dois meses depois de fracassar na tentativa do “golpe humanitário” com apoio dos Estados Unidos e dos países do Grupo de Lima, o líder oposicionista venezuelano Juán Guaidó foi mais ousado. Tentou cavalgar um golpe militar. Se deu mal.

Não se sabe quem compõe o Estado maior da oposição venezuelana, ou se o jovem deputado age por impulsos próprios. O certo é que pela segunda vez mostra não ter a menor percepção do que significa correlação de forças. Além disso mostra ser pior de jogo do que o governo a quem acusa de incompetente.

O QUE PRETENDIA GUAIDÓ em 23 de fevereiro e agora, em 30 de abril? Promover uma ação espetacular que serviria de gatilho para uma rebelião popular descentralizada. No primeiro caso, uma entrada triunfal de caminhões com supostos gêneros de primeira necessidade e neste, a tomada de uma guarnição armada.

O comburente seria o descontentamento popular com uma situação econômica gravíssima. Era incêndio certo, em seus planos.

Os revoltosos de agora teriam ao seu lado oficiais que tomariam a base militar Generalíssimo Francisco de Miranda, conhecida como La Carlota, nome do bairro em que está instalada.

SITUADA NA REGIÃO CENTRAL de Caracas (zona leste), a guarnição 105 hectares compreende um aeroporto de pequeno porte e uma base de helicópteros. Abriga o Comando Geral da Aviação É estratégica para quem deseja dominar o espaço aéreo da capital.

Em 4 de fevereiro de 1992, quando tentou derrubar o governo de Carlos Andrés Pérez, o então coronel Hugo Chávez Frías buscou tática semelhante: tomaria La Carlota para, em seguida, avançar sobre o palácio de Miraflores, situado a dez quilômetros dali. O intento foi derrotado.

No caso de Guaidó, não apenas as dissensões nas forças armadas mostraram-se muito menores do que o calculado, como as massas resolveram ficar em casa ou ir trabalhar. O oposicionista parece ter queimado a credibilidade que lhe restava, ao exibir ínfima legitimidade social. Trata-se de personalidade inflada a partir de fora.

OS GOVERNOS DOS ESTADOS UNIDOS, Colômbia e Brasil – entre outros – voltaram a passar um carão de alcance planetário. O tuiteiro oficial do Planalto, Jair Bolsonaro, excitou-se a ponto de vincular PT e PSOL ao governo de Nicolás Maduro, além de hipotecar solidariedade a Juán Guaidó.

Maduro aproveita a oportunidade de novamente mostrar força. A situação segue muito ruim na economia, mas a compra de milhões de cestas básicas no exterior e o fato de produtos iranianos e russos forrarem as gôndolas dos supermercados acalma as demandas mais prementes. Mas o bloqueio econômico e os problemas estruturais internos não garantem salário emprego e renda á população. O governo, porém, conseguiu adiar mais uma vez o ponto mais agudo da crise.

É PLAUSÍVEL QUE MADURO desate uma caça às bruxas nas armas e puna os sublevados, como qualquer governo faria. Se for hábil, não prenderá Guaidó. Em lugar de um mártir, talvez seja melhor mantê-lo como um animador de auditórios cada vez mais reduzidos.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

9 Comentários

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  1. Aqui Carlucho, em Caracas La Carlota e mais uma vez Maduro mostra que não tem só tamanho.
    É de se perguntar o que Guaidó consome no café da manhã para iniciar o dia tão “autoproclamado”.
    Discordando com o articulista, quero crer que Guaidó já deveria estar “guardado” desde a primeira tentativa de golpe.
    Esse guaidó, ou toma cachaça em jejum ou é espiritado.

  2. Enquanto isso, o Carluxa, em vez de ir brincar mas a prima, vai cutucar onça com vara curta
    Não dá ouvidos a esse Imbecil Quadrado, não, Hezbollah, porque essa carniça quer tirar uma casquinha na nobreza de vcs, tal qual o Flavio bostonaro tirava casquinha na pobreza dos assessores

  3. pelo jeito o esuema golpista venezuelano
    depende muito da grande mídia empresarial golpista
    e das fake news que viraram moda….
    a grande mídia brasileira, rdícula como sempre,
    estampava fotos sobre acontecimentos que seriam
    violentos, embora nada
    comprovasse serem fatos verdadeiros….
    a telesur mostrou soldados dedurando alguns
    golpistas da base aérea de la carlota,
    pequeno aeroporto a dez quilometros do palacio miraflores…
    esses soldados disseram que foram enganados
    pelos traidores da pátria os quais prometeram
    homenageá-los mas acabaram mandando-os
    pegar em armas contra o governo maduro….

    a rapaziada debandou ao
    encontro das tropas oficiais….
    era de rir…
    se não fosse uma tragedia latino-americana
    comandada pelo imperialismo norte-americano,
    como sempre, aliás….

  4. Erro estratégico do moleque ou será que foi mais uma vez um erro da inteligência americana. Os americanos estavam confiantes de que Maduro estava prestes a deixar o país, num acordo com os militares bolivarianos. Me parece que esta confiança os fez tentar fazer de Guaidó o grande vitorioso. No script a saida de Maduro devido ao acordo como militares se transformaria na saida de Maduro devido a marcha de Guaidó . Era a deixa para proclamar Guaidó vitorioso. No dia anterior Departamento de Estado ou algum orgão do governo americano tinha afirmado que a oposição a Maduro só seria respeitada se fosse alinhada com Guaidó e esta mensagem se dirigia aos militares.
    Hoje, frustrado Pompeo afirmou que Maduro iria se exilar mas por pressão Russa mudou de idéia, desarmando todo o script do golpe de Guaidó.
    Guaidó jamais teve um suporte significativo, e esta seria a unica forma de Guaidó ter uma importância pos Maduro. Os russos ou o exercito bolivariano, ou ainda os dois juntos, frustaram o golpe e mudaram o script.
    Trump sentiu o golpe e agora faz ameaças cada vez mais fortes de intervenção militar.

  5. Realmente Juan Guaido se mostra pouco capaz de estratégia para libertar o povo venezuelano do ditador vagabundo Nicolas Maduro. Precisamos de um líder oposicionista mais forte para enfrentar o sanguinário e psicopata maduro. Espero que os EUA e a CIA entrem ,tomem Miraflores e matem o quanto antes Nicolas Maduro e toda a sua gangue de generais , todos envolvidos d financiados pelos traficantes e aqui no Brasil pela corja imunda e vagabunda do PT, de Gleisi, a tribufu Maria do Rosário, a suja Jandira feghali etc. Ass Carlos um patriota limpo 41984795134

  6. Ele age orientado. Sabe q não tem força, mas o objetivo é ir criando fato político, fornecendo combustível para o massacre midiático, até q uma intervenção militar estrangeira se autojustifique.

  7. Ele age orientado. Sabe q não tem força, mas o objetivo é ir criando fato político, fornecendo combustível para o massacre midiático, até q uma intervenção militar estrangeira se autojustifique. É como vejo.

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