América Latina vê aumento da corrupção e Brasil tem esperança

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A percepção de toda a região é de que a corrupção aumentou em um ano e os governos já não conseguem mais responder ou solucioná-la. Brasil está em quarto lugar na corrupção pela visão dos cidadãos, mas lidera a lista de que o povo pode modificar este cenário
 

Foto: Stringer/Reuters
 
Jornal GGN – Para 78% dos brasileiros, a corrupção aumentou no Brasil. Pesquisa divulgada hoje pela Transparência Internacional mostra que para 64% dos entrevistados, o nível de corrupção “cresceu muito” no país e outros 14% avaliam que “aumentou consideravelmente”. 
 
Mas não feita apenas no Brasil. O relatório que entrevistou 22 mil pessoas em 20 países da América Latina e Caribe traz a constatação de que a falta da confiança das pessoas nos governos para resolver o problema da corrupção é geral na região.
 
Mais da metade dos entrevistados na região, 53%, entendem que o governo está falhando em resolver a corrupção. Ainda, apesar de mirar em situações aleatórias de entrevistados, não apenas em setores políticos ou representantes econômicos e públicos, 29% admitiu em toda a América Latina e Caribe que tiveram que “pagar um suborno” para usar um serviço público nos últimos 12 meses.
 
“As pessoas da América Latina e do Caribe estão sendo decepcionadas pelos governos e pelo setor privado. O suborno representa uma barreira significativa para o acesso a serviços públicos essenciais, particularmente para os mais vulneráveis ​​da sociedade”, afirmou o presidente da Transparência Internacional, José Ugaz.
 
Para 62% dos ouvidos, a corrupção aumentou em um ano. O levantamento foi feito entre maio e junho de 2016 no Brasil, escutando 1.204 cidadãos. O período coincidiu com o afastamento da então presidente Dilma Rousseff.
 
A ONG, que é sediada em Berlim, realiza pesquisas por todo o mundo com mira no tema da corrupção. O Brasil não é o país que lidera a percepção de corrupção pelas populações, aparecendo em quarto lugar. A Venezuela é o número 1, com 87% dos cidadãos enxergando o aumento da corrupção, seguido de surpreendentemente o Chile (80%), e Peru (79%). 
 
Apesar de não ser avaliado pelo relatório, uma vez que os questionamentos foram feitos ainda em 2016, Michel Temer e os envolvimentos de seu nome e de seu governo em ilícitos são mencionados no documento. A Transparência Internacional menciona a Operação Lava Jato e as acusações contra o peemedebista, hoje presidente. 
 
 
Ao divulgar o relatório, a imprensa não informou que a ONG traçou a conexão dos mesmos políticos que foram os responsáveis pelo afastamento de Dilma no impeachment com os que hoje engavetam as denúncias contra Temer:
 
“Um dos desdobramentos mais recentes da Operação Lava Jato foi a apresentação de denúncias contra o presidente do Brasil, Michel Temer, por supostamente aceitar um milhão de dólares de propina. A acusação, entretanto, foi suspensa pela Câmara dos Deputados, em que muitos congressistas votaram para bloquear os processos judiciais no Supremo Tribunal Federal, enquanto o mandatário está na Presidência”, escreveu.
 
Ainda, apesar de apresentar um número significativo de desconfiança da população brasileira no governo, o Brasil é o que lidera em esperanças: 83% acreditam que os cidadãos comuns podem sim fazer a diferença contra a corrupção. É a maior taxa da América Latina e Caribe.
 
 
Leia, abaixo, a íntegra do relatório:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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