Evo Morales assume 3º mandato, sem a presença de Bachelet, por Frederico Füllgraf

Evo Morales, promessa de crescimento

Frederico Füllgraf

Santiago do Chile – Especial para Jornal GGN

Quem diria!

Neste 21 de janeiro, Juan Evo Morales Ayma, o índio uru-aimará, nascido em berço pobre no arraial mineiro de Orinoca, departamento de Oruro, sagra-se como o presidente mais longevo da república fundada por Simón Bolívar, em 1825, que entrou para a História sob o signo emancipador do sindicalista cocaleiro como Buliwya Mamallaqta, designação aimará que quer dizer “Estado Plurinacional da Bolivia”.

Em 12 de outubro de 2014, o artigo Morales emplaca 3º mandato com economia favorável e inclusão social fechava com a frase auspiciosa, “a Bolívia vai bem, obrigado!”.

A frase resumia o êxito dos primeiros oito anos da administração Morales, da que é emblema, entre outros, a taxa de crescimento econômico de 5% (dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe-Cepal) ou 5,5%, segundo o governo boliviano.

Enquanto a média regional do crescimento na América do Sul foi de 1,1%, sem falar do pífio índice de 0,2% registrado pela economia brasileira (mais de vinte e cinco vezes abaixo da excelente marca boliviana), a república plurinacional andina se destacou como locomotiva do desempenho continental em 2014.

Crise e oportunidade

Três meses atrás, escrevíamos que, apesar do excelente performance boliviano, sua “fixação na velha matriz energéica dos combustívedis fósseis, o calcanhar de Aquiles de todo boom baseado no extrativismo exportador de commodities, é sua perigosa exposição à volatilidade do mercado internacional”.

A volatilidade sacudiu o mercado mundial, outubro era apenas o início da queda livre das cotações do preço do petróleo, provocado pela inundação premeditada do mercado mundial por superprodução saudita, supostamente para frear os concorrentes do fracking do xisto; suposição ingênua que a cada dia mais evidenciou uma trama política urdida com a finalidade de sabotar a Economia russa, também perigosamente amarrada ao desempenho de sua conta de petróleo.

Luis Arce, ministro da Economia e Finanças boliviano, afugenta fantasmas, enxergando “um efeito negativo, mas também um efeito positivo” na maré brava do mercado dos combustíveis. Explica que, por um lado, a Bolívia exporta gás, cujos maiores compradores são o Brasil e a Argentina, mas cujo preço caiu 40% em cinco meses, obviamente prejudicando a conta de exportações Porém, no mesmo período, a queda do preço do barril de petróleo foi de 52%. Como a Bolívia importa gasolina e diesel, vendidos no mercado interno a preços subsidiados pelo governo, o país consegue safar-se, reduzindo notavelmente o impacto da conta do gás.

Bolívia exporta gás e gente

Nem tudo são rosas no desempenho econômico boliviano, que cobra políticas urgentes de diversificação da matriz produtiva, principalmente com o traçado de um rigoroso vetor tecnológico e a dinamização do setor agro-exportador.

Aspecto dramático, raramente comentado pelas análises oficiais, são os mais de 700.000 bolivianos, cerca de 7,0% de toda a população, residentes fora do país, principalmente como mão-de-obra barata e suja, na Argentina, España e Estados Unidos, seguidos de perto por São Paulo, no Brasil, onde o número de bolivianos registrados pelo último censo aumentou 173%, saltando de 6.578 para 17.960 – estatística colocada em dúvida pelo próprio consulado da Bolívia, que estima em mais 100 mil seus compatriotas imigrantes, sobretudo se computados os ilegais.

Atraídas por empresas de contratação e terceirização de mão-de-obra jovem e barata, principalmente para a indústria têxtil e o mercado de empregadas domésticas, na Argentina, no interior da Bolívia operam redes sociais que incentivam a emigração de notáveis contingentes que não conseguem ser absorvidos pelo mercado de trabalho interno, mas cujas remessas do exterior – segundo estimativa da Organização Internacional para as Migrações (OIM) – já são responsáveis por 5% do PIB boliviano.

