Esquerda não soube responder à crise da democracia na América Latina, diz senador chileno

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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“Temos que rever agora, talvez voltar aos nossos princípios originais, entendendo que o mundo mudou e requer outras respostas”, afirmou Alejandro Guillier

Jornal GGN – Para o ex-candidato presidencial e atual senador chileno, do partido de centro-esquerda Nova Maioria, Alejandro Guillier, o espaço obtido pela direita nos países da América Latina nas últimas eleições se deve à falta de respostas dos partidos de esquerda e centro-esquerda para as demandas atuais do mundo contemporâneo.

“Há uma crise da democracia representativa que não assumimos”, avaliou, em entrevista ao GGN. “Fomos incapazes de assumir que as democracias têm conflitos, que são expressados no cenário político, e assim gera um espaço em que os populismos começam a se apropriar, porque os partidos tradicionais não soubemos nos aproximar”, analisou.

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É nesse sentido que Guillier acredita que figuras como Jair Bolsonaro, no Brasil, Mauricio Macri, na Argentina, e Sebastián Piñera, no Chile, saíram vitoriosos, trazendo maior força à direita política.

“Talvez essa crise no mundo progressista, ou da centro-esquerda e esquerda, tradicionalmente, se deve a que nas últimas décadas, procuramos muito buscar os consensos para reconstruir as democracias, pós ditaduras militares, e tratar de recompor as economias, pelo menos, favorecendo os grupos de extrema pobreza. Mas nessa busca de consenso, descuidamos os conflitos que as mudanças iam gerando também”, entendeu.

Nesse cenário, apontou que a direita e a extrema-direita, no caso do Brasil, assumiu o espaço diante “da nossa própria incapacidade de representar o lado escuro da globalização, aos que perderam com a globalização”.

“E isso que temos que rever agora talvez voltar às nossas ideias de origem, aos nossos princípios originais, entendendo que o mundo mudou e requer outras respostas”, concluiu.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

4 Comentários

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  1. Mais um poeta a lançar prozopopéias ..o cidadão tá analisando a realidade como se as Instituições estivessem funcionando

    ESTAMOS NUM GOLPE GEOPOLÍTICO ..aqui no BRASIL as Forças Armadas entraram com o cano e o Judiciário ainda passa PANO.
    O BRASIL foi rendido SEM lutar pelo exército aos americanos ..estes que com essa jogada impuseram a INSEGURANÇA alimentar energética pra Chineses e indianos (1/2 da população do planeta).
    Fato – Enquanto a FAMÍLIA, veja, falo FAMÍLIA – pai e filhos – enquanto a família Bolsonaro estiver no comando, conduzindo e fomentando as miliíias, o torniquete continuará se fechando ..e sobre essa realidade não há lógica política que explique ou remedeie tamanha insanidade.

  2. A esquerda brasileira não quer levantar o Fora Bolsonaro, e por isso torna-se igualmente responsável pelas bolsonarices.

    O PT apresentando o tal “Plano Emergencial” foi a coisa mais ridícula que eu já vi. O PT não governa o Brasil, está lidando com um troglodita fascista que louva os torturadores da ditadura militar, e em vez de fazer uma campanha ampla “Fora Bolsonaro”, vem apresentar um texto inócuo (pelo fato óbvio de que quem governa o Brasil não é o PT). Eles não saem nunca do mundo da fantasia.

    É surreal. É como se não existisse a questão do poder, como se não estivéssemos a um passo de uma ditadura sanguinária, ou como se o PT estivesse encenando bom mocismo, estendendo uma mão. A questão é: estendendo uma mão PARA QUEM? Para a Globo? Para o Itaú? Para o Bolsonaro? Para o povo é que não é, porque o povo carioca está sendo metralhado e o PT (e quase toda a esquerda) não levanta o Fora Witzel, o povo brasileiro está sendo atacado e humilhado e o PT não levanta o Fora Bolsonaro.

    A conclusão incontornável é: os dirigentes da esquerda são grandes idiotas. Nossa única saída é que as organizações que ainda têm miolos na cabeça organizem uma ofensiva para cima da direita. Senão serão mais vinte anos de ditadura dessas merdas desses militares broncos pra cima de nós. E dessa vez vai ser pior.

    1. Kkkkkkk, e quais seriam essas organizações? Os imbecis dos vinte centavos? Ou a esquerda cirandeira? Ou talvez a txurma da parada do orgulho gay? O PCO bem que tenta, mas meia dúzia de operários não dá pra uma revolução.

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