Integração de infraestrutura e comércio bilateral entre Brasil e Equador

Jornal GGN – Em 26 de janeiro deste ano, a presidente Dilma foi ao Equador, onde se reuniu com o presidente Rafael Correa para examinar temas da agenda bilateral dos dois países. No encontro, eles discutiram questões de integração de infraestrutura, acordos comerciais e de investimentos, fluxos migratórios, além de temas sociais e da área da saúde.

Infraestrutura compartilhada e integração produtiva

No setor de infraestrutura, Brasil e Equador estudam maneiras de integrar por diversos modais de transporte o porto de Manta, localizado no oceano Pacífico, ao porto de Providência, no rio Napo, ainda no Equador. De lá, seria possível atravessar o território peruano até Manaus e Tabatinga (AM). Ou seja, a produção nacional ganharia uma saída pelo Pacífico que poderia aumentar a competitividade das exportações brasileiras para a Ásia.

Além disso, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empresas brasileiras investem na infraestrutura equatoriana, o que também gera divisas para o Brasil. Nos últimos anos, foram realizados projetos de usinas hidrelétricas, rodovias e a construção do aeroporto de Quito, capital do Equador.

Ao todo, mais de cinco mil empregos já foram gerados no Brasil e no Equador para tocar essas obras. E a expectativa é que, com a construção da segunda fase do metrô de Quito, que vai transportar mais de 400 mil passageiros por dia, outros 20 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, sejam criados.

Comércio bilateral e dados da economia equatoriana

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o comércio bilateral entre Brasil e Equador movimentou, em 2015, US$ 783 milhões. O intercâmbio, no entanto, vem apresentando queda. Em 2006, eram US$ 908 milhões.

Além da possibilidade de recuperar o mercado perdido, há um espaço para crescimento das relações comerciais dos dois países. O Brasil é apenas o 23º no ranking de países que mais importam do Equador, e o nono entre os que mais exportam para lá.

De qualquer maneira, o saldo da balança comercial é positivo para o Brasil. Em 2015, as exportações brasileiras registraram US$ 665 milhões, quase seis vezes mais do que os US$ 117,8 milhões em importações.

Os combustíveis compõem mais da metade (51,7%) da carteira de exportações do Equador. Mas o país também vende pescados (11,2%), frutas (10,6%), carnes (4,9%), ouro e pedras preciosas (3,3%), produtos de floricultura (3,1%) e cacau (2,8%).

Da mesma maneira, combustíveis são os principais itens de importação do país vizinho (24,3%), seguidos por máquinas mecânicas (12,3%), máquinas elétricas (9,2%), automóveis (7,9%), plásticos (4,4%), produtos farmacêuticos (3,9%), ferro e aço (2,9%).

Entre os itens que o Brasil mais exporta para o Equador estão máquinas mecânicas (14,6%), plásticos (14,3%), ferro e aço (8%), automóveis (7,8%), papel (6,8%), máquinas elétricas (6,3%), produtos farmacêuticos (5,4%), algodão (3%), calçados (2,6%) e cereais (2,6%).

Já o Equador, concentra suas vendas ao Brasil em preparação de carnes (28,9%), madeira (15,3%), açúcar (12,7%), cacau (11,9%), chumbo (9,3%), algodão (5,1%), pescados (2,5%) e produtos de floricultura (2,5%).

A situação econômica do país vizinho não é tão diferente da realidade nacional. O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) equatoriano desacelerou de 4,64% em 2013 para 3,8% em 2014 e fechou 2015 com crescimento negativo de -0,62%. A expectativa para 2016 e 2017 é de estabilidade (0,06% e 0,61% respectivamente).

Da mesma forma, os últimos dois anos de economia enfraquecida provocaram pressão inflacionária. A inflação no ano de 2013 foi de 2,7%, e em 2014 e 2015 oscilou entre 3,67 e 3,67%.

O PIB equatoriano é composto majoritariamente pelo setor de serviços (59,7%), seguido pela indústria (34,3%) e pela agricultura (6%).

Cooperação migratória

Na área de cooperação migratória, Brasil e Equador mantêm uma coordenação conjunta. Em 2015, o Equador criou o Sistema de Registro de Turistas (SRT) para cidadãos haitianos, que ajudou a reduzir em 95% a entrada de imigrantes irregulares no Brasil pelo Acre.

Enquanto isso, o governo brasileiro tomou medidas para fortalecer a migração pelas vias formais. No ano passado, a embaixada do Brasil em Porto Príncipe emitiu mais de 20 mil vistos. Para efeito de comparação, em 2012 foram 1.255.

Políticas públicas para a área social e da saúde

O Equador também tem grande interesse nas políticas públicas brasileiras para a área social. Quando esteve no Brasil, em 2014, o presidente Correa se reuniu com ministros e discutiu estratégias de combate à fome, miséria e desnutrição infantil. O país vizinho é um dos que mais enviou missões ao Brasil para desenvolver essas agendas.

Além disso, o Equador enviou, em 2015, uma equipe de técnicos para conhecer o programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde.

O país também é o terceiro da América do Sul em número de estudantes nos cursos de graduação do Brasil.

Redação

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