Contudo, o performance econômico é apenas uma das três pernas que movem o novo paradigma histórico boliviano, os outros dois são a ascensão ao poder do indigenismo e a tenaz campanha pelo mar boliviano, tema de duas reportagens publicadas proximamente neste espaço.

Tensões e boicote chileno

Na véspera da posse de Morales, a chancelaria chilena emitiu uma curiosa – e contraditória – nota para justificar a ausência da presidenta Michelle Bachelet ao ato festivo em La Paz, pretextando, primeiro, que a mandatária “não costuma prestigiar posses de mandatos consecutivos” e, segundo, que sua agenda estaria tomada com viagens a Nova York e ao Vaticano.

As excusas enviesadas do gabinete do chanceler Heraldo Muñoz são risíveis, pois Bachelet consagrou com sua presença tanto a segunda posse de Morales, em 2010, como a de Dilma Rousseff, no último dia 1º. de janeiro, e retornou de sua viagem à Nova York na manhã da quarta-feira, 21.

Sobrava-lhe tempo para reeembarcar rumo a La Paz, mas uma estranha nota à imprensa anunciou seu reembarque com destino a Roma, nesta manhã de 22 de janeiro, que tampouco confere, uma vez que a segunda visita ao Vaticano (a primeira foi em 2009, ao Papa Benedito XVI) em companhia de Cristina Fernández de Kirchner, foi cancelada na véspera do Ano Novo, devido a uma fratura de tornozelo da presidenta argentina, e vagamente reagendada para “o mês de janeiro” – reagendamento agora agravado pela misteriosa morte em Buenos Aires do promotor Alberto Nisman.

A rigor, uma visita de Bachelet, sozinha, ao Vaticano, não faria sentido, pois a agenda prevê a celebração conjunta das presidentas do 30º. aniversário do Tratado de Paz e Amizade, assinado com a mediação do então papa João Paulo II, que evitou a “Guerra do Beagle”, entre as ditaduras argentina e chilena.

Este seria o pretexto oficial para a visita, e talvez o verão tórrido, dos Andes Centrais ao Atlàntico, faça das suas para esquentar cabeças, pois reinam os desencontros e o nervosismo nos gabinetes palacianos.

A verdadeira missão de Bachelet no Vaticano, não admitida publicamente pela diplomacia chilena, tem pressa e consiste em contrabalançar o encontro de Evo Morales com o Papa Francisco, ocorrido em meados de 2014, ocasião em que o Pontífice confirmou sua visita à Bolívia em 2015, visita que por sua vez gerou nervosismo no palácio La Moneda e na chancelaria chilena.

Pano de fundo da competição pela bênção – e quem sabe, pela mediação – do Papa é a ação protocolada em abril de 2013 pela Bolívia na Corte Internacional de Justiça (CIJ), de Haia, que obejtiva obrigar o Chile a sentar à mesa e negociar uma saída soberana da Bolívia ao Pacífico, perdida na Guerra do Salitre (1879-1883).

Cordiais durante o primeiro mandato de Bachelet (2006-2010), desde o final da gestão Sebastián Piñera e neste primeiro ano do segundo mandato da presidenta socialista, as relações entre a Bolívia e o Chile se tornaram tensas, subindo de tom – tom agravado com o apoio declarado à Bolívia pelos países da ALBA e o presidente uruguaio, José Mujica.

Perdedor da disputa marítima com o Peru na mesma CIJ, em 2014, e assustado com a bancada de juristas internacionais de primeira linha, contratados pela Bolívia e coordenados por Phillip Sands – o inglês com máster da Universidade de Cambridge que em 1999 rejeitou uma proposta indecorosa para defender o ditador Augusto Pinochet, durante sua prisão domiciliar em Londres, e que, ao contrário, tentou forçar sua extradição à Espanha – o Chile teme perder mais uma batalha limítrofe, na qual os assessores de Bachelet não querem ceder um dedo, com medo de perder a mão. Na verdade, a bagatela de 5 km do total de 400 km de litoral boliviano “incorporados” pelo Chile em 1883.

Redação

32 Comentários

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    1. Prometeu aumentar a area

      Prometeu aumentar a area legal de plantio de folha de coca de 3.000 hectares para 42.000 hectares, tornando a Bolivia a maior exportadora mundial de coca em folha ou pasta, transformou o Brasil no maior mercado de cocaina do planeta, maior que os EUA, aumentando exponencialmente o crime no Brasil, 57.000 assassinatos em 2.014. Realmente cumproiu.

    2. Por que tanta admiração pelo

      Por que tanta admiração pelo Aimará Cocaleiro? Afinal, o presidente Evo achacou refinarias da Petrobras na Bolívia, dobrou unilateralmente o preço do gás fornecido ao Brasil, legalizou, “esquentou”, 250 mil  carros, notadamente quase todos roubados aqui e para tripudiar ainda mais do Brasil, devolveu uns quantos caminhões cegonhas de automóveis sem rodas e depenados, sucata. 

      A esquerda latino americana é muito do vira-lata, adora um subdesenvolvimento.

       

      1. É uma admiração ideologica, o

        É uma admiração ideologica, o cara é muito ruim, não deu um unico apoio aos 300 mil bolivianos miseraveis que vivem em São Paulo com empregos na industria de confecção, explorados em péssimas condições de sobrevivencia. Morales poderia destinar 0,5% da receita do gás para criar um centro de apoio com médicos,  auxilio escolar, agilizar a documentação para os clandestinos, era sua obrigação fazer isso pelos seus compatriotas, poderia vir em algum Natal nesses oito anos para saudar seus patricios mas o caro quer é passear pelo mundo, malandro esperto fantasiado,

        não vejo nele grandeza alguma, um mero aproveitador e o Brasil não tem nenhum motivo para incensa-lo, HUMILHOU, vou repetir,  HUMILHOU o Brasil ao provocar a demissão do Chanceler Antonio Patriota por um simples capricho e por um reles motivo, até hoje a Embaixada em La Paz está sem Embaixador e sem Encarregado de Negocios para aplacar a ira dele com o Brasil, estamos nos portanto como Pais vira lata frente a uma grande potencia, é de dar azia em bom estomago.

  1. “…a república plurinacional

    “…a república plurinacional andina se destacou como locomotiva do desempenho continental em 2014…”

    O sonho esquerdopata… tamo bem????

  2. Conflito diplomático muito interessante,

    consequência do excesso de confiança do Chile em crer que ninguém se incomodaria com a dubiedade da sua política externa, alternando acenos a seus vizinhos geográficos da América do Sul, e juras de amor aos EUA, participando com grande entusiasmo em todas as ações “pacíficas” (no sentido de “Pax Americana” e do Oceano Pacífico) do Grande Irmão.

    Esta dubiedade não tinha riscos quando o Brasil era um mero repetidor dos desejos do tal Grande Irmão, e ele pouco se interessava por seus vizinhos.

    Mas com a maior independência brasileira e o desejo de integrar seus vizinhos num espaço de paz e desenvolvimento, a posição do Chile ficou muito isolada.

    Na disputa citada, a Bolívia é considerada como favorita pelos especialistas…

    1. Meu caro Leonel, a diplomacia

      Meu caro Leonel, a diplomacia chilena é a mais racional possivel, procura os interesses do Chile. A quais vizinhos voce se refere? As relações do Chile com a Argentina são historicamente ruins por causa da questão antiga do Canal de Beagle,

      pioradas muito com a posição anti-Argentina do Chile na Guerra das Malvinas.

