Dilma viaja à Argentina para discutir a retirada de investimentos brasileiros

 

A presidenta Dilma Rousseff se encontrará nesta quinta-feira (25) com sua colega argentina Cristina Kirchner, em Buenos Aires, para discutir a retirada de investimentos brasileiros no país vizinho.
 
De acordo com fontes da presidência, Dilma tratará diretamente com Cristina da venda de ativos da Petrobras e do cancelamento do projeto de exploração de potássio da Vale na província de Mendonza, durante uma reunião de trabalho agendada para a tarde desta quinta-feira na Casa Rosada.

 
Para o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, o Brasil se sente na posição de ajudar o país vizinho, porém é preciso discutir o “desvio de mercado” que está ocorrendo com os produtos brasileiros. “É incompreensível que a Argentina crie regulamentações e burocracias, que acabam se tornando barreiras, que atrapalham o comércio bilateral com o Brasil, e aumentam seu comércio com Europa, China e Estados Unidos”.
 
Nos últimos meses, a Vale anunciou a suspensão de um investimento de US$ 4 bilhões em Mendoza, a maior aplicação estrangeira direta na Argentina. Nas últimas semanas, a Petrobras argentina entrou em processo de venda, e a fabricante de  aparelhos sanitários Deca anunciou a sua saída do país. Outras empresas brasileiras avaliam se vale a pena continuar no mercado argentino. O diretor da CNI confirmou que já ouviu reclamações de diversas empresas brasileiras que fazem negócios com o país vizinho.
 
Um dos motivos centrais para o fim do projeto da Vale é a inflação de custos, que dobrou o orçamento do projeto. A ideia é vender o empreendimento e assumir a perda de US$ 4 bilhões já investidos. Outro complicador foi sua complexidade: o projeto envolvia a construção de uma ferrovia e de um terminal marítimo, e estabelecia concessões para diversos municípios e governos regionais.
 
O congelamento do preço dos combustíveis na Argentina, no início deste mês, complicou a situação da Petrobras no país, onde a estatal brasileira mantém postos de distribuição. Disposta a rever a sua atuação no país vizinho, a empresas brasileira estuda a melhor forma de se desfazer dos ativos.
 
Para Abijaodi, a Argentina não consegue manter a atratividade para o investidor, um panorama similar ao vivido pelo Brasil há alguns anos.
 
De 2010 a 2012, os investimentos estrangeiros diretos do Brasil na Argentina cresceram 16,6%, mas esse panorama parece estar retrocedendo. Já em 2012, os investimentos da Argentina no Brasil quase triplicaram em relação a 2011, alcançando US$ 262 milhões.
 
Outro tema que deve fazer parte da reunião entre as duas chefes de Estado é o desequilíbrio da balança comercial, atualmente favorável à Argentina. De 2003 a 2012, o comércio entre Brasil e Argentina praticamente quadruplicou, passando de US$ 9,24 bilhões para mais de US$ 34,4 bilhões. 
 
Em 2012, dobrou o valor total das exportações argentinas que usaram o sistema de pagamentos em moeda local. Nesse ponto, a situação não deve mudar nos próximos meses. Esta semana, o governo brasileiro anunciou que vai liberar a importação de cinco mil toneladas de camarão da Argentina. Segundo o ministro da Pesca, Marcelo Crivella, a importação não impacta o mercado nacional, que é de cerca de 100 mil toneladas.
 
A presidenta viajou acompanhada de cinco ministros, entre eles: Antônio Patriota, do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Pimentel, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e Edson Lobão, ministro de Minas e Energia.
 
Procurada pelo GGN, a representação argentina no Brasil não se manifestou sobre o encontro.
Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador