Acordo de Livre Comércio abre aproximação econômica de Bolsonaro a Chile

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Avanços do acordo na área de comércio para ambos os países introduz interesses de Bolsonaro a políticas liberais: “Este é um acordo que vai além do estritamente econômico”, disse o presidente do Chile, Sebastián Piñera
 

Foto: Prensa Presidencia de Chile
 
De Santiago, Chile
 
Jornal GGN – A rápida viagem de Michel Temer a Chile, na manhã desta quarta-feira (21), já estava com os preparativos finalizados: o acordo de livre comércio entre ambos os países já estava traçado desde março deste ano, deixando abertas as relações bilaterais para Jair Bolsonaro e a aproximação que o futuro mandatário pretende com as políticas liberais do país.
 
Por isso, a visita na manhã de hoje de Temer a Piñera foi breve e comemorada pelo atual presidente chileno: “O presidente Sebastián Piñera recebe o mandatário do Brasil, Michel Temer, para a realização de uma audiência a assinatura de um Acordo de Livre Comércio entre ambos os países”, informou, em nota o Palacio de La Moneda.
 
A viagem foi curta também porque na agenda de Temer segue os trabalhos de transição de sua gestão ao governo de Jair Bolsonaro, com a passagem do mandato que será realizada no dia 1 de janeiro de 2019.
 
As negociações para a assinatura do acordo partiram em março, quando Piñera visitou o Brasil e traz, entre outros aspectos, a abertura comercial, facilidades para a política de competição comercial, a entrada de micro, pequenas e médias empresas no Chile, práticas regulatórias, comércio eletrônico, comércio de serviços, telecomunicação, área de atuação comercial como varejo e meio ambiente, assuntos trabalhistas e cooperação econômica.

 
 
O documento reúne um total de 17 itens, que visam facilitar as negociações e o trânsito de mercadorias e produtos entre os países. Entre as medidas, na área de telecomunicações, acaba com o “roaming internacional”, a cobrança para dados e telefonia móvel. Também foram incorporados ao instrumento o Protocolo de Compras Públicas e o de Investimentos em Instituições Financeiras.
 
O acordo é de interesse para o Chile, considerando que o Brasil é o principal sócio comercial do país na América Latina e também é onde o país mais leva investidores internacionais diretos. Entre janeiro e agosto deste ano, o intercâmbio comercial de Chile e Brasil foi de 6.808 milhões de dólares, um aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado, ainda em meio à crise econômica que o estado brasileiro sofre.
 
O Chile exportou ao Brasil cerca de US$ 2,3 milhões, também um aumento de 4,7% em comparação a 2017, e o Brasil exportou a Chile cifras de US$ 4,5 milhões, que representaram 31% mais do que o ano passado. 
 
“Brasil não é só o nosso principal sócio comercial, com um comércio que supera os US$ 11 bilhões, é também nosso principal destino de investimentos, com mais de US$ 31 milhões. E este Acordo de Livre Comércio vem aprofundar o comércio de bens e o comércio de serviços, a integração e, portanto, é um novo grande passo para essa relação”, disse o presidente chileno.
 
Entretanto, para além da área comercial, Piñera deixou claro que a visita de Temer e a assinatura do acordo tinha outros objetivos do que a aliança em si: “Este é um acordo que vai além do estritamente econômico. Também busca aproximar e integrar nossos países do ponto de vista da cultura, da colaboração política, da solução e do enfrentamento de problemas”, afirmou o mandatário em declaração à imprensa, no Palácio de La Moneda.
 
Do lado de cá, Michel Temer também indicou que aposta nessa aproximação: “Constituirá, ao mesmo tempo, um vetor de aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico e de reforço da integração regional”, informou o Itamaraty, em nota.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Enquanto isso, circus brasilis…
    Bolsonaro ateh agora tem resistido a convidar uma mulher para seus ministeros, indicou uma mamona, cuja campanha eleitoral eh financiada por por um criminoso que continua impune, sob a alegacao de amizade antiga

  2. E que importância pode ter o
    E que importância pode ter o Chile para o Brasil?
    Uma população e economia minúsculas, essencialmente agrícola, e geopoliticamente voltada para o Pacífico.

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