      Com o Peru são ainda piores por causa da guerra chileno-peruana de 1878, quando o Exercito chileno ocupou Lima,

      apesar disso o Chile é o maior investidor no Peru, depois dos EUA, quase todos os shoppings e supermercados de Lima são chilenos.

      Com a Bolivia não poderia ser pior o relacionamento, o demagogo Morales quer maximizar o azedume das relações com a questão da saida para o mar, uma completa estupidez porque o Chile colocu à disposição da Bolivia um porto boliviano no Pacifico em Antofagasta com alternativa em Iquique, com cais e armazens  sob gestão boliviana, Morales recusa porque quer soberania sobre esse porto, o que nunca o Chile vai dar e assim cria um impasse que politicamente lhe dá dividendos dentro da Bolivia, sua campanha anti-chilena é um dos pontos altos de sua plataforma eleitoral.

      O Chile tem grande interação com os EUA e com as nações do Pacifico, sua diplomacia refelete, na logica, essa relação.

      Não vejo nada de errado na politica externa do Chile, aliás é das mais competentes das Americas.

      1. Viva Pinochet!

        Curiosa a imagem que o Andre Araujo constroi aqui da “diplomacia chilena”. O que eu estou vendo, na verdade, é uma defesa da diplomacia pinochetista. Enfim, sintomático!…

        1. O Governo Pinochet ACABOU há

          O Governo Pinochet ACABOU há 27 anos, hoje o Chile é governado pelo PARTIDO SOCIALISTA, o que tem a ver a diplomacia de hoje, do Governo Socialista, com Pinochet?

          1. Acabou?

            Faz de conta que o pinochetismo acabou! Faz de conta que não foi ontem que o Senado chileno resolveu mudar o sistema eleitoral montado pelo Pinochet…

            O que é isso? cinismo ou burrice mesmo?

  3. André: que comentário

    André: que comentário esdrúxulo! Quer dizer que os viciados da américa são viciados por causa da Bolívia? E a colômbia? Não adianta, para certas pessoas, a AL, com governos de esquerda, é que destróem o mundo. No USA, sabes quanto da população é drogada? Se alguém tem que arrumar a casa com seus consumidores vorazes, esse, me parece, ser o USA. A coca faz parte da cultura boliviana, e não são drogados. Ou já ouviste falar de crime organizado da droga na Bolívia? Se, sim, já te peço desculpas pelo meu desconhecimento, mas que a colômbia é a traficante, sabemos, né?

    1. Existem sim os grandes

      Existem sim os grandes comerciantes de cocaína na Bolívia, embora menores que os cartéis colombianos. Mas isso não desqualifica seu comentário, Janes, de jeito nenhum. A cultura da coca é tradição milenar na Bolívia sim. E não foi ela que inventou a cocaína. 

      Botar a culpa no país do Evo, pelo fato dos EUA e o Brasil terem um monte de cheiradores é o fim da picada. Quem sustenta essa indústria do crime são os plaboys de Los Angeles, Nova York, São Paulo e Rio. E entre quem mais lucra, não tem nenhum boliviano.O fracasso da “guerra às drogas”, que no fim incrementa a violência relacionada ao consumo e venda, é todo do Tio Sam e seus apoiadores tupiniquins. 

      Preconceito puro e simples do AA.

    2. Não faça confusão, a coca

      Não faça confusão, a coca para mascar não precisa nem de um décimo da area legalizada por Morales, hoje 42.000 hecatres, o grosso dessa area serve para exportar e o mercado é o Brasil, não é os EUA, que é abstecido pela Colombia com coca do Peru e que chega pelo Mexico.   Estou falando de BRASIL, de brasileiros, não dos EUA, porque essa confusão? Precisamos defender o Brasil da droga, esse é meu comentario e a Boplivia só ajuda a aumentar o vicio no Brasil ao ter tanta coca excedente para exportar. Nos EUA o consumo já foi maior, a repressão conseguiu diminuir o consumo, hoje o maior mercado mundial DE CONSUMO é o Brasil.

       

  4. As relações Brasil Bolivia

    As relações Brasil Bolivia historicamente tinham o Brasil como Grande Irmão, potencia dominante, a Bolivia estava na area de influencia do Brasil. Sob esse desenho geopolitico o Brasil DESCOBRIU o gás na Bolivia na decada de 60 e na esteira dessa descoberto foram firmados os Acordos de Roboré, pelos quais o Brasil teria preferencia na exploração desse gas.

    Foi construido o GASBOL, um grande gasoduto de 2.700 quilometros a um custo de 8 bilhões de dolares, alem das instalações de exploração e compressão de gas dentro da Bolivia.

    O Brasil tambem foi o introdutor do agronegocio na Bolivia , nas provincias da Meia Lua em torno de Santa Cruz de La Sierra, cidade com  ferroviaria com o Brasil. Foram agricultores brasileiros que deslancharam a soja, o arroz e o milho, alem da pecuaria, tornando essa região um polo de riqueza da Bolivia.

    Após a ascensão de Evo Morales o Brasil foi grandemente prejudicado.

    1.Evo estatizou sem compensação (falou-se que iria pagar mas nunca mais se tocou no assunto) duas refinarias da Petrobras em Cochabamba.

    2.Evo nacionalizou sem compensação os campos de gás da Petrobras na provincia de Tajira.

    3.Evo rasgou os acordos do gá, passou exigir o tripo do preço e ainda em 2014 teve o acinte de exigir “”Bonus”” porque alega que o “gás era muy rico””, o Brasil prontamente , dem discutir ou argumentar que isso não existe nos acordos, pagou US$434 milhões com um cheque da Petrobras, o Brasil nem pediu prazo, descontou o qualquer outra coisa, apenas pagou.

    4.O Brasil está importando gás da Russia, trinindad e Algeria a um custo altissimo por causa da liquefação e reigasificação, alem do frete supercaro, quando poderia sem maiores investimentos aumentar consideravelmente o despacho de gas pelo atual GASBOL, o Brasil pouparia uns 3 a 4 bilhões de dolares ai, não faz porque Evo não quer.

    5.Evo aumentou a area de folha de coca legal de 3.000 hectares, que era o suficiente para a folha que a população do Altiplano masca, para 42.000 hectares, o excedente só tem um mercado, o de cocaina, cujo destino é o Brasil, transformdo em maior mercado consumidor mundial,razi de incontaveis crimes de morte , assalto e outros, movidos pela cocaina. O Brasil não fez uma unica reclamação à Bolivia. Esse aumeno da exportação de coca gerou um boom imobiliario em La Paz, com dezenas de predios de partamento de luxo porque há muito dinheiro vivo na economia,

    o Brasil é que paga a conta. A abundancia e disponibilidade de coca boliviana transformou brasileiros tambem em traficantes internacionais, o que mostram os episodios da Indonesia. O Brasil tem total interesse nesse assunto mas tem medo de Morales e ninguem reclamou quando ele mandou a Assembleia boliviana a lei aumentando o plantio de coca, cujo mercado obvio é o Brasil. Não houve pressão diplomatica nem sequer uma nota do Itamaraty reclamando.

    Morales detesta o Brasil, é inimigo do Brasil, persegue os agricultores brasileiros e o Brasil bate palmas para o cara dançar. Nem sequer o avião presidencial comprou da Embraer, preferiu o concorrente Bombardier, seria ao menos um gesto de demonstração de amizade, mas ele não faz questão disso, ofereceu suas jazidas de litio, as maores do mundo para 50 paises , menos para o Brasil.

    E ainda tem gente que gosta desse tipo, mais um que não quer sair do poder, mudou a Constituição para reeleições infinitas.

