Maira Vasconcelos
Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).
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Eleições no Chile: 45% devem votar no primeiro turno

Eleições no Chile: 45% devem votar no primeiro turno

por Maíra Vasconcelos

Especial para o Jornal GGN

A expectativa dos partidos políticos no Chile é que a participação no primeiro turno das eleições presidenciais e parlamentares, deste domingo, 19, se aproxime dos 45% de eleitores. Seria equivalente a 6,8 milhões de votantes, algo próximo à participação em 2013, quando votaram 6,7 milhões de chilenos. O voto no Chile não é obrigatório.

Ontem, em Santiago, no encerramento das campanhas eleitorais dos principais candidatos à presidência, o ex-mandatário Sebastián Piñera (2010-2014), da aliança de direita, Chile Vamos, e o Senador Alejandro Guillier, da centro-esquerda, Nova Maioria, adiantaram o discurso de confronto entre ambos em um possível segundo turno, em 17 de dezembro.

Os candidatos estão de acordo quanto á melhoria do acesso ao sistema educativo, porém, Guillier propõe seguir com a reforma da educação, iniciada nos governos de Michelle Bachelet, e Piñera não trata do acesso ao ensino gratuito, tema tão caro à sociedade chilena. Também é discutida a inclusão de crianças com necessidades especiais ao sistema educativo. No Chile, apenas o ensino fundamental é público.

Outra demanda e debate sociais é sobre o sistema de aposentadorias, que foi privatizado durante a ditadura do general Pinochet (1973-1990) e passou a ser uma pauta da centro-esquerda chilena. Mas mesmo após a redemocratização não houve qualquer mudança, quando a centro-esquerda esteve no poder por 20 anos. A administração dos fundos de pensão acontece hoje via empresas privadas. E, se Piñera não fala sobre uma reforma da previdência, Guillier tampouco propõe a reestatização como uma saída.

O crescimento do número de imigrantes no Chile, em especial na capital é uma pauta que não tem merecido atenção dos principais candidatos. Cerca de 2 mil imigrantes procuram, por dia, o Registro Civil de Santiago Centro, sendo a maioria dos casos para solicitar carteira de identidade. Segundo dados do órgão público, entre 2010 e 2016, os pedidos de estrangeiros aumentaram 225%, passaram de 123 mil a 278 mil.  

As questões de gênero e do mercado concentrado de comunicação passam longe das propostas de Piñera. Muito embora Guillier não fale sobre o monopólio da mídia no Chile, o candidato da centro-esquerda pega carona no trabalho realizado por Michelle Bachelet, que recentemente aprovou o aborto em três circunstâncias, em caso de estupro, risco de vida mãe e má formação fetal.

Todas essas questões, tidas como progressistas, estão presentes na aliança mais à esquerda, Frente Ampla (FA), representada pela candidata Beatriz Sánchez, que propõe a dissolução da previdência privada e o retorno da sua administração ao Estado, além de levantar a pauta da educação pública.

A frenteamplista aparece com uma novidade que poderia quebrar a polarização entre a Nova Maioria, da atual presidente Michelle Bachelet, e Chile Vamos. Mas é muito pouco provável. Os votos da FA seriam disputados entre Piñera e Guillier.

 
Maira Vasconcelos

Maíra Mateus de Vasconcelos - jornalista, de Belo Horizonte, mora há anos em Buenos Aires. Publica matérias e artigos sobre política argentina no Jornal GGN, cobriu algumas eleições presidenciais na América Latina. Também escreve crônicas para o GGN. Tem uma plaqueta e dois livros de poesia publicados, sendo o último “Algumas ideias para filmes de terror” (editora 7Letras, 2022).

2 Comentários

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  1. eleições no Chile….

    Que URNA mais simplória?!!! E VOTO num papelzinho barato destes?! Não tem a sofisticação bilionária da nossas Eleições Ditatoriais e Obrigatórias. Extremamente bem fiscalizadas como estamos podendo constatar com Lava Jato, por Tribunais de Contas, TRE’s e TSE’s Nababescos. Mas a sobra bilionária de dinheiro de campanhas não é corrupção. É sobra de Campnaha, apenas. Ah! Bão, então tá explicado. Então a partir dos anos 2000, o Brasileiro de classe média pode conhecer seus vizinhos. Chile em especial. E ficar de queixo caído. Descobrimos nestas eleições que o problema do Chile é Desigualdade Social. No Chile, para quem conhece? Imagina na Terra das Fantasias e Tragédias, em urnas eletrônicas com custos bilionários onde falta alimentação para uma criança que percorre 30 Km para estudar, e desmaia de fome? O Chile, suas eleições, sua urna simplória, seu voto em papel e facultativo explicam muito sobre o Brasil. Somos ridiculos. 

  2. Que desânimo

    Desanimador. Direita mais uma vez x esquerda coisa nenhuma. Enquanto a unica candidata que propoe um avanço de verdade, não tem chance alguma… Como sempre. 

     

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