     

     

     

    1. Não bote na conta da Bolívia

      Não bote na conta da Bolívia o fracasso retumbante da política do “War on Drugs” do Tio Sam, caro AA. Probicionismo e a repressão pura e simples provocam mais e mais violência relacionada à drogas. Isso está mais do que provado. E espero que o exemplo do Mujica acabe se disseminando na AL. O que pode enterrar essa política fracassado daqui dos trópicos, o que eu não conto que venha de Washington.

      Quanto aos outros tópicos de seu post, me parece que só explicariam uma suposta antipatia dos brasileiros para com o Evo. Mas quem vota para presidente da Bolivia não somos nós. Além do mais se ele vai para o terceiro mandato, e o Roosevelt, seu ídolo (meu também)? Respondo, cumpriu quatro mandatos consecutivos  

      1. Roosevelt teve quatro

        Roosevelt teve quatro mandatos porque a Constituição americana não tinha limites de reeleição, agora tem.

        Evo, para se reeleger pela terceira vez, ALTEROU a Constituição, já se vê que com intenção, de só sair morto do poder.

        1. FHC fez escola…

          FHC fez escola, mas pelo menos o traidor treinado pela Fundação Ford não foi estúpido o bastante para fazer da Bolívia o nosso México.

      2. Não tem nada a ver com Tio

        Não tem nada a ver com Tio Sam, estou falando do Brasil como mercado de coca, o problema é NOSSO e não do Tio Sam e a Bolivia é a fonte do problema com nosso aplauso e concordancia.

    2. Miopia

      A reação do Andre Araujo é típica de quem olha o mundo pela perspectiva enviesada do próprio umbigo torto.

      Até antes de Evo e Lula, a relação do Brasil com a Bolívia jamais foi de “grande irmão”, mas de grande predador. Para o Brasil, a Bolívia não passava de uma insignificância selvagem, uma extensão de Rondônia que, de repente, em algum ponto e sem maiores sentidos, se enche de montanhas e lhamas.

      O modelo do agrobusiness da Meia-Lua emulado pelos ruralistas brasileiros queria ser apenas a junção ideal (já que no Brasil ficava um pouco mais difícil) entre predação e pistolagem. Para isso, a Bolívia servia como terra prometida para essa ilustre gente bandeirante.

      Antes de Evo, a exploração dos recursos minerais bolivianos era uma aventura de espoliação, na qual a Petrobrás entrou jogando o jogo que se jogava: comprando influências, corrompendo autoridades, pisando no pescoço de quem fosse preciso pisar.

      Sempre que algum “empreendedor” brasileiro entrava naquela selva social de privilégios oligárquicos que era a Bolivia, entrava para chupar o máximo que pudesse e depois jogar o bagaço fora… como o Wagner Canhedo, que aproveitou os obscuros corredores das privatizações bolivianas para destruir completamente a tradicional companhia aérea do país, o Lloyd Aereo Boliviano.

      Pode até que, em algum momento, tenha havido algum ranço de animosidade de Evo com o Brasil, mas mais por conta da bílis de um vociferante discurso local sobre o sentido da “descolonização” e pela fúria na destruição do esquema de sustentação da oligarquia do que propriamente pelo atavismo anti-brasileiro que o Andre Araujo quer fazer crer que exista.

      Pelo contrário, o governo Evo Morales sabe bastante bem do discreto mas contundente papel que o Brasil jogou para desarmar o plano secessionista que Washington havia traçado para o Oriente boliviano e seus coronéis da Meia-Lua.

      Um pouco mais sobre a história dos projetos nacionais bolivianos pode ser lido aqui:

      https://www.academia.edu/1434068/As_duas_Bol%C3%ADvias_que_se_enfrentam_2008_

      1. Voce está dizendo que a

        Voce está dizendo que a PETROBRAS foi lá para explorar os bolivianos? A receita do gás despachado para o Brasil é a MAIOR RECEITA DE EXPORTAÇÃO DA BOLIVIA, voce está xingando a Petrobrás porque ela investiu 8 bilhões de dolares só no GASBOL, fora o que investiu nos campos de San Antonio e San Alberto? A Petrobrás é que é malvada e os bolivianos coitadinhos?  Meu caro, no Altiplano ninguem trabalha, se não fosse o gas morreriam de fome, a comida vem da Meia Lua, dos agricultuoes QUE TRBALHAM, a maioria são brasileiros.

        1. No Altiplano ninguém trabalha????

          Caro Andre Araujo

          A Petrobrás foi para a Bolívia explorar os hidrocarbonetos bolivianos sob as condições dadas pela ordem oligárquica. (Leu meu artigo que eu linkei antes? É bom. Ele é resultado de, naquela época, 8 anos de pesquisas de campo na Bolívia. Hoje já são 15).

          A dedução óbvia do enunciado acima é que, sim, antes das novas disposições regulatórias sobre a exploração dos recursos naturais implantadas pelo governo Evo, a Petrobrás EXPLORAVA, SIM, os bolivianos.

          Investimento é uma coisa. É uma coisa que só é feita porque as taxas de retorno justificam. Ou seja, retorno é outra coisa. Se as taxas de retorno não justificassem o investimento é porque os técnicos da Petrobrás do Collor eram inacreditavelmente burros (a Petrobrás começou a operar os mega campos de San Alberto e San Antonio por concessão do presidente Paz Zamora –um notório corrupto– em 1990, com a irrisória participação boliviana de 18% do volume extraído). Ou você acha que a Petrobrás fez isso tudo por bondade do Collor com a Bolívia? Tenha a santa paciência! Isso é ignorância deslavada ou cretinice?

          Agora essa de que no Altiplano ninguém trabalha é realmente de doer! Aqueles aparentemente maltrapilhos Aymara que o ocupam há milênios conseguiram domesticar um ambiente extremamente árido ao preço de muito, mas muito trabalho mesmo, e trabalho continuado, que precisa ser aplicado ano após ano. John Murra, o mais importante antropólogo andinista, costumava lembrar que a paisagem do Altiplano, à época da conquista européia, constituía a região de grande altitude mais densamente povoada no mundo, marca não batida até hoje.

          Durante todo o período colonial, a administração da Audiência de Charcas se sustentou com a tributação sobre a produção agrícola das províncias altiplânicas (me desculpe, mas eu não vou me dar ao trabalho de transcrever pra você os meus dados de um ano de pesquisa no Archivo de Indias, nem há espaço aqui pra isso). Essa situação prosseguiu absolutamente igual para a administração estatal durante o período republicano, e sobretudo para os latifundiários que gozavam do privilégio da exploração servil da mão-de-obra indígena (o “pongueaje”). As rendas da exploração mineral não eram apropriadas pelo Estado sob a forma de tributos, porque o regime oligárquico sempre foi escrupulosamente liberal nesse sentido (leia o artigo que linkei!).

          Moral da história: a região altiplânica (e não só ela, mas também o seu reborde de serras, de Cochabamba a Potosí) sempre foi, historicamente, o celeiro da produção agrícola boliviana, e a custo de muito trabalho, trabalho intensivo, sobretudo na região montanhosa, onde todo o trabalho é manual, uma vez que o terreno não permite o uso de maquinário agrícola. É essa noção de trabalho (ou esforço) (em quéchua, “kallpa”; em aymara “ch’ama”) que constitui o valor central do ethos da pessoa andina. De modo que um indivíduo no mundo andino é reconhecido pelo quanto ele trabalha, e não pelos bens que possui ou pelo conhecimento que detenha.

          O agrobusiness que se implementou em Santa Cruz é largamente monocultor e agro-exportador (estou falando de soja, mais que tudo). Ele não produz comida! Quem produz comida são as terras altas e os vales mesotérmicos das serras orientais. E os agricultores da Meia-Lua não são brasileiros. Você tem tantos problemas com geografia que está confundindo o Oriente boliviano com o Paraguai! Os brasileiros entraram ali como meros investidores. E não queira me empulhar os seus preconceitos de caráter fascistóide a respeito de quem “realmente trabalha”, porque essa idiotia está muito longe de corresponder à realidade.

          Mas, enfim, nunca é tarde para você melhorar seus conhecimentos sobre nossos vizinhos. Só não vá buscá-los na revista Veja, porque senão você se tornará uma figura risível para quem efetivamente conhece alguma coisa, mesmo que não seja muita.

          1. Parabéns!!

            Trata-se de um especialista com informações precisas e sem preconceito e mesmo valorizando a verdade e a análise pelo ponto de vista dos trabalhadores, espero que tenha voz e voto nessas questões da República, mas não me iludo e aí vejo o desperdício desse “novo” governo em não abrir as portas a anti-corruptos e democratas convictos como tu (no Itamarati ou em Brasília) e também não entendo como o nosso Nassif não foi convidado para a área Econômica, justo a ele que tanto a atual governante deve pela sua luta diária contra as mentiras que foram plantadas pelo PIG e a sua mobilização desarmando ciladas preparadas pela oposição irresponsável ou será que as verdades dita por ele sobre o desempenho abaixo de mediocre da senhora presidente pesaram mais negativamente?

             

  5. ótimo artigo para entendermos

    ótimo artigo para entendermos a

    situação desses países.

    o que não se vê na grnade mídia, que ja toma partido de antemão…

  6. 999999O  melhor do Evo é que

    O  melhor do Evo é que ele mexe fundo no coraçãozinho inconformado dos reaças. Como pode um indío comandar uma nação 87% indigena?

    Onde já se viu?  “Isso que dá deixar indio votar!”,,,,,

    Indio gosta de plantar Coca para maldosamente viciar nossas inocentes crianças, E pior!! Viciam as pobres crianças do Império da Land of Freedom….

    So disgusting!!!……

    1. A coca da Bolivia vem para o

      A coca da Bolivia vem para o Brasil, a da Colombia e Peru vai para o Mexico, para o mercado americano. O Brasil é hoje o maior mercado mundial de cocaina, mais que os EUA, e a coca vem da Bolivia, está tudo bem para voce?

  7. Simpatia realista
    O emblemático governo boliviano merece toda simpatia do campo progressista, sem dúvida. Agora, daí a chamar a Bolívia de “locomotiva” econômica do subcontinente vai uma grande distância. Com seu tamanho, a economia boliviana só pode “rebocar” trenzinho de brinquedo, e dos pequenos …

  8. Um lider que lidera sua gente

    Nada mais justo que um lider Aymara governe sua gente.

    Na America Latina Evo e sua gente sao sim, de alguma manera, uma luz forte que brilha.

    Um indio comandar sua gente é uma coisa natural.

    Estranho foi europeus quererem colonizar os valores e culturas alheios. Esses sim sao muito intrometidos, abusivos, perversos e muito estranhos.

    Linda a festa do lider dos Aymaras e de toda Bolivia. Evo é um lider latinoamericano. 

  9. Dilma fez bem em prestigiar a
    Dilma fez bem em prestigiar a posse do presidente boliviano. O gás que move o Brasil vem da Bolívia e não de Davos.

  10. Lembro que o Evo

    foi na posse da Dilma, nada mais justo que retribuir o chefe de Estado boliviano…

     

    poderia aproveitar e ver como a Bolívia teve crescimento maior que o do Brasil…

  11. Fico assustado com alguns

    Fico assustado com alguns comentários. A Bolívia é um país periférico, paupérrimo, foi colonizado e explorado por séculos, governado recentemente por um elite e para uma minoria. E, de repente, todos os problemas destes séculos de opressão são devidos aos mandatos de Evo Morales. É como atribuir aos governos trabalhistas no Brasil todas as nossas mazelas, as desigualdades sociais e a pobreza. A perspectiva histórica desaparece de algumas análises.

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